quarta-feira, 29 de julho de 2015

O PREÇO PARA OS EUA DA GUERRA NO AFEGANISTÃO



Afeganistão: o preço da guerra

Do "Jornal Avante", de Portugal


"A guerra dos EUA no Afeganistão já custou mais de 700 bilhões de dólares desde que o presidente George W. Bush autorizou a invasão do país em 2001, revelou recentemente a organização sem fins lucrativos "National Priorities Project" (NPP).

Só este ano, o conflito já consumiu cerca de 35 bilhões de dólares, apesar de a administração Obama ter reduzido as tropas presentes no Afeganistão para 10 mil homens. Isso significa que a guerra custa aproximadamente quatro milhões por hora aos contribuintes norte-americanos.

Os números deixam claro até que ponto “derrapou” o orçamento da guerra. O custo estimado de 20 bilhões de dólares para os anos de 2001 e 2002 caiu para 14 bilhões com a guerra do Iraque, mas depois subiu em flecha até ultrapassar os 100 bilhões em 2010, valor que se manteve até 2013, até chegar ao valor atual. De acordo com o site "sputniknews", que cita um artigo do "New York Times", o custo para os EUA por cada soldado deslocado no Afeganistão é de cerca de um milhão de dólares por ano, valor que ultrapassa largamente os 390 mil dólares estimados por especialistas do Congresso em 2006.

Entretanto, quer Washington como Cabul começam a admitir – após 14 anos de morte e destruição – que a resolução do conflito só poderá ser alcançada através de negociações de paz. Desde que assumiu suas funções, em Setembro, o presidente afegão Mohammed Ashraf Ghani diz ter como prioridade um acordo de paz com os Talibãs, tendo já havido reuniões entre representantes de ambas as partes.

A administração Obama reconheceu há algum tempo que a única forma de terminar a guerra no Afeganistão é com algum tipo de negociação. A questão é: a que custo”, afirmou o diretor do "New Internationalism Project at the Institute for Policy Studies", Phyllis Bennis, à "Russia Today".

A contabilidade da guerra, seja qual for a perspectiva que se adote, será no entanto sempre muito superior à dos números oficiais. O NPP, por exemplo, considera que os 700 bilhões que constam dos números oficiais ficam aquém da realidade, já que não contabilizam os gastos com a assistência médica a soldados e veteranos feridos, nem incluem os juros sobre a dívida nacional referente aos custos da guerra.

Posição semelhante tem a economista da Universidade de Harvard Linda Bilmes, citada pelo "sputniknews", que em 2013 calculou que as guerras do Afeganistão e do Iraque se tornaram “as mais caras da história dos EUA”, com os custos médicos e cuidados adicionais iminentes antes até mesmo de as guerras acabarem.

Vidas humanas perdidas à parte, impossíveis de traduzir em qualquer moeda, nessa contabilidade de guerra não entra a devastação do Afeganistão, que aparentemente ninguém se arrisca a fazer. Por responder fica ainda a perguntar mais elementar: quem lucrou/lucra com essa(s) guerra(s)?

FONTE: do "Jornal Avante", de Portugal. Transcrito no portal "Vermelho"  (http://www.vermelho.org.br/noticia/267992-9).

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