segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

DELAÇÕES CONTRA O PRESIDENTE DO DEM NÃO VALEM




Os intocáveis da mídia

Por Miguel do Rosário

"Um dos problemas de escrever sobre política é nos obrigar, de vez em quando, a afirmar coisas idiotamente óbvias.

Por exemplo, uma corrupção não justifica outra. Se o PSDB é corrupto, isso não justifica, obviamente, defender a corrupção no PT.

Digo isso também porque entendo que há setores interessados em jogar lama sobre toda a política.

Ora, a política é podre no mundo inteiro.

É podre nos EUA, na Europa e na Ásia.

Talvez seja um pouquinho melhor na Suécia, mas demorou alguns milhares de anos para chegar lá, e o país teve que conquistar antes um nível de igualdade e justiça social que está anos-luz do resto do mundo.

Entretanto, mesmo com todos os seus defeitos, a política é o único anteparo que nos salva da barbárie e do caos.

A obra-prima de Costa-Gravas, o filme Z, mostra uma manifestação fascista contra políticos de centro-esquerda da Grécia que não queriam a instalação de uma base de ataque nuclear norte-americana no país.

Os fascistas, tentando impedir um comício pacifista organizado pela esquerda grega, gritavam:

Políticos, todos corruptos! Políticos, todos corruptos!”

O filme de Gravas, baseado no romance do escritor grego Vassilis Vassilikos, é baseado em fatos reais da história da Grécia.

Um político de esquerda foi assassinado, e o Procurador-Geral da República, mancomunado com um punhado de golpistas, tentava de tudo para manipular a investigação, com objetivo de desqualificar a esquerda e seus representantes.

Tentava-se dar o golpe por dentro da democracia.

Até que, por fim, não foi possível dar o golpe por dentro da democracia, por conta de um juiz de instrução que não aceitou entrar no jogo.

Foram obrigados a apelar para a velha fórmula do golpe militar básico. Com ajuda do governo americano, claro.

Muito parecido com que aconteceu no Brasil, na mesma época, os anos 60.

No Brasil, isso parece não ser o problema. Os juízes entram no jogo alegremente. Aliás, até lideram as armações. Vide o caso dos ex-presidentes do STF, Ayres Brito e Joaquim Barbosa.

Ayres Brito estreou este fim de semana como colunista do "Estadão", detonando a esquerda e louvando o conservadorismo midiático.

Nada como uma sinecura da "Globo" para mudar a cabeça de um cidadão!

Joaquim Barbosa, após empregar seu filho no programa do Luciano Huck, na "Globo", e comprar seu apartamentozinho em Miami (para o qual abriu a "Assas JB Corporation", que tem seu apartamento funcional (!!!) de Brasília como sede), também aderiu à onda global.




Sobretudo, temos uma imprensa alquímica, que consegue a proeza de transformar algumas delações premiadas em verdade, outras em mentira.

Por exemplo, o presidente do DEM, Agripino Maia, foi denunciado por um “delator” por ter recebido mais de R$ 1 milhão em propina.



Mesmo depois disso, aparece no "Jornal Nacional" fazendo ataques “éticos” ao governo.

Nunca houve um editorial, uma campanha midiática, contra Agripino Maia.

Ele integra o rol dos “intocáveis” da mídia.

O post abaixo, do colega blogueiro Daniel Dantas Lemos, explica melhor o caso.

Sinal Fechado: Delações contra Agripino valem menos que contra o PT?

Postado por Daniel Dantas, no blog Carta Potiguar.

"Abril de 2012. O empresário paulista Alcides Barbosa está preso, em São José do Rio Preto, desde a deflagração da Operação Sinal Fechado em novembro de 2011.

Assistido por advogados pagos pelos demais envolvidos, Alcides percebe que a sua defesa, na verdade, não o defende e seu objetivo é mantê-lo encarcerado para garantir o seu silêncio.

Ciente disso e sabedor de que tem coisas a dizer que implicariam parte considerável da classe política do RN e alguns nomes de São Paulo, Alcides topa fazer um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público.

No seu depoimento, confirma algo dito pelo empreiteiro Gilmar da Montana no dia de sua prisão: o líder do esquema, George Olímpio, deu um milhão de reais de propina para o senador José Agripino Maia, presidente nacional do Democratas. E detalha a história: o encontro se deu no apartamento do senador em Natal. O empresário José Bezerra de Araújo Júnior, o Ximbica, emprestou quatro cheques de R$ 250 mil para a transação. O objetivo era tentar garantir a manutenção do negócio de inspeção veicular para o grupo de George no futuro governo Rosalba.

Como o objetivo não foi alcançado e temendo a repercussão do caso, Agripino recebeu George e Alcides em sua casa em Brasília no início de 2010 e devolveu metade dos cheques que ainda não tinham sido descontados. Alcides não sabia se Agripino devolvera os outros quinhentos mil reais.

Pano rápido.

Segundo semestre de 2014. Foi a vez do advogado George Olímpio, apontado como líder do esquema, realizar um acordo de delação premiada com o MP. A partir do seu depoimento, confirmando o que disse Alcides, o Procurador-Geral de Justiça ofereceu denúncia contra o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza. Os dois disseram, e posteriormente o MP confirmou, que Ezequiel recebeu R$ 300 mil de George para aprovação da lei que autorizava o governo do Estado a contratar o serviço de inspeção veicular obrigatória.

Os depoimentos de George Olímpio também implicaram o senador democrata José Agripino – o MP confirmou em entrevista que remeteu à Procuradoria-Geral da República informações acerca do envolvimento de políticos com foro privilegiado. Cabe à PGR investigar e denunciar senadores da República.

Pano rápido.

Operação Lava Jato. Dentre os vários delatores que já fizeram acordo para colaboração premiada com o Ministério Público Federal e a Justiça Federal, Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que confessou receber propinas desde 1997, estimou que o PT teria recebido US$ 200 milhões decorrente de propinas das empreiteiras.

Pano rápido.

Diante dos dois fatos citados, é comum vermos duas posturas diferenciadas. Soube de um jornalista potiguar, com programa de grande audiência no rádio, que teria dito sobre as delações contra o PT: “Ninguém vai fazer uma delação premiada e mentir. Aí tem coisa”. Aí, diante das denúncias contra Agripino e Ezequiel, o mesmo personagem afirmou que “são apenas depoimentos. Não há nenhuma prova e os dois têm uma vida limpa”.

Qual motivo existe para que, na opinião não apenas desse jornalista, o depoimento de Pedro Barusco sobre o PT ter poder de verdade, enquanto as falas de George e Alcides sobre Agripino serem considerados apenas depoimentos sem prova? Como ele poderia explicar isso – se é que poderia?

Há outro depoimento sob delação premiada na Operação Sinal Fechado. Trata-se de Marcus Vinicius Furtado da Cunha, que foi procurador do Detran. Comenta-se que tanto Marcus como George haviam gravado encontros e guardado documentos com os fins de se protegerem. Esse material, se existente, foi repassado ao Ministério Público no âmbito da delação de ambos.

As barbas de Agripino e de seus defensores deveriam ficar de molho."


FONTE: postado por Miguel do Rosário no blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=24966).

COMPLEMENTAÇÃO

Do portal tucano (!) UOL, do Grupo tucano (!) "Folha"

Presidente do DEM [e coordenador da campanha de Aécio Neves] é acusado de receber R$ 1 milhão em propina

Empresário do Rio Grande do Norte diz que deu quantia a José Agripino Maia em 2010 para manter fraude no Detran. Ex-coordenador da campanha de Aécio, senador afirma ser vítima de “infâmia”

Por CONGRESSO EM FOCO


Foto de Agripino por Geraldo Magela/Ag. Senado


"Agripino diz que conhece George Olímpio, mas jamais pediu dinheiro ao empresário: "Está completamente falso e faltando com a verdade”. Um empresário do Rio Grande do Norte admitiu ter pagado propina para aprovar, na Assembleia Legislativa, uma lei sob medida para os seus negócios no Detran estadual. Em entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, George Olímpio contou ter dado dinheiro ao atual presidente da Assembleia, ao ex-governador Iberê Ferreira de Souza (PSB), já falecido, ao filho da ex-governadora Wilma Faria (PSB), Lauro Maia, e ao senador José Agripino Maia (DEM-RN), presidente nacional do DEM, ex-líder do partido e coordenador-geral da campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB).

A fraude, de acordo com ele, começou com a prestação de serviços de cartório de seu instituto para o Detran do Rio Grande do Norte. Cabia à empresa de George cobrar uma taxa de cada contrato de carro financiado no estado. Segundo ele, de cada R$ 75 cobrados pelo serviço, R$ 15 foram distribuídos como propina a integrantes do governo entre 2008 e 2011.

O empresário contou que, em seguida, comprou o apoio de políticos locais para aprovar uma lei que tornava obrigatória a inspeção veicular no estado, inclusive para carros zero km. Caberia novamente à sua empresa o comando dos serviços, mas o negócio foi barrado pelo Ministério Público por suspeita de fraude. As revelações da "Operação Sinal Fechado", na época, levaram à prisão em caráter preventivo o então suplente de Agripino, João Faustino (PSDB-RN), acusado de atuar como lobista do grupo, como mostrou o "Congresso em Foco".

Em entrevista ao "Fantástico", George Olímpio afirmou que deu R$ 1 milhão a Agripino após pedido feito pelo senador. O delator afirma que Agripino lhe disse, inicialmente, ter conhecimento de que ele havia destinado R$ 5 milhões para a campanha de Iberê. O empresário contestou a informação e disse que havia repassado R$ 1 milhão ao então governador.

Ele [Agripino] disse: pois é, e tal, como é que você pode participar da nossa campanha? Eu falei R$ 200 mil. Disse: tenho condições de lhe conseguir esse dinheiro já. Estou lhe dando esses R$ 200 mil, na semana que vem lhe dou R$ 100 mil. Ele disse: ‘pronto, aí vai faltar R$ 700 mil para dar a mesma coisa que você deu para a campanha de Iberê’. Para mim, aquilo foi um aviso bastante claro de que ou você participa ou você perde a inspeção. Uma forma muito sutil, mas uma forma de chantagem. R$ 1,15 milhão foram dados em troca de manter a inspeção”, disse o delator ao "Fantástico".

“Infâmia”

Por telefone, nos Estados Unidos, José Agripino afirmou à TV Globo que conhece George Olímpio e que tem amigos em comum com ele. Mas negou ter pedido ou recebido qualquer quantia do empresário.

Eu nunca pedi nenhum dinheiro, nenhum valor a George Olímpio. E conforme ele próprio declarou em cartório, não me deu R$ 1 milhão coisíssima nenhuma”, respondeu o senador. O presidente do DEM enviou ao "Fantástico" um documento de 2012, que George Olímpio teria registrado em cartório. “É uma infâmia, uma falta de verdade. Está completamente falso e faltando com a verdade”, afirmou José Agripino.

Todo o material da investigação que se refere ao senador foi enviado à Procuradoria-Geral da República, já que ele só pode responder a investigações com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF).

Residência oficial

O empresário contou, ainda, que o esquema de corrupção era negociado na residência oficial da então governadora Wilma de Faria [PSB], hoje vice-prefeita de Natal. O negociador, segundo ele, era Lauro Maia, filho de Wilma. “A gente marca o encontro no escritório, exatamente para eu repassar esse dinheiro a ele. Todo mês era feito o encontro de contas”, afirmou o delator.

George disse ter contado com o apoio do atual presidente da Assembleia, o deputado estadual Ezequiel Ferreira (PMDB), para aprovar a obrigatoriedade da inspeção veicular sem qualquer discussão nas comissões temáticas da Casa. “Eu digo: de quanto é que seria essa ajuda? Aí o Ezequiel me diz: George, uns 500 mil. Eu tenho como pagar 300 mil. Eu dou 150 quando for aprovado e os outros 150 você me divide em três vezes”, contou o delator. Ezequiel foi denunciado semana passado pelo crime de corrupção passiva.

Faturamento bilionário

Em 2011, quando o esquema da inspeção veicular veio à tona com a "Operação Sinal Fechado", 34 envolvidos foram denunciados, inclusive o empresário. Mas só no ano passado ele decidiu colaborar com as investigações.

Com essa fraude, o grupo criminoso pretendia faturar R$ 1 bilhão ao longo de 20 anos de exploração de uma concessão pública, segundo o Ministério Público.

Ele estava se sentindo abandonado pelos comparsas, pelos demais membros da organização criminosa e ele, temendo ser responsabilizado penalmente sozinho, procurou o Ministério Público em troca de colaborar para ter a obtenção de alguma espécie de benefício”, disse a promotora de Justiça Keiviany Silva de Sena. Assim como Lauro Maia, Ezequiel e a família de Iberê negaram qualquer envolvimento com o caso."

FONTE da complementação: do portal tucano (!) UOL, do Grupo tucano (!) "Folha"   (http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/presidente-do-dem-e-acusado-de-receber-r-1-milhao-em-propina/). [Título e entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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