O jornal “Estado de Minas” ontem publicou a seguinte reportagem de Paola Carvalho:
“A indústria bélica brasileira já esteve entre as 10 maiores, mas passou por paralisia nos últimos 20 anos.
PLANO DE RECUPERAÇÃO PREVÊ MAIS CAPITAL E DESONERAÇÃO DE IMPOSTOS
O Brasil pode estar longe de se tornar uma potência quando o assunto é indústria bélica. Em 2009, contudo, vai dar largo passo rumo aos maiores mercados mundiais. A Estratégia Nacional de Defesa, primeiro documento de Estado que estabelece diretrizes para o setor, prevê desoneração tributária, regulamentação para exportação e linha de crédito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ao mesmo tempo, o plano exige injeção de recursos. No primeiro ano de implementação, o orçamento das Forças Armadas Brasileiras (FAB) para custeio e investimento vai saltar de R$ 1 bilhão para R$ 4 bilhões, segundo o general José Elito, secretário de Ensino, Logística, Mobilização, Ciência e Tecnologia do Ministério da Defesa.
A indústria militar brasileira já esteve entre as 10 maiores do planeta, mas praticamente estagnou-se a partir da década de 1990, uma vez que a nova república via o setor como de guerra, e não de defesa.
O vice-presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Material de Defesa (Abimde), Carlos Afonso Gambôa, explicou que, nesses 20 anos de “paralisia”, o Brasil conseguiu, mesmo assim, estabelecer relações comerciais externas e produzir equipamentos de destaque.
A falida Engesa exportava caminhões e blindados para Ásia e África. O tanque batizado de Osório comparava-se tecnologicamente aos mais avançados da época. A Avibras, uma das maiores fabricantes de armamentos do país, exportava baterias de foguetes, até hoje entre as melhores do gênero, para o Oriente Médio. Já como resultado da nova estratégia, na última semana, a 7ª Vara Cível de São José dos Campos concedeu a recuperação judicial, que tornou o governo acionista da empresa. A recuperação foi considerada pelo ministro Nelson Jobim uma prioridade dentro da estratégia de reerguer a indústria bélica.
A Embraer se mantém sólida graças ao mercado de aviões comerciais e executivos, que permitiu o desenvolvimento de aeronaves de vigilância do espaço aéreo e de treinamento capaz de missões antiguerrilha, o Super Tucano, que participa de concorrência no Iraque depois de ser exportado para Colômbia e Equador. O mais ambicioso projeto militar, contudo, o jato de transporte médio C-390, foi aperfeiçoado e vai disputar um mercado de 700 aviões da classe nos próximos anos – um mercado de US$ 13 bilhões.
Outro resultado é o acordo assinado entre o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo qual a França vai produzir com o Brasil 50 helicópteros para uso da FAB, por meio da Helibrás, em Itajubá (Sul de Minas), onde pode ser erguido um novo polo bélico no país. Também ficou acertada a fabricação de cinco submarinos, quatro convencionais e um de propulsão nuclear – objetivo perseguido pelo país desde 1979, quando a Marinha iniciou um programa atômico paralelo para proteger águas territoriais e plataformas de exploração de petróleo. Está prevista ainda a construção de um estaleiro e uma base naval para apoio. A soma dos investimentos gira em torno de 9 bilhões de euros.
“Os franceses vão fazer transferência de tecnologia. Um dos objetivos da Estratégia é justamente o de tornar o Brasil menos dependente da compra de equipamentos militares de outros países”, destaca o diretor do Departamento de Defesa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Jairo Cândido.”
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