Quatros fatos que afetaram a economia brasileira em 2015
Do "Jornal GGN"
"Em matéria da [agência estatal britânica de notícias] BBC (Brasil), assinada por Luís Barrucho, são listados quatro fatores que prejudicaram a economia brasileira em 2015.
O primeiro deles é crise política que adiou ou suspendeu decisões importantes que poderiam aliviar as contas públicas e retomar o crescimento, como a reforma da Previdência, e também as dúvidas sobre o retorno da CPMF.
[OBS deste blog 'democracia&política': A crise política e sua consequência econômica estão sendo causadas pela frustração eleitoral e desespero de Aécio e da oposição de direita em assumir logo o poder, por qualquer artifício, já que não conseguiram em 2006, 2010 e 2014 pelas urnas. A mídia apoia e incentiva fortemente essa crise, induzindo com sua campanha a redução da demanda, dos investimentos e assim degradando a economia, causando desemprego, pobreza e aumentando a insatisfação popular contra o governo federal, apontado pela mídia como o único culpado por tudo de ruim. É a estratégia do quanto pior, melhor para facilitar a volta da direita (do mercado) ao pleno poder no Brasil].
A Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras e que prendeu o banqueiro André Esteves e donos de construtoras como Marcelo Odebrecht, também é apontada como um fator que atingiu a economia brasileira. Segundo a consultoria Tendências, o impacto da operação foi de 2,5 pontos percentuais no PIB deste ano.
Por último, também são citados o cenário externo, com a redução de demanda da economia chinesa, e o impacto de preços represados, como energia e gasolina, na inflação.
Da [agência estatal britânica de notícias] BBC (Brasil):
‘Tempestade perfeita’? Quatro fatos que fizeram de 2015 o ano das más notícias econômicas
Luís Barrucho
"Se ainda restavam dúvidas de que economia e política realmente andam juntas, 2015 serviu para comprovar que a velha máxima faz sentido.
A crise política instalada em Brasília, cujo desfecho ainda não é conhecido, suspendeu decisões importantes, gerou desconfiança entre os investidores e contaminou os mercados.
Em contrapartida, a desaceleração da economia reduziu as receitas do governo que, sem dinheiro em caixa, foi obrigado a cortar gastos e a aumentar impostos, movimento que erodiu ainda mais a popularidade da presidente Dilma Rousseff.
A turbulência econômica também atingiu em cheio o bolso dos brasileiros, que não devem sentir saudades de 2015.
Foram diversas notícias negativas: recessão, inflação alta, taxa de juros elevada, aumento da conta de luz, ondas de demissões e dólar acima de R$ 4 pela primeira vez desde a criação do Plano Real.
Mas não é só. Com um rombo nas contas públicas, o Brasil perdeu o grau de investimento, espécie de selo de bom pagador, conquistado a duras penas durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também deu adeus a um ministro da Fazenda. Há menos de duas semanas, Joaquim Levy ─ um nome desde o princípio associado ao mercado ─ foi substituído por Nelson Barbosa, até então ministro do Planejamento.
A conjuntura externa tampouco foi favorável ao país. Com a economia dando sinais de enfraquecimento, a China, principal parceira comercial do Brasil, comprou menos.
E as previsões para o ano que vem não são otimistas. A inflação deve ficar novamente acima do teto da meta (de 6,5%), os juros devem subir e o PIB (soma dos bens e serviços produzidos pelo país) deve registrar novamente uma retração.
Em meio à tormenta que afeta a economia brasileira, a BBC Brasil listou abaixo quatro fatores que derrubaram o país em 2015, criando uma "tempestade perfeita":
1) Crise política
Em meio à disputa entre o Executivo e o Legislativo, decisões importantes que poderiam aliviar as contas públicas e retomar o crescimento da economia do país estão suspensas temporariamente ou foram adiadas.
Um dos exemplos mais notórios é a reforma da Previdência, considerado o principal sugadouro fiscal do Brasil.
Segundo o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, a proporção dos gastos do INSS sobre o PIB subiu de 3,4% em 1991 para 7,7% no ano passado.
Atualmente, nove brasileiros em idade ativa trabalham para sustentar um aposentado acima de 65 anos. Se nada for feito, em 2040, essa proporção será de quatro trabalhadores para cada aposentado, aumentando significativamente a pressão sobre as contas públicas.
Também há outros desafios importantes ─ e de curto prazo, como o chamado ajuste fiscal, ou seja, o esforço para equilibrar as contas públicas. Em outras palavras, gastar menos do que se arrecada.
Mas o fracasso na aprovação de algumas medidas, como a volta da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira), lança dúvidas se o governo terá dinheiro suficiente para fechar no azul.
Quanto menor a certeza, maior a desconfiança dos mercados.
Sem alternativa para financiar seus gastos, o governo acaba tendo de oferecer um retorno maior a quem quer emprestar dinheiro ao país – no caso, na forma de juros mais altos. Em 2016, estima-se que a taxa básica de juros, a Selic, deva subir dos atuais 14,25% para 14,75%.
Só que juros maiores significam menos dinheiro para aplicar em outras áreas, como saúde e educação.
2) Lava Jato
A operação que investiga o esquema milionário de desvio de verbas na Petrobras - e que resultou na acusação contra algumas das maiores empreiteiras do país - atingiu em cheio a já combalida economia brasileira.
Segundo cálculos da consultoria "Tendências", o impacto foi de 2,5 pontos percentuais no PIB deste ano.
Economistas calculam que a economia brasileira deve encolher 3,7% em 2015. Para o ano que vem, a estimativa é de retração de 2,8%.
Se confirmadas as previsões, será a primeira vez que o país registra dois anos consecutivos de queda no PIB desde o início da série histórica, em 1948.
"A Lava Jato paralisou setores que têm peso grande nos investimentos totais da economia, então é natural que tenha um impacto negativo expressivo no PIB no curto prazo", explicou Alessandra Ribeiro, da "Tendências", à BBC Brasil no início de dezembro.
"O lado positivo dessa história é que as instituições estão funcionando e o risco de os corruptos serem pegos está aumentando - o que tende a limitar a corrupção no longo prazo", acrescentou ela.
3) Cenário externo
Fatores externos também tiveram seu peso no mau desempenho da economia brasileira neste ano.
E o principal revés veio da China, maior parceiro comercial do Brasil.
Com a atividade econômica enfraquecida, resultado da queda das exportações e do menor consumo das famílias, o gigante asiático comprou menos, impactando as vendas externas brasileiras.
Paralelamente, caiu o preço das commodities (principais produtos de exportação brasileiros), refletindo uma menor demanda global, especialmente da China.
E, há duas semanas, o FED, o Banco Central americano, decidiu subir juros pela primeira vez desde a crise financeira de 2008.
Apesar do retorno baixo, os títulos públicos do Tesouro americano são considerados investimentos de confiança (já que o risco de calote dos Estados Unidos, por ser a principal economia do mundo e poder imprimir dólar à vontade, praticamente inexiste). O resultado é uma debandada de investimentos alocados em países emergentes, entre eles o Brasil.
4) Ajuste
Na tentativa de fazer as contas públicas voltarem ao azul, o governo lançou mão de algumas medidas de ajuste fiscal no início de 2015.
Além disso, preços há muito tempo represados, como energia e gasolina, subiram e impactaram a inflação que, segundo economistas ouvidos pelo Banco Central, deve terminar o ano em 10,7%. Se a previsão for confirmada, será o maior valor desde 2002 [com FHC/PSDB] (12,53%).
A CIDE, taxa sobre a gasolina e o óleo diesel foi reinstituída, afetando os preços do combustível. E a forte seca que atingiu o país também reduziu a produção de energia hidrelétrica e forçou o uso da termelétrica, mais cara.
Paralelamente, desde maio, o governo vem anunciando seguidos cortes de gastos para reduzir o tamanho do rombo nas contas públicas.
Apesar do arrocho, o Brasil pode fechar 2015 com um déficit (despesas maiores que as receitas) recorde de até R$ 117,9 bilhões. O valor consideraria o abatimento de até R$ 55 bilhões para compensação das chamadas "pedaladas fiscais" (pagamentos atrasados a bancos públicos).
O problema é que, com menos dinheiro para pagar os juros dos empréstimos que toma para se financiar, o governo passa a ser visto com maior desconfiança pelos agentes econômicos.
Em parte em função disso, o Brasil perdeu o chamado "grau de investimento", uma espécie de selo de bom pagador, por duas das maiores agências de classificação de risco do mundo, a Standard & Poor's e a Fitch Ratings.
Sem esse atestado, o país agora é considerado "grau especulativo", o que, aos olhos do mercado, significa que o país tem menos capacidade de honrar suas dívidas."
FONTE: do "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/quatros-fatos-que-afetaram-a-economia-brasileira-em-2015). [Trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].
[OBS deste blog 'democracia&política': A crise política e sua consequência econômica estão sendo causadas pela frustração eleitoral e desespero de Aécio e da oposição de direita em assumir logo o poder, por qualquer artifício, já que não conseguiram em 2006, 2010 e 2014 pelas urnas. A mídia apoia e incentiva fortemente essa crise, induzindo com sua campanha a redução da demanda, dos investimentos e assim degradando a economia, causando desemprego, pobreza e aumentando a insatisfação popular contra o governo federal, apontado pela mídia como o único culpado por tudo de ruim. É a estratégia do quanto pior, melhor para facilitar a volta da direita (do mercado) ao pleno poder no Brasil].
A Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras e que prendeu o banqueiro André Esteves e donos de construtoras como Marcelo Odebrecht, também é apontada como um fator que atingiu a economia brasileira. Segundo a consultoria Tendências, o impacto da operação foi de 2,5 pontos percentuais no PIB deste ano.
Por último, também são citados o cenário externo, com a redução de demanda da economia chinesa, e o impacto de preços represados, como energia e gasolina, na inflação.
Da [agência estatal britânica de notícias] BBC (Brasil):
‘Tempestade perfeita’? Quatro fatos que fizeram de 2015 o ano das más notícias econômicas
Luís Barrucho
"Se ainda restavam dúvidas de que economia e política realmente andam juntas, 2015 serviu para comprovar que a velha máxima faz sentido.
A crise política instalada em Brasília, cujo desfecho ainda não é conhecido, suspendeu decisões importantes, gerou desconfiança entre os investidores e contaminou os mercados.
Em contrapartida, a desaceleração da economia reduziu as receitas do governo que, sem dinheiro em caixa, foi obrigado a cortar gastos e a aumentar impostos, movimento que erodiu ainda mais a popularidade da presidente Dilma Rousseff.
A turbulência econômica também atingiu em cheio o bolso dos brasileiros, que não devem sentir saudades de 2015.
Foram diversas notícias negativas: recessão, inflação alta, taxa de juros elevada, aumento da conta de luz, ondas de demissões e dólar acima de R$ 4 pela primeira vez desde a criação do Plano Real.
Mas não é só. Com um rombo nas contas públicas, o Brasil perdeu o grau de investimento, espécie de selo de bom pagador, conquistado a duras penas durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também deu adeus a um ministro da Fazenda. Há menos de duas semanas, Joaquim Levy ─ um nome desde o princípio associado ao mercado ─ foi substituído por Nelson Barbosa, até então ministro do Planejamento.
A conjuntura externa tampouco foi favorável ao país. Com a economia dando sinais de enfraquecimento, a China, principal parceira comercial do Brasil, comprou menos.
E as previsões para o ano que vem não são otimistas. A inflação deve ficar novamente acima do teto da meta (de 6,5%), os juros devem subir e o PIB (soma dos bens e serviços produzidos pelo país) deve registrar novamente uma retração.
Em meio à tormenta que afeta a economia brasileira, a BBC Brasil listou abaixo quatro fatores que derrubaram o país em 2015, criando uma "tempestade perfeita":
1) Crise política
Em meio à disputa entre o Executivo e o Legislativo, decisões importantes que poderiam aliviar as contas públicas e retomar o crescimento da economia do país estão suspensas temporariamente ou foram adiadas.
Um dos exemplos mais notórios é a reforma da Previdência, considerado o principal sugadouro fiscal do Brasil.
Segundo o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas, a proporção dos gastos do INSS sobre o PIB subiu de 3,4% em 1991 para 7,7% no ano passado.
Atualmente, nove brasileiros em idade ativa trabalham para sustentar um aposentado acima de 65 anos. Se nada for feito, em 2040, essa proporção será de quatro trabalhadores para cada aposentado, aumentando significativamente a pressão sobre as contas públicas.
Também há outros desafios importantes ─ e de curto prazo, como o chamado ajuste fiscal, ou seja, o esforço para equilibrar as contas públicas. Em outras palavras, gastar menos do que se arrecada.
Mas o fracasso na aprovação de algumas medidas, como a volta da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira), lança dúvidas se o governo terá dinheiro suficiente para fechar no azul.
Quanto menor a certeza, maior a desconfiança dos mercados.
Sem alternativa para financiar seus gastos, o governo acaba tendo de oferecer um retorno maior a quem quer emprestar dinheiro ao país – no caso, na forma de juros mais altos. Em 2016, estima-se que a taxa básica de juros, a Selic, deva subir dos atuais 14,25% para 14,75%.
Só que juros maiores significam menos dinheiro para aplicar em outras áreas, como saúde e educação.
2) Lava Jato
A operação que investiga o esquema milionário de desvio de verbas na Petrobras - e que resultou na acusação contra algumas das maiores empreiteiras do país - atingiu em cheio a já combalida economia brasileira.
Segundo cálculos da consultoria "Tendências", o impacto foi de 2,5 pontos percentuais no PIB deste ano.
Economistas calculam que a economia brasileira deve encolher 3,7% em 2015. Para o ano que vem, a estimativa é de retração de 2,8%.
Se confirmadas as previsões, será a primeira vez que o país registra dois anos consecutivos de queda no PIB desde o início da série histórica, em 1948.
"A Lava Jato paralisou setores que têm peso grande nos investimentos totais da economia, então é natural que tenha um impacto negativo expressivo no PIB no curto prazo", explicou Alessandra Ribeiro, da "Tendências", à BBC Brasil no início de dezembro.
"O lado positivo dessa história é que as instituições estão funcionando e o risco de os corruptos serem pegos está aumentando - o que tende a limitar a corrupção no longo prazo", acrescentou ela.
3) Cenário externo
Fatores externos também tiveram seu peso no mau desempenho da economia brasileira neste ano.
E o principal revés veio da China, maior parceiro comercial do Brasil.
Com a atividade econômica enfraquecida, resultado da queda das exportações e do menor consumo das famílias, o gigante asiático comprou menos, impactando as vendas externas brasileiras.
Paralelamente, caiu o preço das commodities (principais produtos de exportação brasileiros), refletindo uma menor demanda global, especialmente da China.
E, há duas semanas, o FED, o Banco Central americano, decidiu subir juros pela primeira vez desde a crise financeira de 2008.
Apesar do retorno baixo, os títulos públicos do Tesouro americano são considerados investimentos de confiança (já que o risco de calote dos Estados Unidos, por ser a principal economia do mundo e poder imprimir dólar à vontade, praticamente inexiste). O resultado é uma debandada de investimentos alocados em países emergentes, entre eles o Brasil.
4) Ajuste
Na tentativa de fazer as contas públicas voltarem ao azul, o governo lançou mão de algumas medidas de ajuste fiscal no início de 2015.
Além disso, preços há muito tempo represados, como energia e gasolina, subiram e impactaram a inflação que, segundo economistas ouvidos pelo Banco Central, deve terminar o ano em 10,7%. Se a previsão for confirmada, será o maior valor desde 2002 [com FHC/PSDB] (12,53%).
A CIDE, taxa sobre a gasolina e o óleo diesel foi reinstituída, afetando os preços do combustível. E a forte seca que atingiu o país também reduziu a produção de energia hidrelétrica e forçou o uso da termelétrica, mais cara.
Paralelamente, desde maio, o governo vem anunciando seguidos cortes de gastos para reduzir o tamanho do rombo nas contas públicas.
Apesar do arrocho, o Brasil pode fechar 2015 com um déficit (despesas maiores que as receitas) recorde de até R$ 117,9 bilhões. O valor consideraria o abatimento de até R$ 55 bilhões para compensação das chamadas "pedaladas fiscais" (pagamentos atrasados a bancos públicos).
O problema é que, com menos dinheiro para pagar os juros dos empréstimos que toma para se financiar, o governo passa a ser visto com maior desconfiança pelos agentes econômicos.
Em parte em função disso, o Brasil perdeu o chamado "grau de investimento", uma espécie de selo de bom pagador, por duas das maiores agências de classificação de risco do mundo, a Standard & Poor's e a Fitch Ratings.
Sem esse atestado, o país agora é considerado "grau especulativo", o que, aos olhos do mercado, significa que o país tem menos capacidade de honrar suas dívidas."
FONTE: do "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/quatros-fatos-que-afetaram-a-economia-brasileira-em-2015). [Trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].
qualquer assunto sobre divida publica tem que contar com a ex-funcionaria da receita MARIA LUCIA FATORELLI,essa senhora resolveu os problemas de outros países e recentemente foi convidada a estudar os provblemas da divida publica da GRECIA,Ora se temos uma pessoa competente capaz, porque nao convida-la para sanar os problemas da divida publica brasileira?Porque ela é requisitadissima por ouytros países e aqui ela nao é ouvida? O PResidente do Equadror baixou a divida publica do seu país atraves dos resultados obtidos por Maria Lucia fATORELLI, onde ela identificou com muitas dividas da divida publica nao existiam.
ResponderExcluirE a nossa dívida externa com o FMI não era uma dívida elevada, correspondia a menos de 2% da dívida total. E por que ele pagou uma dívida externa para o FMI que tinha juros baixo? Porque, no inconsciente coletivo, divida externa é com o FMI. Todo mundo acha que o FMI é o grande credor. Isso, realmente, gerou um ganho político para o Lula e uma tranquilidade para o mercado. Quantos debates a gente chama sobre a dívida e as pessoas falam: “Esse debate já não está resolvido? Já não pagamos a dívida toda?’. Não são poucas as pessoas que falam isso por conta dessa propaganda feita de que o Lula resolveu o problema da dívida. E o mercado ajuda a criar essas coisas. Eu falo o mercado porque, na época, eles também exigiram que a Argentina pagasse o FMI. E eles também pagaram de forma antecipada. Você vê as coisas aconteceram em vários lugares, de forma simultânea. Tudo bem armado, de fora para dentro, na mesma época. CC: O que a experiência grega de auditoria da dívida poderia ensinar ao Brasil, na sua opinião? MLF: São muitas lições. A primeira é a que ponto pode chegar esse plano de austeridade fiscal. Os casos aqui da Grécia são alarmantes. Em termos de desemprego, mais de 100 mil jovens formados deixaram o país nos últimos anos porque não têm emprego. Foram para o Canadá, Alemanha, vários outros países. A queda salarial, em média, é de 50%. E quem está trabalhando está feliz porque normalmente não tem emprego. Jornalista, por exemplo, não tem emprego. Tem até um jornalista que está colaborando com a nossa comissão e disse que só não está passando fome por conta da ajuda da família. A maioria dos empregos foram flexibilizados, as pessoas não têm direitos. Serviços de saúde fechados, escolas fechadas, não tem vacina em posto de saúde. Uma calamidade terrível. Trabalhadores virando mendigos de um dia para o outro. Tem ruas aqui em que todas as lojas estão fechadas. Todos esses pequenos comerciantes ou se tornaram dependentes da família ou foram para a rua ou, pior, se suicidaram. O número de suicídios aqui, reconhecidamente por esse problema econômico, passa de 5 mil. Tem vários casos de suicídio em praça pública para denunciar. Nesses dias em que estou aqui, houve uma homenagem em frente ao Parlamento para um homem que se suicidou e deixou uma carta na qual dizia que estava entregando a vida para que esse plano de austeridade fosse denunciado.
ResponderExcluir. O juro mensal, no mês seguinte, o capital já corrige sobre o capital corrigido no mês anterior. Você inicia um processo exponencial que não tem limite, como aconteceu na explosão da dívida a partir do Plano Real. Quando o Plano Real começou, nossa dívida estava em quase 80 bilhões de reais. Hoje ela está em mais de três trilhões de reais. Mais de 90% da divida é de juros sobre juros. CC: E isso é algo que seria considerado ilegal na auditoria da dívida pública? MLF: É mais do que ilegal, é inconstitucional. Nossa Constituição proíbe juros sobre juros para o setor público. Tem uma súmula do Supremo Tribunal Federal, súmula 121, que diz que ainda que tenha se estabelecido em contrato, não pode. É inconstitucional. Tudo isso é porque tem muita gente envolvida, favorecida e mal informada. Esses tabus, essa questão do calote, muita gente fala isso. Eles tentam desqualificar. Falamos em auditoria e eles falam em calote. Mas estou falando em investigar. Se você não tem o que temer, vamos abrir os livros. Vamos mostrar tudo. Se a dívida é tão honrada, vamos olhar a origem dessa dívida, a contrapartida dela. CC: Ao longo da entrevista, a senhora citou diversos momentos da história recente do Brasil, o que mostra que esse problema vem desde o governo Fernando Henrique Cardoso, e passou pelas gestões Lula e Dilma. Mas como a questão da dívida se agravou nos últimos anos? A dívida externa dos anos 1990 se transformou nessa dívida interna de hoje? MLF: Houve essa transformação várias vezes na nossa história. Esses movimentos foram feitos de acordo com o interesse do mercado. Tanto de interna para externa, como de externa para interna, de acordo com o valor do dólar. Esses movimentos são feitos pelo Banco Central do Brasil em favor do mercado financeiro, invariavelmente. Quando o dólar está baixo, e seria interessante o Brasil quitar a dívida externa, por precisar de menos reais, se faz o contrário. Ele contrai mais dívida em dólar. Esses movimentos são sempre feitos contra nós e a favor do mercado financeiro. CC: E o pagamento da dívida externa, em 2005? MLF: O que a gente critica no governo Lula é que, para pagar a dívida externa em 2005, na época de 15 bilhões de dólares, ele emitiu reais. Ele emitiu dívida interna em reais. A dívida com o FMI [Fundo Monetário Internacional] era 4% ao ano de juros. A dívida interna que foi emitida na época estava em média 19,13% de juros ao ano. Houve uma troca de uma dívida de 4% ao ano para uma de 19% ao ano. Foi uma operação que provocou danos financeiros ao País
ResponderExcluir: E isso é algo que seria considerado ilegal na auditoria da dívida pública? MLF: É mais do que ilegal, é inconstitucional. Nossa Constituição proíbe juros sobre juros para o setor público. Tem uma súmula do Supremo Tribunal Federal, súmula 121, que diz que ainda que tenha se estabelecido em contrato, não pode. É inconstitucional. Tudo isso é porque tem muita gente envolvida, favorecida e mal informada. Esses tabus, essa questão do calote, muita gente fala isso. Eles tentam desqualificar. Falamos em auditoria e eles falam em calote. Mas estou falando em investigar. Se você não tem o que temer, vamos abrir os livros. Vamos mostrar tudo. Se a dívida é tão honrada, vamos olhar a origem dessa dívida, a contrapartida dela. CC: Ao longo da entrevista, a senhora citou diversos momentos da história recente do Brasil, o que mostra que esse problema vem desde o governo Fernando Henrique Cardoso, e passou pelas gestões Lula e Dilma. Mas como a questão da dívida se agravou nos últimos anos? A dívida externa dos anos 1990 se transformou nessa dívida interna de hoje? MLF: Houve essa transformação várias vezes na nossa história. Esses movimentos foram feitos de acordo com o interesse do mercado. Tanto de interna para externa, como de externa para interna, de acordo com o valor do dólar. Esses movimentos são feitos pelo Banco Central do Brasil em favor do mercado financeiro, invariavelmente. Quando o dólar está baixo, e seria interessante o Brasil quitar a dívida externa, por precisar de menos reais, se faz o contrário. Ele contrai mais dívida em dólar. Esses movimentos são sempre feitos contra nós e a favor do mercado financeiro. CC: E o pagamento da dívida externa, em 2005? MLF: O que a gente critica no governo Lula é que, para pagar a dívida externa em 2005, na época de 15 bilhões de dólares, ele emitiu reais. Ele emitiu dívida interna em reais. A dívida com o FMI [Fundo Monetário Internacional] era 4% ao ano de juros. A dívida interna que foi emitida na época estava em média 19,13% de juros ao ano. Houve uma troca de uma dívida de 4% ao ano para uma de 19% ao ano. Foi uma operação que provocou danos financeiros ao País. E a nossa dívida externa com o FMI não era uma dívida elevada, correspondia a menos de 2% da dívida total.
ResponderExcluirselecionei alguns trechos da entrevista de MARIA L. FATORELLI
ResponderExcluirDepois, esses títulos da dívida externa foram usados para comprar nossas empresas que foram privatizadas na década de 1990: Vale, Usiminas...tudo comprado com título da dívida em grande parte. Você está vendo como recicla? Aqui, na Grécia, o país está sendo pressionado para pagar uma dívida ilegítima. E qual foi a renegociação feita pelo [Geórgios] Papandréu [ex-primeiro-ministro da Grécia]? Ele conseguiu um adiamento em troca de um processo de privatização de 50 bilhões de euros. Esse é o esquema. Deixar de pagar esse tipo de dívida é calote? A gente mostra, simplesmente, a parte da dívida que não existe, que é nula, que é fraude. No dia em que a gente conseguir uma compreensão maior do que é uma auditoria da dívida e a fragilidade que lado está do lado de lá, a gente muda o mundo e o curso da história mundial. CC: Em comparação com o ajuste fiscal, que vai cortar 70 bilhões de reais de gastos, tem alguma estimativa de quanto a auditoria da dívida pública poderia economizar de despesas para o Brasil? MLF: Essa estimativa é difícil de ser feita antes da auditoria, porém, pelo que já investigamos em termos de origem da dívida brasileira e desse impacto de juros sobre juros, você chega a estimativas assustadoras. Essa questão de juros sobre juros eu abordei no meu último livro. Nos últimos anos, metade do crescimento da divida é nulo. Eu só tive condição de fazer o cálculo de maneira aritmética. Ficou faltando fazer os cálculos de 1995 a 2005 porque o Banco Central não nos deu os dados. E mesmo assim, você chega a 50% de nulidade da dívida, metade dela. Consequentemente para os juros seria o mesmo [montante]. Essa foi a grande jogada do mercado financeiro no Plano Real porque eles conseguiram gerar uma dívida maluca. No início do Plano Real os juros brasileiros chegaram a mais de 40% ao ano. Imagina uma divida com juros de 40% ao ano? Você faz ela crescer quase 50% de um ano para o outro. E temos que considerar que esses juros são mensais
E eles sempre compram com deságio. Se o título vale 1000 reais, ele compra por 960 reais ou 970 reais, depende da pressão que ele quer impor no governo aquele dia. Olha a diferença. Se você compra no Tesouro Direto, você não vai ter desconto. Pelo contrário, você vai ter que pagar uma comissão. E você também não vai mandar nos juros. É uma operação totalmente distinta da operação direta de verdade que acontece lá no leilão. CC: Por que é tão difícil colocar a auditoria em prática? Como o mercado financeiro costuma reagir a uma auditoria? MLF: O mercado late muito, mas na hora ele é covarde. Lá no Equador, quando estávamos na reta final e vários relatórios preliminares já tinham sido divulgados, eles sabiam que tínhamos descoberto o mecanismo de geração de dívida, várias fraudes. Eles fizeram uma proposta para o governo de renegociação. Só que o Rafael Correa [atual presidente do Equador] não queria negociar. Ele queria recomprar e botar um ponto final. Porque quando você negocia, você dá uma vida nova para a dívida. Você dá uma repaginada na dívida. Ele não queria isso. Ele queria que o governo dele fosse um governo que marcasse a história do Equador. Ele sabia que, se aceitasse, ficaria subjugado à dívida. Ele foi até o fim, fez uma proposta e o que os bancos fizeram? 95% dos detentores dos títulos entregaram. Aceitaram a oferta de recompra de no máximo 30% e o Equador eliminou 70% de sua dívida externa em títulos. No Brasil, durante os dez meses da CPI da Dívida, a Selic não subiu. Foi incrível esse movimento. Nós estamos diante de um monstro mundial que controla o poder financeiro e o poder político com esquemas fraudulentos. É muito grave isso. Eu diria que é um mega esquema de corrupção institucionalizado. CC: O mercado financeiro e parte da imprensa costumam classificar a auditoria da dívida de calote. Por que a auditoria da dívida não é calote? MLF: A auditoria vai investigar e não tem poder de decisão do que vai ser feito. A auditoria só vai mostrar. No Equador, a auditoria só investigou e mostrou as fraudes, mecanismos que não eram dívidas, renúncias à prescrição de dívidas. O que é isso? É um ato nulo. Dívidas que já estavam prescritas. Uma dívida prescrita é morta. E isso aconteceu no Brasil também na época do Plano Brady, que transformou dívidas vencidas em títulos da dívida externa
ResponderExcluirAo Edson Tadeu, do BRASIL ESPERANÇA,
ResponderExcluirAgradeço a riqueza de informações que você nos trouxe em seu comentário. Ajuda-nos para a melhor compreensão do problema.
Também admiro as colocações da ex-funcionária da Receita Maria Lúcia Fattorelli. Sobre o que ela pensa sobre dívida pública, sugiro a leitura no link: http://www.cartacapital.com.br/economia/201ca-divida-publica-e-um-mega-esquema-de-corrupcao-institucionalizado201d-9552.html.
Maria Tereza