segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O LUCRATIVO TERRORISMO OCIDENTAL




Oswald Spengler e o lucrativo terrorismo ocidental

Por FÁBIO DE OLIVEIRA RIBEIRO

"Não é segredo que os EUA fomentou, financiou e armou a resistência islâmica afegã contra os soviéticos na década de 1980 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Ciclone

Assim que a URSS se retirou derrotada do Afeganistão com o rabo entre as pernas, a “ajuda humanitária” norte-americana estancou e o Talibã se tornou a principal força política, ideológica, religiosa e militar naquele país. Eventualmente, o próprio Talibã foi destruído após o ataque ao WTC, com lucro evidente para aqueles que forneceram armamentos e mercenários ao Pentágono.

A guerra deixou de ser um fenômeno militar e se tornou apenas um negócio? Antes de responder essa pergunta, lembre-se de algo importante: no passado a guerra irrompia de tempos e tempos, mas desde o governo G. W. Bush Jr. a guerra se tornou uma realidade permanente.

Os lucros da “Operação Ciclone” foram contabilizados pelos fabricantes de armamentos “made in USA” fornecidos aos afegãos. Algumas notícias sugerem que o mesmo pode estar ocorrendo em relação ao Estado Islâmico http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/09/estado-islamico-combate-com-armas-americanas-diz-relatorio.html , http://br.sputniknews.com/mundo/20150419/803704.htmle http://sputniknews.com/middleeast/20151128/1030898055/syrian-opposition-shells-russian-journalists-with-us-tow-missiles.html?utm_source=https%3A%2F%2Ft.co%2FnzEVwW41fI&utm_medium=short_url&utm_content=ajeQ&utm_campaign=URL_shortening.

O terrorismo discreta ou descaradamente fomentado pelos norte-americanos e seus aliados turcos (e eventualmente europeus) produz medo, destruição, morte e mutilação. Produz lucro também. Os fabricantes dos armamentos “made in USA” utilizados pelos degoladores do Estado Islâmico são homens honrados. Eles vendem seus produtos a preços de mercado. Quanto maior for a demanda, menor será o preço e o aumento do lucro será garantido pelo aumento da produção e da produtividade.

No caso do terrorismo islâmico, os lucros não estão sendo contabilizados apenas pelos fabricantes de armamentos nos EUA. Na Alemanha, houve um sensível crescimento da venda de armas de fogo após os ataques em Paris http://sputniknews.com/europe/20151127/1030887124/germany-weapon-sales-increase.html. Ninguém ficará surpreso se o fenômeno se repetir em outros países europeus. O aumento de consumo de um produto depende dos estímulos que são cuidadosamente fornecidos aos compradores em potencial. Não há estimulo maior e mais barato para a compra de armas do que o medo espalhado diariamente pela imprensa.

Ao meditar sobre o tema, lembrei-me de um livro lido há décadas:

“...Os leitores só chegam a saber o que devem saber, e uma vontade superior cria para eles a imagem do mundo. Os potentados barrocos ainda tinham de forçar os seus súditos a prestar o serviço militar. Agora já não há tal necessidade. Os espíritos das pessoas são fanatizados por artigos, telegramas, fotografias - Northcliffe -, até que elas mesmas exijam armas e obriguem seus líderes a iniciarem uma guerra que estes almejavam travar.

Eis o final da Democracia. No mundo das verdades, a prova decide tudo. No mundo das realidades, por sua vez, quem decide é o êxito. Pelo dinheiro, a Democracia anula-se a si própria, depois de o dinheiro ter anulado o espírito. O Cesarismo cresce no solo da Democracia, mas suas raízes penetram profundamente nas camadas ínfimas do sangue e da tradição. Por mais energicamente que os poderosos do futuro - já que a grande forma política da cultura se desfez irremediavelmente - dominarem a terra como se esta fosse sua propriedade particular, esse poderio informe, ilimitado, terá todavia uma missão a cumprir: a missão de cuidar sem descanso deste mundo. Tal cuidado é o contrário de todos os interesses na época da hegemonia do dinheiro e requer um senso de hora elevadíssimo, bem como a plena consciência do dever. Justamente por isso, porém, produz-se agora a luta final entre a Democracia e o Cesarismo, entre os poderes dominantes de uma plutocracia ditatorial e a vontade organizadora, puramente política, dos Césares." (A Decadência do Ocidente, Oswald Spengler, editora Zahar, Rio de Janeiro, 1964, p. 424-425)

Mesmo sendo pessimista Spengler ainda foi capaz de acreditar que o Cesarismo poderia ser um remédio amargo capaz de curar os males produzidos pelo dinheiro à Democracia. Ledo engano. Na fase atual - iniciada por Jimmy Carter ao financiar os mujahideens afegãos, aprofundada por Ronald Reagan e levada ao seu clímax por Bush Jr. e seus parceiros europeus - as democracias ocidentais fomentam o terrorismo porque o mesmo produz lucros para os respeitáveis industriais de armamentos que financiam as campanhas eleitorais dos Césares.

Ultrapassamos o ponto de não retorno? Cuidar do mundo neste momento significa preservar o estado permanente de guerra. Não há mais qualquer possibilidade de conflito entre a Democracia e o Cesarismo, pois nenhum líder ocidental tem consciência do dever e senso de honra elevada o suficiente para prejudicar os lucros das indústrias de armas. Só há um possível recomeço, mas ele depende da guerra total entre EUA-OTAN x Rússia-China. Um longo inverno se aproxima quer esse conflito final ocorra ou não."

FONTE: escrito por Fábio de Oliveira Ribeiro e publicado no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/oswald-spengler-e-o-lucrativo-terrorismo-ocidental).

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