Dr. NICOLELIS ESCOLHE SANTOS-DUMONT COMO SÍMBOLO PARA O CAMPUS DO CÉREBRO
Este blog já discorreu sobre o magnífico trabalho do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Foi no artigo “Notícias boas sobre o Brasil? Leia na imprensa estrangeira!”, postado em 23 de janeiro último.
Recordo o artigo, com o trecho extraído do “blog do Azenha”:
"PROJETO PIONEIRO DO BRASIL É CELEBRADO NO MUNDO MAS RECEBIDO COM FRIEZA EM CASA
“O doutor Miguel Nicolelis não precisa de promoção. Nem de holofotes. Ele é um dos principais neurocientistas do mundo. Na semana passada o New York Times deu a ele meia página de jornal.
Como cientista da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, o mais recente feito de Nicolelis foi conseguir transmitir a energia do pensamento de um macaco de um laboratório nos Estados Unidos para o Japão, onde essa energia mexeu um braço robótico. Você leu direito. O doutor Nicolelis trabalha com a "força do pensamento".
(...) “Ele vai apresentar, no Fórum de Davos, na semana que vem (29 jan), o projeto de educação científica que está desenvolvendo com dinheiro da iniciativa privada e em parceria com o governo brasileiro. Um projeto que ele define como "Ciência com missão social".
O projeto-piloto, que já funciona no Rio Grande do Norte, nos próximos três anos pretende levar educação científica a 1 milhão de crianças de escolas públicas brasileiras, que terão acesso a laboratórios dos quais nem mesmo as escolas privadas do país dispõem.
O projeto foi celebrado na edição mais recente da revista Scientific American, inclusive com a publicação de um editorial assinado pelo doutor Nicolelis com o presidente Lula. O editor da revista revelou surpresa com o interesse de um presidente da República pelo assunto, já que esse tipo de projeto não existe nem mesmo nos Estados Unidos”.
Ontem, 23/03/2008, li no site da revista Carta Capital um artigo do Dr. Miguel Nicolelis datado de 3 de março. Ele informa porque a entrada principal do Campus do Cérebro do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), em Natal (RN), será coberta por uma escultura representando um 14-Bis do século XXI. Santos-Dumont, para o Dr Nicolelis é o exemplo para que as gerações futuras de brasileiros jamais esmoreçam em seus desejos de vôos impossíveis.
Vejamos o artigo do Dr. Nicolelis:
“OUSAR É PRECISO”“
Naquela tarde de ventos fortes de 19 de outubro de 1901, toda Paris parou para ver a realização daquilo que o mundo do início do século XX considerava a epítome do impossível. A bordo do seu dirigível Brasil VI, exatamente às duas e meia da tarde de um dia de outono que ficaria marcado para sempre na memória de milhões de pessoas mundo afora, o maior cientista brasileiro de todos os tempos, Alberto Santos-Dumont, decolou do Parque Saint Cloud em direção ao monumento mais imponente da capital francesa, a Torre Eiffel.
Carregando na mente o objetivo de contornar a torre e retornar ao ponto de partida em não mais de 30 minutos, Santos-Dumont deve ter se lembrado, por alguns segundos ao menos, dos meses de tentativas malsucedidas e acidentes, alguns quase fatais, que precederam aquela histórica decolagem.
Munido apenas de uma inesgotável dose de ousadia e um desejo insaciável de voar com e como os pássaros, esse filho de fazendeiro, nascido no interior de Minas Gerais, percorreu 11 infindáveis quilômetros para assombrar o mundo e ingressar no panteão dos heróis da humanidade como o ganhador do prêmio Deutsch de la Meurthe, a primeira grande honraria internacional da história da aviação.
Mas Santos-Dumont conquistou muito mais do que um prêmio ao voar ao lado dos pássaros franceses, que, meio atordoados, flutuavam nos céus de Paris sem entender bem o que se passava com aquela gente lá embaixo que, em delírio, insistia em atirar seus chapéus ao ar, cantando a ‘Marseillaise’.
Ao tocar as fronteiras do impossível e arrastá-las sem hesitação para o território do factível, do realizável, Santos-Dumont conquistou um lugar ímpar na saga da construção da nação brasileira, aquela que um dia ainda vai decidir honrá-lo com a devida pompa e circunstância que só um verdadeiro herói nacional merece receber. Pois Santos-Dumont, ao contornar a Torre Eiffel, realizou algo muito pouco comum na história do nosso País.
Ele cumpriu a palavra empenhada.
Sem nuanças, sem meio-termo, sem deixar dúvida alguma do resultado final. Santos-Dumont não se conformou só em prometer que iria voar. Ele sabia que o sonho prometido e não realizado não condena apenas o seu sonhador, mas fornece munição preciosa àqueles que há muito renunciaram aos seus próprios sonhos e, como tal, não podem permitir que outros voem.
Assim, Santos-Dumont também decolou naquela tarde parisiense para permitir que gerações futuras de brasileiros jamais esmorecessem em seus desejos de um dia realizarem seus vôos impossíveis, sejam eles quais forem.
Por essa razão, a entrada principal do Campus do Cérebro do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), a ser construído na pequena cidade de Macaíba, na periferia da capital do Rio Grande do Norte, será coberta por uma maravilhosa escultura, representando um 14-Bis do século XXI. Todas as manhãs, milhares de crianças passarão debaixo dessa escultura a caminho da Escola Lygia Maria Laporta do IINN-ELS.
A esperança de todos os envolvidos nesse projeto é que, ao cruzarem a sombra desse grande pássaro brasileiro, esculpido em metal, plástico e história, todas essas crianças, dia após dia, construam seus sonhos impossíveis e imaginem como será o grandioso momento em que, finalmente, eles também poderão voar, livres como pássaros, rumo ao desconhecido e maravilhoso mundo da realização humana plena. Como Santos-Dumont, nosso exército de sonhadores, que já conta com mil voluntários, vai carregar consigo olhos brilhantes, cheios de ousadia e vontade de contribuir para o futuro do País.
Na semana do passamento da dívida externa brasileira, aquela mesma que durante tanto tempo soterrou os sonhos de toda uma geração de brasileiros, está na hora de olhar para o céu e começar a planejar a decolagem que vai fazer com que filhos e filhas do Brasil voltem a voar e assombrar todo o mundo.
Não há mais tempo a perder. Ousar é preciso.
O Cruzeiro do Sul, que jamais teve o privilégio de ver Santos-Dumont voar, espera ansioso pela visita de cada um de nós.”
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