sexta-feira, 21 de novembro de 2008

RENDA DOS NEGROS DEVE SE IGUALAR À DOS BRANCOS ATÉ 2029

Li ontem no blog do Noblat:

Renda de negros deve se igualar à de brancos em 2029, indica Ipea

“Brasília - A desigualdade racial - medida pela razão de renda de brancos e negros - está caindo no Brasil e pode acabar até 2029, se for mantido o atual ritmo de melhora. É o que mostra a publicação Desigualdades raciais, racismo e políticas públicas 120 anos após a abolição, divulgada nesta quinta-feira, Feriado de Zumbi, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"É possível que isso não seja conseqüência da redução nas práticas discriminatórias e, sim, do fato de negros serem maioria entre os beneficiários do Programa Bolsa Família"

Os dados indicam que a queda na diferença da renda das populações negras e brancas foi de 25% entre 2001 e 2007. Entretanto, grande parte deste avanço se deve às políticas sociais do governo, como a distribuição do Bolsa Família, e não à redução de práticas descriminatórias no mercado de trabalho, segundo o estudo.

A pesquisa mostra que, após oscilar durante 12 anos em torno de 2,4, o indicador da desigualdade racial começou a cair após 2001. Em 2007, a razão chegou a ser de 2,06.

A população branca, de acordo com o Ipea, ainda vive no país com pouco mais que o dobro da renda disponível, em média, para a população negra - mas a tendência recente é a diminuição dessa diferença.

Entretanto, ao considerar que o valor ideal para esse indicador seja igual a 1, ainda faltam 3/4 da diferença a serem reduzidos. Assim, se o ritmo continuar o mesmo, haverá igualdade na renda domiciliar de brancos e negros apenas em 2029.

- A pergunta natural é se a redução da desigualdade racial é mera conseqüência da redução da desigualdade geral de renda. É possível que isso não seja conseqüência da redução nas práticas discriminatórias e, sim, do fato de negros serem maioria entre os beneficiários do Programa Bolsa Família, dos benefícios previdenciários indexados ao salário mínimo e do Benefício de Prestação Continuada, bem como de outros mecanismos de redução da desigualdade geral - diz o Ipea.

A publicação destaca que não se deve subestimar a importância da redução da desigualdade racial para a vida de indivíduos negros no país. Por serem maioria da população na fatia inferior da distribuição de renda, a conclusão do Ipea é que qualquer política leva a melhorias absolutas ou relativas para os 50% mais pobres.

O instituto destaca que, apesar dos avanços registrados, não houve alteração no quadro de oportunidades no mercado de trabalho - principal fonte de renda e de mobilidade social ascendente.

De acordo com a pesquisa, a situação da população negra no Brasil continua bastante vulnerável e a dependência de ações do governo mostra a inexistência de mecanismos sociais, institucionais e legais que alterem o cenário de desigualdade.”

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