domingo, 20 de dezembro de 2015

A FRANÇA VAI TAMBÉM BOMBARDEAR OS BAIRROS ÁRABES DE PARIS?




Deveria a aviação francesa bombardear a Síria ou os bairros árabes na França?

Por Rogério Maestri

Deveria a aviação francesa bombardear a Síria ou os bairros árabes na França?

"Por mais absurda que pareça a pergunta, é algo que dentro da lógica de retaliação que está sendo empregada na Síria e Iraque, por países que não estão sendo chamados pelo governo Sírio para combater o DAESH, se justifica plenamente a pergunta.

Afinal quem foram os terroristas que perpetuaram o bárbaro atentado ao Bataclan? Pois, excetuando um deles que era sírio, os demais eram europeus nascidos e criados em famílias francesas sem e com religião muçulmana.

Ismaël Omar Mostefaï, um jovem francês filho de um emigrante argelino com uma senhora portuguesa convertida ao Islã, ele nasceu em Courcouronnes dans l’Essonne, uma pequena cidade situada a vinte e sete quilômetros ao Sudeste de Paris. Samy Amimour, outro jovem francês nascido em Drancy, outra pacata comunidade próxima a Paris, filho de pais não religiosos e perfeitamente integrados na cultura francesa.

Poder-se-ia ir mais adiante, porém as histórias seriam as mesmas. Logo, fica bem claro que não são enviados do Iraque, Irã, Líbia ou Síria os que perpetuaram os atos terroristas. Logo, a origem dos terroristas não explica os bombardeios [em retaliação, da Força Aérea Francesa] às regiões sobre o domínio do DAESH. [Da mesma forma, não teve o mínimo cabimento os Estados Unidos bombardearem o Iraque porque terroristas da Arábia Saudida atacaram Nova York em 11/09/2001. O Iraque nada teve com o atentado. Sua "culpa" foi possuir muito petróleo].

Da mesma forma, o Estado Sírio assim como o Estado Iraquiano lutam contra esse grupo autodenominado como "Estado", porém como não são aceitos por nenhum país do mundo como Estado, como não têm fronteiras definidas e mantidas pacificamente dentro dos territórios sírio e iraquiano, também não são um Estado, e muito menos aliados ou tolerados pela Síria e pelo Iraque.

Como os terroristas na imensa maioria não eram sírios ou iraquianos, como o DAESH é mais um grupo terrorista que leva o terror não só para a Europa, mas principalmente para os cidadãos sírios e iraquianos através das formas mais diversas e possíveis de atos que qualquer pessoa religiosa muçulmana ou não aceitaria. Por que as fronteiras dos países devem ser violadas e populações que caíram reféns do DAESH submetidas a bombardeios [da L'Armée de l'Air e outras forças aéreas da OTAN] ?

Essa é a verdadeira questão, segundo os governos europeus e norte-americano, esse DAESH, há poucos anos, antes de começar a assassinar repórteres ocidentais, recebia ajuda direta ou indiretamente através de aliados dos países ocidentais.

Enquanto o DAESH jogava bombas em Mesquitas Xiitas e trucidava cristãos sírios que eram aliados ao governo sírio, os governos ocidentais achavam lícitas as suas ações e ainda as financiavam. No momento em que essas ações deixam de matar somente muçulmanos xiitas, alauitas, grupos sunitas, drusos e cristãos sírios (não cristãos europeus), esse grupo se torna indesejável. Tudo em nome da derrubada do governo Bashar al-Assad.

Assad não seria o que se poderia denominar um presidente democrático europeu; porém, fica difícil manter uma democracia representativa totalmente aberta num país que vem sendo atacado há décadas pelos aliados dos ocidentais. Primeiro, pelos israelenses e, posteriormente, pelos “grupos pró-democracia” sírios, nos quais se inseriam até algum tempo atrás o DAESH, ou a filial da Al-Qaeda, a frente Al-Nusra, ou ainda a Ahrar al-Sham e outros grupos menores.

Voltando ao foco da questão, os países ocidentais, como a França, apoiam num primeiro momento grupos terroristas que são de oposição aos governos Sírio e Iraquiano, grupos esses que empregam jovens franceses para promover ações terroristas contra franceses. Como retaliação, os franceses e outros, sem o acordo do Governo Sírio, bombardeiam estados independentes e reconhecidos, para retirar os antigos aliados.

Dentro dessa lógica estúpida, era mais fácil a França retirar parte de sua população de determinadas áreas e bombardear esses focos de terroristas, mesmo que com isto matem franceses que não apoiam os terroristas.

Completamente idiota essa resposta à pergunta proposta no título, mas é baseada na lógica de represálias contra o DAESH."

FONTE: escrito por Rogério Maestri no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/blog/rdmaestri/deveria-a-aviacao-francesa-bombardear-a-siria-ou-os-bairros-arabes-na-franca).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].

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