O jornal Valor Econômico ontem publicou a seguinte reportagem de Virgínia Silveira:
“O desenvolvimento do helicóptero EC-725, recém adquirido pelas Forças Armadas brasileiras, envolverá a participação inicial de 12 empresas brasileiras, que serão as fornecedoras principais do projeto. Segundo o diretor-presidente da Helibrás, Jean Noël Hardy, dois terços dessas empresas estão instaladas no pólo aeroespacial de São José dos Campos (SP).
As empresas brasileiras capacitadas neste programa, de acordo com o executivo da Helibrás, também poderão exportar seus produtos para outros helicópteros fabricados pela Eurocopter, tornando-se uma fonte de suprimento da linha de montagem do grupo em âmbito mundial. Entre as empresas já confirmadas como fornecedoras estão a Turbomeca (motores), Aeroeletrônica (aviônicos) e a Mectron Engenharia (manutenção de radares).
O presidente da Helibrás disse que as caixas de transmissão, painel de bordo e a parte estrutural do helicóptero também serão fabricados no Brasil. "O contrato de compra dos helicópteros pelo governo brasileiro não é pura aquisição, mas envolve compromissos de nacionalização e posiciona o Brasil como player mundial na área de manutenção, revisão, produção de componentes e modernização", ressaltou.
A Helibrás, segundo Hardy, ficará ainda responsável por todo o processo de treinamento de pessoal, ferramentas, atualização de documentos e banco de provas. A Marinha, a aeronáutica e o Exército brasileiro receberão cada um, 16 unidades do helicóptero.
No evento de assinatura do contrato com a multinacional europeia Eurocopter, em dezembro de 2008, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que esse acordo poderá "transformar o Brasil na base de um grande mercado internacional para a construção de helicópteros".
A possibilidade de fornecer componentes para os helicópteros EC-725 também deverá reduzir o impacto negativo que as demissões em massa na Embraer, em fevereiro deste ano, causou nas empresas do setor aeroespacial brasileiro. A redução das encomendas feitas pela Embraer provocou uma queda de 40% na produção do setor, que também foi obrigado a demitir 30% da sua mão de obra, estimada em 5 mil funcionários. O setor aeronáutico brasileiro engloba 69 empresas, das quais 40 estão sediadas em São José dos Campos.
Com o projeto do helicóptero para as Forças Armadas, a Helibrás terá que duplicar o número de funcionários em sua fábrica de Itajubá (MG). Atualmente, a empresa conta com 307 empregados. O contrato de compra de 50 helicópteros da francesa Eurocopter, que detém 70% de participação societária na Helibrás, prevê ainda a instalação de uma linha de montagem final e a realização dos ensaios em solo e em voo dos helicópteros no Brasil.
Os helicópteros, segundo o executivo, serão produzidos gradativamente no Brasil até atingirem um índice de 50% de conteúdo nacional, num prazo de seis anos. A manutenção e o reparo dos componentes mais críticos, como motores, trem de pouso, aviônicos e caixas de transmissão também serão feitos no Brasil.
O investimento da empresa no desenvolvimento e industrialização dos helicópteros EC-725 no Brasil estão estimados de US$ 350 milhões a US$ 400 milhões. O contrato de produção dos helicópteros, avaliado em 1,89 bilhão de euros, o correspondente a R$ 5,9 bilhões, foi assinado pelo governo brasileiro em dezembro do ano passado. As primeiras entregas estão previstas para 2010.
O modelo EC-725 é a versão mais recente da família Cougar. Até o fim de 2008, segundo a Helibrás, 60 unidades dos modelos EC-725 (versão militar) e EC-225 (versão civil) estavam em operação no mundo. Bimotor médio, da categoria de 11 toneladas, o EC-725 está equipado com rotor de cinco pás e possui uma autonomia de cinco horas e meia de voo. Foi concebido para desempenhar múltiplas missões, tais como SAR (sigla em inglês para busca e salvamento), de combate, transporte tático de longa distância, transporte aeromédico, apoio logístico e missões navais.
Durante a LAAD (feira da área de defesa), a Helibrás anunciou o desenvolvimento conjunto com a Eurocopter, de um simulador de voo do EC-725, que será instalado em alguma base militar no Estado do Rio. A empresa ainda não definiu o local exato onde ficará baseado o novo simulador. O valor do simulador, segundo a Helibrás, está incluído no investimento de 150 a 200 milhões de euros que será aplicado no projeto do helicóptero.
Única fabricante brasileira de helicópteros, a Helibrás faturou US$ 112,1 milhões em 2008, o que representou um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. No período de janeiro a dezembro de 2008, a empresa entregou um total de 26 helicópteros e negociou outros 28 novos, fechando sua carteira de pedidos em US$ 208,4 milhões.”
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