quarta-feira, 1 de julho de 2015

Globo x Marieta: BRASIL CAMINHA ENTRE DESESPERANÇA E INCLUSÃO SOCIAL




Brasil caminha entre desesperança e inclusão

"Pela boca subserviente do Faustão falou a direita oligárquica. Pela boca altiva da Marieta, falou a esperança do povo brasileiro", descreve o [cientista político e] jornalista Emir Sader, sobre a entrevista da atriz Marieta Severo no domingo, que enquadrou o apresentador global. Para Emir, "inclusão significa que todo ser humano tem direitos, que a democracia deve ser o regime que torne todo indivíduo um cidadão, isto é, um sujeito de direitos. Desesperança significa que a democracia não é capaz de propiciar isso para todos e que portanto o país deveria se entregar de novo nos braços do mercado, do FMI, da direita e seus porta-vozes", afirma.

Do "Brasil 247"

O [cientista político e] jornalista Emir Sader afirmou na segunda-feira, 29, que a entrevista da atriz Marieta Severo ao apresentador Fausto Silva, no domingo 28, mostrou que o Brasil está dividido entre dois pensamentos: o da desesperança e o da inclusão social.

"Poucas vezes um diálogo tão breve, transmitido direto pela TV, revelou de forma tão significativa os dilemas e as interpretações contraditórias sobre o Brasil. Faustão no seu papel de propagandista do sentimento que a direita tenta impor ao país, tentou condicionar a resposta da Marieta Severo, com a palavra chave da oposição: desesperança", afirmou.

Mas, segundo Emir, a resposta da atriz surpreendeu o apresentador. "Marieta respondeu, altiva, com a outra visão do Brasil. O fenômeno fundamental do Brasil neste século é a inclusão social. É o Brasil dos direitos e não o da concorrência de todos contra todos no mercado", afirmou.

"Inclusão significa que todo ser humano tem direitos, que a democracia deve ser o regime que torne todo indivíduo um cidadão, isto é, um sujeito de direitos. Desesperança significa que a democracia não é capaz de propiciar isso para todos e que portanto o país deveria se entregar de novo nos braços do mercado, do FMI, da direita e seus porta-vozes", acrescenta.

Leia aqui [ou a seguir] a íntegra do post de Emir Sader:

O Brasil entre a desesperança e a inclusão social

Pela boca subserviente do Faustão, falou a direita oligárquica. Pela boca altiva da Marieta, falou a esperança do povo brasileiro.

Por Emir Sader



"Poucas vezes um diálogo tão breve, transmitido direto pela TV, revelou de forma tão significativa os dilemas e as interpretações contraditórias sobre o Brasil. Faustão no seu papel de propagandista do sentimento que a direita tenta impor ao país, tentou condicionar a resposta da Marieta Severo, com a palavra chave da oposição: desesperança.

A direita tem razão no sentido de que só se eles conseguirem convencer os brasileiros de que estamos mergulhados irremediavelmente – com este governo – na "desesperança", é que eles podem ter alguma chance de voltar a dirigir o pais. O pior para eles desde 2012 não foi somente que os governos do PT demonstraram que o Brasil é um pais viável, que a desigualdade não é um destino inevitável, mas que os brasileiros voltaram a confiar no pais, a ter autoestima, a se orgulhar de ser brasileiros.

Nesse quadro, a direita não tem possibilidade de retornar ao governo. É preciso voltar ao clima do Collor e do FHC, de degradar a imagem do Brasil, aqui e lá fora, principalmente na cabeça dos próprios brasileiros. A mídia difunde versões diárias, do pessimismo, da desesperança, do circulo vicioso, do túnel sem fim. É o seu papel, como órgão oficial da direita, das políticas antipopulares.

O Lula é o seu inimigo privilegiado, não apenas porque nos seus governos o Brasil viveu o melhor momento da sua história recente, como também porque ele representa a autoestima dos brasileiros, a confiança no povo brasileiro, a esperança de que o pais tem todas as condições de dar certo, de que o povo é solução e não problema – como o Lula gosta de reafirmar. Tentar destruir essa imagem é tentar destruir a autoestima dos brasileiros, tentar dizer que tudo é igual, nada é melhor – como canta o tango Cambalache.

Marieta respondeu, altiva, com a outra visão do Brasil. O fenômeno fundamental do Brasil neste século é a inclusão social. É o Brasil dos direitos e não o da concorrência de todos contra todos no mercado.

Inclusão significa que todo ser humano tem direitos, que a democracia deve ser o regime que torne todo indivíduo um cidadão, isto é, um sujeito de direitos. Desesperança significa que a democracia não é capaz de propiciar isso para todos e que, portanto, o país deveria se entregar de novo nos braços do mercado, do FMI, da direita e seus porta-vozes.

Essa é a luta fundamental de hoje no Brasil – saber se o Faustão e a sua desesperança tem razão ou se continuaremos o caminho da inclusão social e a Marieta tem razão.

O jogo está aberto de novo, depois de termos trilhado um caminho seguro da inclusão social como o nosso norte durante 12 anos. O ajuste fiscal tem sido um tiro no pé do Brasil da inclusão social, tem nos levado para o pior dos mundos possíveis: recessão com exclusão de direitos, com aumento do desemprego e da inflação e com ofensiva desestabilizadora da direita.

Mesmo quem julgue que algum tipo de ajuste é necessário, ele não pode ser socialmente injusto – recair nos trabalhadores -, nem economicamente inviável – não tem levado à retomada do crescimento – e não deveria ser politicamente desastroso – tirar apoio do governo justamente quando ele é alvo de sistemático ataque desestabilizador da direita.

Deve unir a todos os que querem a retomada do caminho da inclusão social, para o que a fortalecimento do governo é condição indispensável, aos que creem que um ajuste é necessário e aos que creem que ajuste nunca é e nunca leva ao desenvolvimento - a unidade para o fortalecimento e a recuperação de iniciativa do governo. Para isso, o ajuste tem que deixar de ser a pauta central do governo, os direitos dos trabalhadores têm que ser efetivamente garantidos, deve haver a centralidade da luta pela retomada do desenvolvimento e do combate ao desemprego.

Se o governo não está conseguindo retomar a expansão econômica – e não há nenhum sintoma disso até agora – e tem sido incapaz de conter o aumento do desemprego, o caminho escolhido tem que ser corrigido. A centralidade, na hora da crise, deve ser a defesa dos direitos de todos e não o ajuste.

No embate para saber se nos tornamos o pais da desesperança ou se seguimos sendo o pais da inclusão social, está o enfrentamento maior hoje. O governo tem que reafirmar o caminho da inclusão social e combater firmemente a desesperança. Contará com o apoio indispensável dos brasileiros, fundamental quando sofre sistemático e brutal ataque desestabilizador da direita.

Pela boca subserviente do Faustão, falou a direita oligárquica. Pela boca altiva da Marieta, falou a esperança do povo brasileiro."

FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader. Transcrito e comentado no portal "Brasil 247" (http://cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/O-Brasil-entre-a-desesperanca-e-a-inclusao-social/2/33855) e (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/186822/Sader-Brasil-caminha-entre-desesperança-e-inclusão.htm).

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