domingo, 27 de dezembro de 2009

NOVA ARRANCADA DE INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA

"Infraestrutura vê novo ciclo de investimento

Indústria de base estima aumento da demanda com Minha Casa, Minha Vida, Copa do Mundo, Olimpíada e pré-sal

Setor espera que o BNDES, recursos externos e o mercado de capitais financiem ampliação no volume de investimentos


O ano de 2010 irá marcar uma nova arrancada dos investimentos em infraestrutura e na indústria de base no Brasil, o que indica um segundo ciclo de aceleração nas duas frentes.

Levantamento da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), setor que reúne empresas de diversos setores responsáveis por 15% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, mostra que a partir de janeiro existe grande expectativa de que os investimentos sejam feitos com maior agilidade.

A Abdib estima que a cadência anual dos investimentos no país deixará o nível atual de R$ 100 bilhões e rumará para um montante de R$ 160 bilhões por ano. Segundo o presidente da entidade, Paulo Godoy, o país começa 2010 reforçando os investimentos para alcançar um novo patamar de desenvolvimento em 2015.

As grandes carteiras de projetos para o país, como o Minha Casa, Minha Vida, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o pré-sal, somadas à infraestrutura necessária para atender as demandas da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, devem contribuir para impulsionar a taxa de investimento no país ao longo da primeira metade da próxima década.

As projeções da Abdib consideram ainda as demandas dos setores de petróleo e gás, transportes, energia elétrica, telecomunicações e saneamento.

Ciclos

De acordo com Godoy, o primeiro ciclo de investimentos em infraestrutura e na indústria de base permitiu elevar o patamar anual de R$ 50 bilhões para R$ 70 bilhões e, depois, atingir R$ 100 bilhões no ano passado. A Abdib não fechou os números de 2009, mas avalia que o volume de investimentos repetiu os R$ 106 bilhões aplicados no ano passado.

Pelas estimativas da Abdib, os investimentos na produção de óleo e gás na camada pré-sal atingirão R$ 75,3 bilhões anuais a partir de 2015.

A Petrobras também começou a rever seus planos de investimentos para o período de 2010 a 2014. Segundo o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, os recursos serão aplicados mais rapidamente.

Para o período de 2009 a 2013, a estatal tem projetos que, se cumpridos, consumirão US$ 174 bilhões. Gabrielli adiantou que o novo plano de investimentos será ainda maior, mas o anúncio oficial só será feito no início de 2010.

Nos demais setores, segundo avaliação da Abdib, os investimentos serão os seguintes: R$ 28,3 bilhões em energia elétrica; R$ 24,1 bilhões em transporte; R$ 19,7 bilhões em telecomunicações e R$ 13,3 bilhões em saneamento.

Fonte de capital

Diferentemente de outros períodos, há no mercado uma certa tranquilidade em relação às fontes de financiamento que suportarão esse aumento de volume. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) obteve do governo um reforço de R$ 80 bilhões para oferecer de crédito em 2010. Existe também a promessa de que os investimentos estrangeiros cheguem ao país, sem contar que o mercado de capitais voltou a ser uma opção interessante para a capitalização das empresas.

Exemplo disso foi a performance da BM&FBovespa durante este ano. A Bolsa de Valores, à reboque da recuperação ligeira da economia brasileira, aproxima-se dos 70 mil pontos novamente. Para a Abdib, o conjunto variado de instrumentos para financiamentos torna possível essa aceleração dos investimentos a partir do ano que vem.

Para o governo, o ritmo dos aportes no setor de infraestrutura poderá ser ainda maior do que o indicado pela entidade. Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o Brasil vai recuperar, talvez já em 2010, uma taxa de investimento anual de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) e essa é uma das principais metas da PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo).

"Esses volumes de investimento dizem respeito apenas ao sistema Abdib. Acho que os investimentos poderão superar esses R$ 160 bilhões", afirmou Coutinho."

FONTE: reportagem de AGNALDO BRITO publicada hoje (27/12) na Folha de São Paulo.

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