CONTINUAÇÃO DA SÉRIE
RETROSPECTIVA
Até este momento, foram postados os seguintes artigos:
1) “Risco de guerras na América do Sul”, em 3 de março;
2) “Os EUA e a mídia” e “O terror atômico suavizado na mídia”, de 11 de março;
3) “O terror no Panamá por ‘justa causa’”, de 12 de março;
4) “Ataques dos EUA contra Granada, Somália, Sudão e outros”. Também foram lembrados os ataques ao Haiti, em 1994 e em 2003, bem como os ataques ao Afeganistão e ao Paquistão na noite de 20/08/2008. Postado em 15 de março;
5) “A primeira guerra dos EUA contra o Iraque, em 1991”; artigo de 17 de março;
6) “A segunda guerra contra o Iraque”, postado em 19 de março, no 5º aniversário daquela guerra;
7) “Fatos muito estranhos na guerra dos EUA contra o Afeganistão”, publicado em 22 de março.
Hoje, 30 de Março, continuaremos com:
AS GUERRAS “PREVENTIVAS” DOS EUA NA AMÉRICA DO SUL
QUASE ATAQUE AO BRASIL
Em 17 de fevereiro de 2008, no artigo deste blog com o título “O petróleo e a pergunta: ‘Forças Armadas para quê’?”, relatamos que o Brasil, há poucos anos, quase foi atacado militarmente pelos EUA. E de surpresa.
O jornal Folha de S. Paulo, em 30/06/2004, noticiou que o Departamento de Defesa dos EUA (DOD) vê a região da tríplice fronteira Brasil-Argentina-Paraguai como “financiadora de terroristas árabes”.
Naquela região, situa-se a gigantesca usina de Itaipu, fornecedora de mais de 25% da energia elétrica consumida pelo Brasil. Além disso, ela possui um enorme manancial subterrâneo de água doce e é uma importante região estratégica para dominar militarmente o sul e o sudeste do Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai.
O DOD chegou a propor uma “ação forte” dos EUA na tríplice fronteira ao final de 2001, antes do ataque ao Afeganistão.
O “Jornal da Band” (TV Bandeirantes) divulgou em 02/08/2004 que, “logo após o atentado de setembro de 2001 em Nova Iorque, o Pentágono propôs à Casa Branca um forte ataque de surpresa ao Brasil (e ao Paraguai e Argentina) naquela região, antes de os EUA atacarem o Afeganistão e o Iraque”.
SEMPRE O PETRÓLEO
Afirmamos naquele artigo de 17/02: “As gigantescas reservas petrolíferas agora descobertas pelo Brasil, as maiores já descobertas no mundo nos últimos dez anos, agravam muito mais o grave quadro de ausência de capacidade de defesa do patrimônio brasileiro.”
O petróleo tem sido o motivo básico das principais intervenções militares dos EUA no mundo. Logicamente, isso não é confessado. Mas sempre acaba revelado.
Na parte 7 desta série, em “Fatos muito estranhos na guerra dos EUA contra o Afeganistão”, aqui postado em 22 de março, mencionamos que um dos principais motivos não declarados daquele ataque dos EUA ao Afeganistão também foi o petróleo.
Foi o fato de a região da Ásia Central abrangida pelos países Azerbaijão, Cazaquistão, Usbequistão e Turcomenistão ter sido identificada como possuindo reservas de petróleo e gás maiores que as do Golfo Pérsico. E o Afeganistão é o caminho mais conveniente econômica e geopoliticamente para o escoamento daquele petróleo para os EUA.
A VENEZUELA COMO PRÓXIMO ALVO
Tudo indica que a primeira “preemptive war” dos EUA neste continente deverá ser na Venezuela. Esse país é o primeiro alvo mais provável na América do Sul nessa luta obsessiva dos EUA pelo petróleo indispensável à manutenção da qualidade de vida da sua população e do seu status de hiperpotência.
Este blog foi inaugurado em 07/01/2008, por coincidência motivado pela preocupante notícia que o Jornal do Brasil publicara naquela data. Escrevi naquela 1ª postagem que “a notícia do JB é, para mim, mais um indício forte de que os EUA (e a Inglaterra) preparam, para médio prazo, talvez menos de 10 anos, uma ocupação militar da Venezuela para garantir o suprimento de petróleo necessário à continuação e à melhoria da qualidade das economias daquelas potências”.
(...) “Vários outros indícios secundários dessa preparação estão presentes intensamente na nossa grande mídia e nos partidos mais de direita que têm sido instrumentos dos grandes interesses norte-americanos. Por exemplo, já é um sucesso a campanha de demonização do Presidente Chavez”. “Ela já conquistou grande parte dos corações e mentes brasileiros. Predispõe a nossa aceitação e a atitude colaborativa para a invasão norte-americana (e inglesa). “Eis a referida notícia do JB: "Missão Jobim 2: “Não é mero capricho do poder. É questão de soberania sul-americana. Notícias que correm entre os oficiais dão conta de que o Suriname pretende ceder aos Estados Unidos uma grande área para instalação de uma base militar americana. A Guiana (vizinha da Venezuela) está negociando com o Reino Unido a concessão de 25 mil hectares para o mesmo fim."
ATAQUE À VENEZUELA: REVELAÇÕES DE AGENTES DO FBI E DA CIA
A “guerra contra a Venezuela” já foi alertada sutilmente também pelo ex-chefe do FBI no Brasil (1999-2003). Ele declarou que “os EUA sacam da economia mundial o máximo que podem...somos 4% da população, mas consumimos entre 45% e 50% da matéria-prima do planeta (especialmente o petróleo)...Muito em breve, para manter sua hegemonia e padrão de vida, os Estados Unidos terão que lutar diplomática e militarmente” (Entrevista dele à “Carta Capital”, no 283, de 24/03/2004).
No blog “Vi o mundo”, de Luiz Carlos Azenha, li esta semana (27) o artigo “Ex-agente da CIA: como os Estados Unidos financiam a derrubada de governos que atrapalham”.
Transcrevo alguns trechos:
“No dia 22 de março de 2005, o site ‘Venezuelanalysis.com’ publicou uma entrevista com o ex-agente da Central de Inteligência Americana (CIA) Philip Agee.”
Uma das perguntas para o entrevistado da CIA foi:
“O ex-agente da CIA Felix Rodriguez recentemente disse a um programa de televisão em Miami que os Estados Unidos estavam de olho em mudança na Venezuela, possivelmente através de violência. Ele deu como exemplo a tentativa feita durante o governo Reagan de matar o líder líbio Muammar Qaddafi. Existe um cenário como esse, de intervenção dos Estados Unidos na Venezuela?”
A resposta do ex-agente Philip Agee da CIA foi:
“Uma coisa é muito importante para o movimento de Chávez, o movimento bolivariano. É preciso ter em mente, sempre, que os Estados Unidos jamais vão deixar de tentar fazer voltar o relógio.”
“Os interesses dos Estados Unidos são definidos como acesso desimpedido a recursos naturais, à mão de obra e aos mercados de países estrangeiros.”
“São países como os da América Latina que asseguram a prosperidade dos Estados Unidos. Quanto mais governos com seus próprios projetos, com algum elemento de nacionalismo, que se opõem às políticas dos Estados Unidos (como a agenda neoliberal) assumirem o poder, mais esses movimentos serão vistos como ameaças em Washington, porque o que está em jogo é a estabilidade do sistema político dos Estados Unidos e a segurança da classe política dos Estados Unidos.”
“Os venezuelanos terão de lutar pela sobrevivência assim como os cubanos tiveram de lutar por 45 anos. Nos próximos 45 anos, os Estados Unidos continuarão tentando subverter o processo político na Venezuela se ela continuar no caminho de hoje, assim como (os EUA) continuam tentando destruir a revolução cubana.”
Em 6 de março último, este blog postou o artigo “Hugo Chávez foi menos "destemperado" do que queriam”. Nele discorremos sobre o grande risco que houve de ataque militar dos EUA na Venezuela ainda este ano de 2008.
Transcrevo um trecho do artigo:
“O comportamento dos EUA nos últimos trinta anos dá margem para a seguinte linha de raciocínio: o desejado passo seguinte à invasão militar colombiana no Equador (feita no estilo ‘preemptive war’) seria Hugo Chavez cair na armadilha e desencadear uma ação militar contra a Colômbia.
Após isso, toda a comunidade internacional daria suporte para uma ação militar norte-americana na Venezuela.
Assim, rapidamente, ainda durante o governo republicano de Bush, estaria atingido o objetivo de lá controlar a produção e a exportação de petróleo para os EUA.
Após Hugo Chávez passar a privilegiar os interesses nacionais venezuelanos (na PDVSA), a ocupação militar da Venezuela tornou-se prioritária para os EUA. Ela é importante para garantir o suprimento de petróleo necessário à continuação e à melhoria da qualidade da economia norte-americana. É objetivo que se torna cada vez mais evidente.
A ‘temperatura’ dessa ameaça está aumentando paulatina e planejadamente.
A revista norte-americana “Defense News” de 12/12/2007 revelou que, em 08 de fevereiro do ano passado, o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), Gen. Michael Mosely, considerou a Venezuela, a China e o Irã como as maiores ameaças militares aos EUA, diminuindo a importância das ameaças do Iraque e do Afganistão.
Por sorte, Hugo Chávez, por milagre ou conscientemente, agora se refreou e não agiu fora das suas fronteiras, não adotou a mesma atitude colombiana. (Obs: onde se lê ‘Colômbia’, leia-se ‘Forças militares dos EUA na Colômbia, com apoio colombiano’)”.
Concluindo esta postagem, informo que em artigos seguintes desta série aprofundaremos a análise do comportamento belicoso sem princípios dos governos norte-americanos. Os quais evidenciam que não é devaneio antiamericano antever-se intervenção militar dos EUA na América do Sul, até mesmo no Brasil.
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