segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O MÉTODO “VEJA”/TUCANO PARA FAZER DO BRASIL UM "GUEPARDO"


“A revista propôs a diversos especialistas, em geral tucanos, soluções para tornar a economia brasileira "mais dinâmica".

Edmar Bacha, por exemplo, propõe a redução de gastos sociais e o fim da exigência de conteúdo nacional nas encomendas da Petrobras. Gustavo Franco quer acabar com o FGTS. Armínio Fraga, por sua vez, sugere que mulheres com mais filhos tenham mais votos.

Os oito anos de governo FHC não podem ser classificados, exatamente, como um milagre econômico. Embora o Brasil tenha conseguido acabar com a inflação (por medidas desencadeadas pelo governo anterior, de Itamar Franco (PMDB)] (como, aliás, todo o resto do mundo, onde a praga ainda persistia), a média de crescimento, inferior a 2,5%, foi baixa, a dívida pública, a despeito das privatizações, cresceu assustadoramente e o Brasil, sem política de acumulação de reservas, foi três vezes [falido] ao FMI.

A revista “Veja’ desse último fim de semana, no entanto, expressa certa nostalgia do passado. E decidiu ouvir especialistas (em geral, tucanos) para que a economia brasileira cresça de forma mais acelerada. Ou, na imagem usada pelo diretor Eurípedes Alcântara, “para que seja ágil como um guepardo – o animal mais rápido da fauna terrestre”.

As sugestões, apresentadas como milagrosas por “Veja”, são um tanto polêmicas.

Edmar Bacha, por exemplo, propõe a redução do gasto público. Segundo ele, o Brasil gasta 20% do PIB com despesas classificadas como sociais, mas os 11% da previdência seriam suficientes. “Toda atividade governamental terá de provar ter o custo menor que o benefício social proporcionado”, diz ele. Bacha sugere, ainda, que, na saúde, luxo e tratamentos complexos sejam obtidos por meio de seguradoras privadas – detalhe: o Ministério da Saúde acaba de ampliar a lista de procedimentos oncológicos pagos pelo SUS.

Bacha sugere, ainda, [para o bem dos EUA, das grandes potências européias e da China] abertura radical da economia. Na sua visão, a tarifa máxima de importação seria de 10% e deve ser também suspensa a exigência de conteúdo nacional nos financiamentos do BNDES e nas compras das empresas que têm ações governamentais, como da Petrobras.

Gustavo Franco, que foi presidente do Banco Central no governo FHC e responsável por uma política cambial no mínimo polêmica, sugere a "flexibilização" dos direitos trabalhistas. A primeira ideia é a eliminação do FGTS. Em vez da aplicação compulsória desses recursos no FGTS, que rende apenas 3% ao ano, o trabalhador poderia aplicar diretamente em fundos DI. Assim, segundo Franco, a poupança dos trabalhadores deixaria de abastecer o BNDES, que, segundo ele, financia setores com baixíssima contribuição para o crescimento da economia.

Franco propõe, ainda, o enterro da CLT, a “Consolidação das Leis do Trabalho”. “Os contratos de trabalho passam a ser de natureza civil e inteiramente negociáveis entre as partes – com exceção dos casos em que o salário do trabalhador estiver na faixa da isenção do imposto de renda”, diz ele. No entanto, hoje, poucos veriam razões para mexer com esse tema no governo e na sociedade, uma vez que o desemprego é o menor em dez anos e há também um processo de formalização das relações de trabalho.

Veio, porém, de Armínio Fraga, também ex-presidente do Banco Central na era FHC, a sugestão mais inusitada. “Toda mãe terá direito a votar em cada eleição tantas vezes quantos forem seus filhos menores de 16 anos”, afirma. Ou seja: uma mãe com 10 filhos menores teria 10 votos. Segundo ele, as mães pensam mais no futuro e nas próximas gerações do que os outros indivíduos. Mas será que isso vale para mães sem planejamento familiar?

Se várias dessas reformas fossem implementadas, o Brasil voaria rápido como um guepardo, sugere a revista “Veja”... “Soluções existem. Basta usá-las”, diz o título da reportagem. Será mesmo?”

FONTE: do “Brasil 247”. Transcrito no portal “Vermelho” (
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=202915&id_secao=1
) [Imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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