sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O PROBLEMA DAS PERDAS DA PETROBRAS





Para entender um pouco do imbróglio da Petrobras

Por César Locatelli (Ref. ao post: A tarefa impossível de calcular as perdas da Petrobras).

"Vamos começar com uma analogia?

Você comprou uma casa por R$ 500 mil reais. Depois de um tempo, você descobriu que o corretor recebeu mais do que deveria. Ao invés de receber a corretagem padrão, ele recebeu mais. Sua casa está “contablizada” no seu imposto de renda por R$ 500 mil, mas pode ser que valha menos do que isso porque você descobriu essa história do corretor.

Como proceder?

A melhor forma seria procurar pessoas que trabalham no mercado imobiliário e pedir algumas avaliações da sua casa. Tentando dessa forma descobrir por quanto você conseguiria vender sua casa se assim quisesse.

Descoberto o valor de mercado, você teria uma boa ideia de quanto sua casa realmente vale. Esse processo se chama "marcação a mercado", que é tentar descobrir por quanto conseguiríamos nos desfazer de ativos que temos; no nosso exemplo, por quanto venderia sua casa. A partir da "marcação a mercado", contabilizamos o novo valor e a diferença será lançada como prejuízo se a casa valer no mercado menos do os R$ 500 mil, ou lucro se o valor de mercado for superior.

A dificuldade desse processo aumenta exponencialmente se temos que avaliar uma refinaria. Se tivéssemos muitas negociações envolvendo compras e vendas de refinarias, a solução seria simples. Não é esse o caso.

A Petrobras tem R$ 600 bilhões de ativos imobilizado, que é constituído por imóveis, refinarias, plataformas, prédios e todos outros tipos de ativos fixos. Existe a suspeita [por enquanto mera suposição somente com base em delação não confirmada e em suspeitos "vazamentos" na mídia] de que a empresa pagou a mais do que o devido sobre 1/3 desse valor, ou, cerca de R$ 188 bilhões.

Eles tentaram caminhar por dois métodos. Um foi determinar o valor do dinheiro desviado e abater do valor contabilizado do imobilizado. Porém, é impossível saber o quanto foi efetivamente pago a mais. Esse método não se revelou adequado. O outro método é avaliar qual seria o valor justo do imobilizado e compará-lo com o valor contábil. Esse método revelou que, entre ativos avaliados para maior e ativos avaliados para menor, a diferença seria de R$ 60 bilhões. Explicando: a consultoria, contratada para reavaliar aqueles ativos [conjecturados como suspeitos] que estavam na contabilidade com valor de R$ 188 bilhões, acha [supõe] que esses ativos valem cerca de R$ 128 bilhões. Ou seja, que estão contabilizados por R$ 60 bilhões a mais.

A empresa deveria, ao julgar que esse novo número [suposto] é razoável, colocar em seu balanço que os ativos valem R$ 60 bilhões a menos e lançar esse valor a prejuízo.

Ocorre, ainda, que esse cálculo tem muita incerteza. Então, a diretoria da empresa resolveu divulgar o valor da perda estimada por essas consultorias para dar uma ideia para o mercado e tentar buscar outro método mais confiável. Quando tiver mais segurança do valor a ser jogado para prejuízo, a empresa fará isso e seu ativo imobilizado será reduzido desse valor, que pode ser maior ou menor que R$ 60 bilhões.

Os operadores do mercado financeiro, que derrubaram o preço da ação em perto de 10%, fizeram a seguinte conta: se o ativo da empresa cair 10% de R$ 600 bilhões para R$ 540 bilhões, a empresa “perderá” 10% de seu valor. Parece exagerado. Mas o tempo dirá." [Por enquanto, tudo é "acha", "suspeita", "imagina" e muita jogada especulativa na Bolsa por conta disso].


FONTE: escrito por César Locatelli (Ref. ao post: A tarefa impossível de calcular as perdas da Petrobras). Publicado no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/para-entender-um-pouco-do-imbroglio-da-petrobras-por-cesar-locatelli).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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