DEPOIS DA TRAGÉDIA COM O AIRBUS A330 DA AIR FRANCE, ESPECIALISTAS EM AVIAÇÃO DEFENDEM REDEFINIÇÃO DE ROTAS AÉREAS DURANTE PERÍODOS EM QUE A ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL(ZCIT) ESTÁ MAIS INTENSA
“RIO – Depois da tragédia do voo 447, especialistas defendem que sejam feitos estudos para o redirecionamento de rotas aéreas durante períodos do ano em que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é mais intensa. Análises feitas a partir de imagens captadas por um satélite meteorológico da Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat) revelaram uma trágica coincidência: no momento em que o avião da Airbus entrava na banda de nuvens da ZCIT houve um rápida intensificação da tempestade, que pode ter surpreendido o piloto.
Os dados foram captados pelo satélite Meteosat-9 e processados pelo laboratório de recepção e processamento de imagens de satélites (Lapis), na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Com base nas imagens captadas no momento em que o voo 447 da Air France cruzava a região do Oceano Atlântico, o coordenador do Lapis e doutor em sensoriamento remoto pela Universidade do Arizona (EUA), meteorologista Humberto Alves Barbosa, acredita que a aeronave pode ter enfrentado condições meteorológicas adversas de rápido desenvolvimento que podem ter desempenhado um papel importante no acidente.
Para Barbosa, que iniciou um estudo de caso com base no acidente, a situação de tempo severo no momento do acidente pode ser decisiva para explicar a tragédia. Ele explicou que alguns dos cúmulos-nimbus podem ter se intensificado muito rapidamente durante a passagem do avião.
TEMPERATURA
Segundo cálculos feitos a partir dos dados do satélite, a temperatura dos topos das nuvens chegava a 83 graus negativos na região do acidente, influenciada por pulsos da Zona de Convergência Intertropical. Essas condições não poderiam ser previstas com antecedência.
Pode ter havido condições únicas encontradas pelo avião na passagem pela região, que apresentava alta turbulência. Esse padrão de temperatura é frequentemente visto com tempestades que produzem granizo e intensas correntes de ar ascendentes e descendentes. “Essas tempestades de rápido desenvolvimento e, muitas vezes, inesperadas, podem ter desempenhado um papel importante no acidente. É uma situação muito rara numa área de rota de voo”, diz Humberto Alves Barbosa.
Segundo ele, a temperatura do mar na região do acidente também é outro fator que ajudou a ZCIT a ficar mais intensa. “Em média, a temperatura da região estava próxima dos 28 graus, o que é uma temperatura crítica para formação de tempestades tropicais.
FONTE: reportagem de Elenilce Bottari, da Agência O Globo, publicada no Jornal do Commercio em 21/06/2009.
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