Há poucos dias mereceu enorme destaque na mídia mundial o feito de um cientista, Dr. Miguel Nicolelis. Ele conseguiu transmitir a energia do pensamento de um macaco de um laboratório nos Estados Unidos para o Japão, onde essa energia mexeu um braço robótico.
Essa notícia também aqui foi divulgada com relevância. O que me surpreendeu, contudo, foi o fato de a nossa imprensa omitir, não divulgar, que aquele cientista em destaque no mundo todo formou-se no Brasil em universidade pública (USP) e aqui atua em projetos que são relevantes para os mais exigentes meios de comunicação científica.
Por que a nossa imprensa tem omitido nossos sucessos? Modéstia brasileira? Não compreendo a repentina e radical mudança...Há dez anos a imprensa brasileira era fortemente ufanista com coisas de menor importância. Por exemplo, repetia várias vezes por dia e por meses e anos seguidos que tínhamos "o melhor ministro da saúde do mundo", e outras jactâncias.
Coisas estranhas estão acontecendo no Brasil...
Lí no "blog do Azenha" de hoje outra importante notícia sobre o já renomado neurocientista, que aqui desenvolve projetos que estão despertando a atenção do mundo (grifos meus):
"PROJETO PIONEIRO DO BRASIL É CELEBRADO NO MUNDO MAS RECEBIDO COM FRIEZA EM CASA
O doutor Miguel Nicolelis não precisa de promoção. Nem de holofotes. Ele é um dos principais neurocientistas do mundo. Na semana passada o New York Times deu a ele meia página de jornal.
Como cientista da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, o mais recente feito de Nicolelis foi conseguir transmitir a energia do pensamento de um macaco de um laboratório nos Estados Unidos para o Japão, onde essa energia mexeu um braço robótico.
Você leu direito. O doutor Nicolelis trabalha com a "força do pensamento". Ele acredita que um dia os homens e mulheres tetraplégicos poderão usar o pensamento para mover cadeiras de roda, utensílios ou usar um computador. Ele acredita que existe potencial para que a energia do pensamento humano, amplificada, mova grandes máquinas. Como todo cientista, o doutor Nicolelis é um sonhador.
"O Brasil é visto como uma das grandes esperanças do mundo", ele me disse na tarde deste domingo desde Lausanne, na Suiça.
Um dos motivos da viagem é que ele vai apresentar, no Fórum de Davos, na semana que vem, o projeto de educação científica que está desenvolvendo com dinheiro da iniciativa privada e em parceria com o governo brasileiro. Um projeto que ele define como "Ciência com missão social".
O projeto-piloto, que já funciona no Rio Grande do Norte, nos próximos três anos pretende levar educação científica a 1 milhão de crianças de escolas públicas brasileiras, que terão acesso a laboratórios dos quais nem mesmo as escolas privadas do país dispõem.
O projeto foi celebrado na edição mais recente da revista Scientific American, inclusive com a publicação de um editorial assinado pelo doutor Nicolelis com o presidente Lula .
O editor da revista revelou surpresa com o interesse de um presidente da República pelo assunto, já que esse tipo de projeto não existe nem mesmo nos Estados Unidos.
"Sem isso o Brasil não tem chance de competir", disse o doutor Nicolelis na entrevista.
No projeto-piloto, depois do horário de aulas as crianças são levadas para laboratórios onde trabalham em projetos científicos educacionais. O objetivo é despertar nelas o interesse pela Ciência. "Talento a gente tem", diz o cientista.
O projeto faz parte do esforço para desenvolver um pólo de Neurociência na região de Natal.
Porém, o cientista brasileiro se disse surpreso com a falta de repercussão que o assunto teve no Brasil, que ele atribui à polarização política. "Parte da mídia brasileira perdeu a capacidade de sonhar", afirmou o dr. Nicolelis.
Eu sei do que ele está falando. Talvez ninguém tenha explicado ao cientista brasileiro que existe o PIG e que o PIG faz da propaganda de Fernando Henrique Cardoso e sua turma seu principal produto. Para o PIG, no Brasil, todos os problemas são federais."
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