Desfile Militar [nossas desarmadas Forças Armadas, desde os anos 90, não mais dissuadem nenhuma ameaça]
Por Eduardo Italo Pesce, no Monitor Mercantil
“Neste fim de ano, fomos surpreendidos pela notícia de que o Brasil já é a sexta economia do mundo. Em 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ultrapassar o do Reino Unido e, até 2015, poderá ultrapassar também o da França. Entretanto, nosso país ainda deve levar cerca de duas décadas até atingir os níveis de desenvolvimento e renda per capita da Europa.
É enorme a defasagem militar do Brasil, em relação aos demais países do BRIC (Rússia, Índia e China).
[OBS deste blog 'democracia&política': o orçamento das Forças Armadas brasileiras é ilusório. Diferentemente dos demais ministérios civis e dos dispêndios militares de muitos outros países, inclui os pagamentos a aposentados, reformados e pensionistas. Excluindo-se essas parcelas, o Brasil deve ser um dos últimos países do mundo em gastos militares. Provavelmente, tem até menor gasto per capita em defesa que o Vaticano].
A dotação inicial do Ministério da Defesa, na Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2011, era de R$ 61,402 bilhões. Em valores atualizados até 24/12/2011, a dotação autorizada da pasta era de R$ 64,412 bilhões (R$ 52,469 bilhões pagos). Do mesmo modo, a função Defesa Nacional contava com R$ 33,958 bilhões autorizados (R$ 25,307 bilhões pagos).
Em 22/12/2011, o Congresso Nacional aprovou o Orçamento da União para 2012, prevendo um total de receitas de R$ 2,225 trilhões e um orçamento efetivo (retirando R$ 653 bilhões para refinanciar a dívida pública) de R$ 1,572 trilhão. Em 2012, está previsto um modesto aumento dos recursos destinados ao Ministério da Defesa.
Na proposta do Executivo para 2012 (Projeto de Lei 028/2011-CN), a dotação inicial da pasta da Defesa seria de R$ 63,707 bilhões. No substitutivo encaminhado à votação, foi de R$ 64,852 bilhões, dos quais R$ 17,189 bilhões destinados a custeio e investimentos e R$ 47,663 bilhões a despesas de pessoal e encargos financeiros. O substitutivo destinou à função Defesa Nacional R$ 34,213 bilhões.
O texto aprovado pelo Congresso deve ser submetido à sanção presidencial, antes de se transformar em lei. Em 2012, o contingenciamento de recursos no Orçamento da União deve totalizar cerca R$ 20 bilhões. Como esse orçamento, no Brasil, não tem caráter impositivo, acaba se transformando num mero "protocolo de intenções" - o qual não reflete as reais prioridades dos investimentos públicos.
O orçamento não impositivo dificulta a renovação dos meios das Forças Armadas com recursos ordinários - tornando necessário empregar recursos extra-orçamentários, tais como financiamentos ou empréstimos oriundos do exterior. Por não terem percentual constitucional mínimo, os recursos destinados às Forças Armadas constituem "alvo preferencial" para cortes e contingenciamentos.
A inclusão de um dispositivo na LOA que excluísse de contingenciamento os projetos considerados essenciais para a Defesa Nacional não conta com apoio da área econômica do governo. Na avaliação dos técnicos dessa área, uma redução da base das despesas contingenciáveis "engessaria" ainda mais o Orçamento da União.
Ao estabelecerem níveis mínimos de gastos com saúde, educação e outros encargos - além de transferências obrigatórias de recursos da arrecadação para estados e municípios - os constituintes de 1988 parecem não ter levado em conta o os efeitos progressivos do crescimento do PIB. No futuro, isso poderia gerar uma concentração excessiva dos recursos orçamentários.
O Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (PAED), formalizado pela Portaria 3.907/MD, de 19/12/2011, deverá consolidar os programas prioritários das três forças singulares para o período 2012-2031. A elaboração da proposta está confiada a um Grupo de Trabalho coordenado pelo chefe do Estado-Maior de Defesa (EMCFA), devendo ser apresentada ao ministro da Defesa até 31/5/2012.
O PAED abrangerá um período de 20 anos, incluindo metas de curto (2012-15), médio (2016-23) e longo prazo (2024-31), e deverá ser levado à chancela presidencial ainda em 2012. Será integrado por mais de mil programas (em fase de definição ou já iniciados) - incluindo a obtenção ou modernização de equipamentos e a construção de bases e instalações para as três forças singulares.
Os novos meios e equipamentos deverão ser produzidos no Brasil, com participação de empresas nacionais. Os contratos com empresas fornecedoras estrangeiras deverão incluir cláusulas de compensação industrial, comercial e tecnológica (prática conhecida como “offset”) e de transferência de tecnologia. Serão evitadas as "compras de oportunidade" de meios de segunda mão no exterior.
A questão dos recursos humanos para a Defesa Nacional é de máxima importância. Nos últimos anos, a insatisfação com a carreira vem resultando num êxodo prematuro para a reserva. O Ministério da Defesa e os comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica estão elaborando nova política de remuneração para os militares - cujo objetivo será atrair e reter profissionais qualificados, estimulando sua permanência no serviço ativo.
Os ultranacionalistas [e os realistas] crêem que o atual quadro de sucateamento de nossas Forças Armadas faz parte de um plano bem orquestrado de entrega da nação, facilitado pela submissão ou omissão de seus dirigentes. [OBS deste blog 'democracia&política': plano de redução e fragilização do Estado e da capacidade de dissuasão. Decorre de intensa, cotidiana e contínua pressão e ameaças de "sanções" de potências estrangeiras, especialmente dos EUA, interesses do macromercado financeiro mundial, e de seus tradicionais aliados no Brasil (mídia, partidos de direita, como os atuais PSDB, DEM)]. Não é preciso chegar a tanto, mas a manutenção de baixos níveis de investimento em Defesa - em contraste com [o imenso e valioso patrimônio a defender e] os objetivos cada vez mais ambiciosos da política externa brasileira - denota certa "esquizofrenia estratégica".
As relações internacionais pressupõem a existência de Estados - isto é, de comunidades políticas independentes, dotadas de governo, as quais afirmam sua soberania sobre um território e uma população. Além dessa "soberania interna", os Estados possuem também "soberania externa" - cuja manutenção [também] requer Forças Armadas equipadas e adestradas.
O Brasil tem insistido em ser, ao mesmo tempo, um "anão" político-militar e um "gigante" territorial, demográfico, econômico e cultural. Em futuro breve, porém, terá que optar entre ampliar seus investimentos na área de defesa - alinhando-os com a dimensão geopolítica e os objetivos de ser uma potência mundial - ou resignar-se em ocupar posição periférica [explorado e subserviente] no mundo.”
FONTE: escrito por Eduardo Italo Pesce no site monitormercantil.com.br. O autor é especialista em Relações Internacionais, professor no Centro de Produção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e colaborador permanente do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Escola de Guerra Naval (CEPE/EGN). Artigo publicado no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=30/12/2011&page=mostra_notimpol) [imagem do Google, sua legenda e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Esse assunto me dói nos nervos, mas, algo me diz que a participação dos lucros do Pré-Sal ainda hão de vir parar nos orçamentos das nossas Forças Armadas, afinal, porque não destinar 3,0% dos ROYALTIES do Pré-Sal para o aparelhamento e no resguardo da NOSSA SOBERANIA?????
ResponderExcluirRoyalties do pré-sal para Marinha: "questão de segurança nacional"
http://www.youtube.com/watch?v=0h3E667ITfg
10/06/2011: Parlamentares criticam contingenciamento de verbas da Marinha
Deputados e senadores criticaram nesta quinta-feira o contingenciamento de R$ 1,64 bilhão do orçamento da Marinha
Jô Moraes (PCdoB-MG), uma das que propuseram a homenagem, a Câmara precisa garantir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano os recursos para a Força. “Esta Casa tem que assumir o desafio de garantir na LDO recursos de atividades que dizem respeito à segurança da Pátria e ao desenvolvimento tecnológico da Marinha”, afirmou.
O senador João Pedro (PT-AM), que também propôs a realização da sessão solene, concordou com a necessidade de garantir os recursos para a instituição. “Um país que quer ter assento no Conselho de Segurança da ONU tem que ter Aeronáutica, Marinha, ciência e tecnologia e Exército fortes”, disse. A deputada Liliam Sá (PR-RJ) disse que apresentará emendas à LDO 2012 para garantir verbas para as Forças Armadas.
Submarino nuclear
Os parlamentares também elogiaram os programas de modernização da Marinha, em especial a construção do primeiro submarino de propulsão nuclear no Brasil. O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), disse que o equipamento ajudará a defender a área do pré-sal brasileiro.
http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/ADMINISTRACAO-PUBLICA/198476-PARLAMENTARES-CRITICAM-CONTINGENCIAMENTO-DE-VERBAS-DA-MARINHA.html
0 7/05/2010: Estratégia Militar - Pré Sal, Descoberta muda estratégias militar e diplomática
http://filohumanas2.blogspot.com/2010/05/estrategia-militar-pre-sal.html
11/05/2011: Marinha será prejudicada com nova distribuição de 'royalties' do pré-sal, avisa Roberto Cavalcanti
http://www.portosenavios.com.br/site/noticiario/industria-naval/2908-marinha-sera-prejudicada-com-nova-distribuicao-de-royalties-do-pre-sal-avisa-roberto-cavalcanti-
27/10/2009: Governo quer manter recursos do pré-sal para Marinha e Ministério da Ciência e Tecnologia
http://noticias.r7.com/economia/noticias/governo-quer-recursos-do-pre-sal-para-marinha-e-mct-20091027.html
15/01/2011: Onde o Rio gasta os bilhões dos “royalties” do petróleo?
ResponderExcluirhttp://poavive.wordpress.com/2011/01/15/onde-o-rio-gasta-royalties-do-petroleo/
20/04/2011: Pg. 18. Parte II - Poder Legislativo. Diário Oficial do Estado do Rio de janeiro (DOERJ)
7.2 DESEMPENHO DOS ROYALTIES E PARTICIPACOES ESPECIAIS EM 2010
Em 2010, o Estado do Rio de Janeiro recebeu R$ 6,409 bilhões relativos aos royalties do petróleo. O resultado representou elevacão de 13,44% em relacão ao ano anterior, se expurgadas as receitas extraordinárias oriundas do acerto de Marlin (R$ 640 milhões). Embora que afetadas negativamente pela queda da producão e pela apreciacão da moeda nacional, as receitas oriundas da compensacão pela extracão de petróleo foram ligeiramente impulsionadas pela melhoria nos preços do óleo, sobretudo no ultimo trimestre do ano.
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/26497428/doerj-parte-ii-poder-legislativo-20-04-2011-pg-18
22/03/2010: O Rio de Janeiro merece os royalties do petróleo?
A atual discussão gira em torno da nova legislação que pretende redividir as receitas dos royalties do petróleo, segundo um critério ainda mais obscuro. Mas ninguém discute por que um Estado recebe tantos recursos, sem ter feito nada para isso.
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-rio-de-janeiro-merece-os-royalties-do-petroleo/43413/#
09/02/2011: Amazonas recebe R$ 17,3 milhões em royalties pela exploração de petróleo
http://www.d24am.com/noticias/economia/amazonas-recebe-r-173-milhes-em-royalties-pela-exploracao-de-petroleo/16896
24/05/2011: Exploração privada lidera nova corrida ao petróleo na Amazônia
http://www.tnpetroleo.com.br/clipping/6680/exploracao-privada-lidera-nova-corrida-ao-petroleo-na-amazonia-
08 JUN - FAB Enfrenta Contingenciamento Inédito
http://www.defesabr.com/blog/index.php/08/06/2011/fab-enfrenta-contingenciamento-inedito/
05 JUN - O Exército se Arma Para a Copa
http://www.defesabr.com/blog/index.php/04/06/2011/o-exercito-se-arma-para-a-copa/
04 JUN - Modernização das Forças Armadas Custará Até Agora R$ 38 Bi
http://www.defesabr.com/blog/index.php/04/06/2011/modernizacao-das-forcas-armadas-custa-r-38-bi/
25 MAI - A Expansão da OTAN na Ásia e Suas Implicações (Rússia, China e Índia)
http://www.defesabr.com/blog/index.php/25/05/2011/a-expansao-da-otan-na-asia-e-suas-implicacoes-russia-china-e-india/
27/05/2011: O poderoso coronel Oliva
Irmão do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, em três anos como consultor, o militar da reserva participou da intermediação dos dois maiores contratos das Forças Armadas nas últimas décadas
http://www.istoe.com.br/reportagens/139254_O+PODEROSO+CORONEL+OLIVA
03/06/2011: Fortalecer a Telebrás para viabilizar o PNBL
ResponderExcluirNosso compromisso militante com a universalização da banda larga nos impele a tecer considerações sobre os desafios colocados pela conjuntura no embate entre a afirmação de um projeto estratégico nacional de digitalização, no qual o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) se insere, e a manutenção da lógica das teles que controlam o setor.
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5076
03/05/2010: Telebrás é questão de segurança nacional (Entrevista com Rogério Santanna)
O objetivo do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) vai muito além de levar concorrência ao setor e baixar o preço dos pacotes de internet rápida. É também garantir a segurança de informações sigilosas do governo, como no monitoramento das reservas do pré-sal. O argumento é de Rogério Santanna, em entrevista exclusiva ao Correio na noite de terça-feira, poucos minutos depois de ter recebido a notícia de que assumiria a Presidência da Telebrás.
No reforço da Marinha brasileira em função das riquezas nos campos de pré-sal, os submarinos vão precisar conversar com a Aeronáutica. Como é que eles vão se falar? Por satélites comerciais ou eles vão usar redes que nós controlamos? Não dá para ser ingênuo, ressaltou.
Defensor voraz da reativação da estatal para coordenar o PNBL...
...No fundo, a questão é de segurança nacional
Por que o Plano Nacional de Banda Larga é tão criticado, sobretudo pelo setor privado?
Os fabricantes de equipamentos no Brasil...
Ninguém sonhou que a internet ia ter essa dimensão que tem, que a telefonia celular ia ocupar esse espaço...
Sim. De 70 economias emergentes, temos a mais cara, disparado: US$ 28 de conta média. Na Índia, custa US$ 5. Na China, não chega a esse preço...
Estudos mostram que, a cada 10% de aumento de penetração do acesso à internet, há 1,4% de aumento do PIB. Se nós queremos ser um país com inserção na sociedade do conhecimento, temos de mudar radicalmente a forma com que lidamos com a banda larga. Se ela for uma commoditty barata, as empresas brasileiras estarão na ponta da inovação...
Senão, o submarino nuclear que vai patrulhar as costas brasileiras não vai conseguir falar com um avião do último modelo que estamos comprando. Não sabemos qual vai ser a empresa vencedora, mas, com certeza, terá tecnologia de ponta. E como que esses caras falam? Falam por um satélite comercial, por exemplo?
No reforço da Marinha brasileira, em função das riquezas nos campos de pré-sal, os submarinos vão precisar conversar com a Aeronáutica. Como é que eles vão se falar? Por satélites comerciais ou eles vão usar redes que nós controlamos? Não dá para ser ingênuo ao ponto de o país não ter autonomia...
Probus,
ResponderExcluirÉ difícil compreender por que ainda não há sensibilização da sociedade brasileira para a premente necessidade de melhorarmos muito a Defesa Nacional. Pelo menos, discursos de entendimento do problema e apoio já acontecem, mas não resultam em atos concretos. Concordo com você quanto à destinação de 3% dos royalties do petróleo. Não é nada absurdo. Há muitas décadas as Forças Armadas do Chile são compatíveis com a dimensão geográfica/política/econômica do país graças aos royalties sobre a produção de cobre.
Maria Tereza