Ontem, neste blog, abordou-se a farsa das ações dos EUA e das demais potências do G-7.
Eles, inclusive por meio de instituições como o FMI, BIRD, BID, JP Morgan, Citigroup etc, impuseram na década de 90 e ainda impõem aos demais Estados, especialmente os emergentes, modelos camuflados de "modernos" e como sendo os únicos adequados à "nova ordem mundial".
Hoje, muitos já perceberam que aqueles modelos tinham fins escusos e destinavam-se somente a terceiros. Serviriam para aumentar as vantagens competitivas dos países já desenvolvidos. Seriam desastrosos para os países em desenvolvimento que os adotassem. Foi o caso do Brasil, da Argentina e de outros na década de 90, que os escolheram com ardor e quase foram à falência.
Os países que não obedeceram todas as diretrizes do modelo, ou que as abandonaram a tempo, estão conseguindo prosperar. É o caso da China, da Índia, da Coréia do Sul e, agora, até do Brasil e da Argentina, que escaparam por pouco do completo desastre.
Os EUA e demais do G-7, espertos, jamais adotaram aquelas diretrizes que nos impunham como salvadoras.
O artigo abaixo, de Clovis Rossi, extraído da Folha de São Paulo de hoje, demonstra algumas dessas nossas considerações.
P.S. É óbvio que o jornal Folha de São Paulo, sendo destacado integrante da grande mídia brasileira, tem a sua posição político-partidária muito definida e atuante. Nesse sentido, o artigo também faz um contorcionismo para inserir na notícia depreciações ao Presidente Lula. Entretanto, os conceitos por nós acima referidos continuam explícitos no artigo (os grifos em negrito são meus).
Folha de São Paulo de 17/01/2008
CLÓVIS ROSSI - "Para sorrir na crise"
"Para quem não está com o seu ardendo na fogueira financeira global, há algumas ironias na situação.
A primeira delas já foi exposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dizer que o pessoal do Citigroup "dava tanto palpite", mas, na hora do vamos ver, "eles demonstraram que não têm tanta competência". De fato, William Rhodes, hoje presidente do Citibank, foi o presidente do comitê de credores que negociava a dívida externa dos países em desenvolvimento, em especial os da América Latina. Fartou-se de emitir sermões sobre como deveriam comportar-se, assumindo-se como portador das tábuas da lei. Agora, vê-se que os sermões eram do tipo "faça o que digo, não o que faço", visto que o grupo caiu, de certa forma, na mesma esparrela dos países em desenvolvimento.
O único problema com a ironia de Lula é que ele mudou tanto, mas tanto, que o mesmo Rhodes disse dele, em janeiro de 2005, em Davos, que era "um exemplo para o mundo". Será que a falta de competência que Lula agora vê no Citi se aplica ao "palpite" de Rhodes, dito, de resto, na presença do próprio presidente brasileiro, na cena mais explícita de gozo de um banqueiro com as políticas do lulo-petismo?
Uma segunda ironia vem do fato de que os chamados "fundos soberanos" (dos governos, estatais, portanto) funcionaram como o sétimo de cavalaria no socorro ao Citigroup. Quer dizer o seguinte: banqueiro odeia a intervenção do Estado e gostaria até de vê-lo reduzido à mínima expressão, ao osso. Mas, na hora da necessidade, aceita gostosamente a intervenção do Estado para evitar problemas ainda mais graves. Ou, posto de outra forma, a intervenção do Estado só é execrável quando se dá a favor dos outros. Quando é a "meu" favor, "pecunia non olet", o dinheiro não tem cheiro, como diria o Cony".
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