sexta-feira, 15 de junho de 2012

ARGENTINOS DIZEM NÃO AOS EUA


Na Argentina, após intensa mobilização popular contra decisão do governador da região do Chaco, Jorge Capitanich, foi suspensa a instalação de uma base militar do Comando Sul dos Estados Unidos.

Por Mário Augusto Jakobskind*, no “Direto da Redação”

Um fato chama a atenção: o total silêncio da mídia de mercado sobre o tema. Ou seja, se não fossem os movimentos sociais, a base militar seria instalada sem que a maioria do povo soubesse o que estava acontecendo em matéria de envolvimento da Argentina com a nação do Norte, que ainda acredita que o continente latino-americano não passa de um quintal ou pátio traseiro.

A história começou em setembro de 2010 quando o governador de Chaco autorizou a instalação da base e, em pronunciamento para uma delegação de parlamentares estadunidenses, disse em alto e bom som: “Defendo uma aliança estratégica com os Estados Unidos e estou disposto a lutar por essa ideia".

Chaco
Na verdade, políticos do gênero Capitanich existem aos borbotões por esta América Latina e o melhor antídoto para evitar que prosperem é a mobiização, como fizeram os argentinos no Chaco. O silêncio quase total da mídia de mercado sobre o tema é sintomático.

Mas todo cuidado é pouco, porque tanto o governo dos EUA como seus aliados na América Latina não descansam e se utilizam de métodos sofisticados para conseguir os objetivos. Ou seja, tentam enganar meio mundo com linguagem do gênero altruísta.

No caso do Chaco, a base militar foi apresentada inicialmente como "centro de ajuda humanitária, de atenção a emergências ou de treinamento". Como essa linguagem dissimulada, os "altruístas" do Pentágono vão tentando conseguir os objetivos.

Mas a tentativa de enganar os argentinos foi abortada e, se não fosse, prejudicaria não apenas o país anfitrião, como os vizinhos, inclusive os brasileiros.

CHILE DE PINOCHET

Enquanto isso, no Chile, saudosistas dos tempos de torturas e assassinatos praticados por um Estado terrorista decidiram fechar um teatro para homenagear nada mais nada menos do que Augusto Pinbochet, uma figura sanguinária que se equipara a Calígula, Hitler, Mussolini e tantos outros criminosos do gênero.

A homenagem foi coordenada por militares da reserva que tinham comando durante aqueles trágicos anos e cuja figura principal reverenciam onde for possível.

A Justiça chilena permitiu a realização da homenagem em nome do direito e da democracia. Algo do gênero como se, na Alemanha, a justiça autorizasse neonazistas a reverenciarem o patrono Adolfo Hitler. Qual a diferença entre um e outro?

COMISSÃO DA VERDADE

Os chilenos saudosistas de um tempo de trevas se equiparam a alguns brasileiros do gênero do capitão da reserva José Geraldo Pimentel, um dos organizadores de um manifesto indecoroso exortando militares da ativa a ocultar documentos que possam vir a ser requisitados pela Comissão da Verdade.

Nesse sentido, o Ministério Público Militar (MPM) pediu que o Exército instale Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a criação de uma cartilha de uma autodenominada “Frente Nacional contra a Comissão da Verdade”.

Pimentel comporta-se como um marginal e, ainda por cima, conclama os militares da ativa a não informarem os locais em que foram enterrados os corpos de vítimas da repressão política.

Além das providências legais a serem adotadas pelas autoridades, outro antídoto contra essa gente é a mobilização popular, do tipo como tem feito o “Levante Popular da Juventude” esculachando torturadores e assassinos na porta de suas residências.

Nesse sentido, os ainda adeptos de Pinochet e os saudositas da ditadura brasileira se encontram ao longo da vida. Até porque os militares que tinham comando naquela época no Chile não esquecem do pleito de gratidão que nutrem aos companheiros de farda brasileiros que colaboraram com o golpe de 11 de setembro de 1973.

BANCO MUNDIAL

Já em Washington, Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial e que deixará o cargo no fim do mês, confirmou sua presença no rol dos defensores do enquadramento do continente latino-americano aos interesses dos Estados Unidos.

Como os tempos hoje são distintos dos de 30 e 40 anos atrás, quando organismos internacionais em conluio com sucessivos governos estadunidenses davam total apoio a regimes de força, figuras como Zoellick saem em campo para combater o governo bolivariano da Venezuela, de quebra Cuba e outros países que não aceitam as regras estabelecidas por Washington.

Nesse sentido, Robert Zoellick apenas está cumprindo um papel que lhe cabe no jogo da tentativa de retomar a hegemonia em um continente que não aceita mais ser considerado quintal ou pátio traseiro de quem quer que seja.

E, por fim, Zoellick, em seus pronunciamentos, ainda fala em defesa da democracia. Ou seja, a mesma retórica utilizada por generais de plantão nos anos de chumbo.

RIO + 20

O Rio entrou no clima de “Rio + 20”. O lobby da economia verde, uma estratégia do capital que visa manter a hegemonia do setor com o papo verde, já está em ação. Mas os movimentos sociais do Brasil e de várias partes do mundo que estarão reunidos na Cúpula dos Povos estão alertas e não querem ser enganados com discursos e belas palavras, que não dão em nada ou apontam até para retrocesso ambiental sem tamanho.

O ceticismo de alguns setores é tão grande que já tem gente mudando o nome de “Rio + 20” por “Rio – 20” ou “Rio + 20 é igual a zero”.

SÍRIA

Em tempo: Koffi Anan apresentou uma fórmula para tentar impedir o prosseguimento do banho de sangue na Síria. Uma reunião com os cinco países integrantes do Conselho de Segurança da ONU, mais a União Européia, Liga Árabe e países vizinhos da Síria, entre os quais o Irã.

Os Estados Unidos, de antemão, vetou o Irã, numa demostração prática de que a única saída defendida por Washington é que a crise se encerre com a vitória de um dos lados, exatamente o dos mercenários que recebem seu apoio.”

FONTE: escrito por Mário Augusto Jakobskind, no site “Direto da Redação” O autor é correspondente no Brasil do semanário uruguaio “Brecha”. Foi colaborador do “Pasquim”, repórter da “Folha de São Paulo” e editor internacional da “Tribuna da Imprensa”. Integra o Conselho Editorial do seminário “Brasil de Fato”. É autor, entre outros livros, de “América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE”. Artigo transcrito no porttal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=185760&id_secao=7) [Imagens do Google e subtítulos adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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