domingo, 27 de setembro de 2015

"LAVA JATO" TEM LADO (o outro lado "NÃO VEM AO CASO"]




A Operação Lava Jato tem lado

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

"Há um grande mérito na Lava Jato e uma grande interrogação.

O mérito foi o de ter, pela primeira vez, investigado uma das fontes centrais históricas do poder político brasileiro: as grandes empreiteiras de obras públicas.

A dúvida é o filtro político que impôs às investigações.

Para tentar entender:

1. A Lava Jato pretendia manter sob suas asas todos os inquéritos resultantes das delações negociadas até agora.

2. Há personagens centrais na Lava Jato: do lado dos beneficiários, gerentes e diretores da Petrobras e operadores do PT e do PMDB. Do lado dos pagadores, as empreiteiras[os operadores do PSDB, DEM, PPS "não vêm ao caso". Quando o doleiro Youssef delatou na operação Lava Jato desvios de dinheiro em Furnas envolvendo diversos políticos do PSDB, foi interpelado pelo juiz, dizendo que a operação se referia a desvios na Petrobras (e após 2002?), portanto, Furnas estava "fora da questão"...]

3. A Lava Jato derivou para o setor elétrico, apurando os desvios da Eletronuclear.

4. Ora, o que Petrobras e Eletrobras têm em comum, para permitir à Lava Jato avançar sobre o setor elétrico? As mesmas empreiteiras.

O ponto em comum que unifica tudo, portanto, são as empreiteiras, seu modo de operar, seus subornos e financiamentos de campanha.

Sendo assim, qual a razão de a Lava Jato ter deixado de fora governos tucanos?

A maior contribuição da UTC foi para a campanha de Aécio Neves. A grande obra da UTC em Minas foi o Centro Administrativo. Em São Paulo, as mesmas empreiteiras participaram de obras do Rodoanel e das parcerias para administrar as estradas paulistas.

No entanto, nenhum dos bravos delegados e procuradores, o imbatível juiz Sergio Moro tiveram a curiosidade de perguntar aos delatores sobre o financiamento à campanha de Aécio e para políticos paulistas.

Não há álibi técnico ou jurídico que possa justificar a desatenção do grupo em relação aos malfeitos dos réus com governos tucanos.

Na fase das investigações, especialmente ao colher os depoimentos dos réus e delatores, todos os temas relacionados às suspeitas de suborno por parte das empreiteiras são relevantes. Se surgirem indícios de cometimento de crimes em outras esferas, encaminha-se a denúncia para o STF (Supremo Tribunal Federal) (se for de réu com prerrogativa de foro) que decidirá se cabe um novo inquérito ou se a investigação será no bojo do mesmo.

Se a intenção é passar o país a limpo, tendo ao seu dispor pessoas dispostas a delatar, qual a razão de a Lava Jato não ter aberto o leque para todos os partidos? A desculpa de "não perder o foco" [de "não vem ao caso"] não bate. Se não surgir outra Lava Jato, os segredos dos doleiros e delatores morrerão com eles, debaixo do nariz da tropa de 360 procuradores e técnicos que o MPF colocou à disposição.

Por tudo isso, pelo fato de o Procurador Geral da República Rodrigo Janot ter poupado Aécio Neves das denúncias do doleiro Alberto Yousseff sobre Furnas, de jamais ter tirado da gaveta o inquérito sobre a conta no paraíso fiscal de Liechtenstein, pelo fato de procuradores e delegados jamais terem se preocupado com a questão óbvia de investigar outros partidos políticos, não há a menor dúvida de que a Lava Jato tem lado. O mesmo lado de Gilmar Mendes.

Os bravos procuradores sequer se preocupam em justificar essa seletividade, como se o assunto não existisse.

Mas há um cadáver no meio da sala de jantar. E não haverá como escondê-lo para sempre."

FONTE: escrito por Luis Nassif, no Jornal GGN . Postado no "Blog do Miro"    (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/09/a-operacao-lava-jato-tem-lado.html#more). [Título, imagem e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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