domingo, 26 de julho de 2015

2000 - 2015: QUANDO 15 ANOS PARECEM UM SÉCULO

Resultado de imagem para evolução da tecnologia

2000 - 2015: Quando 15 anos parecem um século

Por Camila Dias, Raquel Balarin, Denise Neumann, Maria Cristina Fernandes e João Luiz Rosa. no jornal "Valor Econômico"

"Vamos supor que exista uma máquina capaz de mandá-lo de volta ao passado, algo parecido com o túnel do tempo, para lembrar a clássica série de TV dos anos 60. Você entra e ajusta os controles para o ano 2000. Parece uma boa data: longe o suficiente para provocar saudade [exceto do governo FHC/PSDB], mas não a ponto de causar estranheza. As rádios tocavam “Amor I Love You”, da Marisa Monte, as salas de cinema exibiam “Gladiador” e a novela das nove era “Laços de Família”, aquela da cena na qual a Carolina Dieckmann chora copiosamente enquanto raspa a cabeça. Familiar, não?

Nem tanto. Para a tecnologia, meu amigo, 15 anos podem parecer um século. Você logo perceberia isso ao colocar a mão no bolso e dar por falta do seu smartphone. O que aconteceu? Esses aparelhos simplesmente não existiam. O iPhone, por exemplo, só surgiu em 2007 e o Galaxy, em 2009. Nada de aplicativos, portanto. Você teria de encontrar outra maneira de chamar o táxi, pedir comida, checar o trânsito... WhatsApp? Nem pensar. Também é de 2009. Contente-se com o ICQ, que então tinha perto de 100 milhões de usuários, ou teste uma novidade lançada pela Microsoft apenas um ano antes, em 99: o MSN 
Messenger.

 
Linha do tempo dos últimos 15 anos: algumas "novidades" nasceram antes do que você imagina

Agora que você percebeu o tamanho da encrenca, talvez queira fazer uma pesquisa rápida na internet, certo? Pois bem, vá para o Yahoo. Sim, Yahoo! Ou algum concorrente como o Altavista, o Excite ou o Cadê. O Google era uma companhia promissora, mas muito recente. Gestada em 1998, só começou a cobrar anúncios associados à busca – os links patrocinados, seu pote de ouro até hoje – no ano 2000, quando também lançou seu serviço em português. Na época, a companhia ainda dependia de recursos de investidores privados. A oferta pública inicial de ações do Google na Nasdaq – um momento histórico para o setor de tecnologia – só ocorreria em 2004.

Mas veja o lado positivo: se tivesse voltado meses antes, teria de reviver toda a tensão do “bug do milênio”, a falha de computador que então ameaçava derrubar aviões, deixar a população sem luz, implodir o sistema financeiro mundial... Tudo no noite de 31 de dezembro de 99, quando um erro relativo à data provocaria uma pane global. Para evitar o desastre, as empresas gastaram dinheiro em software e consultoria, mas ao fim nada de grave aconteceu.

O mesmo não se pode dizer de outra ameaça que pairava à época: a explosão da bolha pontocom. Eis a história: desde 97, os investidores internacionais vinham enterrando montanhas de dinheiro em companhias nascentes de internet, muitas delas inconsistentes, sem projeção de lucro à vista. Na virada de 99, já havia sinais de que a farra estava para acabar, mas era impossível saber com certeza quando ocorreria o “crash” e qual seria sua dimensão. Em meados do ano 2000, fileiras de pontocom fecharam as portas praticamente da noite para o dia, numa onda que também afetou as ações de grupos de tecnologia sólidos. Foi o fim da expressão “nova economia”. O epitáfio dessa era veio da revista “The Economist”, em um artigo intitulado “easy.com, easy.go”.

A explosão da bolha abalou a confiança de Wall Street nos negócios digitais, mas não tirou o apetite das pessoas pela web. No ano 2000, havia 10 milhões de pessoas com acesso à internet em casa no Brasil, um número significativo para a época, mas muito concentrado. “Era um perfil de usuário bastante restrito”, diz José Calazans, analista de mercado da Nielsen Ibope. Basicamente, quem navegava em casa eram homens, com educação superior e economicamente bem-sucedidos. Muitos eram executivos.
Esse perfil perdurou até 2004. “Durante esse período, o comércio eletrônico e a publicidade on-line se desenvolveram, mas não havia uma modificação significativa no número de usuários”, diz Calazans. Um dos fatores que ajudaram a mudar esse cenário foi a chegada das redes sociais ao Brasil. Mas não o Facebook... O Orkut!

Em 2004, o Facebook era novidade até nos EUA, onde foi lançado em fevereiro daquele ano. A versão brasileira, em português, só chegaria em 2008. Durante todo esse tempo, o Orkut reinou no Brasil. Só foi ultrapassado pelo Facebook em 2011, e mesmo assim por uma diferença relativamente pequena: 30 milhões contra 29 milhões de usuários brasileiros. A partir daí, o Orkut foi se esvaziando até seu fechamento pelo Google no ano passado.


Antônio Rodrigues Filho, o “Sonrisal”

O interesse em torno do Orkut gerou preocupação para muito pai e mãe e acabou caracterizando outra fase da web no Brasil – o ingresso de usuários mais pobres no mundo digital. Primeiro, jovens das classes A e B, que tinham computador e acesso à internet em casa, aderiram à rede social. Quem não tinha, tratou de encontrar uma alternativa: as “lan houses”. Originalmente destinadas aos jogos on-line, essas lojas multiplicaram-se pelo país, principalmente nas regiões mais pobres. Em setembro de 2007, o jornal "Valor" foi até o bairro de Heliópolis, um dos mais pobres de São Paulo. Contou o caso do cearense Antônio Rodrigues Filho, o “Sonrisal”. Dono de um mercadinho e de uma loja de artigos fotográficos, ele viu rapidamente sua "lan house" superar os demais negócios. Não havia lugar suficiente para tanto cliente, que pagava R$ 1 por hora de uso. Então com 125 mil moradores, Heliópolis contava com mais de 30 lan houses. Na Rocinha, no Rio, o número ficava entre 80 e 100. Mas esse movimento durou pouco. Em 2012, o Valor voltou até a lan house de “Sonrisal”. Havia apenas 13 computadores na loja e só um estava em uso quando a reportagem chegou.

O fim das lan houses foi consequência de uma conjunção de fatores que resultou na ascensão econômica da classe C a partir de 2007 e marcou, de fato, uma inclusão digital mais ampla. Com mais dinheiro no bolso, essa fatia da população começou a comprar o que antes era impossível – e o computador estava no topo da lista. Os preços em queda dos PCs e das conexões mais rápidas ajudou a popularizar a internet no Brasil. Esses brasileiros passaram de usuários ocasionais para regulares, ampliando seus hábitos de navegação. Por exemplo, passando a comprar via internet.

Se você é daqueles que ficam esperando dar meia-noite para entrar nas lojas virtuais e se esbaldar na “Black Friday”, saiba que nada disso acontecia no ano 2000. Pelo menos na web. Aberto em meados de 1999, o Submarino, a primeira grande loja virtual brasileira, era uma novata na época. O medo das ameaças virtuais era grande e pouca gente tinha confiança suficiente para dar o número de cartão de crédito a sites de vendas. O cenário frustrou as projeções originais do comércio eletrônico. “A expectativa inicial era que o negócio cresceria mais rápido do que aconteceu de verdade”, diz Pedro Guasti, diretor executivo da E-bit, empresa de análise do comércio eletrônico. O estouro da bolha, afirma o especialista, só piorou as coisas.

Aos poucos, porém, o movimento começou a ganhar força, com crescimentos da ordem de 50% a 60% ao ano durante a década. As lojas virtuais atiraram-se com afinco à tarefa de conquistar o consumidor e passaram a oferecer vantagens como frete grátis, preços mais baixos que os das lojas físicas, prazos flexíveis de pagamento. O consumidor gostou. O resultado é que houve anos em que muita gente ficou sem presente na noite de Natal porque os sites não conseguiam dar conta das entregas a tempo.

“A partir de 2006 começou uma onda de consolidação”, diz Guasti. O negócio mais representativo dessa fase foi a fusão do Submarino com a Americanas.com. O investimento no setor tornou-se mais intensivo, com empresas de logística e tecnologia sendo adquiridas pelos grupos especializados em vendas digitais. “O comércio eletrônico ainda é um adolescente de 15 anos, mas desde 2010 e 2011 segue uma linha de profissionalização. Não há mais espaço para o amadorismo”, afirma o especialista.

Uma maneira de entender o que aconteceu com a tecnologia nos últimos quinze anos é acompanhar a trajetória de alguns dos principais nomes do setor. Foi no ano 2000 que Bill Gates, o cofundador da Microsoft, deixou a presidência da companhia. Foi nesse ano também que Steve Jobs assumiu definitivamente a presidência da Apple, para a qual voltara em 1997, na condição de presidente interino. O computador pessoal – coração da Microsoft – declinaria lentamente nos anos seguintes, cedendo o lugar principal para dispositivos que marcariam a ascensão da Apple. O iPod, lançado em 2001, mudou as regras na indústria da música. O iPhone, de 2007, deu rosto ao segmento dos smartphones; o iPad, de 2010, fez pegar a até então cambaleante categoria dos tablets.


Fãs fizeram vigílias em várias partes do mundo

Gates, ainda hoje o homem mais rico do mundo, retirou-se aos poucos para sua organização humanitária – a Fundação Bill & Melinda Gates – arrastando atrás de si uma fileira de bilionários convencidos a doar a maior parte de suas fortunas ainda vivos. Passou a ser visto na África, um dos alvos da fundação. Jobs morreu em 2011, vítima de um câncer pancreático. Acostumados a fazer fila na porta das lojas para comprar as novidades da Apple, os fãs fizeram vigílias nas ruas. Nas mãos, carregavam velas digitais em seus iPads.

Novos nomes surgiram no período: Mark Zuckerberg, do Facebook, um desconhecido até 2000, foi eleito personalidade do ano pela revista “Time” apenas uma década depois. Jeff Bezos, da Amazon, usou sua fortuna pessoal para adquirir um dos maiores ícones do jornalismo americano, o “The 
Washington Post”, em 2013.

.
    Personalidade do ano pela revista “Time”

Ao longo dos últimos 15 anos, várias tecnologias surgiram ou ganharam força. Outras tantas morreram. Em alguns casos, as duas coisas no mesmo intervalo. As mudanças nos hábitos foram dramáticas. Você provavelmente nunca tirou tanta foto como hoje. Mas onde estão os filmes para revelar? Nunca consumiu tanta música, mas cadê os CDs? Lembra da Blockbuster? Sumiu. O ritual de ir à locadora foi substituído pela conveniência de ver os filmes sem sair de casa, com a vantagem de não ter de disputar uma cópia dos lançamentos mais populares. Olá Netflix, adeus cultura da escassez.

“No futuro, não será mais possível saber quando se está conectado à internet ou não. Tudo será conectado e navegável”, diz Cris Camargo, diretora executiva do IAB Brasil, organização internacional de mídia e propaganda digital. A publicidade percebeu rapidamente aonde o público estava indo e o acompanhou na direção da internet. Os dados sobre publicidade digital no país são recentes, mas indicam crescimento. No ano passado, os anúncios on-line movimentaram R$ 8,35 bilhões, segundo levantamento do IAB e da comScore, empresa que mede o mercado digital, com estimativa de chegar a R$ 9,5 bilhões neste ano.

Para as empresas de mídia, ainda é difícil entender o comportamento dessa audiência on-line – muito mais fragmentada e menos fiel – o que se reflete na dificuldade de remunerar seus serviços digitais. A migração dos anúncios para a internet muitas vezes não compensa a perda da receita publicitária em seus meios originais, nem cobre totalmente os custos de investir na web. Mas novas tecnologias estão melhorando a maneira de medir a audiência dos sites, o que também é bom para os anunciantes. A medição tradicional por cliques começa a ser substituída por métricas mais amplas e precisas, afirma Cris, ao mesmo tempo em engatinham tecnologias capazes de, por exemplo, medir a intenção de compra a partir da movimentação do mouse.

Nos últimos anos, a tecnologia tornou-se tão relevante que extrapolou os círculos técnicos a que costumava ficar restrita para influenciar a vida de praticamente qualquer pessoa. Séries de televisão como “The Big Bang Theory” tornaram-se sucessos de público apesar de fazer piadas com temas complexos, enquanto o cinema explorou personagens reais como Steve Jobs e Mark Zuckerberg em filmes como “A Rede Social” e “Jobs”. É o fascínio da tecnologia. Ou você já viu algum filme sobre a vida de um executivo da Coca-Cola ou da GE, por exemplo?

Agora, a inovação parece caminhar numa direção especial – a mobilidade. Você já deve ter visto algum filme antigo em que o personagem tira da bolsa um aparelho que mais parece um tijolo com antenas. Sim, os primeiros celulares eram enormes. Com o tempo, diminuíram e voltaram a crescer para poder exibir aplicativos e vídeos. O barateamento dos smartphones – os celulares com a acesso à internet – e a melhoria da infraestrutura de comunicação levaram muitos brasileiros que não tinham computador a ingressar no mundo digital diretamente pelo telefone. Hoje, no Brasil, há mais celulares que gente.


1983 - Motorola - DynaTac 8000xO primeiro celular do mundo tinha 30 cm, pesava 1 quilo e custava US$ 4 mil. Armazenava 30 números de telefone

O modelo dos aparelhos pode variar de acordo com o poder aquisitivo do consumidor, assim como os planos de serviços, mas os hábitos de navegação são praticamente os mesmos entre os mais ricos e os mais pobres, diz Calazans, da Nielsen Ibope. “Dos 20 aplicativos mais acessados nos smartphones, por exemplo, cinco são de bancos”, afirma.

Sites estão sendo redesenhados para ser vistos no celular, e há uma preocupação especial entre os produtores de conteúdo para que suas criações sejam vistas confortavelmente na tela reduzida dos smartphones. As vendas on-line acompanham a tendência. “A nova classe média que entrou no comércio eletrônico com os smartphones e não teve oportunidade de comprar pelo computador está adquirindo produtos caros, como TVs, computadores e notebooks”, diz Guasti, da E-bit.

Agora, depois de trafegar pelo túnel do tempo, talvez o ano 2000 não pareça assim tão próximo e você sinta saudades das comodidades de 2015. Podia ter sido pior: em 98, quando as telecomunicações foram privatizadas no Brasil, as pessoas esperavam dois anos para ter um telefone fixo, ao preço de US$ 1 mil, ou tinham de se submeter às bolsas de telefones, nas quais uma linha chegava a US$ 10 mil. Isso, sim, era a pré-história.

Cinco tecnologias que se firmaram nos últimos 15 anos.


Drones

Os veículos aéreos não tripulados surgiram com fins militares e contam com uma longa ascendência. Os primeiros da espécie foram os “balões austríacos”, um nome autoexplicativo: no século XIX, a Áustria encheu balões com explosivos para bombardear Veneza. Ao longo do tempo, os drones passaram por aperfeiçoamentos sucessivos, com participações na I e na II Guerra e no conflito do Vietnã. Só nos últimos anos, porém, ganharam a atenção do público em geral, com aplicações que vão de monitorar o trânsito até detectar vazamentos de água. A Amazon anunciou, no fim de 2013, planos para entregar encomendas por drones em até 30 minutos. Em inglês, drone quer dizer “zangão”, o que remete ao barulho feito pelo aparelho. A sigla em português, pouco utilizada, é Vant (de veículo aéreo não tripulado). Um problema é que ainda não há legislação específica para regular seu uso.


Impressão 3D

O nome engana. Não se trata de “imprimir” alguma coisa, mas produzir objetos tridimensionais a partir de arquivos digitais. Daí também ser chamada de “additive manufacturing” ou fabricação aditiva. É possível trabalhar com material como plástico, metal e cerâmica. Os primeiros movimentos datam da década de 80, mas a impressão 3D só ganhou força recentemente, à medida que o custo dos equipamentos ficava mais baixo. Hoje, até alimentos podem ser “impressos”. Ainda parece longe o dia em que as pessoas terão impressoras 3D em casa, como preveem seus defensores, mas o potencial da tecnologia é enorme – criar produtos sob encomenda para o consumidor, a um custo parecido com o de itens feitos aos milhões. Ou seja, a possibilidade de subverter as regras da economia de escala.


Alta definição

Em um mundo de telas – disponíveis em todos os lugares e de todos os tamanhos –, a corrida pela alta definição da imagem nunca foi tão concorrida. O Full HD é, atualmente, o padrão dominante entre as melhores telas, mas trata-se de uma questão de tempo para que seja substituído pelo 4K, que tem uma resolução quatro vezes melhor. No ano passado, foram vendidas 11,6 milhões de TVs 4K no mundo, segundo a consultoria Futuresource Consulting, o equivalente a 5% do total. A estimativa é de um crescimento médio anual superior a 70% nos próximos anos, com 100 milhões de TVs 4K vendidas em 2018. A substituição é estimulada pela queda nos preços: os primeiros modelos 4 K chegavam a custar R$ 100 mil apenas três anos atrás. Hoje, há modelos a menos de R$ 3 mil. O conteúdo é o “xis” da questão: a programação em 4K, capaz de aproveitar todas as vantagens da tecnologia, ainda é minúscula.


Computadores de vestir

Não há uma boa tradução em português para “wearables”, os dispositivos com capacidade de computador que permitem navegar na web e são usados como roupas ou acessórios. Os mais comuns até agora são os relógios “inteligentes”, mas mesmo essa categoria falhou em cair no gosto do consumidor. A expectativa é que o Watch, da Apple, consiga reverter esse quadro e capturar a atenção do público, como a empresa já fez com outros produtos, como o tablet. O Apple Watch mais barato custa US$ 549; o mais caro, US$ 17 mil. Há também uma grande expectativa em torno do Glass, os óculos do Google, que depois de mudanças no cronograma não têm data para chegar ao mercado. Apesar das dúvidas, a projeção de mercado é que sejam vendidos US$ 5,1 bilhões em “wearables” neste ano, um crescimento de 133% em relação ao ano passado.


Smartphones

Basta chegar a um bar para observar um fenômeno interessante: não raro, as pessoas à mesa estão ao celular, teclando silenciosamente em vez de conversar umas com as outras. Mas elas não estão falando ao telefone – estão navegando na web, enviando fotos, “curtindo” postagens em redes sociais, jogando, vendo vídeos. Tudo isso só é possível graças aos smartphones, os celulares com acesso à internet. No Brasil, o cálculo é que há 38,8 milhões de usuários de smartphones. O país só perde para China, EUA, Índia, Japão e Rússia. No mundo, os usuários de smartphones somam 1,6 bilhão. O crescimento dos smartphones explica o sucesso dos aplicativos, os programas que permitem fazer de tudo, de chamar um táxi a pedir comida. Segundo o site Developer Economics, a economia dos aplicativos vai movimentar US$ 143 bilhões no mundo no ano que vem.

...e cinco que desapareceram


Máquina de escrever

É difícil estabelecer com certeza a origem da máquina de escrever, já que vários inventores se lançaram à tarefa de criar um aparelho desse tipo. Algumas cronologias citam até um brasileiro, o padre Francisco José de Azevedo, que teria apresentado um dispositivo em 1861, sendo condecorado pelo imperador Pedro II. A história mais aceita remonta a 1867, com o americano Christopher Latham Sholes. O inventor patenteou seu segundo modelo um ano depois e em 1873 fechou contrato para produção com a Remington. As vendas começaram em 1874. O computador praticamente extinguiu a máquina de escrever, mas seu fim definitivo também é incerto. Em 2011, o jornal britânico “Daily Mail” divulgou que a última fabricante do planeta, a indiana Godrej and Boyce, tinha fechado as portas, mas a notícia foi contestada – a empresa de Mumbai não seria a última da espécie.


Palm

Os primeiros modelos, lançados em 1996, tornaram-se sinônimo de uma categoria inteira de produtos: os PDAs, a sigla em inglês para assistentes pessoais digitais. A memória interna da versão original mais potente tinha 512 kilobytes. Para comparar, o iPad mais básico, hoje, tem 16 gigabytes. Ou seja, em um iPad dá para armazenar o equivalente a 32 mil dos primeiros Palm. O dispositivo tinha uma alfabeto próprio, chamado Graffiti, e podia ser sincronizado com um computador por um cabo serial, uma espécie de avô dos atuais USB. Os smartphones sepultaram o PDA como uma categoria independente, mas não mataram o desejo das pessoas de ter uma secretária digital. O melhor exemplo são os sistemas Siri (Apple), Google Now e Cortana (Microsoft), que atendem a comandos de voz. No filme “Ela”, de 2013, Joaquin Phoenix se apaixonava por sua assistente digital, que tinha a voz de Scarlett Johannson.


Conexão discada

Parece incrível, mas houve uma época – e não faz tanto tempo assim – que o acesso à internet não era automático. Era preciso pedir pela conexão e esperar até conseguir. Um barulhinho característico marcava o ritmo da ansiedade. Não dava para falar ao telefone fixo e navegar ao mesmo tempo, e frequentemente o acesso caía no meio de um download. Assim eram as coisas na era da conexão discada, com modem e linha telefônica. A banda larga, em seus vários formatos, deixou esse tempo para trás para a maioria dos brasileiros, mas não para todos. Segundo um levantamento do Cetic.br, um centro de estudos da internet, 10% dos mais de 27 milhões de domicílios brasileiros com acesso à rede mundial ainda usavam conexão discada no fim de 2013. Mas a chamada banda estreita está caindo. Em 2009, a participação era de 20%. A banda larga móvel, via celular, aumentou de 6% para 22% no período.


Netbooks

A princípio, parecia uma grande ideia: notebooks pequenos e leves, que podiam ser carregados para qualquer lugar e custavam uma fração dos equipamentos maiores. Tanto parecia bom que muita gente embarcou na onda – as vendas globais dos netbooks, o nome dado aos dispositivos, aumentou de 550 mil unidades em 2007 para mais de 13 milhões no ano seguinte, até chegar ao pico de 32 milhões em 2010. Mas a euforia durou pouco. Em 2012, as vendas já haviam caído para 14 milhões. O consumidor percebeu que os aparelhos não tinham grande capacidade de processamento. O sistema operacional demorava a carregar e não era possível fazer muitas atividades ao mesmo tempo. Mas o pior foi a concorrência dos tablets, especialmente do iPad, que se mostraram mais adequados para quem queria mobilidade e recursos via internet. A consultoria IHS iSuppli previu para este ano a extinção dos netbooks.


Second Life

Lançado em 2003 pela Linden Lab, de San Francisco, o mundo virtual parecia destinado ao sucesso. O serviço existe até hoje, mas está longe do que prometia. A proposta era fazer com que as pessoas criassem vidas puramente digitais e as vivessem por meio de figuras em 3D, ou avatares. Trabalhar, construir casas, divertir-se, comprar produtos, casar-se – tudo é possível no Second Life. Existe até uma moeda própria, o Linden Dollar. Em 2007, o serviço chegou a reunir 4 milhões de usuários no mundo. A Petrobras fez uma palestra nesse universo paralelo naquele ano, e o TSE discutiu, em 2008, se os partidos políticos podiam ou não criar comitês eleitorais com avatares, como parte de um debate sobre a web. Com as redes sociais, porém, as pessoas perderam o interesse. Facebook e Twitter se mostraram muito mais efetivos para cruzar o real e o virtual, a ponto de não se saber onde um começa e termina o outro."

FONTE: escrito por Camila Dias, Raquel Balarin, Denise Neumann, Maria Cristina Fernandes e João Luiz Rosa no jornal "Valor Econômico S. A"  (http://www.valor.com.br/valor15anos/tecnologia). [Pequeno trecho entre colchetes acrescentado por este blog 'democracia&política']

Nenhum comentário:

Postar um comentário