Conjunto residencial em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos
Catar e Emirados Árabes Unidos são os que mais pagaram por fusões e aquisições de empresas brasileiras
Gustavo Chacra
“O Brasil foi o segundo país que mais recebeu investimentos do mundo árabe e do Irã (que é persa) em fusões e aquisições no ano passado, atrás apenas da Grã-Bretanha, segundo estudo da consultoria Ernst&Young. Ao todo, as nações do Oriente Médio e do Norte da África investiram US$ 4,5 bilhões em empresas brasileiras.
O valor investido no Brasil por fundos e empresas do mundo árabe representa 18% do total de investimentos realizados fora da região. Os britânicos receberam o equivalente a 21%. Os americanos, apesar de terem participado de volume maior de negócios, conseguiram atrair apenas 4%.
O principal investimento no Brasil foi realizado pela “Qatar Holding”. A companhia é o braço financeiro do fundo soberano desse país do Golfo Pérsico, sede da rede de TV Al-Jazira. De acordo com o estudo, foram investidos US$ 2,7 bilhões para emissão de títulos conversíveis em ações do Banco Santander do Brasil.
A aquisição de 18% do BTG-Pactual por parte dos Emirados Árabes Unidos conseguiu levar para o Brasil outros US$ 1,8 bilhão, sendo a sexta maior negociação de fusões e aquisições envolvendo os países do Oriente Médio e do Norte da África, incluindo as transações domésticas e interregionais.
A negociação entre a Qatar Holding e o Santander ficou em segundo, sendo a primeira de fora da região. A maior foi a gigantesca aquisição na área de telecomunicações da Zain Group, do Kuwait, pela Etisalat, dos Emirados Árabes Unidos, por US$ 11,7 bilhões.
Os principais investimentos feitos no Brasil em fusões e aquisições vieram de dois países que não correm risco de levantes, de acordo com as consultorias de análise. Apesar de atrair capital árabe para empresas brasileiras, o caminho inverso não ocorreu. O Brasil nem sequer aparece no ranking de países de fora do Oriente Médio e do Norte da África que participaram de negócios envolvendo fusões e aquisições em 2010.
Esse mercado no mundo árabe, incluindo as negociações domésticas, movimentou US$ 55,9 bilhões em 2010, crescimento de 65% em relação ao ano anterior. Os Emirados Árabes (43%) e o Catar (30%) foram os países que mais realizaram negócios com nações de fora da região.
Internamente, os dois também ficaram na liderança. O Egito (20%), os Emirados Árabes (16%) e a Arábia Saudita (9%) foram os que mais atraíram investimentos externos.
Nos últimos anos, o interesse no Brasil por parte de fundos soberanos do Golfo Pérsico, que estão entre os maiores do mundo, tem crescido. Bancos e fundos de investimento brasileiros começaram a abrir filiais e a enviar representantes para atrair os árabes para negócios envolvendo fundos de “private equity” e IPOs (oferta pública de ações) no Brasil.
Companhias aéreas, como a Emirates e a Qatar Airways, estabeleceram rotas para São Paulo. Os negócios do Brasil com a região também vão bem, já que os brasileiros vendem alimentos para grande parte dessas nações. A Vale também ampliou seus investimentos no Oriente Médio ao abrir uma filial em Omã.
FONTE: “O Estado de São Paulo”. Transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/11_03/110325_04_esp_brasil_arabes.html) [imagem do Google adicionada por este blog].
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