"Ainda não está completamente esclarecida a sucessão de eventos, além da forte chuva, que levou ao alagamento de seis bairros no extremo leste da cidade de São Paulo. Há mais de uma semana água e esgoto sem tratamento se misturam, cobrem ruas e invadem casas na região conhecida como Pantanal, prejudicando a vida de cerca de 10 mil pessoas.
Embora o local seja impróprio para moradia, por se tratar de área de várzea, facilmente alagável, inundações como a dos últimos dias são incomuns.
Ao mesmo tempo, já se sabe que uma barragem, responsável pelo fluxo de água para o Tietê nas proximidades do Pantanal, foi fechada na terça-feira, dia 8, durante a forte tempestade que atingiu São Paulo. A contenção do fluxo de água que chegava àqueles bairros deve ter contribuído para o transbordamento do rio na região.
É razoável supor, com a informação disponível, que uma decisão bem intencionada -que buscaria diminuir efeitos de enchentes em outras áreas às margens do Tietê- possa ter agravado o alagamento.
Outra série de erros deriva do descaso do poder público [do governo Serra/PSDB]. Já se sabe que o enorme fluxo de esgoto que se misturou à água foi causado por falhas numa estação local de tratamento da Sabesp [a mesma SABESP que despendeu fortunas fazendo propaganda em todo o Brasil do Governo Serra n [o Estado de São Paulo]. As bombas de esgoto, localizadas em áreas expostas a alagamentos, foram inundadas e deixaram de funcionar. Mais de 300 milhões de litros de material não tratado foram lançados no rio.
Há falhas anteriores [no estilo Serra, a falha é sempre de outros]. As ocupações ilegais na região de várzea deveriam ter sido impedidas. Mas o poder público, além de ter permitido a instalação das famílias, construiu ali um conjunto habitacional e uma escola. Chancelou uma situação de fato sem, contudo, ter melhorado, concomitantemente, o saneamento e a proteção contra enchentes.
Nos dias que se seguiram ao alagamento e ao despejo de esgoto, a prefeitura [Kassab/DEM] cogitou e descartou a possibilidade de drenar a água, e só agora anuncia a remoção das famílias. O cadastramento necessário para realizar a transferência dos moradores teve início ontem. Ao descaso de anos se soma uma ação confusa e ineficiente para um problema que exigia respostas imediatas.
FONTE: editorial da Folha de São Paulo de hoje (18/12)[exceto o título e entre colchetes, colocados por este blog].
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