A BBC Brasil.com publicou agora à noite a notícia que transcreverei ao final dos comentários.
Por um lado, ela traz um elogio para os brasileiros. É bom saber que o Brasil já é considerado por autoridade dos Estados Unidos (EUA) para integrar o grupo dos países mais ricos do mundo (G8), que o Brasil é denominado “democracia líder”. Por outro lado, o discurso do candidato republicano à presidência dos EUA contém algumas mensagens preocupantes nas suas entrelinhas. Tomara que eu esteja exagerando.
Comento alguns conceitos inquietantes colocados por McCain e os trechos do seu discurso a eles ligados:
1) REACENDIMENTO DA GUERRA FRIA – “excluir a Rússia (do G8)”; “os Estados Unidos precisam lidar com os perigos representados por uma Rússia revanchista”; "em vez de tolerar a chantagem nuclear da Rússia ou os seus 'cyberataques', as nações ocidentais deveriam deixar claro que a solidariedade da Otan, do Báltico ao Mar Negro, é indivisível”. O Brasil e a Índia podem ter entrado no seu discurso somente como apoio para uma provocação à Rússia.
2) TORNAR A RÚSSIA MAIS ABERTA AO 'LIVRE COMÉRCIO' - Tentativa de forçar a Rússia a ser uma “democracia de mercado”, um país de 'livre comércio' na concepção norte-americana. Isto é, os EUA não encontrarem barreiras para vender seus produtos, mas colocarem equivalentes a barreiras, impedindo o livre acesso ao mercado norte-americano com dificuldades indiretas (subsídios, normas ambientais, sanitárias e outras).
3) ESTIMULAR O BRASIL E A ÍNDIA A SEREM CADA VEZ MAIS “ECONOMIAS DE MERCADO”, todavia, sempre na concepção norte-americana acima mencionada.
3) ENFATIZAR O PAPEL MESSIÂNICO, DIVINO, CONCEDIDO POR DEUS AOS NORTE-AMERICANOS – “o papel de liderança exercido pelos Estados Unidos: Deus nos criou e nos colocou na atual posição de poder e força por alguma grande razão"; "no século 21, os Estados Unidos ainda devem seguir liderando".
4) COBIÇA? (petróleo?) “A América Latina atualmente é cada vez mais vital para o destino dos Estados Unidos”.
5) DEPRECIAÇÃO DOS LATINOAMERICANOS CRÍTICOS DOS EUA (Chávez e outros) – “demagogia antiamericana".
6) VEM CHUMBO – “nossa determinação em fazer avançar (na América Latina) os valores da civilização americana”.
7) NOVA ALCA AINDA MAIS DRACONIANA – "o continente poderá ser o primeiro hemisfério completamente democrático, onde o comércio é livre e cruza todas as barreiras, onde o império da lei e o poder dos livres mercados contribuem para aprimorar a segurança”.
Vejamos o discurso de McCain segundo a matéria da BBC Brasil.com:
“G8 deveria incluir Brasil e Índia, e não Rússia, diz McCain”
“O senador John McCain, pré-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira que o G8 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) deveria incluir o Brasil e a Índia, mas excluir a Rússia.
A declaração do pré-candidato republicano fez parte de um discurso sobre política internacional realizado por McCain em Los Angeles, na sede californiana do instituto de pesquisas World Affairs Council.
De acordo com o senador, os Estados Unidos precisam lidar com os "perigos representados por uma Rússia revanchista".
Uma das maneiras de fazer isso, segundo McCain, seria "garantir que o G8, o grupo de oito nações altamente industrializadas, se torne novamente um clube das principais democracias de mercado: ele deveria incluir Brasil e Índia e excluir a Rússia".
O candidato republicano acrescentou ainda que "em vez de tolerar a chantagem nuclear da Rússia ou os seus 'cyberataques', as nações ocidentais deveriam deixar claro que a solidariedade da Otan, do Báltico ao Mar Negro, é indivisível e que as portas da organização permanecem abertas a todas as democracias comprometidas com a defesa da liberdade".
Novos líderes
McCain citou uma declaração do presidente americano Harry Truman sobre o papel de liderança exercido pelos Estados Unidos: "Deus nos criou e nos colocou na atual posição de poder e força por alguma grande razão".
O candidato afirmou que, no século 21, os Estados Unidos ainda devem seguir liderando, como no período de Truman.
Mas acrescentou que o conceito de liderança atualmente não é o mesmo do período posterior à Segunda Guerra Mundial, "quando a Europa e outras democracias ainda estavam se recuperando da devastação causada pela guerra, e os Estados Unidos eram a única superpotência democrática".
"Hoje, não estamos sozinhos", disse. "Existem poderosas vozes coletivas na União Européia, e existem as grandes nações da Índia e do Japão, da Austrália e do Brasil, da Coréia do Sul e da África do Sul, da Turquia e de Israel, para citar apenas algumas das democracias líderes."
América Latina
McCain voltou a citar outro presidente democrata dos Estados Unidos, desta vez John Kennedy, ao lembrar uma afirmação dele em relação à América Latina.
"Há quatro décadas e meia, John Kennedy descreveu o povo da América Latina como 'nossos fortes e antigos amigos, unidos pela história e pela experiência e por nossa determinação em fazer avançar os valores da civilização americana'."
O senador acrescentou que "com a globalização, o continente se tornou mais próximo, mais integrado e mais independente". "A América Latina atualmente é cada vez mais vital para o destino dos Estados Unidos", afirmou.
De acordo com McCain, "as relações com os vizinhos do sul devem ser regidas pelo respeito mútuo, não por um desejo imperial ou por demagogia antiamericana".
A declaração soou como uma referência ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, descrito por Washington como um líder com pretensões imperiais e adepto de uma política antiamericana.
O candidato republicano disse que "o continente" poderá ser o "primeiro hemisfério completamente democrático, onde o comércio é livre e cruza todas as barreiras, onde o império da lei e o poder dos livres mercados contribuem para aprimorar a segurança e a prosperidade de todos".
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