domingo, 27 de dezembro de 2009

DEM/PSDB: USO DA MÁQUINA PÚBLICA PARA CRIMINOSAS JOGADAS POLÍTICAS

MÍDIA DIREITISTA PROTEGE, DÁ RESPALDO

A criação da reputação na política

Na parte inferior do post há a matéria de hoje na Folha, sobre a gestão José Roberto Arruda [DEM]. Mostra que, com um quinto dos funcionários, o governo Arruda tinha 12% de funcionários não concursados a mais do que a União [PT]. É um indicador claro de ineficiência administrativa, de utilização da máquina pública [pela oposição] para jogadas políticas ilegais, criminosas].

No entanto, em 2005, em uma matéria em que a falta de imaginação da Veja [notória batalhadora pela volta da direita, PSDB/DEM/PPS, ao poder] se mostrava no próprio título – “Seis homens, um destino” – a revista o alçava ao panteão dos grandes governadores da atualidade.

É um exemplo claro de como funciona o modelo de criação de reputação pela velha mídia [direitista]. Basta o governador recorrer a alguns expedientes de impacto – embora irrelevantes para o resultado final da administração. Os jornais não têm metodologia para avaliação de gestão, não analisam indicadores (apenas factóides). Criou-se a lógica de que governador bom é o que coloca a fria lógica administrativa contra os mais fracos. É sinal de firmeza. Por outro lado, evita-se analisar os negócios tenebrosos – porque as publicações também têm interesses em vender publicidade, assinatura e material para as Secretarias de Educação.

Bastaria consultar o pessoal de gestão e qualidade para saber que o governo Arruda era um blefe. Criava fatos de marketing – como colocar todos os secretários em uma sala aberta, a exemplo do que fazem os bancos -, mas apenas para consumo externo. Anunciava um conjunto de medidas descosturadas, sem objetivos maiores, meros slogans que contentavam essa superficialidade absurda com que a velha mídia analisa gestões públicas.

Seu perfil, traçado pela revista, era o seguinte:


Da Folha: DF emprega mais comissionados sem concurso que União

""Mesmo com um quinto dos funcionários, governo Arruda tem 12% mais não concursados que administração federal

Grande número de cargos para livre nomeação explica manifestações de apoio ao governador, investigado no caso do mensalão do DEM

FERNANDA ODILLA

LARISSA GUIMARÃES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo de José Roberto Arruda (sem partido) tem mais funcionários sem concurso ocupando cargos de confiança que a União. Levantamento da Folha mostra que o governo do Distrito Federal tem 8.660 comissionados, e a União, 5.560.

Mesmo tendo cerca de um quinto dos funcionários na ativa do que tem o governo federal (184 mil contra 913 mil), o governo do DF tem 12% a mais de pessoas que não fizeram concurso e ocupam cargos de chefia, assessoramento e direção.

Esse exército é um dos trunfos de Arruda para se manter no poder, já que 63 dos 84 órgãos do DF contrariam a lei ao entregar a trabalhadores sem concurso mais da metade dos cargos comissionados.

A bancada do PT na Câmara Legislativa pediu investigação à Procuradoria-Geral da República sobre o uso de funcionários comissionados em manifestações pró-Arruda na cidade. “Arruda transformou o governo do DF num grande comitê eleitoral”, afirma o deputado distrital Paulo Tadeu (PT).

Na maioria das administrações regionais (espécies de subprefeituras no DF), até funções como recepcionista e arquivista entram na folha de pagamento com cargo de chefia, diretoria e assessoramento.

Todas as 25 administrações têm mais de 90% dos cargos de confiança nas mãos de funcionários sem vínculo empregatício, de acordo com levantamento junto ao “Diário Oficial” do DF de setembro deste ano.

A legislação prevê que pelo menos 50% do total de cargos comissionados precisa ser ocupado por servidores concursados. Hoje o DF tem 16.555 ocupantes de cargos de confiança -52% nas mãos de comissionados- e a União tem 19.330.

A análise do quadro de pessoal de cada órgão também indica que a maioria (75%) não segue a lei. “A proporção de 50% deveria ser respeitada em órgão por órgão porque cada um tem vida e estrutura própria”, afirma o promotor Ivaldo Lemos, autor de oito ações contra o cabide de empregos.

O governo Arruda justifica que considera o número global, e não por unidade. Informa ainda que o balanço é publicado trimestralmente e que ajustes estão sendo feitos.

Além das administrações, 12 secretarias também registram maior número de funcionários sem vínculos com cargos de confiança. A pasta que mais emprega sem concurso é a de Trabalho. O secretário de Trabalho, Rodrigo Delmasso, argumenta que o órgão foi recriado em 2008 e, por ser novo, teve de recorrer a não concursados.

Segundo ele, já está em andamento um concurso para a contratação de 350 servidores.

Indicação

Os cargos de confiança costumam ser preenchidos por indicação política e, para manter o emprego, os ocupantes dessas funções têm se manifestado publicamente em defesa do governador Arruda. O funcionário do governo Valter Soares Leite, por exemplo, é chefe de gabinete em uma das administrações regionais e defensor ferrenho de Arruda.

Segundo ele, a indicação para o cargo partiu do próprio governador. “Faço campanha para ele há 12 anos”, afirma.

Leite diz acreditar que Arruda é vítima de perseguição política e que, assim como outros funcionários em cargo de confiança, espera que o governador “saia desse momento delicado”. “Aqui na administração temos muito comissionados, mas todos são qualificados para o trabalho”, justifica."


FONTE: originariamente postado no blog do jornalista Luis Nassif. Reproduzido no portal "Conversa Afiada" [título e trechos entre colchetes colocados por este blog].

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