Li hoje no site “Vermelho” o seguinte texto obtido na fonte “Em Questão”:
"Ao contrário de outros momentos de retração da economia mundial, o Brasil continua a reduzir a pobreza durante a atual crise financeira. Segundo estudo do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, políticas públicas têm impedido que os mais pobres sofram primeiro o impacto de um menor crescimento da economia.
A elevação do valor real do salário mínimo e a existência de uma rede de garantia de renda aos pobres contribuem decisivamente para que a base da pirâmide social não seja a mais atingida. A análise se baseia em informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feita nas seis principais regiões metropolitanas do País: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Desde a crise da dívida externa (1981-83), o Brasil não mais tinha registrado um período tão longo de expansão dos investimentos como o verificado nos últimos cinco anos. Entre março de 2002 e abril de 2004, a população de pobres residentes nas principais regiões metropolitanas cresceu em 2,1 milhões, enquanto no período de abril de 2004 e março de 2009 essa quantidade foi reduzida em quase 4,8 milhões de pessoas.
METRÓPOLES
No último trimestre de 2008, o País foi contaminado pela crise internacional e teve dois trimestres seguidos de queda do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar disso, até março de 2009 não houve interrupção no movimento de queda da pobreza nas seis principais regiões metropolitanas. A proporção de pobres (30,7%), registrada em março de 2009, foi 1,7% menor que a de março de 2008. A queda de 4,5% no número de pobres significa que 670 mil pessoas deixaram a condição de pobreza. Para Pochmann, esse efeito também são válidos para o interior do País, onde o Bolsa Família e, sobretudo, a aposentadoria rural e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) são ainda mais presentes em termos da proporção sobre a população.
“Tudo isso ocorre de forma distinta do verificado em outros períodos em que o Brasil registrou forte desaceleração econômica”, avalia Pochmann. A pobreza no Brasil metropolitano cresceu entre 1981 e 1983, na crise da dívida externa; e entre 1990 e 1992, por conta da adoção de programas de combate à inflação e abertura comercial. De 1998 a 99 (crise cambial), ainda que a taxa de pobreza não tenha se elevado tanto como nos períodos recessivos, a desaceleração impôs perdas importantes à base da pirâmide social.
INCLUSÃO
Mesmo sem os efeitos de uma crise financeira, as políticas públicas inclusivas são necessárias à redução da pobreza. Nos primeiros seis meses de manifestação da atual crise internacional no Brasil, de outubro de 2008 a março de 2009, registra-se a diminuição em quase 316 mil pessoas da condição de pobreza no Brasil metropolitano.
No período anterior à desaceleração econômica de 1998/99, a quantidade de pobres aumentou em quase 1,9 milhão de pessoas. “Nos períodos recessivos, a pobreza aumentou mais”, segundo Pochmann. Entre 1982/83, a quantidade de pobres cresceu em quase 7,7 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas, enquanto em 1989/90 o número de pobres cresceu em mais de 3,8 milhões de brasileiros.
“Considerando a crise atual ainda não tenha se manifestado plenamente, observa-se que o País conta com uma rede de atenção pública voltada, sobretudo, à base da pirâmide social, outrora pouco ou quase nada desenvolvida”, comenta. Durante os quatro momentos de desaceleração estudados por Pochmann, somente agora o salário mínimo conseguiu aumentar seu valor real (8%). Entre 1998/99, o salário mínimo perdeu 3,1% do poder aquisitivo. Na recessão de 1989/90, seu valor real caiu 33,6% e entre 1982/83 a perda no poder de compra foi de 8,2%.”
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