quinta-feira, 22 de outubro de 2015

EDUARDO CUNHA NO CONFESSIONÁRIO




Deputado no confessionário

Por Alex Solnik, jornalista

- "Pode confessar seus pecados, deputado.

Não tenho pecados, padre. 

- Admita, o senhor mentiu: disse que não tinha contas secretas na Suíça... e elas apareceram.

- As contas que dizem que são minhas são de empresas internacionais das quais não sou o dono. Se não sou o dono não são minhas, certo? Nem falo inglês... 

- Mas o senhor é o beneficiário...

Aí já é perseguição! O que eu posso fazer se essas empresas me fizeram beneficiário das contas delas? Só agradecer a Deus. Aleluia! 
- E o dinheiro? Milhões de dólares! Como foi parar nessas contas? O senhor roubou. Confesse e será perdoado.

Não roubei nada. Depositaram o dinheiro porque quiseram. 

- Depositaram? O senhor não sabe quem depositou?

Meu pai sempre falou: se alguém te oferece dinheiro não pergunte por que, nem de onde veio, pegue. Eu sou da paz. Detesto violência. Não apontei arma para ninguém. Se eu tirasse de alguém à força haveria um B.O. Cadê o B.O.? 

- E os seus carros de luxo? Salário de deputado não paga um Porshe!

Não são meus. São de Jesus.com. 

- A sua mulher usa.

Ela é a beneficiária. Glória a Jesus! 

- Por que o senhor não declarou à Receita o dinheiro que lhe deram e os carros?

Não gosto de ostentar. É perigoso. Tá assim de ladrão em Brasília. 

- Se não tem nada para confessar o que o senhor veio fazer aqui?

Já que o senhor tocou no assunto... teria uma pequena contribuição para a minha campanha de reeleição?" 

FONTE: escrito por Alex Solnik, jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento janeiro 2016).  Artigo publicado no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/201806/Deputado-no-confession%C3%A1rio.htm).

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