O Financial Times (FT) é um jornal internacional de negócios com sede na Inglaterra. Hoje, com o título acima e texto de Jude Webber e tradução de George El Khouri Andolfato, ele publicou o artigo (que li no UOL) a seguir transcrito (parcialmente), sobre a preocupante elevação da dívida externa argentina:
“Os níveis da dívida da Argentina estão maiores do que quando o país deu o maior calote de dívida soberana na história, em 2001, e um agravamento da crise de confiança no governo traz o fantasma de um novo calote, diz um relatório que será divulgado na próxima semana.
Apesar de uma reestruturação radical há apenas três anos, a dívida pública atingiu US$ 114,7 bilhões, ou 56% do produto interno bruto, em comparação a US$ 144,2 bilhões, ou 54% do PIB, em 2001 -em uma época em que a economia da Argentina era muito maior- segundo o relatório.
Os economistas Martín Krause e Aldo Abram, diretores do Centro de Investigações de Instituições e Mercados da Argentina da escola de administração Eseade, também apontaram que, se o valor devido aos portadores de títulos que não aceitaram a reestruturação de 2005, e estão processando para recuperar seu dinheiro, for incluído, a dívida geral da Argentina sobe para US$ 170 bilhões, ou 67% do PIB.
"Nós não estamos nos equilibrando à beira do calote, mas se continuarmos neste caminho, com este nível de conflito (social), nós poderemos chegar lá", disse Abram ao "FT".
Muitos países desenvolvidos como a Itália e o Japão têm proporções maiores de dívida em relação ao PIB, mas os custos mais altos de empréstimo da Argentina e retrospecto institucional instável dificultam para ela obter crédito.
"A preocupação não é a quantia, mas sim não termos acesso ao crédito", disse Abram.
(...) o governo deve encontrar neste ano um total de US$ 14,6 bilhões para o serviço da dívida, mais US$ 11,8 bilhões no próximo ano e US$ 10,5 bilhões em 2010.
Mas a ameaça de ação legal pelos portadores de títulos impede o acesso da Argentina aos mercados de capital internacionais, assim como também permanece inadimplente junto ao Clube de Paris de países credores, para o qual deve US$ 6,6 bilhões.
Como resultado, a Argentina cada vez mais tem recorrido ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que comprou US$ 6,4 bilhões em títulos nos últimos três anos. Mas o isolamento financeiro internacional é caro -a Argentina teve que pagar à Venezuela taxas de juros de até 13%, mas cancelou sua dívida de baixo custo junto ao Fundo Monetário Internacional e a dívida junto ao Clube de Paris custa apenas 5,3%, disse Krause.
Em comparação, o Brasil, que tinha um perfil de dívida muito pior que o da Argentina em 2001, recentemente obteve grau de investimento e vendeu um título de 10 anos a 5,3%."
Nenhum comentário:
Postar um comentário