O IPEA divulgou ontem resultados de sua pesquisa sobre desigualdades no Brasil. Deu no que todos nós já sabemos: os ricos não pagam, ou pagam menos impostos do que os pobres.
Em diversas postagens este blog já tocou nesse assunto.
Quando da "vitoriosa" campanha do PSDB e DEM-PFL para a extinção da CPMF em dezembro último, comentamos que aquele imposto era o único que os ricos não estavam conseguindo sonegar. Além disso, ela dava para a Receita Federal maior visibilidade para as grandes movimentações financeiras. Segundo a Receita, cerca de 65% dos grandes movimentadores de dinheiro do país declaravam-se isentos, pobres, e somente foram descobertos graças aos mecanismos da CPMF.
O PSDB e DEM-PFL, que representam essas "elites" mais privilegiadas e os grandes interesses econômicos internos e externos, conseguiram derrubar a CPMF.
O senador Arthur Virgílio, líder da PSDB no senado, no dia seguinte à aquela "vitória", foi tão cumprimentado por dezenas de freqüentadores de um restaurante chique de Brasília que resolveu naquele dia lançar sua candidatura a Presidente da República em 2010. A revista direitista "Veja" daquela semana dedicou extensas e elogiosas páginas a Arthur Virgílio. Era o herói da vez dos ricos. Ainda nos gozavam sarcástica e cinicamente, dizendo que fizeram aquilo em prol dos pobres do Brasil.
Sobre os resultados do IPEA divulgados ontem, o blog "De um sem mídia", de Carlos Dória, já postou hoje um bom artigo, que transcrevo:
PESQUISA - ESCÂNDALO É ISSO
"A nossa oposição fica inventando "factóides" com o objetivo de desestabilizar o governo Lula e se esquece de que o Brasil é um dos países campeões da desigualdade.
Escândalo é 10% da população brasileira se apropriar de 75,4% da riqueza do país e os pobres pagarem até 44,5% mais impostos que as classes mais abastadas."
IPEA: 10% DOS MAIS RICOS DETÊM 75% DA RIQUEZA
"O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elaborou um levantamento que aponta as desigualdades no Brasil. Um dos dados mostra que os 10% mais ricos concentram 75,4% da riqueza do país.
Os dados serão apresentados pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, nesta quinta-feira ao CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) (http://www.cdes.gov.br/) .
O objetivo, segundo ele, é oferecer elementos para a discussão da reforma tributária. Para Pochmann, a injustiça do sistema tributário é uma das responsáveis pelas diferenças. "O dado mostra que o Brasil, a despeito das mudanças políticas, continua sem alterações nas desigualdades estruturais. O rico continua pagando pouco imposto", afirmou.
Ainda segundo a pesquisa, a concentração é maior em três capitais brasileiras. A concentração é maior em São Paulo, onde 10% detém 73,4% de toda a riqueza. Esse número cai em Salvador, para 67% e, no Rio, para 62,9%.
Segundo Pochmann, um dos principais responsáveis pela distorção é o sistema tributário em vigor. Na história brasileira, segundo Pochmann, pouco mudou desde o século 18, quando os 10% mais ricos concentravam 68% da riqueza no Rio de Janeiro, capital do país. Este é o único dado disponível no Instituto, anterior à atual pesquisa.
"Mesmo com as mudanças no regime político e no padrão de desenvolvimento, a riqueza permanece pessimamente distribuída entre os brasileiros. É um absurdo uma concentração assim", disse.
Na contramão do equilíbrio fiscal pretendido por qualquer nação civilizada, no Brasil os pobres chegam a pagar 44,5% a mais de impostos do que os ricos, conforme mostra a pesquisa a ser apresentada ao CDES.
O economista sugere que os ricos tenham uma tributação exclusiva, para conter esse regime de desigualdade, por meio de uma reforma tributária que calcule a contribuição de cada brasileiro conforme sua classe social.
A pesquisa do Ipea também mostra um dado inédito. A carga tributária do país, excluindo as transferências de renda e pagamento de juros, cai a 12%, considerada por Pochmann insuficiente para que o Estado cumpra as suas funções."
Maria Tereza, tudo bem? Espero que sim. Como deve ter percebido venho regularmente ver o blog Democracia & Política.
ResponderExcluirEstou aguardando o Emir Sader escrever a segunda parte do artigo dele, na qual vc pediu para lhe avisar assim que eu tiver acesso. Até o momento ele não o fez, ainda. Mas assim que estiver lá, no site da Agência Carta Maior, eu lhe dou um toque, sim?! Abraços
Prezado Yoham,
ResponderExcluirObrigado pela visita e pela gentileza da informação.
Também visito o seu blog "Pimentus Ardidus" diariamente, até mais de uma vez. Vale a pena.
Abraço
Maria Tereza
Maria Tereza, obrigado por ter corrigido meu português.Tem hora que eu assassino a linguagem. Quanto ao seu blog,dispensa comentários. Contém sempre temas relevantes e não tem baixarias. À propósito, obrigada pelo seu apoio quando fui atacado gratuitamente. Abç Carlos Dória
ResponderExcluirPrezado Carlos Dória,
ResponderExcluirQuem sou eu para corrigir português! É muito difícil! Quem diz que sabe, erra! Acerto aqui e erro ali. Penso que corrijo, mas introduzo erro. Não repare e desculpe-me. Sou eu quem admira o seu blog. Visito-o sempre, mais de uma vez ao dia. Os temas escolhidos são de muita relevância. Parabéns. Nossos blogs nasceram na mesma época. O meu fez 4 meses.
Continue na luta pois está muito bom e contribui para a melhor informação dos leitores.
Obrigado
Maria Tereza