Li hoje no blog “De um sem mídia”, de Carlos Dória:
“E agora descobriu-se que sua filha é funcionária do Senado. Quem escreveu a matéria abaixo não pode ser acusada de petista.
A entrevista abaixo, da coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, é emblemática do país em que vivemos. Pois em que outro lugar do mundo a filha de um ex-presidente da República "trabalha" para um senador, não sabe se recebeu ou não o salário de janeiro, e só aparece de vez em quando no gabinete?
Ninguém aqui está dizendo que Luciana Cardoso é safada ou mau caráter, muito menos absenteísta. O que espanta mesmo é a falta de senso político da filha de Fernando Henrique: estava na cara que uma hora a imprensa ia descobrir o fato e fazer um carnaval em cima da questão, ainda mais sendo o senador-empregador o impoluto Heráclito Fortes (DEM-PI). Será que não dava para Luciana ganhar a vida na iniciativa privada ou pelo menos na estrutura partidária do PSDB? Como dizem os muito mais novos, essa gente é "sem noção"...
LUCIANA CARDOSO
"O SENADO É UMA BAGUNÇA"
Funcionária do Senado para cuidar "dos arquivos" do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Luciana Cardoso, filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, diz que prefere trabalhar em casa já que o Senado "é uma bagunça". A coluna telefonou por três dias para o gabinete, mas não a encontrou. Na última tentativa, anteontem, a ligação foi transferida para a casa de Luciana, que ocupa o cargo de secretária parlamentar. Abaixo, um resumo da conversa:
FOLHA - Quais são suas atribuições no Senado?
LUCIANA CARDOSO - Eu cuido de umas coisas pessoais do senador. Coisas de campanha, organizar tudo para ele.
FOLHA - Em 2006, você estava organizando os arquivos dele.
LUCIANA - É, então, faz parte dessas coisas. Esse projeto não termina nunca. Enquanto uma pessoa dessa é política, é política. O arquivo é inacabável. É um serviço que eternamente continuará, a não ser que eu saia de lá.
FOLHA - Recebeu horas extras em janeiro, durante o recesso?
LUCIANA - Não sei te dizer se eu recebi em janeiro, se não recebi em janeiro. Normalmente, quando o gabinete recebe, eu recebo. Acho que o gabinete recebeu. Se o senador mandar, devolvo [o dinheiro]. Quem manda pra mim é o senador.
FOLHA - E qual é o seu salário?
LUCIANA - Salário de secretária parlamentar, amor! Descobre aí. Sou uma pessoa como todo mundo. Por acaso, sou filha do meu pai, não é? Talvez só tenha o sobrenome errado.
FOLHA - Cumpre horário?
LUCIANA - Trabalho mais em casa, na casa do senador. Como faço coisas particulares e aquele Senado é uma bagunça e o gabinete é mínimo, eu vou lá de vez em quando. Você já entrou no gabinete do senador? Cabe não, meu filho! É um trem mínimo e a bagunça, eterna. Trabalham lá milhões de pessoas. Mas se o senador ligar agora e falar "vem aqui", eu vou lá.
FOLHA - E o que ele te pediu nesta semana?
LUCIANA - "Cê" não acha que eu vou te contar o que eu tô fazendo pro senador! Pensa bem, que eu não nasci ontem! Preste bem atenção: se eu estou te dizendo que são coisas particulares, que eu nem faço lá porque não é pra ficar na boca de todo mundo, eu vou te contar?”
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