sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"DANTAS LIDERA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA"

“O GRUPO OPPORTUNITY CRESCEU NOS ANOS 90 [FHC/PSDB], QUANDO CRIOU FUNDOS PARA COMPRAR EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES, NO PROCESSO DAS PRIVATIZAÇÕES”

É o que diz o relatório do delegado Ricardo Saadi, que assumiu o inquérito contra Daniel Dantas e o Grupo Opportunity, depois da saída do coordenador da Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz.

“O Ministério Público Federal prepara mais uma denúncia contra os principais investigados na Operação Satiagraha baseada num relatório novo da Polícia Federal.

O delegado que assumiu o inquérito vê indícios de crimes financeiros e de formação de quadrilha. É o que mostra esta reportagem exclusiva de César Tralli.

O relatório é assinado pelo delegado Ricardo Saadi, diretor de combate a crimes financeiros da Polícia Federal, em São Paulo. Ele assumiu o inquérito contra Daniel Dantas e o Grupo Opportunity, depois da saída do coordenador da Operação Satiagraha, delegado Protógenes Queiroz.

Sob novo comando, a investigação se concentrou em documentos apreendidos no dia da operação e em depoimentos de testemunhas. No relatório, o delegado Saadi afirma: “Depois do que foi analisado, pudemos constatar que Daniel Valente Dantas lidera uma organização criminosa”.

O novo delegado atribui ao banqueiro Daniel Dantas os crimes de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. No relatório, Ricardo Saadi diz que precisa de mais tempo para terminar o inquérito.

Ainda falta analisar informações do grupo que foram recolhidas de computadores e estão protegidas por senhas. No relatório, o delegado diz que o Grupo Opportunity cresceu nos anos 90, quando criou fundos para comprar empresas de telecomunicações, no processo das privatizações.

“Durante a gestão das empresas arrematadas, houve desvio de recursos das companhias”, o delegado escreveu. E ele diz também: “Parte dos recursos da gestão fraudulenta foi lavada através da compra de fazendas e de gado e também por meio de terrenos para a exploração de minério”.

Um dos fundos do grupo, o Opportunity Fund, está registrado nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal no Caribe. De acordo com o delegado, a existência de clientes brasileiros nesse fundo seria completamente irregular. O fato, segundo ele, foi comprovado por diversas fontes, inclusive doleiros.

“Esses doleiros confirmaram que brasileiros residentes no Brasil enviaram recursos para o exterior e isso era proibido à época. Na verdade, portanto, essas pessoas confirmaram a prática do crime de evasão de divisas”, afirmou o procurador da República Rodrigo de Grandis.

Em outro trecho, o novo coordenador da investigação, o delegado Ricardo Saadi, escreve: “A organização criminosa liderada por Daniel Dantas usa corrupção e intimidação para alcançar seus objetivos”.

Entre os exemplos, cita o que chama de tentativa de corromper um delegado federal. Parte da negociação de US$ 1 milhão foi gravada num restaurante.

Ricardo Saadi também diz que pessoas influentes servem à organização de Dantas: um dos nomes destacados por ele foi o do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal pelo do PT.

Os chamados lobistas, segundo o relatório, tinham como função principal obter informações de interesse do grupo e fazer contatos com pessoas importantes, inclusive políticos e integrantes do governo.

O advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, nega todas as acusações e diz que a investigação contra o Opportunity está comprometida.

“Tudo o que de errado foi feito pelo Dr. Protógenes se estende no tempo e se irradia pela causa. O Dr. Saadi, por mais bem intencionado que ele seja, não pode inventar os fatos. O que eu vi no relatório dele foi uma conclusão aligeirada, sem profundidade nenhuma e eu demonstrarei, no momento oportuno, todas as equivocidades, todos os vazios, todas as inconsistências, todas as incongruências destas novas meias verdades que se propalam, tentando transformá-las em verdades plenas”.

O advogado de Protógenes Queiroz afirmou que toda a investigação feita pelo delegado se baseou na lei. O ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh disse que, no momento oportuno, vai contestar a inclusão do nome dele no relatório da polícia.”

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