No último domingo, iniciei esta série “Recortes”.
Ela começou porque encontrei uma pasta com recortes e anotações que eu fazia desde a década de 80, até há poucos anos. Ela estava perdida após uma reforma no meu apartamento. Quando lia algo interessante, recortava ou registrava um resumo e guardava sem nenhum outro objetivo em mente, a não ser algum dia relembrar. Muitas vezes, não tive a preocupação de anotar a fonte.
De vez em quando, vou transcrever neste blog um ou outro recorte.
Inaugurei a série em 18 de maio com o artigo: “O que acontece quando uma potência militar dá um calote global?”
Hoje, escolhi outro registro.
RECORTES – 2: “O IMPERIALISMO DA RAZÃO NEOLIBERAL”
Do livro com esse título, de Pierre Bourdieu, do College de France, e de Löic Wacquant, da Universidade de Berkeley, publicado em 2004, foram extraídas as seguintes palavras utilizadas capciosa e intencionalmente como chavões, estereótipos, com o fim de enaltecer o “mercado” e de depreciar o “Estado” nos países periféricos:
MERCADO---------------------------ESTADO
Liberdade---------------------------coerção
Aberto------------------------------fechado
Flexível-----------------------------rígido
Dinâmico----------------------------imóvel
Móvel-------------------------------paralisado
Futuro------------------------------passado
Novidade---------------------------ultrapassado
Crescimento------------------------imobilismo
Indivíduo---------------------------grupo
Individualismo-----------------------coletivismo
Diversidade-------------------------uniformidade
Autenticidade-----------------------artificialidade
Democrático------------------------autocrático
Democrático------------------------totalitário
Essas palavras representam, sinteticamente, a doutrinação que a grande mídia utilizou para desencadear em todo o mundo as mudanças em prol do neoliberalismo, especialmente na década de 90. A mídia não resolveu agir assim por conta própria. Ela foi um eficaz instrumento dos gigantescos interesses internacionais.
Tudo em prol da maior facilidade de os países ricos, industrializados e fortes militarmente imporem suas vontades, venderem mais facilmente seus produtos de alto valor agregado e de comprarem com baixos custos as matérias-primas e 'commodities' nos demais países.
No Brasil, vivíamos o período PSDB/FHC/PFL-DEM e fomos vítimas fáceis daquela estratégia conduzida em benefício das grandes potências pelo próprio governo brasileiro, com o total apoio da grande imprensa.
As eufemias e camuflagens disfarçavam os verdadeiros objetivos. Expressões muito divulgadas como positivas eram:
“Estado mínimo”; “globalização”; “modernidade”; “avanço”; “livre mercado”; “queda de barreiras tarifárias”; “fronteiras abertas para produtos estrangeiros”; “a sadia livre competição com produtos importados”; “Forças Armadas para quê?”; “enxugar, reduzir, nossas Forças Armadas, redirecionando-as para o combate ao narcotráfico e aos crimes ambientais”; “passagem do patrimônio nacional, de estatais mais rentáveis, para estrangeiros melhores condutores do negócio, deixando o Estado mais leve”; e muitos outros chavões bonitos e venenosos.
Até hoje, percebe-se diariamente o forte e capcioso uso daqueles clichês, no acirrado esforço que a nossa grande imprensa escrita e televisiva tem desenvolvido para o retorno daqueles partidos ao poder.
Os grandes grupos de comunicação do país são os principais intrumentos utilizados para promover a volta da atual oposição ao governo. Isso porque a gestão PSDB/PFL/FHC foi muito eficiente na defesa dos grandes interesses econômicos, financeiros e geopolíticos do mundo. Aquele governo agiu assim por ideologia e por fraqueza decorrente das nossas vulnerabilidades.
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