sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mauro Santayana: CHÁVEZ E A NOSSA AMÉRICA


“Redigimos estas notas em meio aos rumores, quase todos pessimistas, sobre a saúde de Hugo Chávez. Muitos, que não conseguem ocultar o regozijo, afirmam que o líder venezuelano agoniza. Outros – e é o caso de Evo Morales, da Bolívia - rezam para que ele sobreviva. 

Por Mauro Santayana, em seu blog

Infelizmente, segundo observações médicas, só um milagre poderá devolver Chávez a Caracas, vivo e apto a retornar ao poder. As indomáveis circunstâncias, que o fizeram soldado, revolucionário e chefe de governo e de Estado em seu país, retiram-se agora de seu destino, dele fazendo um enfermo comum, que vem lutando, com coragem, mas sem armas efetivas, contra o câncer.

Ele, ao ser diagnosticada a enfermidade, observou, sob o riso desdenhoso de alguns, que o câncer estava, em coincidência muito suspeita, atingindo líderes do continente. Citou Lula e Cristina Kirchner e ele mesmo, como exemplos. O fato é que, em nossos dias, é fácil provocar enfermidades fatais em pessoas com saúde, e é também certo que o poder, com sua ansiedade e angústias, vulnera o organismo e favorece o seu acosso.

Chávez, queiram ou não seus opositores, ocupou a História da Venezuela com uma presença só comparável à de seu ícone, Simon Bolívar. Não cabe discutir – e o debate exige tempo e espaço – se as medidas que tomou irão prevalecer no futuro. O seu grande êxito foi o de dar à maioria do povo venezuelano o seu lado mais sacrificado e oprimido, antes e depois da independência, a consciência de ser, e de pertencer a uma pátria pela qual vale lutar.

O coronel é um mestiço andino, embora tenha nascido ao sopé de um dos segmentos mais imponentes da Cordilheira, o de Mérida, mas em terras planas. Sua forma de ver o mundo está na contradição dialética entre os mitos pré-colombianos e o pensamento ocidental. Em homens de sua origem e formação, prevalece, em certos momentos, a força instintiva dos autóctones, em outros, o racionalismo europeu.

Nesse jogo mental ele construiu o seu discurso às massas, muito superior ao de outros líderes continentais, pela simplicidade e pelo uso de imagens oferecidas pelo cotidiano.

O destino do socialismo bolivariano está vinculado, neste momento, à sobrevivência do discurso de Chávez. Como em todas as experiências políticas do passado, é difícil que o sistema, como ele o construía, se complete. Mas é certo de que os trabalhadores da cidade e dos campos de seu país não aceitarão voltar à submissão, dócil, aos oligarcas que têm dominado o país, com pequenos intervalos de governos honrados e efêmeros – como o do grande romancista Romulo Gallegos, que durou apenas nove meses, em 1948. 

Chávez já é um dos grandes homens da América.”

FONTE: escrito pelo jornalista Mauro Santayana, em seu blog. Transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=203315&id_secao=7#.UO7zdOTWJUo) [Imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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