quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SP TEM MAIS "BOLSA FAMÍLIA" E DILMA PERDEU LÁ



Ilustração de Citi, no Twitter



"SP tem mais 'Bolsa Família' e Dilma perdeu"

Do portal "Conversa Afiada"

Imposto sobre grandes fortunas é mais importante que a reforma política. 

Leia a seguir trechos de entrevista de Wanderley Guilherme dos Santos ao PiG cheiroso (no ABC do C Af) sobre o resultado da eleição “apertada”- leia também a respeito da vitória de Hollande sobre Sarkozy.

Observe que, como o Oráculo de Delfos, o professor Wanderley tem dúvidas sobre o conteúdo e a forma da “reforma política”.

Por Vanessa Jurgenfeld, de São Paulo

"Entrevista com o filósofo e doutor em ciência política pela Universidade Stanford, Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele declarou seu voto em Dilma.

Valor: Dilma assume um novo governo em meio ao tiroteio da Petrobras; quais os efeitos disso sobre ela, sobre Lula e sobre a bancada do PT no Congresso?

Wanderley Guilherme dos Santos:
Acredito que, tal como aconteceu em episódios anteriores, as investigações prosseguirão autonomamente como manda a Constituição. E ponto.
(…)

Valor: Serão 28 legendas no Congresso, como ter governabilidade?

Guilherme dos Santos: Acredito que novamente haverá uma composição de uma maioria razoavelmente confiável no Congresso, como seria o caso em qualquer um dos vencedores. É muito difícil a um partido só em um sistema multipartidário obter maioria absoluta no Congresso. Nunca houve maioria do presidente eleito no Congresso que fosse do seu partido, exceto no período da ditadura. É inevitável, seja qual for o vencedor, que tenha que negociar e formar base de apoio no Parlamento.

Valor: O segundo turno foi bastante disputado, com o acirramento nas ruas. Isso não se refletirá no Congresso?

Guilherme dos Santos:
Tenho a impressão que esse acirramento não se reflete no Parlamento, até porque as decisões já foram tomadas e os resultados já são conhecidos.
(…)

Valor: Para o senhor, 2010 seria a última eleição em que os programas de política social seriam suficientes para definir uma eleição?

Guilherme dos Santos: No Estado em que o candidato Aécio teve uma votação “nordestina”, [obteve 64,31% dos votos contra 35,69% de Dilma], que foi SP, é o Estado com o maior número de beneficiários do "Bolsa Família". É curioso isso. Essas análises de um país dividido partidariamente por regiões ou em funções de políticas sociais não estão valendo mais. Políticas sociais, embora sejam relevantes, se deixarem de existir, o povo cobra, mas não definem mais o voto. Elas podem definir na ausência, na negação, que é o que me parece que aconteceu. Os beneficiários por políticas sociais não definiram seu voto só por isso – eles querem mais. Um pequena maioria – já que a disputa foi acirrada – acreditou que Dilma é uma intérprete melhor para essas mudanças que o povo quer.
(…)

Valor: Como retomar a queda da desigualdade?

Guilherme dos Santos: Um dos elementos cruciais para a redução da desigualdade não são nem as políticas como o 'Bolsa Família', 'Luz para Todos', mas sim a política do salário mínimo. Ela tem sido um componente mais importante que as outras políticas. Esse é um assunto delicado. Nesse ponto, Aécio se colocou frontalmente contra a forma pela qual o salário mínimo vem sendo definido.

Valor: Que reformas seriam mais relevantes no segundo governo Dilma?

Guilherme dos Santos: Tenho uma implicância muito grande com a reforma política porque não sei o que eles propõem que seja reformado. Sou favorável a mais de 90% da Constituição atual. O que eles querem reformar? Acho que essa é a questão. Uma Constituinte exclusiva, como faz parte do programa da presidenta Dilma, desde logo me oponho a esse programa. Em princípio, como tese geral, não vejo que [a reforma política] seja importante para o país. Importante para o país, aí sim, é o imposto sobre grandes fortunas. Ele é absolutamente indispensável. É necessário que as grandes fortunas contribuam de forma mais generosa para o desenvolvimento social do país. Eles têm que assumir uma contribuição maior, porque afinal é o país que os enriquece. Segundo lugar, acredito que o fator previdenciário não pode mais deixar de ser reconsiderado. O sistema tributário brasileiro em geral tem que ser revisto. Em particular, o fator previdenciário é uma exigência de sacrifício excessiva, dos assalariados para a construção nacional. (Colaborou Camilla Veras Motta, de São Paulo). (…)

Leia a íntegra da entrevista em: http://www.valor.com.br/eleicoes2014/3749916/acirramento-nao-se-reflete-no-parlamento#ixzz3HOZp14ZQ

FONTE: do portal "Conversa Afiada"  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/10/28/wanderley-sp-tem-mais-bolsa-familia-e-dilma-perdeu/).

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