sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O FUTURO ECONÔMICO DO BRASIL E O “PENSAMENTO DENTRO DA CAIXA”


Por Fernando Brito

“O noticiário econômico, terça-feira, teve como manchete as previsões da ONU de que aí vem uma recessão, e fazendo previsões de que o crescimento brasileiro cairá a 2,7 por cento em 2012.

Claro que a economia mundial está num quadro que oscila da estagnação ao risco de recessão.

Mas o raciocínio é típico dos que reduzem o mundo econômico ao sistema financeiro.

Do pessoal que não “pensa fora da caixa”.

Aqueles mesmos que riram da história da “marolinha”.

Claro que uma economia fortemente exportadora como a nossa depende do ritmo da economia externa.

Mas eles não conseguem entender que o Brasil, agora, tem forte dinâmica econômica interna, também.

Que depende, essencialmente, de consumo, salários e juros.

E que respondeu e responderá ao que se fizer nessas três áreas.

O grande acerto do Banco Central em cortar os juros em setembro, contra a “sabedoria do mercado” refletiu-se nos dados divulgados terça-feira sobre o crescimento da produção industrial em novembro (veja o quadro acima).

O pequeno erro de não insistir num ritmo de redução [da SELIC] ligeiramente mais acelerado, quando a crise mundial já não admitia a visão de que fosse ser fenômeno de curta duração, vai se refletir numa expansão mais modesta em dezembro.

Não foram os setores em que a taxa de juros influi na formação de preços os que evitaram que a inflação baixasse mais, embora não se tenha tido o efeito cabalístico do “estouro da meta”.

E não são eles – mas alimentos, transportes, serviços – que ainda conservarão a inflação de janeiro em nível significativo.

[Esse erro poderia ser consertado na reunião do COPOM que encerrou quarta-feira (18), mas não foi além do corte de 0,5%, que já estava nas contas "do mercado"].

E que, portanto, pouca diferença fará no custo do dinheiro. Consequentemente, na atividade econômica.

O governo já deu ao BC todos os sinais – e certamente os compromissos – de que a política de austeridade fiscal continuará.

Resta saber se o BC vai dar os sinais dos rumos da política monetária ou seguir a “tendência do mercado”.

E, claro [se não seguí-la], apanhar da mídia.”

FONTE: escrito por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional" (http://blogprojetonacional.com.br/o-futuro-economico-do-brasil-e-o-pensamento-dentro-da-caixa/) [pequenos entre colchetes e ajustes nos tempos verbais introduzidos por este blog, pois o texto foi escrito pelo autor na véspera da reunião do COPOM já ocorrida].

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