Por Marcos Coimbra, na revista “CartaCapital”
“Concluída a fase inicial do
julgamento do “mensalão”, os nervos das oposições andam à flor da pele. Com os
votos dos ministros do Supremo, o resultado da luta que empreendem há anos será
em breve conhecido.
Estão, naturalmente, ansiosas. Terá
valido a pena colocar tantas fichas nessa aposta? Será que desperdiçaram a
munição? Conseguirão atingir os adversários com a intensidade desejada?
Pensando bem, não são as oposições
inteiras que vivem, por esse motivo, dias tensos. Parte delas está preocupada
com outras coisas.
A absurda coincidência do julgamento
com as eleições municipais, que decorreu da pressão por uma “decisão rápida” (de um processo iniciado há sete anos e que
podia ter sido antecipado ou postergado para que não atrapalhasse o eleitor na
hora de votar), fez com que os partidos e as lideranças políticas
oposicionistas tivessem, na reta final, menos tempo para dedicar à questão.
Ao contrário do que, prematuramente,
festejaram alguns comentaristas, o panorama eleitoral não é tranquilizador para
elas. Hoje, nas principais cidades do País, os líderes de PSDB e DEM têm de
suar a camisa para eleger seus indicados.
Veja-se São Paulo, onde míngua José
Serra, ultrapassado por Celso Russomanno e ameaçado de nem sequer ir para o
segundo turno. Os tucanos paulistas têm preocupações de sobra e disponibilidade
de menos para se empenhar no julgamento.
O mesmo vale em Belo Horizonte, onde
a eleição certa do candidato que os tucanos apoiam tornou-se incerta. O PSDB
mineiro não quer – e acha que não pode
– sofrer uma derrota na capital.
Sem falar nos projetos de altíssimo
risco em que se envolveram algumas lideranças regionais, mesmo em estados onde
o PSDB já foi grande, como Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco. Nas três
capitais, elas mal terão tempo para respirar até outubro, se quiserem que o
partido tenha desempenho minimamente significativo e se qualifique para as
próximas eleições para a Câmara dos Deputados e assembleias.
Com a oposição partidária tendo de
se concentrar em sua própria sobrevivência, é apenas a armada midiática que
briga em Brasília. O verdadeiro rosto da oposição na batalha do “mensalão” é o
da “grande mídia”.
O terreno em que pisa é sabidamente
frágil: sua luta contra o “lulopetismo”
se sustenta na denúncia do procurador-geral da República e na escassa base de
provas que conseguiu juntar. Ou o Supremo releva suas imperfeições e
fantasias ou tudo desmorona.
Se a acusação política mais
relevante de nossa história, contra Fernando Collor, foi rejeitada pelo Supremo
por falha grave da denúncia (que não
conseguiu indicar qualquer ato de ofício por ele praticado que configurasse
crime), o que dizer desta do mensalão?
Que não é capaz de confirmar que
houve pagamentos regulares a quem quer que seja nem de apontar para que seriam
feitos? Que gastou imenso tempo e dinheiro dos contribuintes para dizer que havia um “esquema” de compra de “apoio
político” no Congresso em troca de “mesadas” a parlamentares e que não
conseguiu demonstrá-lo?
Mas quem não tem cão caça com gato.
Antes isso do que nada, devem ter pensado os “antilulopetistas” nas redações. No fundo, eles têm razão. Não são
muitas as oportunidades disponíveis para os setores da opinião pública que não
querem a permanência no poder da aliança que o PT comanda desde 2003. As poucas
que existem precisam ser aproveitadas, por menores que sejam.
Somando os acertos de Lula e do PT
com os erros das oposições, a duração do que parecia breve mudou. Os quatro
anos iniciais do ex-presidente viraram oito. Aí o inesperado: Dilma. Para quem
achava que “de quatro anos não passarão”,
vieram os oito e depois os 12.
E agora? Com Dilma fazendo 60% e
Lula 70% nas pesquisas para 2014, que cenário resta para as oposições?
Preparar-se para 2018? E se, até lá, um dos dois se reapresentar? Deslocar sua
expectativa para 2022?
Para evitar o que não querem, a
oposição na mídia e os setores da sociedade que ela representa fazem o que
podem. Vale tudo: cobertura tendenciosa,
falar de algumas coisas e esconder outras, pesquisas discutíveis, ressuscitar
personagens histriônicos (como Roberto Jefferson), para ouvir sua “análise”,
inventar acusações malucas de última hora.
A denúncia da Procuradoria-Geral
pode ser fraca, mas é a que existe. Adequadamente vitaminada, quem sabe não
fica em pé? A contabilidade foi feita: nas
quatro semanas até 13 de agosto, 65 mil textos foram publicados na imprensa
sobre o “mensalão”. No principal telejornal do maior conglomerado de
comunicação do País, para cada 10 segundos de cobertura neutra houve cerca de
1,5 mil negativos.
Até agora, o Supremo ouviu. Tomara
que, quando falar, mostre que não faz parte desse jogo.”
FONTE: escrito por Marcos Coimbra, na revista “CartaCapital”.
Transcrito no portal “Viomundo” (http://www.viomundo.com.br/politica/marcos-coimbra-eleicoes-2012-o-vale-tudo-contra-o-lulopetismo.html). [Imagem obtida no Google e
adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Olha aí MT, seu candidato perdeu a liderança rsrsrsrs
ResponderExcluirSão Paulo - Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (21) mostra o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno numericamente à frente das intenções de votos pela primeira vez, com 31%. José Serra (PSDB) registrou 27%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, de acordo com o instituto.
Iurikorolev,
ResponderExcluir"Liderança" é conceito que não combina com "Serra".
Maria Tereza