sábado, 28 de março de 2015

"COM AÉCIO SERIA MUITO PIOR" (diz ex-Governador Lembo (DEM) no jornal tucano "Valor")




Do portal "Conversa Afiada":

Lembo: "com Aécio seria muito pior". Com os Cisnes …

Tucano não sabe transmitir e é odiento. Senadores tucanos nutrem ódio que não é próprio da Democracia. 


O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista de Claudio Lembo [DEM; hoje no PSD], que foi Governador de São Paulo, quando disse que a minoria branca é má, perversa, ao PiG cheiroso  [ao jornal "Valor Econômico", de propriedade dos grupos tucanos "Folha" e "Globo"]:

Valor: A ação do ministro afeta a governabilidade?

Lembo: Afeta o Levy. O governo, não. Não interessa a ninguém a queda da Dilma. Criaria um trauma. E mais: ela está aprovando tudo no Congresso. Ela apanha, mas aprova. O Congresso tem verbalizado, mas está se mantendo equilibrado. O parlamento pode ter seus defeitos. Tem muitos. Mas ele tem um sentido de brasilidade e necessidade de equilíbrio.

Valor: O senhor pensa realmente assim? Olhando para o Congresso o que se vê é a oposição beligerante e uma base aliada não tão aliada…

Lembo: Ela não se mostra aliada assim, mas também não assume o antagonismo total. Acho que a Dilma, a quem admiro muito pessoalmente, tem pela frente dois homens extremamente qualificados: Renan (Calheiros) e (Eduardo) Cunha. O Cunha lembra um pouco o Carlos Lacerda. É o carioca inteligente, pertencente àquela elite médica carioca, que é boa, intelectualmente bem preparada. O Cunha é sádico, duro, inteligente e tem carisma. E o Renan é outro homem inteligente. De outro tipo, mas inteligente. Então, se a Dilma me procurasse um dia eu diria: “Vá ler Maquiavel. Quando você não pode vencer o inimigo, aproxime-se dele”. Foi ingenuidade ter lançado candidato próprio para a Câmara e o Senado.

Valor: Como o PMDB pode ser inimigo sendo o principal aliado?

Lembo: Ele não é inimigo. O PMDB é um partido que caracteriza bem as qualidades e os defeitos dos brasileiros. Sabe dialogar, sabe se impor nos momentos certos, sabe ocupar a máquina do Estado. Eles são os únicos que permaneceram desde a redemocratização. Eles têm uma linguagem popular, coisas que os tucanos não têm. Tucano não sabe transmitir e é odiento. Alguns senadores tucanos do Senado nutrem ódio que não é próprio da democracia. Um senador não pode dizer “quero vê-la sangrar”. É feio.

Valor: Estimular, ainda que veladamente, a discussão sobre o impeachment da presidente é um desejo real ou jogo de cena?

Lembo: É a postura real de alguns setores do PSDB. Particularmente, aqueles que foram diretamente vencidos na campanha eleitoral. Estão muito cheios de ódio.

Valor: Então a tese do terceiro turno tem validade?

Lembo: É nítida. Muito nítida. Mas não é todo o PSDB. Também tem gente equilibrada. O governador de São Paulo não tem entrado nessa conversa.
(…)

Valor: Como o senhor vê a tese do estelionato eleitoral? Dilma está fazendo o que seu adversário pregou?

Lembo: O adversário não pregou o que está sendo feito. Ele falava numa economia alegre, leve, do Rio de Janeiro… da Casa dos Cisnes…

Valor: Casa das Garças.

Lembo: Isso. Aquela gente de sempre, que agrada profundamente o sistema financeiro. Acho que se o Aécio ganhasse, o quadro social seria muito mais grave, porque o atingido seria outro público."

FONTE: portal "Conversa Afiada"  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2015/03/27/lembo-com-aecio-seria-muito-pior-com-os-cisnes/).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO

“A burguesia foi às ruas, o povão ainda não”, diz Lembo


Do blog "Os amigos do Presidente Lula":

"Ex-governador diz que o país precisa fazer 'análise' e que 'minoria branca' agora também vai à carceragem da PF.

Afastado da vida pública desde que deixou a Secretaria de Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo, em 2012, o ex-governador Claudio Lembo [DEM; hoje no PSD] continua um provocador.

Recebeu a reportagem do jornal "Valor Econômico" [de propriedade dos grupos tucanos "Folha" e "Globo"] com um sorriso e a pergunta "Como vai você e aquele seu jornal burguês?". Aos 80 anos, o advogado dá expediente em seu escritório ao lado do Parque Trianon, leciona duas vezes por semana na Universidade Presbiteriana Mackenzie e mantém o hábito de distribuir ironias à esquerda e à direita.

Ao analisar o momento, Lembo atira em quase todas as direções.

Poucos são poupados. Entre eles, o presidente de seu partido, o PSD, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB.

Para ele, os "equívocos" do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff podem ser tributados ao "instituto maldito da reeleição", que considera nefasta para o país.

Não por outra razão,prevê que a reeleição para o Executivo, o voto proporcional e o financiamento de campanha pelas pessoas jurídicas são os alvos de uma reforma política.

Disparou seu bodoque também na direção dos tucanos, alguns dos quais classificou como "raivosos", com destaque para o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira, candidato a vice na chapa derrotada de Aécio Neves: um senador não pode dizer quer ver a presidente sangrar, estoca Lembo "É feio". Sobrou até para a Casa das Garças, centro de estudos em economia dirigido pelo economista e ex-presidente do BNDES Edmar Bacha, "confundida" com "Casa dos Cisnes".

Célebre por "convidar" a burguesia a abrir a bolsa, quando ainda era governador de São Paulo, em 2006, no momento em que o Estado foi sacudido por uma série de ataques comandados pelo PCC, nesta entrevista Lembo volta a atacar a "elite branca" por sua visão "imediatista" escalada em "interesses pessoais, não coletivos".

A seguir, os principais trechos:

Valor: Há oito anos o senhor disse que a burguesia tinha de abrir a bolsa para amenizar a grande diferença social que havia no Brasil. Algo mudou de lá para cá? 

Claudio Lembo: Eu fui profético.Às vezes, Deus fala pela boca dos loucos. Naquela época, aproveitei e falei. Disse que a minoria branca estava extremamente agressiva, por causa do PCC. Agora, vejo a minoria branca toda na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Valor: Mas a parcela que está na carceragem da PF...

Lembo: É a pior.

Valor: ... é uma minoria dentro da minoria.

Lembo: Felizmente, a burguesia brasileira é maior. É bom que seja.A que está lá é a mais ativa, a que mais viciou a máquina do Estado.

Valor: Esse não é um fenômeno recente. Ele se agravou?

Lembo: Óbvio que os grandes empreiteiros, desde o tempo do Império, são sempre os mesmos. É uma endemia complexa e complicada.

Não é brasileira, é internacional, mas a brasileira é pior. Nós tivemos um período da vida pública brasileira em que havia um planejamento de obras. Bem ou mal, havia. O regime militar pode ter cometido erros na área dos direitos políticos, dos direitos humanos. Mas indiscutivelmente havia racionalidade de pensar em projetos. Isso foi desmontado com a redemocratização. O governo do PSDB, de Fernando Henrique Cardoso, desmontou o que era planificação.

Hoje o Estado brasileiro não tem nada de planejamento. É o empreiteiro que leva o projeto que interessa a ele e nem sempre ao Estado nacional. Até admito que a privatização deveria ter sido feita em alguns espaços, não em todos, mas acho que houve excessos.

Valor: A crise da Petrobras é uma decorrência natural disso?

Lembo: O caso da Petrobras é profundamente grave. A Petrobras é o produto de lutas de gerações.

Sou de uma geração que lutou pelo "O petróleo é nosso", até ingenuamente, e vejo com amargor o que está acontecendo. Mas também aí há uma interrogação: onde estava a CVM? Onde estava a auditoria? A direção ou o conselho de administração tinha de perceber que havia investimentos excessivos em determinadas áreas. O Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça Federal estão se portando com muita dignidade. Um exemplo mundial de tanto rigor e racionalidade na exposição dos fatos.

Valor: Esse episódio tem uma participação importante das empreiteiras, que o senhor acabou de citar como "planejadoras" do Brasil. A origem da crise está aí?

Lembo: Primeiro, a gente precisa analisar a mudança da 8666 [Lei de Licitações], no governo Fernando Henrique, permitindo à Petrobras que não fizesse licitação, apenas chamada. Acho que aí está o primeiro erro. Deu dinâmica à Petrobras, mas deu também uma liberdade muito grande. Outro ponto foram os exageros do governo Lula, que acreditou que o Brasil era uma grande potência. O Brasil não é uma grande potência. A área de petróleo é muito complexa. Com o pré-sal, enlouquecemos. Se no Mar do Norte não estão explorando petróleo com grande ativismo, por que teria de ser no Atlântico Sul? Ou ingenuidade ou malícia. Excesso de ingenuidade é má-fé.

Valor: A corrupção também foi exacerbada nesse período? 

Lembo: Foi. Evidentemente, foi. E não só na Petrobras, mas também em outras áreas.

Valor: Quais?

Lembo: Se levantarem as tampas, vai ser muito complicado. A burguesia não quer que tampas sejam levantadas. Basta a Petrobras.

Valor: A "elite branca" à qual o senhor se referiu está nas ruas, nas manifestações contra o governo Dilma?

Lembo: Muito. Um percentual elevado. Quem viu a avenida Paulista no domingo [15 de março] viu a classe média. E é bom que ela se movimente. A classe média é muito parada, muito sem vibração política. Mas ela está sendo injusta, porque ganhou muito no período Lula-Dilma. Eles não mexeram no bolso da classe média. Ela tem objetividade, uma nítida visão de interesse pessoal, nunca coletivo. E está apavorada. Quer ganho, mas não quer risco. Por isso, pede para as Forças Armadas voltarem. A burguesia está na rua. O povão, ainda não. Há alguma coisa em áreas específicas, mas é pouca gente. O movimento sem-teto (MTST) eu acho muito ativo...

Valor: O senhor pensa realmente assim? Olhando para o Congresso o que se vê é a oposição beligerante e uma base aliada não tão aliada...

Lembo: Ela não se mostra aliada assim, mas também não assume o antagonismo total. Acho que a Dilma, a quem admiro muito pessoalmente, tem pela frente dois homens extremamente qualificados: Renan [Calheiros] e [Eduardo] Cunha. O Cunha lembra um pouco o Carlos Lacerda. É o carioca inteligente, pertencente àquela elite médica carioca, que é boa, intelectualmente bem preparada. O Cunha é sádico, duro, inteligente e tem carisma. E o Renan é outro homem inteligente. De outro tipo, mas inteligente. Então, se a Dilma me procurasse um dia eu diria: "Vá ler Maquiavel. Quando você não pode vencer o inimigo, aproxime-se dele". Foi ingenuidade ter lançado candidato próprio para a Câmara e o Senado.

Valor: Como o PMDB pode ser inimigo sendo o principal aliado? 

Lembo: Ele não é inimigo. O PMDB é um partido que caracteriza bem as qualidades e os defeitos dos brasileiros. Sabe dialogar, sabe se impor nos momentos certos, sabe ocupar a máquina do Estado. Eles são os únicos que permaneceram desde a redemocratização. Eles têm uma linguagem popular, coisas que os tucanos não têm. Tucano não sabe transmitir e é odiento. Alguns senadores tucanos do Senado nutrem ódio que não é próprio da democracia. Um senador não pode dizer "quero vê-la sangrar". É feio.

Valor: Estimular, ainda que veladamente, a discussão sobre o impeachment da presidente é um desejo real ou jogo de cena? 

Lembo: É a postura real de alguns setores do PSDB. Particularmente aqueles que foram diretamente vencidos na campanha eleitoral. Estão muito cheios de ódio.

Valor: Então a tese do terceiro turno tem validade? 

Lembo: É nítida. Muito nítida.Mas não é todo o PSDB. Também tem gente equilibrada. O governador de São Paulo não tem entrado nessa conversa.

Valor: Mas ele é um candidato quase natural à sucessão presidencial...

Valor: Onde o senhor acha que o rancor vai desaguar?

Lembo: É uma pergunta complexa. Eu teria que ser vidente. Se a Dilma conseguir se equilibrar, ela leva os quatro anos de um governo difícil, de grandes sacrifícios, e chega ao fim. Não vejo condições psicológicas para o impeachment. Acho muito, muito difícil. Mas as manifestações de rua, apoiadas eventualmente pelo PSDB, erraram quando pediram o apoio das Forças Armadas. Os militares não querem. Eles sabem que foram vítimas da burguesia, que fez o golpe de 1964 e usou o instrumental das Forças Armadas. Eles entraram, exageraram, mas sempre apoiados pela burguesia. Não vão mais fazer isso nunca mais.

Valor: O senhor acompanhou as manifestações [de 13 e 15 de março]? 

Lembo: Sim.

Valor: Na rua?

Lembo: Pela televisão.

Valor: Elas guardam alguma semelhança com as de junho de 2013?

Lembo: É outro momento. Aquilo foi articulado pela meninada do passe-livre. Essa me parece mais de gente amargurada, com um pouco de ódio.

Valor: O senhor vê o país socialmente mais dividido que há oito anos, quando propôs que a elite abrisse a bolsa?

Lembo: Muito mais. Naquela época, o PCC, burramente, atacou o Estado. E não foi nada. Queimou um ou dois ônibus, mas apavorou a burguesia. As mensagens por celular estavam no começo. Isso motivou uma comunicação desesperada. Havia essa questão da segurança pessoal. Hoje, está todo mundo na rua. Todo dia tem tiroteio e ninguém mais liga. Acostumaram.

Valor: Hoje o crime...

Lembo: Avançou muito mais...Todas as modalidades de crimes. E o PCC está forte...

Valor: Porque o crime recrudesceu? 

Lembo: Sua pergunta exigiria tratamento sociológico profundo. O PCC tornou-se mais ativo e mais organizado. Ele retirou aquela ingenuidade de 2006 e ocupou todos os espaços, principalmente em relação à droga. Organizou-se muito bem, e a coisa é muito mais grave do que se pensa.

Valor: A política de segurança piorou?

Lembo: É complexo. Havia um excesso das polícias militares, eventualmente. A política de direitos humanos levou a uma posição de recolhimento da tropa. Isso fez com que a criminalidade crescesse. Por sinal, a PM de São Paulo está muito violenta.

Valor: Nos protestos de 2013, os manifestantes reclamaram muito da PM paulista.

Lembo: Agora as criancinhas estão beijando policiais. Não entendo o Brasil. É um país ciclotímico.

Valor: Como o senhor avalia o governo da presidente Dilma? 

Lembo: No primeiro mandato, ela quis, não sei se visando o instituto maldito da reeleição, ser cada vez mais sensível à sociedade, ao povão. E com isso fez benesses. Benesse custa caro. A condução da economia foi muito complexa, difícil. Acho até que meio equivocada. Foi socialmente bom e economicamente mal.

Valor: As pesquisas mostram que a baixa renda ainda não se manifestou muito intensamente.

Lembo: Ainda não chegou lá. Daqui a pouco chega. O que a burguesia não percebeu, porque é muito imediatista, é que se a vitória não fosse da Dilma iria ser muito pior o movimento de rua. Iria ser uma coisa muito pior, agressiva.

Valor: Como retomar a paz social no país? 

Lembo: Com a canseira. Isso aqui vai cansar. O país vai ter que purgar, vai ter que fazer análise. Vão ter que se integrar os grupos sociais todos. Brasília tem que se entender. O Executivo tem que se entender com o parlamento.

Valor: Essa crise de entendimento vai mudar o quadro partidário? O Sr. acredita em reforma política? 

Lembo: Eu só vejo duas reformas possíveis. Posso errar, mas acho que o fim da reeleição é inevitável.

A reeleição foi o maior desserviço à história política e administrativa do Brasil. Foi o maior estelionato eleitoral. Desde 1890, quando foi elaborada a Constituição republicana, nós nunca tivemos reeleição. Aí veio a grande figura do doutor Fernando Henrique Cardoso/PSDB. Não sei o que ele fez no Congresso com o Sergio Motta e conseguiu a reeleição... Só deu imoralismo, safadeza, corrupção. Ela vai cair. Felizmente vai cair.

Outro é voto proporcional. Não pode haver coligação no voto proporcional, porque desintegra os partidos e não permite dar identidade aos partidos. Um terceiro caso é o financiamento de empresa, que também cai, mas vai criar 'caixa 2', um problema muito sério."

FONTE da complementação: do blog "Os amigos do Presidente Lula"  (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2015/03/a-burguesia-foi-as-ruas-o-povao-ainda.html#more).[Trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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