segunda-feira, 30 de julho de 2012

PRODUÇÃO BÉLICA BRASILEIRA SE REORGANIZA

Sistema Astros II, da Avibras

PRODUÇÃO BÉLICA BRASILEIRA SE REORGANIZA, COMO EM OUTROS PAÍSES

“Considerações humanitárias à parte, e elas são várias, a reorganização da produção bélica brasileira em curso não é nada diferente do que aconteceu em países industrializados de grande porte.

Por Igor Gielow, da “Folha de São Paulo"

O setor [no mundo] vive de benesses diretas ou indiretas do Estado desde a corrida armamentista de Reino Unido e Alemanha na virada do século 20.

Nos EUA e na Rússia, os maiores exportadores, o fim da Guerra Fria determinou a concentração na área. Antes, fabricantes diferentes disputavam contratos dentro do "complexo industrial-militar", termo celebrizado no discurso-denúncia de despedida do presidente dos EUA Dwight Eisenhower em 1961.

Sem um inimigo e com um mercado a conquistar, as indústrias dos EUA passaram [a incentivar e alimentar novas guerras e passaram] por fusões: a Boeing engoliu a célebre McDonnell-Douglas, por exemplo. Na Rússia, as empresas aeronáuticas Mikoyan, Sukhoi, Ilyushin e Tupolev ficaram sob controle único. Na Europa, a EADS virou uma potência.

No Brasil, as grandes exportadoras incentivadas pelo governo na ditadura quebraram [especialmente nos anos neoliberais de FHC/PSDB] e ressurgiram [recentemente], em parte, sob as bênçãos do Estado -a parte civil da Embraer sendo a exceção [por sempre ter recebido o apoio do Estado].

A empresa aeronáutica saiu na frente e organizou uma divisão de defesa, indo além de aviões consagrados como o Super Tucano. Também adquiriu empresas de tecnologia militar, como Atech e Orbisat.

Super Tucano
O governo estimulou gigantes com dinheiro a entrar na área, criando arcabouço jurídico favorecendo conteúdo com participação nacional. A francesa Thales, por exemplo, uniu-se à empreiteira Andrade Gutierrez visando defesa de fronteiras.

Já a Odebrecht é subcontratada da DCNS francesa para fazer o novo estaleiro de submarinos; associou-se a uma subsidiária da EADS e comprou a Mectron (mísseis).

O foco inicial é o Brasil, com demanda adicional de segurança para grandes eventos (Copa e Olimpíada), mas América Latina, África e Ásia/Oceania estão na mira.

Ditaduras e violadores de direitos humanos [inclusive os EUA] deverão estar entre clientes futuros, como no passado. Não é exclusividade brasileira: a Alemanha, cujo pacifismo está na Constituição, é a terceira vendedora de armas do mundo.”

FONTE: reportagem de Igor Gielow, da “Folha de São Paulo”. Transcrita no portal da FAB  (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=29/07/2012&page=mostra_notimpol) [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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