Li ontem no jornal Folha de São Paulo o seguinte texto de Clóvis Rossi, enviado pelo jornal a Port of Spain:
“Vinicius Torres Freire reproduziu domingo o que chamou de "coletânea de palpites de luminares da economia sobre os vaga-lumes no fim do túnel". E ressaltou: "Falta luz e sobra metáfora no fim da picada das explicações de economistas sobre o atual estado da Grande Recessão".
Poderia agregar, sem metáforas: ninguém realmente sabe o que vai acontecer nos próximos meses, o que leva a que cada luminar dê um palpite que pode ser o completo oposto do palpite do iluminado seguinte (ou anterior). Nem chega a ser uma grande novidade. Como dizia John K. Galbraith, um iluminado que virou lenda, a única função das predições econômicas "é a de fazer com que a astrologia pareça respeitável".
O pior é que nós, jornalistas, continuamos a reproduzir os palpites sem qualquer qualificação a respeito do autor. Não explicamos ao leitor que o palpiteiro xis errou nove de dez palpites (ou dez em dez), que o palpiteiro y acertou oito em dez (não conheço nenhum que tenha acertado dez em dez) ou que o palpiteiro w trabalha para um banco de investimentos que tem interesse em que o palpite dele se transforme em realidade.
Por isso, prefiro a cautela da mais recente análise do Iedi (Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial) à arrogância habitual em muito economista. Diz apenas: "Todo o cuidado é pouco com interpretações pretensamente definitivas em um contexto de crise econômica, porque estas costumam alternar momentos melhores e piores. Isso é particularmente verdadeiro se a crise tem matriz global e, no plano das economias centrais, é de gravidade comparável à da grande crise de 1929".
Sobre o Brasil: "A economia brasileira vivencia um momento em que se avolumam sinais de melhora, sem que, inequivocamente, se possa falar em recuperação". Não é luz, mas não é chute.”
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