sábado, 24 de outubro de 2015

AMX- DO PEQUENO JATO RESULTOU ENORME SALTO PARA A INDÚSTRIA NACIONAL




Avião de ataque desenvolvido pela Embraer em parceria com empresas italianas é atualmente uma das principais aeronaves da FAB

Primeiro voo do AMX nacional completa 30 anos

Por Thiago Vinholes, na "Airway" [Título, imagens, legendas e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política']

"Quem não arrisca, não petisca. Foi isso que a Embraer [estatal] fez na década de 1970, quando decidiu aumentar seu conhecimento no ramo de aeronaves militares e adquiriu a experiência que seria vital nos anos seguintes para o desenvolvimento de novos aviões. Nessa época, a empresa já havia lançado o Tucano e aprendeu a “domar” os jatos a partir do Xavante, um projeto original da italiana Aermacchi, construído sob licença no Brasil.


           Embraer Xavante AT-26

Para alcançar novos horizontes, a Embraer, que já havia conquistado reconhecimento no mercado com o Tucano e o turbo-hélice Bandeirante, cogitava formar parcerias com empresas estrangeiras.


               Embraer Tucano T-27

Avião Bandeirante da companhia francesa Air Littoral


Embraer EMB-120 Brasília, operado pela Air France

Os primeiros estudos sobre uma parceria internacional surgiram em 1976 e a Embraer novamente se associou a empresa italiana Macchi (atual Aermacchi), conhecida nessa época pelo jato de ataque MB 340, e que trabalhava em um novo projeto para a Força Aérea da Itália (Aeronautica Militare). Mais adiante, a Aeritalia (atual Alenia Aeronautica) também entrou no projeto.

Em 1978, as três empresas oficializaram a parceria e anunciaram o desenvolvimento do caça subsônico AMX ( sigla que corresponde: A de Aeritália, M de Macchi e X de experimental).

Em 1980, após analisar o projeto do caça ítalo-brasileiro, autoridades aeronáuticas brasileiras anunciaram na feira de aviação de Farnborough, na Inglaterra, a decisão de participar do programa italiano. O acordo entre os dois países foi assinado em 27 de março de 1981 e o avião começou a tomar forma.

Embraer no projeto AMX

O AMX, apesar do nome com referência apenas das empresas estrangeiras, tem uma boa dose de “brasilidade”. O acordo determinava que as fabricantes italianas fossem responsáveis por cerca de 70% do programa enquanto a Embraer assumiu os 30% restantes. À empresa brasileira coube o desenvolvimento e a fabricação da asas, tomadas de ar do motor, estabilizadores horizontais, tanques de combustível, trem de pouso, entre outros.

Para a campanha de ensaios de voo no Brasil, a Embraer construiu dois protótipos e um modelo para testes de fadiga. Ao mesmo tempo, na Itália, a Aeritalia e a Macchi desenvolviam seus componentes com outros cinco protótipos. A empresa brasileira ainda se aventurou pela primeira vez na criação de sistemas de navegação, ataque e controle de armamentos.


               Embraer AMX (A-1)

Com três empresas envolvidas no projeto e centenas de engenheiros brasileiros e italianos especializados à disposição, o desenvolvimento do AMX foi rápido. Em apenas quatro anos o avião saiu do papel e decolou. A apresentação oficial do primeiro aparelho ocorreu na Itália, em 15 de maio de 1984, e o primeiro protótipo construído do Brasil – o quarto do programa – realizou seu voo inaugural em 16 de outubro de 1985, em São José dos Campos (SP).

O primeiro AMX que voou no Brasil foi pilotado pelo comandante Luiz Fernando Cabral, um dos mais consagrados aviadores do Brasil. O “roll-out” da aeronave, quando um novo projeto é apresentado, ocorreu no dia 22 do mesmo mês e contou com a presença de autoridades brasileiras e italianas.

Em 1988, o primeiro AMX fabricado em série voou na Itália e as primeiras entregas à FAB e à Aeronautica Militare ocorreram no ano seguinte.

AMX na FAB

Ao estrear na FAB, o AMX complementou o trabalho do Xavante na função de ataque ao solo e criou uma ala de bombardeiro tático, com novas tecnologias . O jato, impulsionado por turbinas Rolls-Royce, também assumiu as operações de apoio aéreo e reconhecimento, voando com sistemas de contramedidas eletrônicas (ECM) que emitem sinais que enganam radares e outros sensores, permitindo voar sem ser detectado.

Foi a estreia da FAB com equipamentos ECM, que são usados na chamada “Guerra Eletrônica”, e também com os head-up display, a tela acima do painel com informações digitais.

Concebido para atender às dimensões continentais do Brasil e emprego na Europa, o projeto considerou a necessidade de longa alcance, incluindo a capacidade de reabastecimento em voo. Segundo o fabricante, o AMX tem autonomia de até 3.336 km (ou 4 horas e 15 minutos), voando com tanques externos, ou cerca de 900 km em perfil de combate – a aeronave carrega 3.555 litros de combustível nos tanques internos e pode levar mais 3.000 litros em depósitos descartáveis nas asas.

Totalmente carregado, o AMX pode decolar com até 10.750 kg (pesa 6.700 kg vazio). A turbina capaz de gerar 5.000 kg de empuxo pode levar o caça-bombardeiro a velocidade máxima de 1.053 km/h e 13.000 metros de altitude, o que garante boa versatilidade a FAB para operar a aeronave por todo o Brasil.

Até o ano 2000, foram fabricados 200 AMX, divididos entre a Força Aérea Brasileira e a italiana. Na versão brasileira, o avião é armado com dois canhões de 30 mm e pode carregar um par de mísseis AIM-9 Sidewinder ou Piranha, fabricado no Brasil, ou até 3.800 kg de bombas convencionais. O reportório de armas do “A-1”, como foi designado pela FAB, ainda inclui mísseis antirradar MAR-1 e foguetes de ataque ao solo.

O AMX também está sendo preparado para empregar o novo míssil A-Darter, de ataque ao solo, orientado por sensores infra-vermelho. Já o modelo fabricado na Itália tem canhões de 20 mm e possui sistemas para lançar modernas bombas guiadas a laser.

Na FAB, o AMX é operado pelo primeiro (Poker) e terceiro (Centauro) esquadrões do 10º Grupo de Aviação, da Base Aérea de Santa Maria (RS), e pelo primeiro esquadrão do 16º Grupo de Aviação da Base Aérea de Santa Cruz (RJ).

Batismo de fogo

Para quem duvida da capacidade do AMX, basta conferir seu extenso currículo de guerra em serviço pela Força Aérea Italiana. O caça-bombardeiro, sempre em apoio às forças da OTAN, já atuou em combates na Bósnia, na Guerra do Kosovo e também no Afeganistão, onde realizou mais de 700 missões.

O emprego mais recente da aeronave foi na Líbia, no auxílio a derrubada do ditador Muammar Gaddafi. Em todos essas ocasiões, o avião lançou bombas de queda livre e guiadas a laser com precisão. Nenhum AMX italiano foi perdido em combate.

AMX modernizado

Com 20 anos de serviço pela FAB, o Comando da Aeronáutica decidiu modernizar o A-1, tarefa que foi atendida pela Embraer. Anunciado em 2009, o programa “A-1M” previa a revitalização das células das aeronaves e modernização dos sistemas, como recursos de navegação, radar, armamentos, entre outras evoluções. E quem mais gostou das melhorias foram os pilotos.

O A-1M trocou os antigos indicadores analógicos por telas digitais multifuncionais, tecnologia que reduz a carga de trabalhos dos pilotos em combate, com controles automatizados e informações apresentadas de forma mais clara. Além disso, o programa de atualização reduziu os custos de manutenção da aeronave e também acelerou os processos de treinamentos de novas tripulações.

Os primeiros AMX modernizados pela Embraer entraran em operação na FAB em 2013 e o programa prevê a intervenção em 47 das 60 aeronaves desse tipo mantidas no Brasil, processo que deve ser concluído até 2017 – o AMX italiano ainda mantém as características originais. Com as reformas estruturais e a atualização dos sistemas, a vida-útil do caça-bombardeiro nacional foi estendida para até 2032.

Lições do AMX

O desenvolvimento do AMX permitiu a Embraer [com a sua capacitação industrial e tecnológica planejada e paga pela FAB para possibilitar à empresa] absorver tecnologias nas áreas da propulsão a jato, comandos de voo fly-by-wire, softwares embarcados, e mais uma variedade de sistemas necessários para a fabricação de aeronaves mais avançadas.

Ao combinar os conhecimentos adquiridos no início dos anos 1980, com o AMX e o turbo-hélice Brasilia, lançado em 1983, a fabricante montou a receita para a criação ERJ 145, o primeiro jato comercial fabricado no Brasil e que marcou a história da Embraer [então ainda estatal], elevando à posição de uma das maiores empresas da indústria aeronáutica mundial.



[OBS deste blog 'democracia&política": na foto acima, o Embraer ERJ-145, desenvolvido pela empresa ainda estatal. Esse avião também foi sucesso no mercado. Cerca de 1000 foram vendidos. Propiciou 10 anos de carga de trabalho e gordos lucros à Embraer após a privatização.

Infelizmente, como foi comum nos anos 90, no governo antinacional FHC/PSDB, a Embraer foi vendida (por valor irrisório) para dois controladores sediados em paraísos fiscais no Caribe: Bozzano Privatization, nas Ilhas Bermudas, e o grupo Scorpio, nas Ilhas Cayman.

Anos depois, seus novos donos a revenderam para grupos dos EUA. Segundo a revista Forbes (edição 33-2015) os proprietários da Embraer hoje são: o Fundo americano Oppenheimer (13,33%), o Fundo americano Brandes Investment Partners (5,58%), o Fundo escocês Baillie Gifford (6,65%) e outros acionistas na Bolsa de Nova York (62,97%). Pequena parcela ainda permanece com a Previ (6,09%), com o BNDESPAR (5,37%) e na Bovespa].


Além dos jatos da família ERJ, o conhecimento adquirido com o caça-bombardeiro também foi utilizado no desenvolvimento dos E-Jets, que hoje são sucesso mundial, atrás apenas de jatos da Airbus e Boeing em vendas. As lições aprendidas com o AMX também serão aplicadas na versão nacional do Gripen NG, que será fabricado pela Embraer e incorporado à FAB a partir de 2019.


        Embraer E-Jet operando na Alemanha

O AMX foi um pequeno jato para o Brasil, mas um enorme salto para indústria aeronáutica nacional."

FONTE: escrito por Thiago Vinholes, na "Airway". Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/notimp#n92981). [Título, imagens, legendas e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO

Programa Gripen vai impulsionar a indústria aeroespacial brasileira



A estimativa é alavancar as oportunidades de negócios e intensificar a cooperação técnica entre os países

Do Blog do Planalto

"A indústria aeroespacial brasileira já é considerada uma das mais importantes do mundo. [E continuará crescendo] a partir da parceria entre Brasil e Suécia para a gestão conjunta do Projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira (FAB) – que vai produzir caças de última geração para modernizar a frota nacional.

Durante a visita oficial à Suécia, a presidenta Dilma Rousseff visitou as instalações da Saab na cidade de Linköping, onde já se encontram profissionais brasileiros para dar início à etapa de treinamento e qualificação no Programa Gripen e que depois retornarão ao Brasil para implantar as fases de desenvolvimento e produção dos caças em território nacional.

O desenvolvimento do Gripen brasileiro gera um círculo virtuoso de desenvolvimento, capacitando a indústria nacional para as Forças Armadas e também o mercado, avalia o coronel Ramiro Kirsch.

A Embraer será responsável por diversas etapas do processo, como desenvolvimento de sistemas, integração, testes de voo, montagem final e entregas de aeronaves. A Embraer também participará da coordenação de todas as atividades de desenvolvimento e produção no Brasil. Do lado sueco, a Saab ficará responsável pelo treinamento de profissionais brasileiros e deve implantar unidades de desenvolvimento de equipamentos, sistemas e pesquisa no Brasil. Uma das cláusulas do contrato para a construção dos caças é a transferência da tecnologia de desenvolvimento e montagem para o Brasil.

Para o coronel Ramiro Kirsch, adido de Defesa e das Forças Armadas junto à Embaixada do Brasil na Suécia, o projeto será decisivo para o fortalecimento e expansão da indústria aeroespacial brasileira.

“Projetos como Gripen, como o do submarino nuclear da Marinha, como o do Guarani, no Exército, são projetos indutores de desenvolvimento tecnológico. Eles geram espiral ascendente, na verdade um círculo virtuoso de desenvolvimento industrial. Toda vez que eles demandam maior necessidade de produto de alto valor agregado, de alto valor tecnológico e a indústria nacional responde, isso vai capacitando a indústria nacional a fazer parte desses grandes projetos, tanto no Brasil, para as Forças Armadas e também para o mercado, bem como se preparando para as exportações ou, até mesmo, tendo contratos com a Saab” [no caso do Gripen], afirma.

Além da Embraer, outras empresas brasileiras estão envolvidas nas diversas etapas do Programa, como Akaer, Inbra Aerospace, Atech, Ael Sistemas e Mectron. “Para o Brasil, vamos ter capacidade de melhorar a nossa atividade industrial, agregar produtos de maior valor agregado, ter maior número de produtos nesse sentido. E, principalmente, desenvolver tecnologias de ponta aplicadas à Aeronáutica, o que, com certeza, vai permitir busca maior de mercados, por parte da Embraer e das demais empresas envolvidas”, garante.

O coordenador do Programa Gripen Brasil na Saab, Mikael Franzén, destaca que a produção dos novos caças brasileiros impulsiona áreas estratégicas, como a atividade industrial e a qualificação de mão de obra, por exemplo. “Ao mesmo tempo que você terá as aeronaves mais avançadas, você também terá a tecnologia delas. E serão muitos novos empregos a serem criados no Brasil em diferentes regiões do país. Esses empregos serão altamente especializados, uma vez que é necessária toda uma engenharia de desenvolvimento e uma produção muito avançada”, analisa.

Segundo o executivo sueco, a troca de experiências tende a ser muito proveitosa para ambos os lados. “Atualmente, nós temos boa colaboração com as empresas brasileiras, que têm sido efetivamente parceiras no Programa Gripen. Esperamos continuar com essa parceria tanto nos programas existentes quanto nos programas futuros”, garante."

FONTE da complementação: do Blog do Planalto. Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/notimp#n92981).

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