quarta-feira, 25 de maio de 2011

WIKILEAKS MOSTRA ARMAÇÃO COM ARQUIVOS DAS FARC


Por Brizola Neto

“Há poucos dias, registrei aqui [no “Tijolaço”] que os supostos arquivos da guerrilha colombiana usados sem o menor pudor pela imprensa brasileira para fazer as mais graves acusações –veja acima uma capa de “O Globo”– haviam sido rejeitados pela Justiça da Colômbia.

Ontem (24), o site “Opera Mundi” faz revelações ainda mais graves. Revela que, de acordo com telegramas diplomáticos vazados pelo 'Wikileaks', aquilo foi montagem que envolveu o governo colombiano e o fornecimento de dinheiro ao “instituto” que fez o exame “pericial” dos discos de computadores supostamente apreendidos no ataque a um acampamento das FARC no Equador.

Uma série de despachos publicados pelo jornal colombiano “El Espectador” informou que a administração Uribe utilizou “estrategicamente” o material que foi entregue a vários países e “que, inclusive, conseguiu fundos privados para que um organismo estrangeiro direcionasse as conclusões”. O trecho se refere ao relatório do Instituto de Estudos Estratégicos (IISS) “Dossiê das FARC: os arquivos secretos de Venezuela, Equador e Raúl Reyes”, publicado este mês.”

Porque na imprensa brasileira, a que acusa um presidente eleito de um país vizinho de ser mandante de assassinatos, você não vai ler nada, ou [somente] uma notinha sumida lá nas páginas internas, leia a [seguinte] matéria completa do “Opera Mundi”:

URIBE USOU ARQUIVOS DAS FARC PARA INCRIMINAR CHÁVEZ E CORREA, REVELA WIKILEAKS

“O governo do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe (2002-2010) manipulou informações contidas nos computadores de "Raúl Reyes" --codinome de um dos líderes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), assassinado em 2008--, para vincular o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o equatoriano, Rafael Correa, à guerrilha, de acordo com despachos vazados pelo 'Wikileaks'.

Uma série de despachos publicados pelo jornal colombiano “El Espectador” informou que a administração Uribe utilizou "estrategicamente" o material que foi entregue a vários países e "que, inclusive, conseguiu fundos privados para que um organismo estrangeiro direcionasse as conclusões”. O trecho se refere ao relatório do Instituto de Estudos Estratégicos (IISS) "Dossiê das FARC: os arquivos secretos de Venezuela, Equador e Raúl Reyes", publicado este mês.

Um dos documentos –datado apenas um mês após a operação militar colombiana que matou o guerrilheiro, no Equador– revela que o então ministro da Defesa, Juan Manuel Santos [atual presidente], com o vice-ministro Sergio Jaramillo, haviam confirmado que se planejava utilizar o material apreendido para provar conexões dos presidentes da Venezuela e do Equador com as FARC.

Jaramillo foi designado por Uribe para "desenvolver a estratégia de utilização dos conteúdos do computador de Reyes". Número dois das FARC, o guerrilheiro foi abatido em acampamento localizado em território equatoriano, a 1.800 metros da fronteira com a Colômbia, em março de 2008.

A operação causou desentendimento entre Quito e Bogotá e provocou a ruptura das já desgastadas relações diplomáticas entre o governo Uribe e Chávez. No ataque, morreram 26 pessoas, entre elas Reyes, o equatoriano Franklin Aisalla e quatro estudantes universitários mexicanos. Os três países renovaram as relações diplomáticas no ano passado, após Santos assumir a presidência.

O documento diplomático mostra, ainda, que o governo colombiano esperou que a INTERPOL (polícia internacional) verificasse a informação dos computadores de Reyes para depois entregar o material a uma organização independente, que não fosse ligada nem a Bogotá, nem a Washington.

O então ministro Santos entregou toda a informação aos Estados Unidos, mas deixou claro ao embaixador norte-americano William Brownfield que fazia a entrega daquele material mediante a condição de que seu conteúdo não fosse divulgado sem antes consultar previamente a Colômbia.

Paralelamente, Jaramillo viajava a cada semana para mostrar informação dos computadores de Reyes a distintos governos, entre eles do México, Brasil, Chile, Reino Unido e França. Na semana passada, a Corte Suprema de Justiça concluiu que o conteúdo dos e-mails de Raúl Reyes não poderia constituir prova judicial.

Na última sexta-feira (20/05), Santos assegurou que o procedimento realizado com os computadores foi “correto” [sic]. No dia 10 de maio, o governo colombiano havia dito que não faria comentários acerca da pesquisa do IISS. O estudo se baseou na informação contida nos computadores do guerrilheiro número dois.

Por sua vez, o ministro de Defesa de Equador, Javier Ponce, respondeu, também na sexta-feira, que "ficam desvirtuadas" as acusações de apoio das FARC à campanha presidencial do presidente Correa, quando a Corte de Justiça colombiana invalidou como provas os e-mails de Reyes.”

FONTE: blog “Tijolaço”, de Brizola Neto (http://www.tijolaco.com/wikileaks-mostra-armacao-com-arquivos-das-farc/) e site “Opera Mundi”  (http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/URIBE+USOU+ARQUIVOS+DAS+FARC+PARA+INCRIMINAR+CHAVEZ+E+CORREA+REVELA+WIKILEAKS_12117.shtml) [entre colchetes adicionados por este blog].

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