segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

MOMENTOS DE VERGONHA ALHEIA AO LONGO DE 2015




Momentos de muita vergonha alheia ao longo de 2015


Por Daniel Quoist, mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

1. Melhor momento jurídico:


O voto do ministro Luiz Roberto Barroso no STF que destroçou a golpes de Constituição o quilométrico parecer pró-golpe do ministro Edson Fachin. O paranaense novato do STF amealhou apenas o votos ressentidos de Gilmar Mendes e de seu mais novo amigo de infância Dias Toffoli. O resto da Corte foi de Barroso e democracia plena. O voto Fachin virou farelo e o ministro passou a ser ridicularizado em 8 de cada 10 pessoas interagindo em redes sociais.

2. Pior decisão para membro do STF:


Edson Fachin que, em poucas semanas depois de empossado, mostrou-se conservador e de direita. Além de pretensioso ao valorizar previamente a importância histórica de seu voto, bem antes de o mesmo ser apresentado no plenário do STF.

3. Melhor momento radiofônico do ano:


O senador Aécio Neves em entrevista a rádio gaúcha afirma, naquela sua entonação de falar pausadamente cada sílaba da frase que "o PSDB faz a melhor oposição contra o Brasil". Em outro momento do mesmo mês de março disse também, em ato falho, que "havia sido reeleito presidente do Brasil'.

4. Pior momento vergonha alheia:


Eduardo Cunha pede audiência ao presidente do STF Ricardo Lewandowski para causar polêmica e desgaste ao STF em torno de sua recentíssima e acertada decisão de defender a Constituição e a jurisprudência e, em consequência, barrar o rito Cunha pró-impeachment. Cunha não previu apenas que Lewandowski o receberia em audiência semipública aberta à imprensa. A saída do STF de um abatidíssimo presidente da Câmara dos Deputados fez a farra dos fotojornalistas. Como diz o ditado: "Eduardo Cunha foi tosquear o Supremo, mas saiu de lá tosqueado".

5. Melhor momento da tevê brasileira:


Faustão faz seu habitual sermão golpista e antipetista e pró-tucano enquanto "entrevista" Marieta Severo, mas eis que a grande atriz lhe responde na lata que "o Brasil mudou muito nos últimos anos, e para melhor, que a desigualdade social diminuiu bastante" e elogia com aquele jeito sincero que lhe é característico que são um grande avanço "os programas do PT de transferência de renda". A cara do Faustão ficou, digamos, "impagável". Também outro que foi tosquear e voltou tosqueado.

6. Pior momento vergonha alheia do Parlamento:


A deputada federal e cadeirante Mara Gabrili usa o microfone da Câmara no plenário e, olhos nos olhos do enrascado presidente Eduardo Cunha, faz comovente peroração para que ele tenha "um gesto de grandeza e renuncie à presidência da Casa". Ela diz: "Saia daí presidente, esse lugar não lhe pertence". E é ovacionada. Cunha assiste a tudo com o sorriso congelado, sem qualquer sinal de alteração facial.

7. Melhor momento Justiça 'antes tarde do que nunca':


Eduardo Azeredo, ex-presidente nacional do PSDB é condenado no Mensalão Tucano por corrupção a 20 anos de prisão. Aécio Neves é o primeiro a lhe prestar solidariedade e a sair em sua defesa, coisa que tanto criticou no PT à época da condenação de José Dirceu. Esse momento integra a série "nada como um dia atrás do outro".

8. Pior momento Mãe Dináh do jornalista Merval Pereira em "O Globo":


Logo após o massudo, cansativo e mal formulado voto do ministro Edson Fachin em defesa do rito e das ações pró-impeachment tomadas por Eduardo Cunha, instituindo o voto secreto para eleger a Comissão do Impeachment e a legalidade de chapa alternativa à dos líderes do partido, além de outros casuísmos escroques, Merval Pereira previu - com a petulância que lhe é peculiar - que o voto Fachin seria vencedor por imensa maioria de votos dentro da Corte. Deu tudo errado. Fachin só conquistou os votos previsíveis de Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Nem Celso de Mello e Luiz Fux lhe deram trela. Fiasco total. Bola de cristal, trincada, dias depois passava a ser anunciada no Mercado Livre.

9. Melhor momento pré-demissão de ministro de Estado:


Cid Gomes, então ministro da Educação do segundo mandato Dilma Rousseff, é convocado por Eduardo Cunha, na condição de ministro, a se explicar no plenário da Câmara dos Deputados sobre sua acusação de que na atual legislatura o Congresso tem mais de 300 achacadores do Palácio do Planalto. Desafiado por Cunha a declinar os nomes dos meliantes. Cid Gomes não se fez de rogado e respondeu com dedo em riste apontado para Cunha: "Vossa Excelência é o principal, o chefe dos achacadores da República!" Foi quando a casa Cunha começou, historicamente, a cair.

10. Pior momento do Vice-Decorativo da República:


Michel Temer, após intensas confabulações golpistas com Eduardo Cunha, Aécio Neves, Moreira Franco, José Serra enviou carta à presidente Dilma Rousseff enfileirando queixas e reclamações de que se sente desprestigiado, subutilizado e tratado como "peça apenas decorativa" da República. Tudo com o objetivo de surrupiar o lugar de Dilma, salvar o mandato de Eduardo Cunha e garantir o cargo de ministro da Fazenda para José Serra. A carta viralizou na internet e também na mídia tradicional. Uma carta bem ridícula pela forma, estilo e, principalmente, pelo imaturo conteúdo de um político tão antigo e experiente na política brasileira.

11. Melhor momento na luta contra o sexismo:


Em recente jantar de estrelas do PMDB em Brasília, José Serra aproxima-se de pequena roda de conversa em que se encontra a ministra da Agricultura Kátia Abreu e vem logo se enturmando totalmente sem noção na base do "Ministra, ouvi dizer que a senhora é bastante namoradeira", ao que Renan Calheiros lhe cochicha algo como "Serra, a ministra acabou de casar..." A resposta - oportuníssima - veio da ministra ao senador tucano na base do "me respeite, deixe de ser deselegante e grosseiro, deixe de ser sexista, ninguém lhe chamou aqui na conversa e é por isso que o senhor nunca será presidente do Brasil". Tudo isso acompanhado por uma taça de vinho de Kátia despejada na cara de Serra.

12. Pior momento vergonha alheia em visita de autoridade estrangeira ao Brasil:


O herdeiro do trono japonês em visita ao Congresso Nacional, sempre discreto, educado, muito polido e cerimonioso como costumam ser autoridades nipônicas em geral, foi abordado nas dependências da Câmara por parlamentar paranaense absolutamente sem noção de nome Francischini segurando cartaz mal redigido em inglês e apresentado ao casal visitante onde se podia ler: "Espero contar com o apoio de Vossa Excelência para o impeachment da presidente do Brasil Dilma Rousseff". O japonês, literalmente embaraçado, fez que não leu, deu meia volta e rapidamente se afastou do Sem Noção oposicionista. Os tijolos do belo prédio de Niemeyer ecoaram em uníssono: "Morri !!!"


FONTE: escrito por Daniel Quoist, 55, mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos. Artigo publicado no portal "Brasil 247"  (https://www.brasil247.com/pt/colunistas/danielquoist/211071/Momentos-de-muita-vergonha-alheia-ao-longo-de-2015.htm).

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