QUE NEGÓCIO É ESSE? POR QUE TANTA
FÚRIA IRRACIONAL, RACISTA, CONTRA A CHINA?
Por
Andre Vltchek, no “Counterpunch”,
sob o título original “What’s the Big Deal? The Irrational, Racist Fear of China”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu”
Iraque, Afeganistão, Palestina e Líbia aí
estão, em ruínas, esmagados sob os pesados coturnos do imperialismo ocidental.
Mas nos dizem que o inimigo a temer seria a China!
"Nações inteiras da Indochina foram
bombardeadas e empurradas de volta à Idade da Pedra, porque semideuses
ocidentais não tolerariam, e sentiram que nada os forçaria a tolerar, o projeto
pelo qual ansiava um não-povo amarelo asiático. Vietnã, Camboja, Laos – milhões de toneladas de bombas despejadas
sobre eles, dos estratégicos B-52, de bombardeiros em geral, de jatos de
combate. A chuva mortal arruinou países que nasciam, assassinaram mulheres,
crianças, búfalos d’água – milhões de
seres humanos mortos. Nada de pedido de desculpas, nada de admissão das
culpas, nada de compensações enviadas às vítimas, pelas nações-tiranas.
A Indonésia, líder do mundo dos não
alinhados, com imenso Partido Comunista constitucional, foi destruída no golpe
de 1965, por uma aliança entre governos ocidentais, militares indonésios
fascistas e elites locais, auxiliados pelos fantoches religiosos da maior
organização de muçulmanos, “NU”. 2-3 milhões de pessoas mortas, inclusive
muitos da minoria chinesa. Professores, artistas, pensadores – todos mortos ou silenciados. Nesse caso,
o imperialismo criou uma nação submissa praticamente já sem qualquer base
intelectual; já incapaz de analisar a própria queda. Mas não se fala de outra
coisa: todos temos de ficar atentos ao
crescimento da China!
A América Latina, violentada outra vez,
outra vez, outra vez, do México à República Dominicana, de Cuba a Granada,
Panamá, Haiti, Brasil, Argentina, Colômbia e Chile. Ao longo de anos, décadas,
séculos. Praticamente, todos os países da América Central e da América do Sul,
além do Caribe, foram destruídos e devastados em algum momento da história,
pela implementação racista e violenta da “Doutrina Monroe”.
Os mais recentes golpes contra governos
progressistas em Honduras e no Paraguai aconteceram já sob a “liderança soft” do líder supremo do
ocidente liberal e “defensor da
democracia global” – o presidente Barack Obama.
Mas nos dizem o quê? Que é preciso “conter”
a China. Não os EUA, não o Ocidente – mas
a China!
No Oriente Médio, reinos e emirados
inteiros disputam entre eles o lugar de mais subserviente colaborador para o
sucesso dos negócios do ocidente, de quem terá mais bases militares dos EUA
plantadas em seu território, de quem mata, prende e tortura mais gente – todos quantos se oponham à ditadura global
do ocidente.
Mas é a China, claro, não o ocidente e os
EUA, quem ameaçaria inadmissivelmente os direitos herdados que caberiam aos
europeus e aos norte-americanos para reinar sobre o mundo. Ou, para ser mais
preciso: hoje, o ‘'perigo'’ vem da China,
da Rússia e da América Latina – três espaços que deram jeito de começar a
livrar-se das algemas ocidentais e começam a traçar seus próprios caminhos de
desenvolvimento político, social e cultural. Sejam quais forem, mas caminhos
que os próprios povos vão traçando para eles mesmos!
Mas a China é “o grande mal”, porque os tais russos e latinos ainda parecem mais
ou menos brancos, ou, pelo menos, muitos deles, sim, parecem brancos. Mas
imaginar que o país mais importante do mundo estaria firmemente plantado na
Ásia... é impensável, para o ocidente, impensável, inaceitável, verdadeiro
sacrilégio!
Na África, a qual, claro, nem interessa
muito, como se vê, às multinacionais e aos governos ocidentais, habitada pela
mais baixa categoria de ‘des-povo’ (tomando emprestado o léxico de Orwell),
vastíssimas extensões de terra e culturas milenares têm sido saqueadas,
divididas, enfraquecidas, praticamente apagadas, canceladas do mundo.
Fronteiras ridículas são inventadas, grandes governantes populares, como
Patrice Lumumba do Congo, assassinados. Assassinos maníacos, como Paul Kagame e
Museveni são inventados e cevados no e pelo ocidente, armados e postos no
poder; em seguida, recebem a lista de tarefas a cumprir: saquear e policiar localmente, em nome dos interesses do ocidente.
No Congo, foram assassinadas 10 milhões de
pessoas durante o reinado do rei belga genocida Leopold II (hoje, herói nacional na Bélgica, celebrado
em incontáveis monumentos espalhados por toda a cidade, em Bruxelas). E os congoleses continuam a ser
assassinados em proporções ainda épicas, por ditadores impostos e mantidos no
poder por Washington e Londres; em
Ruanda em Uganda, autorizados a invadir o que bem entendam, derrubar governos,
pilhar, saquear a matar, se assim lhes aprouver, a nação inteira.
A Somália, de fato, já quase nem existe – dividida à força e regularmente invadida e
atacada por aliados do ocidente – Quênia e Etiópia. Ali, os europeus lançam
toneladas de lixo tóxico em áreas próximas do litoral e, em seguida,
declaram-se ameaçados por piratas [1] – mais
um pretexto para militarizar cada vez mais toda a região. A orgulhosa
Eritreia “afro-cubana” mal sobrevive
hoje, torturada por sanções, enquanto o país/base militar
chamado Djibuti é glorificado e bajulado, e lá está, como símbolo
grotesco, poluído, frustrado, do militarismo de franceses e norte-americanos;
do imperialismo ocidental, na região onde brotou a raça humana.
Na África Ocidental, na Argélia, em Angola
e na Namíbia, no Congo, na Somália e em dúzias de países africanos, dezenas de
milhões de seres humanos continuam a ser massacrados por imperialistas
ocidentais, no século 20, no século 21. E essa contabilidade macabra não foi
diferente antes, com holocausto direto de populações nativas, com genocídios em
tudo semelhantes aos genocídios promovidos pela Alemanha nazista também, agora,
na Namíbia, com escravidão, tortura, estupro e total desrespeito a vida de não
brancos.
E tal legado por acaso converte as nações
ocidentais em povos e governos mais humildes, menos arrogantes, mais
reflexivos, mais autocríticos? Vê-se por lá algum sinal de culpa, a partir do
qual se pudesse cultivar alguma esperança de uma reconciliação global? Não – longe disso! Não há qualquer sinal de
remorso em Londres, Paris, Berlim, Bruxelas e Washington, nem no interior da
França, nem no meio-oeste dos EUA, nem no sul. Ou, se algum há, está
concentrado em pequenos bolsões, quase sempre urbanos, desconectados do mundo e
tornados mudos e inoperantes pela imprensa-empresa global.
Pois... agora, se culpa a China, por ‘'negociar com ditadores africanos'’! E a
China é culpada! A culpa da China é hoje manufaturada, inflada e implantada nos
cérebros de milhões, em todo o planeta, pelo aparato de propaganda ocidental,
por veículos locais da mídia-empresa, em todos os casos empresas de propriedade
do ocidente; e é o ocidente, também, quem ‘treina’ jornalistas e especialistas
‘midiáticos’ distribuídos pelo planeta.
Por exemplo, acidente em mina na Zâmbia, em local onde opere
alguma empresa chinesa, e a coisa é divulgada para o mundo em proporções gigantescas. Resultado disso, dúzias de trabalhadores mortos,
vítimas da negligência, são apresentadas como se aí houvesse crime em escala
comparável às dezenas de milhões de mortos que morrem por ação direta do
imperialismo ocidental selvagem, do tráfico de escravos, do colonialismo e do
neocolonialismo.
As mesmas táticas de propaganda são
empregadas em todo o mundo. Por exemplo: o “Instituto Goethe” em Jacarta, Indonesia, há bem
pouco tempo, montou uma exposição de fotos de trabalhadores poloneses em
Gdansk, em confronto com a polícia, como comemoração do “Dia da Solidariedade”.
Houve algumas mortes. Mas o “Instituto Goethe” jamais se mobilizou para fazer
exibições de fotos para relembrar os milhões de comunistas, ateus, intelectuais
e chineses do povo assassinados em 1965 e depois de 1965, na própria Indonésia!
É quase como dizer: “Aprendam: aqueles
três milhões de indonésios tiveram de ser sacrificados, para impedir que se
criasse aqui cenário no qual, adiante, 30 poloneses foram mortos.” Lógica
perversa, macabra. Mas apoiada e mantida sempre ativada por montanhas de
dinheiro e de palavras impressas e televisionadas. E funciona!
Na Oceania – na Polinésia, Melanésia e Micronésia – britânicos,
norte-americanos, franceses, espanhóis, alemães e outros senhores coloniais,
esmagaram e reformataram todo o complexo universo que, antes, dava forma e
sentido à vida dos povos que habitam dezenas de milhares de ilhas, ilhotas e
atóis em todo o Pacífico Sul.
Em seguida, os habitantes locais viraram
mercadoria a ser comerciada no mercado de escravos; seus reinos, suas entidades
geopolíticas tradicionais foram, primeiros, divididas em colônias; em seguida,
foram convertidas em estados-nação. Os líderes tradicionais foram assassinados,
exilados, descartados, ameaçados e, os últimos, foram corrompidos e comprados.
Exércitos ocidentais disputaram as ilhas,
usaram-nas para experimentos nucleares; depois, inventaram a chamada “doutrina da contenção estratégica”, para
assegurar que nenhuma embarcação “inimiga”, nem qualquer ideia ou pensamento
anti-imperialista jamais se aproximassem desse universo gigantesco, semeado
sobre uma massa oceânica, pode-se dizer, infinita.
No final, construíram-se bases militares
tamanho monstro – dos EUA, da
Grã-Bretanha, da França; todos os tipos de resíduos tóxicos passaram a ser
lançados lá; atóis virgens, como o atol de Kwajalein, foram convertidos em
campo de teste e alvo de tiros de mísseis.
Lixo, radiação, comida podre; e começaram
as emergências médicas, que cresceram tanto e tanto, que hoje, a mudança
climática e o consequente aumento do nível da água do mar já é, em termos
realistas, a principal ameaça que pesa contra a sobrevivência dos estados e de
povos inteiros na Oceania.
Vivi no Pacífico Sul por mais de quatro
anos; viajei e trabalhei em todos os países da região, exceto Niue e Nauru.
Escrevi sobre a luta dos ilhéus do Pacífico sul, em meu livro-documentário “Oceania”.
Vários países – Kiribati, as Ilhas Marshall, os Estados Federados da Micronésia, além
de várias ilhas e atóis que hoje são propriedade de outros estados – estão,
rapidamente, se tornando inabitáveis. O aumento do nível do mar está devorando
suas terras agricultáveis e a vegetação está morrendo.
O ocidente, responsável por praticamente
toda a poluição, as emissões de dióxido de carbono e o aquecimento global, faz,
na prática, coisa alguma para salvar da extinção países e povos inteiros.
A ajuda que chega dos EUA, da União
Europeia, da Austrália e da Nova Zelândia provoca, na prática, tanto dano e
destruição quanto as emissões de gases tóxicos. Tudo que lá chega é, de rotina,
usado para corromper funcionários dos governos locais; para mandá-los em viagem
pelo mundo, pagas como serviço temporário extra: a “mentalidade do ‘por dia’ trabalhado”, que aumenta consideravelmente
os salários. Domesticados e corrompidos, os governantes locais
absolutamente nada exigem em troca da exploração mortal de seus países, nem se
interessam ativamente por resolver os problemas locais. ‘Ajuda externa’ chega também na forma de bolsas pagas a
especialistas estrangeiros para que visitem o país, para ‘analisar’ e redigir
hectares de páginas de relatórios a maioria dos quais são perfeitamente
inúteis. Tudo isso, exclusivamente para criar a fantasia de que ‘algo’ está
sendo feito; e, assim, assegurar que jamais se faça, de fato, coisa alguma!
Os povos da Oceania não querem ser
evacuados; a maioria deseja lutar pela sobrevivência de suas ilhas natais.
Conversei com muitos: em Kiribati, Tuvalu, FSM, RMI e por toda a
parte. Mas o ocidente e governos locais continuam a insistir em esquemas
irracionais de evacuação, sob os mais absurdos pretextos.
Num dado momento, a China começou a ajudar,
em espírito de internacionalismo comunista; como um país socialista deve
ajudar. Os chineses chegaram, enrolaram as mangas e começaram a construir escolas,
hospitais, prédios públicos, para que o estado pudesse funcionar melhor,
estradas, estádios, muros de contenção em áreas mais críticas do avanço do mar
sobre a terra e outras obras de infraestrutura pesada, com vistas a preservar e
proteger áreas habitadas, mais gravemente ameaçadas.
O ocidente, imediatamente, se pôs a atacar
esses esforços, injetando nihilismo, onde os chineses injetavam solidariedade
comunista, destruindo, pelo denuncismo mais torpe, tudo que fosse decente e bem
planejado. O primeiro estágio da propaganda ocidental – a mesma que já fora usada na África e em outros pontos – foi uma
barreira de matérias negativas por jornais e televisões, onde havia: a China “nada faz, jamais, por altruísmo”; “a China só faz implantar à força seus interesses
e projetos obscuros”...
As linhas “filosóficas” da propaganda pró-ocidente são sempre simples e
previsíveis: “Se somos merda, se a
cultura ocidental nos arrasta para o saque e a escravidão, então a humanidade
que se convença, de vez, que todos somos feitos da mesma massa podre. Quando se
convencerem disso, deixarão de se indignar, e o que fazemos será visto como
humano e normal. Todos os humanos têm os mesmos defeitos. Os exploradores
também são humanos...”
Puro lixo, é claro. Pensadores qualificados,
como Gustav Jung já descreveram a cultura ocidental como excepcionalmente
agressiva, uma espécie de patologia da cultura, de doença cultural do ocidente.
Mas quando a doença é mostrada como
vantagem ou como atributo moral positivo, desejável, como fazem os grandes
propagandistas do ocidente, como Joseph Goebbels e Rupert Murdoch, se a
propaganda é repetida mil vezes, e se os mesmos propagandistas conseguem
corromper/pagar número suficiente de propagandistas em todo o planeta, para que
repitam sempre o que os ‘pensadores’ da propaganda lhes ordenam que repitam, o
lixo converte-se, como que por milagre, em luminosa verdade, não raras vezes,
em verdade cientificamente ‘'demonstrada'’; depois, é um passo até que o
pensamento-lixo se converta em senso comum e em opinião pública.
Mas... voltemos à China e à Oceania:
Quando a “blitzkrieg” de propaganda para desacreditar a
China não funcionou, ou, pelo menos, não funcionou completamente, pelo menos
nos países que se estavam beneficiando mais com a ajuda dos chineses, o
ocidente inventou estratégia diferente: mudaram-se
para Taipei e puseram-se a “encorajar” Taiwan para que “se envolvesse”. Os
taiwaneses interessaram-se pelo negócio, e puseram-se a oferecer propinas aos
governantes e líderes locais na Oceania, em troca do reconhecimento como país
independente. Depois de o país ser devidamente reconhecido – reconhecimento que nem os EUA nem a União
Europeia concederam oficialmente – a China (o Partido Comunista da China) retaliava e rompia relações
diplomáticas como o “novo” país.
Era, precisamente esse, o objetivo das
velhas, hipócritas, dissimuladas eternas potências coloniais.
Assim, países que se mantiveram aliados à
China, como Samoa, receberam seus muros de contenção, contiveram o avanço do
mar, ganharam prédios novos para o parlamento e estádios de esportes públicos,
construídas, todas essas obras, em espírito de solidariedade e otimismo
socialistas; e países como Kiribati, que hoje bem podem ser descritos como a
lata de lixo da Oceania, foram inundados pelo nihilismo ocidental à moda
Taiwan. Choveu dinheiro, mas não chegava ao povo: parava logo, no fundo do bolso dos funcionários do “novo” governo
independente.
Enquanto pequenos países na Oceania
aproximam-se, inteiros, da extinção física, seus governantes, quase todos
educados e treinados na Austrália e nos EUA, vivem de vender seus votos na ONU:
votaram a favor da ocupação israelense na
Palestina; votaram em apoio às invasões norte-americanas pelo mundo; votam
sempre contra qualquer medida de prevenção a qualquer risco ambiental, muitas
das quais poderiam ter efeito positivo em seus próprios países!
“Uma
vez, fui cercado por uma equipe de televisão israelense” – contou-me um
padre, na capital dos Estados Federados da Micronésia [orig. Federated States of Micronesia
(FSM)]. – “O público israelense
queria conhecer melhor essas criaturas, nessa parte do mundo, que sempre votam
a favor de Israel, com os EUA e contra o resto do mundo...”
Ora! São os mesmos que sempre dão
boas-vindas aos barcos de guerra de Taiwan, cujas tripulações vivem a cantar
hinos nacionais pelas praias e andam por todos os cantos, feito maníacos,
sacudindo bandeiras nacionais!
Os que suponham que a China seja incapaz de
trabalhar por altruísmo comunista, devem ler o que escreve Fidel Castro, homem
de palavras sempre poderosas e cheias de gratidão universalista, quando conta
como Cuba foi resgatada pelo povo chinês, depois do surto de loucura de
Gorbachev e de Yeltsin, movido, esse, por muita vodka e mania de grandeza à
moda ocidental, que destruíram a URSS e abriram caminho para que o ocidente, já
sem encontrar qualquer oposição, começasse a saquear todo o planeta, no delírio
da construção do que hoje se chama ‘Império’ dos EUA no ocidente.
Quando a imprensa chinesa me entrevista, a
primeira pergunta é, quase sempre: “O que
a China pode fazer para acalmar o ocidente”? Minha resposta é sempre a
mesma: “Nada”.
A propaganda ocidental não visa a construir
modos para conhecer e analisar a China mais acuradamente; a propaganda
ocidental não procura conquistar a boa vontade dos chineses. A propaganda
ocidental aí está, mais uma vez, dessa vez contra a China, para agredir e
tentar destruir qualquer país que insista e queira perseverar em seu próprio
modelo de desenvolvimento, com vistas a construir bem-estar para o povo, e que,
assim, resista contra a submissão e a obediência servil aos projetos dos EUA e
de suas empresas transnacionais (transnacionais,
sim, mas ativas na promoção do interesse nacional dos EUA, e só).
O ocidente tenta hoje destruir a China
socialista, como tentou destruir o Vietnã, durante a guerra que, na Ásia, é
conhecida como “a Grande Guerra Americana”.
Como consumiu esforço gigantesco para arruinar Moscou, desde o início da
Revolução de 1917 até o fim (e, hoje,
depois da eleição de Putin, novamente). Como os EUA sempre trabalharam para
destruir todos os países que, em algum momento, insistiram em construírem sob
princípios autônomos: Cuba, Egito,
Indonésia, Chile, Nicarágua, Eritreia e o Irã antes do Xá [e, como hoje,
depois da Revolução Islâmica de 1979 (NTs)], para citar apenas alguns casos.
Alguns, como a Coreia do Norte, foram
primeiro devastados e em seguida empurrados para o extremismo, forçados a
radicalizar e, então, exibidos nas televisões ocidentais como exemplo amalucado
de comunismo gagá.
O que o ocidente está armando contra a
China é bem claro e não difere muito do que fez durante a Guerra do Ópio. O cenário perfeito seria uma nação dividida,
encolhida e submissa, que muito admirasse o ocidente. O governante ideal seria
algum tipo de Yeltsin chinês que aceitasse trair, quebrar o país em cacos, abri-lo
para oligarcas e capitais estrangeiros, matar todas as aspirações sociais e
bombardear o Parlamento em dia de casa cheia de representantes do povo que
ainda acreditam no socialismo.
Isso feito, então seria possível “fazer negócios” com a China e dar, aos
negócios plena e total cobertura de propaganda e de ideologia.
Costumo aconselhar os jornalistas chineses
que me procuram: “Usem os números. Os
números trabalham a favor da China”.
Mas parece que a equipe da propaganda
chinesa não sabe fazer o que os “apparatchicks” ocidentais vivem de fazer.
A China é tímida, suave, como, de fato,
praticamente todo o mundo é, se comparado aos gângsteres que comandam a
política e a economia ocidental.
Numa série de golpes mortais, o ocidente
sabe bombardear um país, envenenar a população com urânio radiativo, impor
sanções que matam centenas de milhares de mulheres e crianças e velhos
indefesos, depois bombardear outra vez, invadir, saquear, e assegurar que suas
empresas ganhem bilhões no servicinho de “reconstrução” que, de fato, jamais se
vê, nem se completa.
Ninguém, no planeta é capaz de fazer tudo
isso, nem a China, nem, de fato, a União Soviética, que sempre garantiu, nos
estados-satélites, padrões de vida superiores ao que se via em Moscou!
Se a China não faz, posso tentar fazer, eu
mesmo, em algumas pinceladas.
Usemos números para mostrar ao
mundo, sobretudo aos cidadãos ocidentais “preocupados”
o que e como a China está realmente fazendo. Comparemos. O único modo justo de
comparar é comparar números per
capita.
Quantos homens e mulheres e crianças foram
mortos pelo ocidente em terras distantes dos respectivos territórios nacionais
dos assassinos, desde a 2ª Guerra Mundial? No mundo árabe. No Pacífico
Asiático, na África, na América Latina, na Oceania; de fato em todo o globo.
Fiz as contas e, numa estimativa tímida, o total chega a 50-60 milhões de
mortos. E passa de 200 milhões de mortos, se se somarem as ações indiretas.
A China – muito menos. Alguns milhares,
numa invasão punitiva errada contra o Vietnã, depois de o Vietnã libertar o
Camboja do “Khmer Rouge”.
Foi o pior que a China fez! E invadiu, mas logo se retirou. E, claro, a China
não bombardeou o Vietnã até não haver nenhuma casa habitável, praticamente, em
todo o território!
Quero dizer: se a invasão chinesa ceifou, digamos 10 mil vidas... o ocidente matou,
no mínimo, 5.000 vezes mais do que a China. Simples aritmética.
Quantos governos o ocidente derrubou,
inclusive governos eleitos em processos democráticos difíceis, dolorosos, mas
sempre entusiásticos? Não tenho tempo para contar e listar todos: Nicarágua, Chile, Brasil, República
Dominicana, Indonésia, Irã, Zaire, Paraguai e dúzias de outros.
Basicamente, todo e qualquer governo não aprovado pelas empresas e políticos
ocidentais foi incendiado e destruído. A China: zero golpes!
Que belas lições de democracia o ocidente
tem dado ao mundo! Dito assim, até parece piada!
Continuemos a comparar.
Quem sempre vetou e continua a vetar
quaisquer resoluções propostas na ONU sobre a Palestina e em várias outras
questões que interessam a milhões de seres humanos?
Quem se posiciona fora do alcance dos
tribunais internacionais criminais, ameaçando, até, invadir a Holanda, caso
algum cidadão dos EUA seja levado a julgamento na Corte Internacional, em Haia?
Quem é o maior poluidor do universo, em
valores per capita? A
China polui menos que as nações escandinavas e, apesar disso, está convertida
em ameaça ambiental planetária, ameaça maior, até, que os EUA, porque o
ocidente só calcula por números absolutos, jeito bizarro de servir-se das
estatísticas. Seguindo a mesma lógica, há mais fumantes na França, que em
Mônaco....
Até o ex-vice-presidente dos EUA, que pode
ser acusado de muita coisa, não de ser apaixonado pela China, já viu que a
legislação ambiental na China é melhor, mais estrita, que nos EUA.
Cuidemos da defesa; da tal “ameaça” que a
China imporia ao resto do mundo.
Segundo a publicação de 2012 do “Instituto
de Pesquisas para a Paz Internacional de Estocolmo” [orig. “Stockholm International Peace
Research Institute” (SIPRI
2012 Yearbook)], os EUA, com população de 315 milhões, gasta (oficialmente)
cerca de US$ 711 bilhões com seus militares. Muitos analistas insistem que o
total ultrapassa US$ 1 trilhão de dólares; outros dizem que o total é ainda
maior, mas incalculável por causa de interação obscura, complexa, sem qualquer
transparência entre o setor privado e o governo. Mas fiquemos com os números
oficiais e aceitemos, para argumentar, a estimativa tímida dos 711 bilhões de
dólares.
Aliados próximos dos EUA também gastam
milhões na compra e manutenção de bombas atômicas,
mísseis e jatos de guerra: o Reino Unido, com 63 milhões de habitantes,
gasta 62,7 bilhões de dólares em “defesa”; a França, com população de 65 milhões, gasta 62,5 bilhões; o Japão, 126 milhões de habitantes – e sem ter exército oficial – gasta 59,3
bilhões. Dois dos mais íntimos aliados do ocidente no Oriente Médio são ainda
mais radicais:
– a Arábia
Saudita, com 28 milhões de habitantes, gasta 48,2 bilhões de dólares; e Israel, com população de apenas 8
milhões, gasta 15 bilhões.
A China,
o país mais populoso da Terra, com 1,347 bilhão de habitantes, gasta, com os
militares 143 bilhões, aproximadamente o mesmo que o Reino Unido e a França
somados, mas com população dez vezes maior a defender!
Em números calculados per capita, os EUA
gastam 21 vezes mais, em “defesa”, que a China; o Reino Unido, mais de nove
vezes; a Arábia Saudita, mais de 16 vezes o que a China gasta!
E a pergunta que não quer calar é: contra quem, ou contra o quê, França e Reino
Unido tanto se defendem? Talvez defendam-se contra Andorra, Mônaco ou a
Irlanda? Ou, quem sabe, defendam-se contra um possível ataque vindo... da
Islândia?!
A China, como se sabe, foi várias vezes
atacada; foi ocupada, colonizada e saqueada por potências ocidentais, sobretudo
por Reino Unido e França (cujos atos de
barbárie, no saque a Pequim, são legendários); e, hoje, vive com
bombardeiros e mísseis com ogivas nucleares apontados diretamente para a cara
dela, vindos de Okinawa e Guam, da frota dos EUA na região e das bases das
Repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central.
Os EUA, em clara afronta à Constituição das
Filipinas está realizando manobras militares na base Clark e em outras
instalações militares no território de sua ex-colônia. E têm pesada presença
militar na Coreia do Sul, distante uma pedrada, da China; e está, agora, em
acintoso assalto diplomático contra o Vietnã, na tentativa bizarra de reativar
algumas de suas antigas bases, usadas durante a guerra. Não é segredo,
tampouco, que a Mongólia já está convertida em um dos mais entusiasmados
aliados do ocidente – com milhares de
quilômetros de fronteiras com a China.
O que, afinal, explicaria gastos tão
contrastantes, no campo da “defesa”, entre o ocidente e a China? A resposta é
simples: nada! Não há qualquer
explicação racional. Como no caso da “Doutrina Monroe”, o ocidente não precisa
oferecer qualquer explicação. O ocidente assume, pressupõe uma superioridade
racial e cultural... não diz, mas essa pressuposição está presente e ativa
sempre, o suficiente para manter calados, em todo o ocidente, até os céticos e
até os mais críticos.
As “elites”, os grupos “intelectuais” e a
imprensa-empresa em praticamente todo o ocidente são treinadas e pagas para não
ver e curvar-se ante essa grande farsa absolutamente “incriticável”.
O que faço aqui, ao trazer à tona algumas
perguntas simples, não é aceitável nos círculos cultos da Europa e dos EUA: é considerado, de fato, uma espécie de
grosseria, de falta de educação, de maus modos!
E a China, tantas vezes vítima de agressões
pelo ocidente, vê-se, ela mesma, na obrigação de defender-se, acusada de “flexionar músculos”, apesar de não ter
história de invasões e abusos imperialistas e do orçamento modesto de defesa.
A China é apresentada como ameaça sempre
que se posiciona ombro a ombro com nações progressistas na América Latina ou
com a Rússia, como quando, recentemente, colaborou para bloquear a aprovação de
resoluções da ONU que visavam, exclusivamente, a escancarar as portas para que
o ocidente invadisse a Síria.
Aos olhos dos regimes ocidentais, tentar
impedir uma invasão é crime imperdoável, equivalente, quase, ao terrorismo.
Países que se ponham como obstáculos àquelas invasões tornam-se alvos da
propaganda mais envenenada.
É preciso lembrar que a mesma retórica foi
usada pela Alemanha Nazista durante a guerra. Resistentes de qualquer tipo, “partisans”, forças de oposição
– eram, lá como aqui, chamados de “terroristas”.
E quem algum dia esquecerá o que dizia a propaganda, dos países que estivessem
para ser atacados! Ou o que a propaganda ocidental dizia contra a União
Soviética – contra os russos que
enfrentaram os nazistas e, afinal, os derrotaram!
Segundo minhas investigações na região,
forças ocidentais estão treinando não só a tal “oposição síria”, mas, também, jihadistas sauditas e qataris e
mercenários, nos chamados “campos de
refugiados” na Turquia, perto de Hatay e na base da Força Aérea dos EUA em
Adana.
Mas quem algum dia perdoará China, Rússia e
América Latina, por tentarem impedir que se concretize o cenário de horror,
semelhante ao que o ocidente criou na Líbia? E há também as Ilhas Spratly –
esse “tour de force” da propaganda ocidental!
As Ilhas Spratly poderiam ser, de fato, a
única prova de que a China estaria “flexionando músculos”, quer dizer, estaria
cometendo o crime de defender interesses chineses.
O Governo das Filipinas, ex-colônia dos
EUA, aparece na linha de frente das mais duras críticas dirigidas contra a
China.
Fui convidado para dar uma palestra a
acadêmicos filipinos em Manila; dei jeito de conversar com vários deles. As
opiniões são todas aparentadas e semelhantes, que Roland G. Simbulan,
pesquisador e professor de “Estudos do Desenvolvimento e Administração Pública”
na Universidade das Filipinas, explicou:
“Falando
francamente, as tais Ilhas Spratly não são importantes para nós. O que está
acontecendo é que as elites locais estão sendo visivelmente estimulados pelos
EUA para provocarem a China; e os militares norte-americanos têm profunda
influência nas nossas forças armadas. Deve-se dizer que os militares filipinos
são muito sensíveis e vulneráveis a esse tipo de “encorajamento”. Os EUA
alimentam as atitudes confrontacionais. Mas essa abordagem, se não for mudada,
será desastrosa para o nosso país. De fato, somos nós que aqui estamos, muito
próximos da China, também geograficamente”.
No Vietnã, não há dúvida de que os EUA
estão explorando antigas rivalidades locais, trabalhando para jogar, um contra
o outro, dois estados socialistas.
E há também a questão dos direitos humanos.
Mais uma vez, basta comparar. Há muito mais gente nas prisões nos EUA que na
China. Não apenas “mais”: a diferença é
gigantesca; os números são quase incomparáveis.
Segundo o “Centro Internacional para
Estudos Prisionais” [orig. “International
Centre for Prison Studies”], os EUA têm a maior população encarcerada do
mundo: 730 presos, em cada 100 mil habitantes! Dos 221 países e territórios nos
quais se recolhem dados, a China aparece em 123º lugar, com 121 presos por 100
mil habitantes. É seis vezes menos que os EUA, menos, até, que Luxemburgo (120º
colocado, com 124 presos, por 100 mil habitantes) ou Austrália (113ª da lista,
com 129 prisioneiros, por 100 mil habitantes).
É fato bem conhecido que, nos EUA, muitas
prisões são empresas privadas, e os encarcerados usados como mão de obra
gratuita (escrava) ou muito barata. Se não é violação de direitos humanos
manter milhões de prisioneiros, por crimes menores, apenas para garantir lucros
para empresas privadas... o que faltaria?
Interrogadores norte-americanos aplicam e
ensinam tortura em todo o mundo – o que é
sabido e aceito.
A China ainda executa mais condenados à
pena de morte que os EUA, também em termos per
capita – o que é lamentável. Mas o número de execuções está caindo, na
medida em que caem os crimes puníveis com a pena capital.
Mas a máquina de propaganda ocidental fala
da pena capital na China, sempre em conexão com abusos contra direitos
humanos..., mas não fala, ou só muito raramente se ouve, qualquer menção às “execuções extrajudiciais” em várias
partes do mundo, executadas por ou a mando dos norte-americanos, como, dentre
outros estados, no Afeganistão e no Paquistão, onde a arma usada é quase sempre
um avião-robô armado pilotado à distância, o drone,
na execução premeditada de suspeitos de terrorismo, inclusive mulheres e
crianças.
E o que dizer do principal tema da
propaganda – o Tibete? Se se compara
a situação no Tibete e o que se vê nos territórios controlados pelos aliados do
ocidente, como Indonésia e Índia, chega-se a conclusões bem pouco confortáveis
para o ocidente.
O controle que a Índia impõe à Caxemira só
pode ser descrito por uma palavra: carnificina;
o controle indonésio sobre Papua, já com mais de 120 mil mortos (estimativa conservadora) já alcance
índices de genocídio. Mas Índia e Indonésia jamais são descritas nos relatórios
e matérias jornalísticas como nações a serem “contidas” em função do recorde
escandaloso do número de direitos humanos violados. Aliados do ocidente jamais
são acusados por seus muitos crimes contra a humanidade em todos os
continentes.
Direitos humanos seriam direitos só para os
norte-americanos? Os 50, 60, ou mais de 200 milhões de pessoas que o ocidente assassina,
sobretudo nos países mais pobres, não são humanos?
É ridículo, beira o cômico, pretender que
não haveria racismo no modo como a China é apresentada no ocidente. Tenho
amigos que, em geral, podem ser apresentados como progressistas e esclarecidos,
mas que, quando se fala em China, tapam os ouvidos e põem-se a berrar que “Não, não! Não quero conhecer a China. É
terrível!”.
Seja nação comunista, socialista ou
capitalista, o sucesso das nações asiáticas jamais é assunto simples para os
ocidentais.
Quem algum dia esquecerá, na Ásia, o
sarcasmo e as “suspeitas” que sempre surgem, em quaisquer discussões, quando se
falava do Japão, quando ultrapassou, em índices econômicos e de bem-estar
social, quase todas as nações europeias? E até hoje, quando se diz que
Cingapura tem números de indicadores sociais melhores que os da Austrália,
sempre se ouve, de resposta, comentários de sarcasmo ou de ironia contra aquela
cidade-estado tropical. E Cingapura e Japão são empenhados aliados do ocidente
e economias de mercado altamente desenvolvidas, plenamente integradas no
sistema capitalista global.
O caso da China é diferente. A China está
desenvolvendo-se por modelo próprio; abre e desbrava novas trilhas, em
território completamente desconhecido. Não tem qualquer interesse em seguir ordens. A China é grande demais, a cultura chinesa é
antiga demais.
No passado, como o Japão, a China viveu
fechada, dentro de suas próprias fronteiras, sem jamais agredir outras nações,
sem qualquer ambição expansionista. O ocidente chegou e forçou os chineses a se
abrirem. Depois disso, só se viram banhos de sangue, golpes, confusão, um longo
período de estagnação nacional e humilhações. Depois, foi a luta pela
independência e a revolução.
Não foi simples, não foi suave, mas a China
novamente se ergueu e novamente pôs-se a andar com as próprias pernas; educou
seu povo, deu moradia e atendeu à saúde dos mais pobres.
A China seguiu adiante, por uma trilha
complexa pela qual vai tentando encontrar o ponto de equilíbrio entre a cultura
chinesa e as condições globais; entre o socialismo e a realidade capitalista
que domina o mundo. Houve fracassos, mas as realizações são espantosas. Nem se
pode falar em “surgimento” da China. A China jamais deixou de existir; agora
está voltando, apenas, ao lugar que sempre lhe coube, de pleno direito, no
mundo – lugar que o ocidente negou-lhe
por tanto tempo, depois de anos e anos de invasões debilitantes e saques.
Dentre os que conhecem o país, poucos
discordam de que o povo chinês é gentil e bondoso. Sempre em busca da harmonia,
os chineses não se envergonham de ceder em
qualquer negociação. Mas é
loucura pretender “encurralar” a China, ou atacar a China; é loucura e, de
fato, é quase suicídio. A China entende bem a magnitude de seu projeto nacional
e não cederá. Não há chinês, hoje, que não lembre o que aconteceu quando a
China cedeu.
O ocidente, hoje, cego pelo medo de perder
seus privilégios de ditador universal, está tentando fazer o impensável,
impossível: meter uma estaca de ferro na
boca do dragão. Cá na Ásia, recomenda-se amar e respeitar os dragões – seres míticos, de imenso poder e imensa
sabedoria. Mas os dragões são ferocíssimos, quando a boa-vontade não reina.
A China hoje cresce e trabalha para
entender o mundo e interagir com ele. Os chineses estão entusiasmados com o que
veem; querem fazer amigos. O ocidente age como inimigo: já disparou uma corrida
armamentista e a mais violenta campanha de propaganda que a China jamais viu. O
ocidente vive hoje de corromper nações inteiras na Ásia e na Oceania,
empurrando-as para posições de radicalismo antiChina.
Compreende-se, até, que o ocidente não
teria assassinado a quantidade descomunal de gente que assassinou em todo o
mundo, para implantar-se como “única potência”, para, de repente, desistir de tudo
e abrir mão da posição de ditador universal. O ocidente não destruiu tantos e
tantos países e projetos de país, não explodiu tantos e tantos projetos de
liberdade e autonomia, em todo o mundo, para, agora, apenas se “autoconter” ou
retroceder. Não se deve excluir, para o futuro, o confronto; e não há dúvida
alguma sobre de quem será a culpa.
A China não abandonará a rota que definiu
para ela. A firmeza chinesa é exemplo para o mundo. Nunca haverá Yeltsin
chinês.
No momento em que escrevo, a América Latina
resiste e vence suas próprias lutas contra o império ocidental. A Rússia também
resiste, à sua moda, enquanto tateia à procura de caminho próprio. Outros se
aproximarão dessas variadas linhas de resistência contra o império ocidental. A
África sonha com resistir, mas ainda não aprendeu a ousar, depois de séculos de
feridas tão profundas. Os países árabes já ousam, mas ainda não decidiram o
rumo que darão aos próprios sonhos. Seja como for, cresce, por todos os cantos,
o descontentamento, a ira, em vários casos, a fúria popular contra os coturnos
que esmagam a liberdade. A China nunca se aliou aos tais coturnos. Pode
acontecer, a qualquer momento, de a irracionalidade e o racismo ocidentais
voltarem-se contra o próprio ocidente.”
NOTA DOS
TRADUTORES
[1] Ver também, Jeffrey Gettleman, New York Review
Of Books, vol. 57, n. 15, 14/10/2010, em: The Pirates are Winning! Em
português, traduzido pelo pessoal da Vila Vudu: 14/10/2010, redecastorphoto em: “Somália,
2010: Os piratas estão vencendo!”
FONTE: escrito por Andre Vltchek,
romancista, cineasta e repórter. Cobriu guerras e conflitos em dúzias de
países. Seu livro sobre o imperialismo ocidental no Pacífico Sul, Oceania foi
publicado pela editora Lulu (VLTCHEK, André. Oceania, 2010. Sobre o livro, que
tem prefácio de Noam Chomsky, ver em: “Oceania by Andre Vltchek - Book Review by Jim Miles”). É autor também de “Indonesia –
The Archipelago of Fea”r (Pluto),
sobre a Indonésia pós-Suharto e o modelo de livre mercado fundamentalista.
Depois de viver e trabalhar por muitos anos na América Latina e Oceania,
Vltchek vive e trabalha atualmente no Leste da Ásia e África. Pode ser
encontrado por sua página
na Internet. As ilustrações são capas das obras de
Andre Vltchek e foram acrescentadas pela “redecastorphoto”. Artigo p Castor Filho no blog
“Redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/01/que-negocio-e-esse-por-que-tanta-furia.html).
[Imagens do google adicionadas por este
blog ‘democracia&política’].
Gostei muito do artigo, realmente é gritante a tentativa em denegrir a China, por esse motivo nunca acreditei no ocidente. Nádia-SP
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