O Jornal do Brasil de ontem publicou o seguinte artigo de Frederico Fleury Curado, Diretor-Presidente da EMBRAER:
"O mundo experimentou grande progresso econômico após o término da Segunda Grande Guerra, e buscou desenvolver mecanismos que regulassem e fomentassem as relações comerciais entre os países, objetivando uma melhoria geral de suas economias e do bem estar de seus povos.
O Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), criado em 1947, foi o primeiro passo concreto nesse sentido, culminando com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1994. Os bons resultados dessas iniciativas são visíveis, mas também é certo que ainda estamos longe dos ideais de livre concorrência, do justo equilíbrio entre as nações e de uma visão global mais assertiva no sentido da erradicação da pobreza e miséria que ainda assolam a humanidade.
No momento em que uma crise sem precedentes atinge um mundo já em avançado estágio de globalização, é fundamental que não prosperem medidas de protecionismo, sob pena de se criar uma reação negativa em cadeia e de se cair na armadilha de um grande retrocesso nas conquistas obtidas nessas últimas décadas.
Essas questões têm grandes implicações para empresas transnacionais, como é o caso da EMBRAER, no Brasil. Líder absoluta de exportações de produtos manufaturados no país, a empresa obtém mais de 90% de suas receitas no exterior e tem concorrentes baseados na Europa, Estados Unidos e Canadá. Potenciais novos entrantes nesse mercado altamente sofisticado e competitivo são empresas da Rússia, Japão, China e Índia.
Todos esses países têm em comum o claro entendimento da importância do papel das empresas no desenvolvimento de suas sociedades e a franca adoção de mecanismos de suporte a essas empresas. O governo brasileiro também tem agido positivamente nesse sentido, utilizando os diversos instrumentos de que dispõe para incentivar suas empresas e fazendo-o de forma compatível com as regras da OMC, como disponibilidade de crédito de exportação em condições de mercado, incentivos a atividades de inovação tecnológica, pesquisa e desenvolvimento, e prioridade em compras governamentais, dentre outros.
No entanto, é preciso abandonar visões ultrapassadas, ainda presentes em alguns segmentos da sociedade brasileira, de que tais suportes representam algum tipo de favorecimento ou relação incestuosa entre Estado e empresas. Ao contrário, eles potencializam, de forma transparente e eficiente, o ciclo virtuoso de investimentos e de geração de riqueza para o país.
Convém sempre lembrar que o resultado das empresas não se reverte apenas para seus acionistas, mas para a sociedade em geral, sob a forma de impostos, de criação de empregos cada vez mais qualificados e bem remunerados, da prática crescente de partilha dos lucros com os empregados, do desenvolvimento e difusão de novas tecnologias e das ações sociais voluntárias. Soma-se a isso o fato de que, por meio do mercado de capitais, milhões de cidadãos tornaram-se acionistas das empresas brasileiras nos últimos anos, catalisando o processo de distribuição da riqueza gerada em nossa economia.
O Brasil tem um papel cada vez mais relevante a desempenhar no cenário geopolítico internacional e, para tal, precisa continuar se desenvolvendo e aprimorando, tanto do ponto de vista das instituições do Estado, quanto de gestão empresarial. Um país se faz forte também pela força de suas empresas e essa sinergia, em bases éticas, transparentes, objetivas e de eficiência, deve nortear nossas visões e ações voltadas para o futuro de nossa nação.”
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