quinta-feira, 25 de junho de 2015

A NOVA ENCÍCLICA PAPAL DESAGRADA A DIREITA




A encíclica do papa vista por Edgar Morin, antropólogo, sociólogo e filósofo francês, pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). 


                  Edgar Morin
"

"A 'Laudato Si' é, talvez, o ato número 1 de um apelo para uma nova civilização".

Entrevista com Edgar Morin

A entrevista é de Antoine Peillon e Isabelle de Gaulmyn e publicada por "La Croix", em 21-06-2015. A tradução é de André Langer.

O verdadeiro humanismo é aquele que vai dizer que eu reconheço em todo ser vivo ao mesmo tempo um ser semelhante e diferente de mim”, afirma Edgar Morin (1).

Eis a entrevista:


Você não hesitou, após sua leitura, em qualificar a
Encíclica Laudato Si’ de providencial. O que quer dizer?

Providencial, não no sentido da divina providência! Mas nós vivemos uma época de deserto do
pensamento, um pensamento fragmentado em que os partidos que se dizem ecologistas não têm nenhuma real visão da magnitude e da complexidade do problema, em que perdem de vista o interesse daquilo que o Papa Francisco, numa maravilhosa fórmula retomada de Gorbatchev, chama de “casa comum”. No entanto, essa preocupação com uma visão complexa, global, no sentido de que é preciso tratar as relações entre cada parte, sempre me animou (2).

Neste “deserto” atual, pois, eis que surgiu esse texto que vejo bem estruturado, e que responde a essa
complexidade! Francisco definiu a “ecologia integral”, que não é, sobretudo, esta ecologia profunda que pretende converter ao culto da Terra e subordinar tudo a ela. Ele mostra que a ecologia toca profundamente as nossas vidas, a nossa civilização, os nossos modos de agir, nossos pensamentos.

Mais profundamente, ele critica um paradigma “tecnoeconômico”, esta maneira de pensar que ordena todos os nossos discursos e que os torna obrigatoriamente fiéis aos postulados técnicos e econômicos para tudo solucionar. Com esse texto, há ao mesmo tempo um apelo para a tomada de consciência, uma incitação a repensar a nossa sociedade e a agir. Esse é o sentido de providencial: um texto inesperado e que mostra o caminho.

Você encontra no texto uma perspectiva humanista da ecologia?


Sim, porque através desta noção de
ecologia integral, a encíclica convida a ter em conta todas as lições desta crise ecológica. Mas também com a condição de precisar a noção de humanismo, que tem um duplo sentido. Na verdade, é o que Francisco disse em seu discurso. Ele critica uma forma de antropocentrismo.

Existe, com efeito, um humanismo antropocêntrico, que coloca o homem no centro do universo, que faz do homem o único sujeito do universo; em suma, onde o homem se situa no lugar de Deus. Eu não sou crente, mas penso que esse papel divino que se atribui, às vezes, ao homem, é absolutamente insensato.

E, uma vez que nos encontramos nesse princípio antropocêntrico, a missão do homem, muito claramente formulada por Descartes, é conquistar a natureza e dominá-la. O mundo da natureza tornou-se um mundo de objetos. O verdadeiro humanismo é, ao contrário, aquele que vai dizer que eu reconheço em todo ser vivo ao mesmo tempo um ser semelhante e diferente de mim.

Você fez sua essa invocação de Francisco de Assis, retomada pelo papa, que fala do irmão Sol, que implica uma forma de fraternidade com o que os cristãos chamam de Criação?


O papa teve a sorte de encontrar no cristianismo São Francisco de Assis! Porque, se não tivesse sido isso, teríamos poucas referências...

Hoje, nós sabemos que temos em nós células que se multiplicaram desde as origens da vida, que elas nos constituem como qualquer ser vivo... Se remontarmos à história do universo, nós nos daremos conta de que carregamos em nós todo o cosmos, e isso de uma maneira singular.

Há uma profunda solidariedade com a natureza, embora sejamos diferentes, pela consciência, pela cultura... Mas, apesar de sermos diferentes, somos todos filhos do Sol. O verdadeiro problema não é nos reduzirmos ao estado da natureza, mas não nos separarmos do estado de natureza.

O Santo Padre é levado a encontrar na Bíblia um certo número de elementos que justificam sua abordagem. Mas eu penso, ao contrário, que a Bíblia narra uma criação do homem totalmente separada dos animais, e que ela começou a gerar esse pensamento antropocêntrico, que a mensagem de Paulo continuou, separando o destino pós-morte dos humanos dos outros seres vivos. Essa concepção separa, na minha opinião, a civilização judaico-cristã das outras grandes civilizações.

Mas justamente na Encíclica 'Laudato Si’ o Papa dá uma interpretação oposta do Gênesis...


É verdade, podemos muito bem fazer interpretações cosmogênicas do Gênesis, especialmente porque “Elohim”, que é o Deus do Gênesis, é um plural singular: ele é uno e múltiplo. Também podemos encontrar nele uma espécie de turbilhão criador. É verdade também que, no Gênesis, está escrito que, no princípio, Elohim separa o céu da Terra.

Essa também é uma ideia interessante, porque para que haja um universo é preciso uma separação entre os tempos (passado, presente e futuro) e o espaço (aqui e lá). Mas, minha concepção, que se situa na esteira de Spinoza, repousa sobre a capacidade criadora da natureza. Eu creio que a criatividade não parte de um criador inicial, mas de um evento inicial.

Você conhece bem a América Latina. Você tem o sentimento de que a reflexão de Francisco é tributária da cultura argentina?


Sim, com certeza. O que sempre me impressionou é sentir na América Latina, de modo geral, uma vitalidade, uma capacidade de iniciativa que não encontramos aqui [na Europa]. Na encíclica, por exemplo, eu encontro esse sentido da pobreza, tão forte nesse continente.

Na Europa, nós esquecemos completamente os pobres, nós os marginalizamos. Mas também na encíclica o conceito de pobreza está vivo, como as manifestações do Movimento dos Sem Terra ou do povo, no Brasil.

Enfim, é verdade que a Argentina, que conheceu tantas provações, que foi obrigada a pagar sua dívida porque estava falida, é um país em que há uma vitalidade democrática extraordinária. Eu não diria que é um milagre, mas foi necessário que um papa viesse de lá, com essa experiência humana.

É um papa impregnado por essa cultura andina que opõe ao “bem estar”, exclusivamente materialista europeu, o “
bem viver”, que é desenvolvimento pessoal e comunitário autêntico. A mensagem pontifical apela para uma mudança, para uma nova civilização, e sou bem sensível a isso. Essa mensagem é, talvez, o ato número 1 para uma nova civilização.

Para além desta encíclica, como você vê a contribuição das religiões na nossa sociedade?

Todos os esforços para acabar com as religiões fracassaram completamente. As religiões são realidades antropológicas. O cristianismo conheceu uma contradição entre alguns de seus desenvolvimentos históricos e sua mensagem inicial, evangélica, que é o amor dos humildes. Mas, depois que a Igreja perdeu seu monopólio político, uma parte dela encontrou novamente a sua fonte evangélica.

A última encíclica é uma completa refontalização evangélica. Os cristãos, quando animados pela fonte da sua fé, são tipicamente pessoas de boa vontade, que pensam no bem comum. A fé pode ser uma salvaguarda contra a corrupção de políticos ou de administradores. A fé pode dar coragem.

Se, hoje, numa época de virulência, as religiões voltassem à sua mensagem inicial – em particular o islã, onde Alá é o Clemente e o Misericordioso –, elas seriam capazes de se compreender. Hoje, para salvar o planeta, que está verdadeiramente ameaçado, a contribuição das religiões é bem vinda. Esta encíclica é uma brilhante manifestação disso."

Um renomado sociólogo


Nascido na França em 1921, Edgar Morin é renomado sociólogo e filósofo, mundialmente conhecido, diretor emérito de pesquisa do CNRS (Paris), Doutor Honoris Causa de 27 universidades de todo o mundo. Membro da resistência durante a guerra; comunista, ele, no entanto, se afasta do partido em 1948. Entre 1969 e 1970, morou na Califórnia, nos Estados Unidos, onde acordou para a questão ecológica.

Em O paradigma perdido: a natureza humana, publicado em 1973, ele explica que o homem não é o senhor da natureza, mas seu parceiro e que é tanto a natureza que se impõe ao homem como o contrário. Sua obra fundamental, O Método, faz da noção até então vaga de “complexidade” uma importante realidade. É o autor de uma obra traduzida para mais de 30 línguas e publicada em 42 países, que compreende quase 80 livros e uma dúzia de filmes."


Notas:

(1) Último livro publicado: L’Aventure de “La Méthode” (A Aventura de “O Método”). Seuil, 176 p., 18 euros.
(2) Ver especialmente de Edgar Morin, com Anne-Brigitte Kern, Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina, 2011."


FONTE: do "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/blog/almeida/a-enciclica-do-papa-vista-por-edgar-morin).

 COMPLEMENTAÇÃO 1


A ENCÍCLICA VERDE



   Frei Betto

Por FREI BETTO

"Nenhuma outra encíclica contém tanta poesia. Francisco frisa que "todo o Universo material é uma linguagem do amor de Deus"


Em homenagem a São Francisco de Assis, o papa Francisco lançou uma encíclica holística, "Louvado seja”, na qual associa degradação ambiental e aumento da pobreza mundial. O texto constitui um apelo urgente para a humanidade sair da "espiral da autodestruição”.

O chefe da Igreja Católica condena o atual modelo de desenvolvimento focado no consumismo e na obtenção do lucro imediato. Denuncia "a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano do qual não gosta.”

Salvar o Planeta é salvar os pobres, clama Francisco. Eles são as principais vítimas da sequelas deixadas por invasões de terras indígenas, destruição de florestas, contaminação de rios e mares, uso abusivo de agrotóxicos e de energia fóssil.

O texto resgata a interação bíblica entre o ser humano e a natureza e faz mea-culpa quanto ao modo de a Igreja interpretar o mandato divino de "dominar” a Terra. Também amplia o significado de "Não matarás”: "Uns 20% da população mundial consomem recursos em uma medida tal que roubam às nações pobres e às gerações futuras aquilo de que necessitam para sobreviver.”

Não há desenvolvimento social e avanço científico positivos, alerta o papa, sem o respaldo da ética e a centralidade do bem comum em tudo que se pesquisa e planeja.

O combate à idolatria do mercado é enfático, ao frisar que a fome e a miséria não acabarão "simplesmente com o crescimento do mercado. O mercado, por si mesmo, não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social.

Além de criticar como inócuas todas as importantes reuniões de cúpula sobre a questão ambiental, pois os bons propósitos não saem do papel, Francisco amplia o conceito de ecologia ao destacar a "ecologia integral”, a "ecologia cultural” e a "ecologia da vida cotidiana”.

Nenhuma outra encíclica contém tanta poesia. Francisco frisa que "todo o Universo material é uma linguagem do amor de Deus. O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia de Deus.” E, pela primeira vez, uma encíclica valoriza a contribuição da obra de Teilhard de Chardin, censurado por Roma em toda primeira metade do século passado."

FONTE da complementação 1: escrito por Frei Betto, escritor, autor de "A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. Artigo publicado em seu blog e transcrito no portal "Brasil 247"   (http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto) e (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/185978/A-enc%C3%ADclica-verde.htm).

COMPLEMENTAÇÃO 2

Encíclica explode no colo da Bláblá e da Direita !

Do portal "Conversa Afiada"

Quem polui é o rico. A maior vítima é o pobre. Vai encarar ?




"Maior que a Rerum Novarum de Leão XIII, de 1893 ?

Sim.

A Rerum Novarum, sobre as condições dos trabalhadores, na prática, teve efeito limitado.

A resposta tardia ao Manifesto Comunista não chegou aos operários.

A vertiginosa ascensão do Império Americano, logo depois, estabeleceu regras de conduta laboral que afogaram a obra de Leão XIII.

Maior do que a Pacem in Terris, de João XXIII, de 1963 ?

Sim.

A Pacem in Terris, que encorajou os pobres a enfrentar os ricos – e deu origem à renovadora Teologia da Libertação -, foi sufocada pela ofensiva anticomunista e conservadora de João Paulo II e Bento XVI.

A Laudato si’ do Papa Francisco é revolucionária no sentido estrutural: ela crava no centro do Século XXI.

Remove montanhas – como seu inspirador, São Francisco de Assis.

O Homem precisa retomar a posse de sua casa, a Terra.

Quem destrói a sua Casa é o Homem.

O Homem rico, o que mais polui.

A maior vitima dessa destruição é o pobre.

A prioridade são os pobres.

A luta pela preservação da Terra começa e acaba na Casa dos pobres.

Essa uma das novidades dessa iluminada Encíclica.

Retirar da “discussão” a racionalidade “verdista”, o tecnicismo, o economismo, a fraude de supor que o “mercado” é que vai salvar a Terra, com esses “créditos” que a banca inglesa e seus súditos brasileiros pretendem introduzir entre os derivativos – para ganhar dinheiro e os pobres… que se lixem !

Artigo inspirado de Leonardo Boffuma das vítimas do Muro de Berlim construído por João Paulo III e Ratzinger – trata da “visão da ecologia integral, que integra todas as coisas num grande todo no nos movemos e somos”.

Essa seria a “grande novidade” de Francisco, segundo Boff.

O conceito de “ecologia integral”, na verdade, deve muito à obra de Boff.

Mas, essa é uma questão própria da Teologia.

Terreno em que o ansioso blogueiro não ousa pisar.

O ansioso blogueiro é um ateu irrecuperável, quase apóstata – apesar dos esforços dos professores jesuítas da PUC do Rio, mestres em Leão XIII e João XXIII.

Por isso, prefere ler a Laudato Sí com a mão na massa suja da política Verde brasileira.

Por exemplo.

O Verdismo no Brasil tinha a face virginal da Terceira Via na política.

Isso foi devidamente violado no segundo turno da eleição passada, quando a Bláblárina aderiu ao Aecím, o mesmo que a tinha desrespeitado, como o Machão do Leblão, nos debates do primeiro turno.

O que cabe discutir aqui é a “ideologia” Verde da Bláblárina e seus seguidores.

Essa turma que quer impedir a construção de Belo Monte e internacionalizar a Amazônia.

Ela, Bláblá, que, nas Olimpíadas de Londres, entrou em campo como representante da Coroa Inglesa, a mesma que quer “mercadejar” os créditos de carbono …

O verdismo da Bláblá e da Neca do Itaú é uma singularidade pátria.

É o único movimento de ambientalistas no mundo que é de Direita, ligado a bancos …

O Verdismo daqui é a sustentabilidade que se sustenta no sustentável.

Ou seja, um embuste intelectual e político.

Não está ligado a qualquer estrutura social, a qualquer realidade política.

Fica lá em cima, pendurado nas contas do Itaúúú e das ONGs americanas.

Embaixo, o pau come.

Luta de classes, morte de jovens negros, Direita raivosa, exclusão social, monopólio na mídia – nada disso interessa ou determina as formas de exploração e, portanto, de degradação ambiental.

Para a Bláblárina e seus verdes, a degradação do meio ambiente é um ectoplasma.

A culpa é da Dilma !

E o Verde da Urubóloga e do Ataulpho Merval (ver no ABC do C Af).

Fala sério …

É expediente eleitoreiro …

O “verdismo” de Bláblá, como a “Terceira Via” do jatinho sem dono, é um embuste !

E agora explodiu.

Com a 'Laudato Si’.

O ansioso blogueiro se permitiu fazer um resumo comentado (à sua moda) da mais importante das encíclicas de nosso incerto tempo.

O melhor é ler a íntegra no site do Vaticano, em sua versão em Português de Portugal.

O que se lê aqui faz parte da irresponsabilidade do blogueiro.

E talvez ajude a explicar por que o Stedile disse que o Papa é peronista.

(As ênfases são do mesmo irresponsável.)

CARTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’ DO SANTO PADRE FRANCISCO
SOBRE O CUIDADO DA CASA COMUM

(…)

(QUEM VAI PAGAR A CONTA DA DEGRADAÇÃO É O POBRE!)

"25. As mudanças climáticas são um problema global com graves implicações ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas, constituindo actualmente um dos principais desafios para a humanidade. Provavelmente os impactos mais sérios recairão, nas próximas décadas, sobre os países em vias de desenvolvimento. Muitos pobres vivem em lugares particularmente afectados por fenómenos relacionados com o aquecimento, e os seus meios de subsistência dependem fortemente das reservas naturais e dos chamados serviços do ecossistema como a agricultura, a pesca e os recursos florestais. Não possuem outras disponibilidades económicas nem outros recursos que lhes permitam adaptar-se aos impactos climáticos ou enfrentar situações catastróficas, e gozam de reduzido acesso a serviços sociais e de protecção. Por exemplo, as mudanças climáticas dão origem a migrações de animais e vegetais que nem sempre conseguem adaptar-se; e isto, por sua vez, afecta os recursos produtivos dos mais pobres, que são forçados também a emigrar com grande incerteza quanto ao futuro da sua vida e dos seus filhos. É trágico o aumento de emigrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental, que, não sendo reconhecidos como refugiados nas convenções internacionais, carregam o peso da sua vida abandonada sem qualquer tutela normativa. Infelizmente, verifica-se uma indiferença geral perante estas tragédias, que estão acontecendo agora mesmo em diferentes partes do mundo. A falta de reacções diante destes dramas dos nossos irmãos e irmãs é um sinal da perda do sentido de responsabilidade pelos nossos semelhantes, sobre o qual se funda toda a sociedade civil."

(OS RICOS MASCARAM O PROBLEMA!)

"26. Muitos daqueles que detêm mais recursos e poder económico ou político parecem concentrar-se sobretudo em mascarar os problemas ou ocultar os seus sintomas, procurando apenas reduzir alguns impactos negativos de mudanças climáticas. Mas muitos sintomas indicam que tais efeitos poderão ser cada vez piores, se continuarmos com os modelos actuais de produção e consumo. Por isso, tornou-se urgente e imperioso o desenvolvimento de políticas capazes de fazer com que, nos próximos anos, a emissão de anidrido carbónico e outros gases altamente poluentes se reduza drasticamente, por exemplo, substituindo os combustíveis fósseis e desenvolvendo fontes de energia renovável. No mundo, é exíguo o nível de acesso a energias limpas e renováveis. Mas ainda é necessário desenvolver adequadas tecnologias de acumulação. Entretanto, nalguns países, registaram-se avanços que começam a ser significativos, embora estejam longe de atingir uma proporção importante. Houve também alguns investimentos em modalidades de produção e transporte que consomem menos energia exigindo menor quantidade de matérias-primas, bem como em modalidades de construção ou restruturação de edifícios para se melhorar a sua eficiência energética. Mas estas práticas promissoras estão longe de se tornar omnipresentes."
(…)

(ALCKMIN, QUANDO FALTA AGUA, QUEM MORRE É A CRIANÇA POBRE!)

"29. Um problema particularmente sério é o da qualidade da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas. Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas com a água, incluindo as causadas por microorganismos e substâncias químicas. A diarreia e a cólera, devidas a serviços de higiene e reservas de água inadequados, constituem um factor significativo de sofrimento e mortalidade infantil. Em muitos lugares, os lençóis freáticos estão ameaçados pela poluição produzida por algumas actividades extractivas, agrícolas e industriais, sobretudo em países desprovidos de regulamentação e controles suficientes. Não pensamos apenas nas descargas provenientes das fábricas; os detergentes e produtos químicos que a população utiliza em muitas partes do mundo continuam a ser derramados em rios, lagos e mares."

('CERRA'. ALCKMIN, VOCÊ QUE É DA OPUS DEI. COMO É QUE VOCÊS FORAM PRIVATIZAR A SABESP?)

"30. Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. Este mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua dignidade inalienável. Esta dívida é parcialmente saldada com maiores contribuições económicas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres. Entretanto nota-se um desperdício de água não só nos países desenvolvidos, mas também naqueles em vias de desenvolvimento que possuem grandes reservas. Isto mostra que o problema da água é, em parte, uma questão educativa e cultural, porque não há consciência da gravidade destes comportamentos num contexto de grande desigualdade."

(GRANDES EMPRESAS MULTINACIONAIS ESTÃO DE OLHO NA NOSSA ÁGUA!)

"31. Uma maior escassez de água provocará o aumento do custo dos alimentos e de vários produtos que dependem do seu uso. Alguns estudos assinalaram o risco de sofrer uma aguda escassez de água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas urgentes. Os impactos ambientais poderiam afectar milhares de milhões de pessoas, sendo previsível que o controle da água por grandes empresas mundiais se transforme numa das principais fontes de conflitos deste século."
(…)

(BLÁBLÁ, O PAPA TE PEGOU: NÃO ADIANTA QUERER INTERNACIONALIZAR A AMAZÔNIA. ELE TÁ DE OLHO EM VOCÊS!)

"38. Mencionemos, por exemplo, os pulmões do planeta repletos de biodiversidade que são a Amazónia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares. A importância destes lugares para o conjunto do planeta e para o futuro da humanidade não se pode ignorar. Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos. Todavia, ao falar sobre estes lugares, impõe-se um delicado equilíbrio, porque não é possível ignorar também os enormes interesses económicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as soberanias nacionais. Com efeito, há «propostas de internacionalização da Amazónia que só servem aos interesses económicos das corporações internacionais».[24] É louvável a tarefa de organismos internacionais e organizações da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram de forma crítica, inclusive utilizando legítimos mecanismos de pressão, para que cada governo cumpra o dever próprio e não-delegável de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país, sem se vender a espúrios interesses locais ou internacionais."
(…)

"43. Tendo em conta que o ser humano também é uma criatura deste mundo, que tem direito a viver e ser feliz e, além disso, possui uma dignidade especial, não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo actual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas.

44. Nota-se hoje, por exemplo, o crescimento desmedido e descontrolado de muitas cidades que se tornaram pouco saudáveis para viver, devido não só à poluição proveniente de emissões tóxicas mas também ao caos urbano, aos problemas de transporte e à poluição visiva e acústica. Muitas cidades são grandes estruturas que não funcionam, gastando energia e água em excesso. Há bairros que, embora construídos recentemente, apresentam-se congestionados e desordenados, sem espaços verdes suficientes. Não é conveniente para os habitantes deste planeta viver cada vez mais submersos de cimento, asfalto, vidro e metais, privados do contacto físico com a natureza."


(E ESSES CONDOMÍNIOS, ESSES GUETOS EM QUE OS RICOS SE ESCONDEM DOS POBRES?)

"45. Nalguns lugares, rurais e urbanos, a privatização dos espaços tornou difícil o acesso dos cidadãos a áreas de especial beleza; noutros, criaram-se áreas residenciais «ecológicas» postas à disposição só de poucos, procurando-se evitar que outros entrem a perturbar uma tranquilidade artificial. Muitas vezes encontra-se uma cidade bela e cheia de espaços verdes e bem cuidados nalgumas áreas «seguras», mas não em áreas menos visíveis, onde vivem os descartados da sociedade.

46. Entre os componentes sociais da mudança global, incluem-se os efeitos laborais dalgumas inovações tecnológicas, a exclusão social, a desigualdade no fornecimento e consumo da energia e doutros serviços, a fragmentação social, o aumento da violência e o aparecimento de novas formas de agressividade social, o narcotráfico e o consumo crescente de drogas entre os mais jovens, a perda de identidade. São alguns sinais, entre outros, que mostram como o crescimento nos últimos dois séculos não significou, em todos os seus aspectos, um verdadeiro progresso integral e uma melhoria da qualidade de vida. Alguns destes sinais são ao mesmo tempo sintomas duma verdadeira degradação social, duma silenciosa ruptura dos vínculos de integração e comunhão social."


(O PIG EMBURRECE)

"47. A isto vêm juntar-se as dinâmicas dos mass-media e do mundo digital, que, quando se tornam omnipresentes, não favorecem o desenvolvimento duma capacidade de viver com sabedoria, pensar em profundidade, amar com generosidade. Neste contexto, os grandes sábios do passado correriam o risco de ver sufocada a sua sabedoria no meio do ruído dispersivo da informação. Isto exige de nós um esforço para que esses meios se traduzam num novo desenvolvimento cultural da humanidade, e não numa deterioração da sua riqueza mais profunda. A verdadeira sabedoria, fruto da reflexão, do diálogo e do encontro generoso entre as pessoas, não se adquire com uma mera acumulação de dados, que, numa espécie de poluição mental, acabam por saturar e confundir. Ao mesmo tempo tendem a substituir as relações reais com os outros, com todos os desafios que implicam, por um tipo de comunicação mediada pela internet. Isto permite seleccionar ou eliminar a nosso arbítrio as relações e, deste modo, frequentemente gera-se um novo tipo de emoções artificiais, que têm a ver mais com dispositivos e monitores do que com as pessoas e a natureza. Os meios actuais permitem-nos comunicar e partilhar conhecimentos e afectos. Mas, às vezes, também nos impedem de tomar contacto directo com a angústia, a trepidação, a alegria do outro e com a complexidade da sua experiência pessoal. Por isso, não deveria surpreender-nos o facto de, a par da oferta sufocante destes produtos, ir crescendo uma profunda e melancólica insatisfação nas relações interpessoais ou um nocivo isolamento."

(A CIÊNCIA PROVA QUE O POBRE É QUEM MAIS SOFRE COM A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. NÃO É O BANCO ITAÚÚÚ)

"48. O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social. De facto, a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afectam de modo especial os mais frágeis do planeta: «Tanto a experiência comum da vida quotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres».[26] Por exemplo, o esgotamento das reservas ictíicas prejudica especialmente as pessoas que vivem da pesca artesanal e não possuem qualquer maneira de a substituir, a poluição da água afecta particularmente os mais pobres que não têm possibilidades de comprar água engarrafada, e a elevação do nível do mar afecta principalmente as populações costeiras mais pobres que não têm para onde se transferir. O impacto dos desequilíbrios actuais manifesta-se também na morte prematura de muitos pobres, nos conflitos gerados pela falta de recursos e em muitos outros problemas que não têm espaço suficiente nas agendas mundiais".[27]

(A URUBÓLOGA E O ATAULPHO FAZEM O DISCURSO “VERDE” PORQUE NUNCA VIRAM UM POBRE NA VIDA)

"49. Gostaria de assinalar que muitas vezes falta uma consciência clara dos problemas que afectam particularmente os excluídos. Estes são a maioria do planeta, milhares de milhões de pessoas. Hoje são mencionados nos debates políticos e económicos internacionais, mas com frequência parece que os seus problemas se coloquem como um apêndice, como uma questão que se acrescenta quase por obrigação ou perifericamente, quando não são considerados meros danos colaterais. Com efeito, na hora da implementação concreta, permanecem frequentemente no último lugar. Isto deve-se, em parte, ao facto de que muitos profissionais, formadores de opinião, meios de comunicação e centros de poder estão localizados longe deles, em áreas urbanas isoladas, sem ter contacto directo com os seus problemas. Vivem e reflectem a partir da comodidade dum desenvolvimento e duma qualidade de vida que não está ao alcance da maioria da população mundial. Esta falta de contacto físico e de encontro, às vezes favorecida pela fragmentação das nossas cidades, ajuda a cauterizar a consciência e a ignorar parte da realidade em análises tendenciosas. Isto, às vezes, coexiste com um discurso «verde». Mas, hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres."

(QUEREM LEGITIMAR O REGIME DE EXCLUSÃO SOCIAL)

"50. Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas económicas a determinadas políticas de «saúde reprodutiva». Mas, «se é verdade que a desigual distribuição da população e dos recursos disponíveis cria obstáculos ao desenvolvimento e ao uso sustentável do ambiente, deve-se reconhecer que o crescimento demográfico é plenamente compatível com um desenvolvimento integral e solidário».[28] Culpar o incremento demográfico em vez do consumismo exacerbado e selectivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas. Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo actual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os resíduos de tal consumo. Além disso, sabemos que se desperdiça aproximadamente um terço dos alimentos produzidos, e «a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre».[29] Em todo o caso, é verdade que devemos prestar atenção ao desequilíbrio na distribuição da população pelo território, tanto a nível nacional como a nível mundial, porque o aumento do consumo levaria a situações regionais complexas pelas combinações de problemas ligados à poluição ambiental, ao transporte, ao tratamento de resíduos, à perda de recursos, à qualidade de vida."

(HÁ UMA DIVIDA ECOLÓGICA MUNDIAL: OS RICOS DEVEM AOS POBRES)

"51. A desigualdade não afecta apenas os indivíduos mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais. Com efeito, há uma verdadeira «dívida ecológica», particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efectuado historicamente por alguns países. As exportações de algumas matérias-primas para satisfazer os mercados no Norte industrializado produziram danos locais, como, por exemplo, a contaminação com mercúrio na extracção minerária do ouro ou com o dióxido de enxofre na do cobre. De modo especial é preciso calcular o espaço ambiental de todo o planeta usado para depositar resíduos gasosos que se foram acumulando ao longo de dois séculos e criaram uma situação que agora afecta todos os países do mundo. O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da terra, especialmente na África, onde o aumento da temperatura, juntamente com a seca, tem efeitos desastrosos no rendimento das cultivações. A isto acrescentam-se os danos causados pela exportação de resíduos sólidos e líquidos tóxicos para os países em vias de desenvolvimento e pela actividade poluente de empresas que fazem nos países menos desenvolvidos aquilo que não podem fazer nos países que lhes dão o capital: «Constatamos frequentemente que as empresas que assim procedem são multinacionais, que fazem aqui o que não lhes é permitido em países desenvolvidos ou do chamado primeiro mundo. Geralmente, quando cessam as suas actividades e se retiram, deixam grandes danos humanos e ambientais, como o desemprego, aldeias sem vida, esgotamento dalgumas reservas naturais, desflorestamento, empobrecimento da agricultura e pecuária local, crateras, colinas devastadas, rios poluídos e qualquer obra social que já não se pode sustentar».[30]

(É PRECISO SE CONCENTRAR NAS NECESSIDADES DOS MAIS NECESSITADOS E VULNERÁVEIS)

"52. A dívida externa dos países pobres transformou-se num instrumento de controle, mas não se dá o mesmo com a dívida ecológica. De várias maneiras os povos em vias de desenvolvimento, onde se encontram as reservas mais importantes da biosfera, continuam a alimentar o progresso dos países mais ricos à custa do seu presente e do seu futuro. A terra dos pobres do Sul é rica e pouco contaminada, mas o acesso à propriedade de bens e recursos para satisfazerem as suas carências vitais é-lhes vedado por um sistema de relações comerciais e de propriedade estruturalmente perverso. É necessário que os países desenvolvidos contribuam para resolver esta dívida, limitando significativamente o consumo de energia não renovável e fornecendo recursos aos países mais necessitados para promover políticas e programas de desenvolvimento sustentável. As regiões e os países mais pobres têm menos possibilidade de adoptar novos modelos de redução do impacto ambiental, porque não têm a preparação para desenvolver os processos necessários nem podem cobrir os seus custos. Por isso, deve-se manter claramente a consciência de que a mudança climática tem responsabilidades diversificadas e, como disseram os bispos dos Estados Unidos, é oportuno concentrar-se «especialmente sobre as necessidades dos pobres, fracos e vulneráveis, num debate muitas vezes dominado pelos interesses mais poderosos».[31] É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Não há fronteiras nem barreiras políticas ou sociais que permitam isolar-nos e, por isso mesmo, também não há espaço para a globalização da indiferença."
(…)


(A TRADIÇÃO CRISTÃ NÃO CONSIDERA A PROPRIEDADE PRIVADA UM DIREITO ABSOLUTO OU INTOCÁVEL)

"93. Hoje, crentes e não-crentes estão de acordo que a terra é, essencialmente, uma herança comum, cujos frutos devem beneficiar a todos. Para os crentes, isto torna-se uma questão de fidelidade ao Criador, porque Deus criou o mundo para todos. Por conseguinte, toda a abordagem ecológica deve integrar uma perspectiva social que tenha em conta os direitos fundamentais dos mais desfavorecidos. O princípio da subordinação da propriedade privada ao destino universal dos bens e, consequentemente, o direito universal ao seu uso é uma «regra de ouro» do comportamento social e o «primeiro princípio de toda a ordem ético-social».[71] A tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada, e salientou a função social de qualquer forma de propriedade privada. São João Paulo II lembrou esta doutrina, com grande ênfase, dizendo que «Deus deu a terra a todo o género humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém».[72] São palavras densas e fortes. Insistiu que «não seria verdadeiramente digno do homem, um tipo de desenvolvimento que não respeitasse e promovesse os direitos humanos, pessoais e sociais, económicos e políticos, incluindo os direitos das nações e dos povos».[73]Com grande clareza, explicou que «a Igreja defende, sim, o legítimo direito à propriedade privada, mas ensina, com não menor clareza, que sobre toda a propriedade particular pesa sempre uma hipoteca social, para que os bens sirvam ao destino geral que Deus lhes deu».[74] Por isso, afirma que «não é segundo o desígnio de Deus gerir este dom de modo tal que os seus benefícios aproveitem só a alguns poucos».[75] Isto põe seriamente em discussão os hábitos injustos duma parte da humanidade".[76]
(…)

(O CAMPONÊS TEM DIREITO À TERRA, VIU CAIADO, JOHNNY SAAD?)

"94. O rico e o pobre têm igual dignidade, porque «quem os fez a ambos foi o Senhor» (Pr 22, 2); «Ele criou o pequeno e o grande» (Sab 6, 7) e «faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus» (Mt 5, 45). Isto tem consequências práticas, como explicitaram os bispos do Paraguai: «Cada camponês tem direito natural de possuir um lote razoável de terra, onde possa estabelecer o seu lar, trabalhar para a subsistência da sua família e gozar de segurança existencial. Este direito deve ser de tal forma garantido, que o seu exercício não seja ilusório mas real. Isto significa que, além do título de propriedade, o camponês deve contar com meios de formação técnica, empréstimos, seguros e acesso ao mercado».[77]

(OS 20% MAIS RICOS ROUBAM DOS MAIS POBRES O QUE NECESSITAM PARA SOBREVIVER)

"95. O meio ambiente é um bem colectivo, património de toda a humanidade e responsabilidade de todos. Quem possui uma parte é apenas para a administrar em benefício de todos. Se não o fizermos, carregamos na consciência o peso de negar a existência aos outros. Por isso, os bispos da Nova Zelândia perguntavam-se que significado possa ter o mandamento «não matarás», quando «uns vinte por cento da população mundial consomem recursos numa medida tal que roubam às nações pobres, e às gerações futuras, aquilo de que necessitam para sobreviver».[78]
(…)

(OS ECONOMISTAS DE BANCOS DA URUBÓLOGA SÃO UNS PRESTIDIGITADORES. ATÉ HOJE NÃO EXPLICARAM A QUEBRA DOS BANCOS AMERICANOS DE 2008!)

"109. O paradigma tecnocrático tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a política. A economia assume todo o desenvolvimento tecnológico em função do lucro, sem prestar atenção a eventuais consequências negativas para o ser humano. A finança sufoca a economia real. Não se aprendeu a lição da crise financeira mundial e, muito lentamente, se aprende a lição do deterioramento ambiental. Nalguns círculos, defende-se que a economia actual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais, do mesmo modo que se afirma, com linguagens não académicas, que os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado. Não é uma questão de teorias económicas, que hoje talvez já ninguém se atreva a defender, mas da sua instalação no desenvolvimento concreto da economia. Aqueles que não o afirmam em palavras defendem-no com os factos, quando parece não preocupar-se com o justo nível da produção, uma melhor distribuição da riqueza, um cuidado responsável do meio ambiente ou os direitos das gerações futuras. Com os seus comportamentos, afirmam que é suficiente o objectivo da maximização dos ganhos. Mas o mercado, por si mesmo, não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social.[89] Entretanto temos um «superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora»,[90] mas não se criam, de forma suficientemente rápida, instituições económicas e programas sociais que permitam aos mais pobres terem regularmente acesso aos recursos básicos. Não temos suficiente consciência de quais sejam as raízes mais profundas dos desequilíbrios actuais: estes têm a ver com a orientação, os fins, o sentido e o contexto social do crescimento tecnológico e económico."

(A “ESPECIALIZAÇÃO” EM ECONOMIA É VESGA – NÃO EXPLICA O CONJUNTO)

"110. A especialização própria da tecnologia comporta grande dificuldade para se conseguir um olhar de conjunto. A fragmentação do saber realiza a sua função no momento de se obter aplicações concretas, mas frequentemente leva a perder o sentido da totalidade, das relações que existem entre as coisas, do horizonte alargado: um sentido, que se torna irrelevante. Isto impede de individuar caminhos adequados para resolver os problemas mais complexos do mundo actual, sobretudo os do meio ambiente e dos pobres, que não se podem enfrentar a partir duma única perspectiva nem dum único tipo de interesses. Uma ciência, que pretenda oferecer soluções para os grandes problemas, deveria necessariamente ter em conta tudo o que o conhecimento gerou nas outras áreas do saber, incluindo a filosofia e a ética social. Mas este é actualmente um procedimento difícil de seguir. Por isso também não se consegue reconhecer verdadeiros horizontes éticos de referência. A vida passa a ser uma rendição às circunstâncias condicionadas pela técnica, entendida como o recurso principal para interpretar a existência. Na realidade concreta que nos interpela, aparecem vários sintomas que mostram o erro, tais como a degradação ambiental, a ansiedade, a perda do sentido da vida e da convivência social. Assim se demonstra uma vez mais que «a realidade é superior à ideia».[91]

(A LÓGICA BLÁBLÁ FOI CAPTURADA PELA IDEOLOGIA DA GLOBALIZAÇÃO)

"111. A cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático. Caso contrário, até as melhores iniciativas ecologistas podem acabar bloqueadas na mesma lógica globalizada. Buscar apenas um remédio técnico para cada problema ambiental que aparece, é isolar coisas que, na realidade, estão interligadas e esconder os problemas verdadeiros e mais profundos do sistema mundial."

"112. Todavia é possível voltar a ampliar o olhar, e a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço doutro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral. De facto verifica-se a libertação do paradigma tecnocrático nalgumas ocasiões. Por exemplo, quando comunidades de pequenos produtores optam por sistemas de produção menos poluentes, defendendo um modelo não-consumista de vida, alegria e convivência. Ou quando a técnica tem em vista prioritariamente resolver os problemas concretos dos outros, com o compromisso de os ajudar a viver com mais dignidade e menor sofrimento. E ainda quando a busca criadora do belo e a sua contemplação conseguem superar o poder objectivador numa espécie de salvação que acontece na beleza e na pessoa que a contempla. A humanidade autêntica, que convida a uma nova síntese, parece habitar no meio da civilização tecnológica de forma quase imperceptível, como a neblina que filtra por baixo da porta fechada. Será uma promessa permanente que, apesar de tudo, desbrocha como uma obstinada resistência daquilo que é autêntico?"
(…)

(DAR TRABALHO A QUEM PRECISA É A FUNÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO)

"128. Somos chamados ao trabalho desde a nossa criação. Não se deve procurar que o progresso tecnológico substitua cada vez mais o trabalho humano: procedendo assim, a humanidade prejudicar-se-ia a si mesma. O trabalho é uma necessidade, faz parte do sentido da vida nesta terra, é caminho de maturação, desenvolvimento humano e realização pessoal. Neste sentido, ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objectivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho. Mas a orientação da economia favoreceu um tipo de progresso tecnológico cuja finalidade é reduzir os custos de produção com base na diminuição dos postos de trabalho, que são substituídos por máquinas. É mais um exemplo de como a acção do homem se pode voltar contra si mesmo. A diminuição dos postos de trabalho «tem também um impacto negativo no plano económico com a progressiva corrosão do “capital social”, isto é, daquele conjunto de relações de confiança, de credibilidade, de respeito das regras, indispensável em qualquer convivência civil».[104] Em suma, «os custos humanos são sempre também custos económicos, e as disfunções económicas acarretam sempre também custos humanos».[105]Renunciar a investir nas pessoas para se obter maior receita imediata é um péssimo negócio para a sociedade."

(VIVA O PROGRAMA DE AGRICULTURA FAMILIAR DA DILMA!)

"129. Para se conseguir continuar a dar emprego, é indispensável promover uma economia que favoreça a diversificação produtiva e a criatividade empresarial. Por exemplo, há uma grande variedade de sistemas alimentares rurais de pequena escala que continuam a alimentar a maior parte da população mundial, utilizando uma porção reduzida de terreno e de água e produzindo menos resíduos, quer em pequenas parcelas agrícolas e hortas, quer na caça e recolha de produtos silvestres, quer na pesca artesanal. As economias de larga escala, especialmente no sector agrícola, acabam por forçar os pequenos agricultores a vender as suas terras ou a abandonar as suas culturas tradicionais. As tentativas feitas por alguns deles no sentido de desenvolverem outras formas de produção, mais diversificadas, resultam inúteis por causa da dificuldade de ter acesso aos mercados regionais e globais, ou porque a infra-estrutura de venda e transporte está ao serviço das grandes empresas. As autoridades têm o direito e a responsabilidade de adoptar medidas de apoio claro e firme aos pequenos produtores e à diversificação da produção. Às vezes, para que haja uma liberdade económica da qual todos realmente beneficiem, pode ser necessário pôr limites àqueles que detêm maiores recursos e poder financeiro. A simples proclamação da liberdade económica, enquanto as condições reaisimpedem que muitos possam efectivamente ter acesso a ela e, ao mesmo tempo, se reduz o acesso ao trabalho, torna-se um discurso contraditório que desonra a política. A actividade empresarial, que é uma nobre vocação orientada para produzir riqueza e melhorar o mundo para todos, pode ser uma maneira muito fecunda de promover a região onde instala os seus empreendimentos, sobretudo se pensa que a criação de postos de trabalho é parte imprescindível do seu serviço ao bem comum."
(…)

(VIVA O MINHA CASA MINHA VIDA DA DILMA!)

"152. A falta de habitação é grave em muitas partes do mundo, tanto nas áreas rurais como nas grandes cidades, nomeadamente porque os orçamentos estatais em geral cobrem apenas uma pequena parte da procura. E não só os pobres, mas uma grande parte da sociedade encontra sérias dificuldades para ter uma casa própria.A propriedade da casa tem muita importância para a dignidade das pessoas e o desenvolvimento das famílias. Trata-se duma questão central da ecologia humana. Se num lugar concreto já se desenvolveram aglomerados caóticos de casas precárias, trata-se primariamente de urbanizar estes bairros, não de erradicar e expulsar os habitantes. Mas, quando os pobres vivem em subúrbios poluídos ou aglomerados perigosos, «no caso de ter de se proceder à sua deslocação, para não acrescentar mais sofrimento ao que já padecem, é necessário fornecer-lhes uma adequada e prévia informação, oferecer-lhes alternativas de alojamentos dignos e envolver directamente os interessados».[118] Ao mesmo tempo, criatividade deveria levar à integração dos bairros precários numa cidade acolhedora: «Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os que são diferentes, fazendo desta integração um novo factor de progresso! Como são encantadoras as cidades que, já no seu projecto arquitectónico, estão cheias de espaços que unem, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro!»[119]

153. Nas cidades, a qualidade de vida está largamente relacionada com os transportes, que muitas vezes são causa de grandes tribulações para os habitantes. Nelas, circulam muitos carros utilizados por uma ou duas pessoas, pelo que o tráfico torna-se intenso, eleva-se o nível de poluição, consomem-se enormes quantidades de energia não-renovável e torna-se necessário a construção de mais estradas e parques de estacionamento que prejudicam o tecido urbano. Muitos especialistas estão de acordo sobre a necessidade de dar prioridade ao transporte público. Mas é difícil que algumas medidas consideradas necessárias sejam pacificamente acolhidas pela sociedade, sem uma melhoria substancial do referido transporte, que, em muitas cidades, comporta um tratamento indigno das pessoas devido à superlotação, ao desconforto, ou à reduzida frequência dos serviços e à insegurança."
(…)

(ESSE NEGOCIO DE “CRÉDITO DE CARBONO” É UM EMBUSTE DE BANQUEIRO CONTRA OS POBRES)

"171. A estratégia de compra-venda de «créditos de emissão» pode levar a uma nova forma de especulação, que não ajudaria a reduzir a emissão global de gases poluentes. Este sistema parece ser uma solução rápida e fácil, com a aparência dum certo compromisso com o meio ambiente, mas que não implica de forma alguma uma mudança radical à altura das circunstâncias. Pelo contrário, pode tornar-se um diversivo que permite sustentar o consumo excessivo de alguns países e sectores."

(A PRIORIDADE É ERRADICAR A POBREZA, COMO O LULA E A DILMA FIZERAM)

"172. Para os países pobres, as prioridades devem ser a erradicação da miséria e o desenvolvimento social dos seus habitantes; ao mesmo tempo devem examinar o nível escandaloso de consumo de alguns sectores privilegiados da sua população e contrastar melhor a corrupção. Sem dúvida, devem também desenvolver formas menos poluentes de produção de energia, mas para isso precisam de contar com a ajuda dos países que cresceram muito à custa da actual poluição do planeta. O aproveitamento directo da energia solar, tão abundante, exige que se estabeleçam mecanismos e subsídios tais, que os países em vias de desenvolvimento possam ter acesso à transferência de tecnologias, assistência técnica e recursos financeiros, mas sempre prestando atenção às condições concretas, pois «nem sempre se avalia adequadamente a compatibilidade dos sistemas com o contexto para o qual são projectados».[128] Os custos seriam baixos se comparados com os riscos das mudanças climáticas. Em todo o caso, trata-se primariamente duma decisão ética, fundada na solidariedade de todos os povos."
(…)

(A POLÍTICA NÃO PODE SE SUBORDINAR À ECONOMIA. ISSO É UMA ARMADILHA DOS BANQUEIROS E DA URUBÓLOGA)

"189. A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana. A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura. A crise financeira dos anos 2007 e 2008 era a ocasião para o desenvolvimento duma nova economia mais atenta aos princípios éticos e para uma nova regulamentação da actividade financeira especulativa e da riqueza virtual. Mas não houve uma reacção que fizesse repensar os critérios obsoletos que continuam a governar o mundo. A produção não é sempre racional, e muitas vezes está ligada a variáveis económicas que atribuem aos produtos um valor que não corresponde ao seu valor real. Isto leva frequentemente a uma superprodução dalgumas mercadorias, com um impacto ambiental desnecessário, que simultaneamente danifica muitas economias regionais.[133] Habitualmente, a bolha financeira é também uma bolha produtiva. Em suma, o que não se enfrenta com energia é o problema da economia real, aquela que torna possível, por exemplo, que se diversifique e melhore a produção, que as empresas funcionem adequadamente, que as pequenas e médias empresas se desenvolvam e criem postos de trabalho."

(DEFENDER A BIODIVERSIDADE NÃO SIGNIFICA A NATURA PODER FINANCIAR A BLÁBLÁ…)

"190. Neste contexto, sempre se deve recordar que «a protecção ambiental não pode ser assegurada somente com base no cálculo financeiro de custos e benefícios. O ambiente é um dos bens que os mecanismos de mercado não estão aptos a defender ou a promover adequadamente».[134] Mais uma vez repito que convém evitar uma concepção mágica do mercado, que tende a pensar que os problemas se resolvem apenas com o crescimento dos lucros das empresas ou dos indivíduos. Será realista esperar que quem está obcecado com a maximização dos lucros se detenha a considerar os efeitos ambientais que deixará às próximas gerações? Dentro do esquema do ganho não há lugar para pensar nos ritmos da natureza, nos seus tempos de degradação e regeneração, e na complexidade dos ecossistemas que podem ser gravemente alterados pela intervenção humana. Além disso, quando se fala de biodiversidade, no máximo pensa-se nela como um reservatório de recursos económicos que poderia ser explorado, mas não se considera seriamente o valor real das coisas, o seu significado para as pessoas e as culturas, os interesses e as necessidades dos pobres."
(…)

(MAXIMIZAR LUCROS SIGNIFICA FERRAR O POBRE)

"195. O princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceptual da economia: desde que aumente a produção, pouco interessa que isso se consiga à custa dos recursos futuros ou da saúde do meio ambiente; se o derrube duma floresta aumenta a produção, ninguém insere no respectivo cálculo a perda que implica desertificar um território, destruir a biodiversidade ou aumentar a poluição. Por outras palavras, as empresas obtêm lucros calculando e pagando uma parte ínfima dos custos. Poder-se-ia considerar ético somente um comportamento em que «os custos económicos e sociais derivados do uso dos recursos ambientais comuns sejam reconhecidos de maneira transparente e plenamente suportados por quem deles usufrui e não por outras populações nem pelas gerações futuras».[138] A mentalidade utilitária, que fornece apenas uma análise estática da realidade em função de necessidades actuais, está presente tanto quando é o mercado que atribui os recursos como quando o faz um Estado planificador."

(A POLÍTICA NÃO PODE ESQUECER DOS MAIS FRÁGEIS)

"196. Qual é o lugar da política? Recordemos o princípio da subsidiariedade, que dá liberdade para o desenvolvimento das capacidades presentes a todos os níveis, mas simultaneamente exige mais responsabilidade pelo bem comum a quem tem mais poder. É verdade que, hoje, alguns sectores económicos exercem mais poder do que os próprios Estados. Mas não se pode justificar uma economia sem política, porque seria incapaz de promover outra lógica para governar os vários aspectos da crise actual. A lógica que não deixa espaço para uma sincera preocupação pelo meio ambiente é a mesma em que não encontra espaço a preocupação por integrar os mais frágeis, porque, «no modelo “do êxito” e “individualista” em vigor, parece que não faz sentido investir para que os lentos, fracos ou menos dotados possam também singrar na vida».[139]197. Precisamos duma política que pense com visão ampla e leve por diante uma reformulação integral, abrangendo num diálogo interdisciplinar os vários aspectos da crise. Muitas vezes, a própria política é responsável pelo seu descrédito, devido à corrupção e à falta de boas políticas públicas. Se o Estado não cumpre o seu papel numa região, alguns grupos económicos podem-se apresentar como benfeitores e apropriar-se do poder real, sentindo-se autorizados a não observar certas normas até se chegar às diferentes formas de criminalidade organizada, tráfico de pessoas, narcotráfico e violência muito difícil de erradicar. Se a política não é capaz de romper uma lógica perversa e perde-se também em discursos inconsistentes, continuaremos sem enfrentar os grandes problemas da humanidade. Uma estratégia de mudança real exige repensar a totalidade dos processos, pois não basta incluir considerações ecológicas superficiais enquanto não se puser em discussão a lógica subjacente à cultura actual. Uma política sã deveria ser capaz de assumir este desafio."

FONTE da complementação 2: do portal "Conversa Afiada", do jornalista Paulo Henrique Amorim  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2015/06/24/enciclica-explode-no-colo-da-blabla-e-da-direita/).

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