segunda-feira, 31 de outubro de 2011
LULA, CALADO, FALA ALTO
Por Brizola Neto
“Como a anunciada “solidariedade humana” da mídia é apenas da boca para fora – embora possa, sim, haver várias e honrosas exceções – existe, neste momento, um grande ponto de interrogação em seus estrategistas.
O que devem fazer?
Aproveitar-se do recesso forçado a que terá de se submeter a mais carismática figura da política brasileira e aguçar ainda mais os ataques ao Governo? Ou acreditar que a notícia do problema de Lula causou estado de espírito na população que torna um acirramento de sua ofensiva de ataques elemento de evidenciação de seus propósitos e de seu inconformismo com os resultados das eleições?
É provável que nossa mídia siga sua vocação de escorpião e recrudesça seus ataques, após alguns dias de perplexidade.
Mas, neste momento, sua capacidade de ação está limitada.
Hoje mesmo, estão mandando suas pesquisas à rua – duvidam? – para saber o impacto da notícia.
A causa da direita brasileira é muito ruim, é indefensável.
De início, seu projeto de manter o Brasil colonizado, com uma elite incapaz de projeto próprio de país e uma classe média-alta que se compraz da pobreza geral, como forma de achar-se especial, com um “cosmopolitismo-provinciano” que já se mostrou inviável ao primeiro sopro de progresso havido no Brasil.
Trilhou-se, nos últimos anos, um caminho sem volta, porque se dissolveu o fatalismo da pobreza e do atraso nacionais.
Depois, por falta de projeto confessável para o país, ela está sem projeto político e, como não o tem, só lhe resta apontar o dedo para os governos progressistas e, não importando se verdadeiros ou falsos, apontar-lhes os malfeitos.
Como a UDN fazia, nos anos 50 e 60, mas sem um ingrediente que alimentava a velha direita, que era a polarização da Guerra Fria e o pavor ao “comunismo ateu e apátrida”. E sem a esperança que ela nutria – e, afinal, conseguiu – de rondar os quartéis.
Ainda assim, vão tentar atacar pela via que lhes resta. E contar com que, atacado, o Governo não possa contar com seu grande fiador: Lula.
Limitados como são, talvez não percebam que Lula, forçadamente calado, fala muito alto com a consciência dos brasileiros.”
FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/lula-calado-fala-alto/).
RECEITA PARA DERRUBAR MINISTROS [e o governo Dilma]
Por Mário Augusto Jakobskind
“Uma semana das mais movimentadas aconteceu nestas plagas. No sábado, por exemplo, os brasileiros ficaram sabendo que Lula está com câncer na laringe e já começou a especulação sobre as perspectivas de participação política do ex-presidente, que continua bastante influente. Aguarde-se o desenrolar dos acontecimentos.
O ‘blog Brasil’ reproduziu documentos do site ‘WikiLeaks’ revelando que o 'global' William Waack, figura também de proa no famigerado ‘Instituto Millenium’, é informante do governo estadunidense. O texto assinala que Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”. Diogo Mainardi também aparece na lista de informantes dos EUA, da mesma forma que o colunista da ‘Folha de S. Paulo’, Fernando Rodrigues.
A TV Globo, em nota oficial, negou a denúncia contra Waack classificando-a de “absurda”. Mas desmentidos da Globo têm pouco valor, até porque a prática informativa da 'Vênus Platinada' fala mais do que qualquer desmentido.
No Ministério dos Esportes, saiu o seis para entrar o meia dúzia, ou seja, Aldo Rebelo no lugar de Orlando Silva e com a agravante de que o novo titular da Pasta vem sendo acusado pelos movimentos sociais [e ONGs estrangeiras e nacionais] de, como relator do Código Florestal, favorecer o pessoal do agronegócio.
Para ter uma ideia de quanto Rebelo é cultuado pelos grandes proprietários de terra, basta mencionar o comentário da senadora Kátia Abreu, também dirigente do ‘Conselho Nacional de Agricultura’ quando soube que o deputado do PC do B tinha sido nomeado para ficar no lugar do camarada Orlando Silva: “Aldo Rebelo faz parte de um time do bem! Parabéns ao governo pela escolha”. É o caso de perguntar: quem escala esse time mencionado pela porta-voz do agronegócio?
A novela dos Esportes possibilitou à oposição de direita colocar as mangas de fora e procurar desgastar o governo Dilma Rousseff.
Convenhamos, é de uma hipocrisia sem tamanho o deputado Antonio Carlos Magalhães e o senador Álvaro Dias se proclamarem 'arautos da moralidade' [!], quando se sabe que os respectivos partidos que eles integram, quando controlavam o governo federal, não primavam propriamente por práticas cristalinas, haja vista as [falcatruas nas] privatizações das estatais.
ACM aparece quase diariamente nas telas da ‘Globo’ vociferando contra o governo federal e pregando 'a moralidade' [!!!]. Álvaro Dias, uma figura vinculada ao que há de pior em matéria de reacionarismo no Estado do Paraná, não faz por menos. Como tanto o Partido Democratas, a denominação atual do PFL, o que é uma piada, como o PSDB estão completamente sem bandeiras, qualquer tipo de denúncia serve, mesmo as surgidas a partir da revista ‘Veja’, uma publicação que prima pela manipulação da informação e pela falta de credibilidade.
No fundo, bem lá no fundo, DEM e PSDB continuam inconformados pelo fato de, com o terceiro mandato presidencial consecutivo, encontrarem-se afastados do controle do Estado e, consequentemente, sem possibilidade de abocanhar os cargos para os correligionários.
A Revista ‘Veja’ agora também vinculada a capitais sul-africanos que apoiavam o apartheid, é linha auxiliar dos partidos de direita que já estão de olho no embate eleitoral em 2014, quando Dilma Rousseff completará os quatro anos de mandato. A ‘Editora Abril’ também perdeu vantagens com o governo federal na área do livro didático. Em compensação, no Estado de São Paulo, governado pelo PSDB desde muito tempo, a história é bem outra. Ou seja, ganham muitos milhões de reais com os livros, mas praticamente ninguém contesta o fato.
No caso de Orlando Silva, a primeira matéria que apareceu na mídia foi via ‘Veja’, completamente sem provas e que aqueceu os anais oposicionistas. O tal PM, de nome João Dias, ficou de comparecer na Câmara dos Deputados para fazer mais denúncias, mas na última hora acabou não indo, isso depois de grande empenho da oposição para que acontecesse o depoimento.
Enquanto a Polícia Federal continua a aguardar provas concretas sobre a participação de Orlando Silva no esquema de corrupção com as ONGs, a ‘Folha de S. Paulo’ apareceu com matéria tentando agora envolver um irmão de Aldo Rebelo nas denúncias sobre falcatruas no Ministério dos Esportes. Soa realmente estranho o fato de a denúncia, com base apenas no depoimento do PM delator, também sem provas, somente aparecer depois da nomeação de Aldo Rebelo.
Também soa estranha a condenação de antemão de um acusado de corrupção, como o ex-ministro Orlando Silva, somente pelo fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) passar a cuidar das denúncias. Isso não significa que já houve a condenação, como quer fazer crer a mídia de mercado. Açodamento dessa natureza acaba desembocando no fascismo.
Depois do episódio que culminou com a demissão de Orlando Silva, já se pode pensar em trabalho jornalístico mais aprofundado. Sugestão de título: ‘Receita para demitir um ministro’. Começa com matéria na ‘Veja’, fazendo dobradinha com a ‘Época’, desmentidos daqui e dali, repercussão nos espaços midiáticos das ‘Organizações Globo’, do ‘Fantástico’ ao ‘Jornal Nacional’, e demais órgãos da imprensa conservadora, sobretudo as revistas semanais, até alcançar o desgaste político do denunciado.
Somam-se a isso as convocações dos mesmos meios de comunicação de mercado em conjunto com as ‘Federações de Indústrias’ do Rio e São Paulo para atos públicos de 'combate à corrupção', inclusive com vassouras verde-amarelas distribuídas a granel, e o jogo está feito.
Mas informações sobre o quanto o Brasil vem gastando com a dívida pública, nem pensar. Afinal, tudo que compromete o modelo econômico e a estratégia de favorecimento ao capital financeiro, a mídia de mercado silenciará totalmente e se voltará para o varejo, de forma a produzir matérias para iludir incautos. Para se ter uma ideia dos gastos mencionados, no ano passado correspondeu a 45% do orçamento brasileiro, que foi de 1,414 trilhão de reais. Então, somente para o pagamento dos juros e amortizações, o total é de 635 bilhões de reais, o que corresponde a quase R$ 2 bilhões diários.”
FONTE: escrito por Mário Augusto Jakobskind, correspondente no Brasil do semanário uruguaio ‘Brecha’. Foi colaborador do ‘Pasquim’, repórter da ‘Folha de São Paulo’ e editor internacional da ‘Tribuna da Imprensa’. Integra o Conselho Editorial do seminário ‘Brasil de Fato’. É autor, entre outros livros, de ‘América que não está na mídia’, ‘Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE’. Artigo publicado no site ‘Direto da Redação’ (http://www.diretodaredacao.com/noticia/receita-para-derrubar-ministro) [título e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
BRASIL: DUPLA REALIDADE
Por Mair Pena Neto
“Uma conhecida trocou de fogão e quis doar o antigo, ainda funcional, à igreja da Matriz, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Próxima à favela de Santa Marta, a igreja sempre abasteceu os moradores com objetos e roupas doados. Mas para surpresa de minha amiga, ao procurar o padre, foi informada que a igreja não poderia receber o fogão, porque o depósito já estava repleto. Segundo o padre, com o crescimento da economia e a oferta de crédito, as pessoas estão comprando eletrodomésticos novos e não mais precisam recorrer a objetos de segunda mão.
"Antigamente, os objetos não ficavam duas semanas aqui. Bastava a notícia circular que rapidamente apareciam interessados. Agora, estamos sem espaço", contou o padre, de sotaque estrangeiro, impressionado com a rápida transformação da realidade brasileira.
Um amigo também comentou, recentemente, que a empregada que trabalha há muitos anos em sua casa foi visitar a família que vive no Maranhão, e, pela primeira vez, usou o avião como meio de transporte. A passagem, parcelada, coube no orçamento dela e permitiu uma viagem rápida e mais confortável do que as que fazia de ônibus. Sua intenção é tornar as visitas mais regulares, sem o sacrifício de dias no interior de um ônibus, do Rio a São Luís.
Essas duas histórias ilustram bem a realidade do Brasil nos últimos anos, que está à nossa frente, mas que muitas vezes deixamos de ver por conta de uma suposta realidade apresentada pelos que não estavam acostumados a dividir os aeroportos com a população e que procuram questões econômicas e políticas para dizer que o país não funciona e corre risco. Podemos afirmar que o Brasil teria, então, duas realidades. Uma percebida pela maioria da população, satisfeita com os rumos que o país vem tomando nos últimos anos, e, outra, fabricada por minoria insatisfeita e saudosa de privilégios perdidos, que se esforça em fazer crer que os avanços não existem.
O problema para essa minoria é que o reconhecimento do rumo adotado pelo Brasil não se limita aos pobres, que costumam considerar como 'ignorantes', mas a estudiosos daqui e de fora, que buscam conhecer, cada vez mais, as experiências sociais e econômicas que levaram o país a colocar uma Argentina, em termos de população, na classe média. Um contingente que passou a ter mais renda, a fortalecer o mercado interno e a ajudar o país a ter condições de enfrentar as turbulências internacionais.
A ‘Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico’ (OCDE) acaba de apresentar relatório, no qual destaca os "avanços extraordinários" do Brasil na última década, com redução da pobreza e da desigualdade "nunca vista". O Brasil virou referência de crescimento com distribuição de renda e sua atuação na crise econômica internacional iniciada em 2008, deixando de lado o receituário ortodoxo, despertou atenção sobre as possibilidades de alternativa ao fracassado modelo econômico global, que continua causando ruínas e despertando cada vez mais indignação.
Esses avanços e conquistas não significam que a condução do país só tem virtudes. O Brasil enfrenta sérias questões éticas na pólítica, que precisam ser atacadas de forma consequente tanto pelo governo, quanto pela população. Os casos de corrupção são uma afronta, mas sempre envolvem dois lados: o corrupto e o corruptor. Quem tem telhado de vidro não pode atirar pedra. Agora mesmo, uma pesquisa da ‘Organização Internacional de Trabalho’ [da ONU] revelou o perfil de quem pratica o trabalho escravo no Brasil. O escravocrata do século 21 é branco, nasceu no Sudeste, tem curso superior e é filiado a partido político. A pesquisa apontou o PMDB, o PSDB e o PR como as legendas escolhidas.
Provavelmente, essa gente também critica os desvios existentes no governo como se fossem cidadãos decentes. Assim como odeiam o governo, e mais ainda a Lula, que já deixou de ser presidente, mas que continua magnetizando os rancores da elite, aquela contrária a uma estação de metrô em bairro chique de São Paulo. Devem integrar a legião dos supostos 'indignados' os que furam fila no cinema e no teatro, os que oferecem dinheiro ao guarda quando flagrados em irregularidade, os que querem sempre levar vantagem em tudo, certo? [OBS deste blog: Além disso, nessa legião da elite indignada contra 'a corrupção no atual governo', há muitos que sonegam impostos, omitem ou mentem sobre ganhos tributáveis, corrupção essa gigantesca que, segundo dirigente da Receita Federal, desvia, se apropria de R$ 200 bilhões por ano de recursos que deveriam ser públicos, montante de roubo quatro vezes maior que toda corrupção que acusam na 'Veja' e na 'grande' mídia existir nos governos federal, estaduais e municipais].
Precisamos avançar nas questões éticas simultaneamente às melhorias econômicas e sociais. Por outro lado, não podemos permitir que elas sejam utilizadas para causar paralisia no que vem dando certo e foi determinado pelo povo, por escolha democrática. O governo e a política não são os vilões da história, pois os desvios se espalham por todo o tecido social. Apenas estão mais expostos e sobre eles podemos exercer nossa influência. Um bom momento está colocado para tanto. Mas é preciso distinguir bem quem realmente está interessado no aprimoramento das instituições e quem só quer se valer da oportunidade para recuperar uma velha ordem.”
FONTE: escrito por Mair Pena Neto, jornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB, foi editor de política e repórter especial de economia. Publicado no site “Direto da Redação (http://www.diretodaredacao.com/noticia/dupla-realidade) [trecho entre colchetes adicionado por este blog ‘democracia&política’].
FERNANDO GABEIRA, PORTA-VOZ DO GOLPISMO MIDIÁTICO
Gabeira (não mais consegue esconder que está a serviço dos tucanos, da 'elite' conservadora, da direita)
Por Osvaldo Bertolino, no “Portal Grabois”
“Na onda anticomunista levantada pela mídia contra o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o que não faltam são teorias sem fatos. Falta, portanto, a matéria-prima indispensável a qualquer informação que se preze. No particular palco da mídia, onde uma combinação de interesses de certas correntes político-ideológicas e dos grupos que controlam a circulação de informações no país com mão de ferro gosta de encenar seus atos, desfilam figuras que despejam nos jornais, rádios, TVs e internet amontoados de invectivas, meias-verdades e mentiras deslavadas.
ÀS FAVAS O ESTADO DE DIREITO
Um exemplo é Fernando Gabeira, que pode ser destacado por sua presença ostensiva nas trincheiras da direita no curso dos debates travados desde que Luís Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República em 2002.
Agora articulista do jornal ‘O Estado de S. Paulo’, Gabeira escreve, na edição da sexta-feira (28), artigo atacando o PCdoB com virulência. Utiliza a desmoralizada falácia da “antirrepublicana” causa do “direito de aparelhar a máquina do Estado” como base de sua argumentação e se apega a uma farsa já desmontada pelos fatos.
Segundo ele, “querer provas de que um dinheiro foi entregue na garagem é uma questão irrelevante". Com essa tese, Gabeira demonstra ser um republicano de fachada.
Em outro trecho, ele diz que “não somos uma República bananeira” e que “também não podemos ser uma República de laranjas”. O que não podemos mesmo é ser uma República autoritária, que inverte o pressuposto do Estado de Direito de presunção da inocência. Gabeira, ao defender seu moralismo tacanho, resvala para a defesa de atos discricionários. Endossa um disparate que o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ tem defendido –o de que o sagrado princípio da presunção da inocência não deve valer para os “políticos”. Esse conceito arbitrário é inaceitável. O Estado de Direito é produto da civilização e, ao mesmo tempo, mecanismo político que a garante.
ATAQUE AO PCdoB VISA IMOBILIZAR GOVERNO DILMA
Gabeira também envereda pela senda do golpismo ao argumentar que “a sucessão de denúncias é apenas o trabalho da máquina profissional na coleta de dados”. Com o surrado tom presunçoso da mídia, diz que “sem ela, a população ficaria mais indefesa diante dos governos”. Repórteres estariam trabalhando “dia e noite para elucidar a passagem do PCdoB pelo Ministério do Esporte”. É uma visão romanesca, falsamente pueril e hipócrita à raiz dos cabelos.
Qualquer pessoa medianamente informada sabe que a mídia, controlada por monopólios, se pauta por sua índole golpista, de olho na sucessão de 2014 para impedir a reeleição deste governo popular e democrático. Essa ação orquestrada no linchamento de Orlando Silva e do PCdoB é, talvez, a maior evidência surgida até agora de que o processo sucessório da presidente Dilma Rousseff já está em pleno andamento. Já que não conseguiram impedir a eleição de Dilma, tentam obstruir e desestabilizar seu governo.
ANTICOMUNISMO
Diz ele que, em época de Copa do mundo e de Olimpíadas, teria sido um erro manter o PCdoB no Ministério do Esporte. O primeiro motivo seriam as calúnias lançadas por um farsante que já foi preso por corrupção. Como já vimos em “A República” de Gabeira, a acusação, mesmo sem prova alguma, já é bastante para se condenar uma pessoa. O outro motivo é apresentado de forma enrustida. Para Gabeira, o PCdoB é “um partido associado, no imaginário internacional, ao século passado”. Segundo ele, então, manter os comunistas no Ministério “abriria um grande flanco externo”. Todavia, o “flanco externo” não deriva do anticomunismo que Gabeira professa.
À frente do Ministério do Esporte, Orlando Silva, com respaldo da presidente Dilma Rousseff, lutou com todas as forças para enfrentar a FIFA e defender os interesses nacionais. Segundo Gabeira, a Copa do Mundo representa investimento alto. Seu êxito se mede pela eficácia na realização dos jogos, pelo legado de infraestrutura e também pela projeção do prestígio do país. Tudo isso ficaria melhor sob controle externo ou nas mãos de gente sem compromissos com a causa nacional, com os interesses do povo brasileiro. Com seu anticomunismo velhaco, Gabeira se apresenta como porta-voz do entreguismo.
Com ares professorais –a rigor, autoritários–, Gabeira também ironiza o apoio do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva à resistência do PCdoB e tenta dar lição sobre a ação dos comunistas. “Existem exceções de homens e mulheres que enfrentaram a ventania de peito aberto e não foram arrastados por ela. Todos eles, entretanto, têm um ponto em comum: a defesa de uma grande causa”, escreve. Não é preciso muito esforço para constatar que o PCdoB está chegando aos 90 anos, enfrentando ventos e trovoadas, golpes e ditaduras, exatamente por defender uma grande causa: o fortalecimento da nação e o socialismo.
Assacador, ele se aproveita da situação para atingir, com uma tacada só, o PCdoB, Lula e o governo. O centro da perfídia consiste em deslegitimar a presença dos comunistas em postos importantes do governo. Em bom português: anticomunismo rasteiro e golpismo refinado, embrulhados em moralismos estridentes e ocos. De resto, um expediente generalizado dos clãs midiáticos. São as mesmas faces conhecidas de golpismos do passado, tangendo os mesmos velhíssimos ideais.
NORTE DEFINIDO
O PCdoB tem, em suas práticas, o critério supremo da verdade. Práticas que o conduziram pela história para ser, com moral, uma das forças que sustentam o governo neste momento de ascensão social, de ampliação da democracia e de melhorias nos índices econômicos no país. Foi um dos arquitetos do movimento progressista que surgiu nas eleições de 1989 e foi se ampliando, até as vitórias de 2002, 2006 e 2010. Durante as administrações do presidente Lula, o Partido, à frente do Ministério do Esporte, desenvolveu ações que em muito contribuíram para os êxitos que estão a vista de todos.
Pode, portanto, falar com altivez que é uma das forças políticas do país credenciada para impulsionar ainda mais o governo no rumo das mudanças historicamente reclamadas pelo povo. Como tem dito com frequência, o PCdoB vê o atual estágio da sociedade brasileira como passo importante no caminho de realizações maiores, de projetos mais avançados –uma importante etapa na caminhada rumo ao socialismo.
É, portanto, uma organização política com norte bem definido, com projetos claros, expressos em seu programa socialista. O ‘Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento’, centro gravitacional de sua política, é um instrumento que faz do Partido autoridade com respeitabilidade na sociedade, alicerçada em sua história de defesa da nação, da construção da democracia e do impulso ao progresso social.
VAZIO DE FATOS
Que ninguém se iluda –o verniz de luta política esconde, no fundo, uma feroz batalha ideológica. O Brasil conhece bem, e há muitos anos, a situação de ter dentro de si diversos países diferentes convivendo ao mesmo tempo. O Brasil dos conservadores pensa que pode vencer pelo choque, pelo cansaço do prolixo.
Podemos, nesse vazio de fatos e profusão de invencionices, recorrer às palavras do Padre Vieira, no ‘Sermão da Sexagésima’. Lá se diz: “As razões não hão de ser enxertadas, hão de ser nascidas. O pregar não é recitar. As razões próprias nascem do entendimento, as alheias vão pegadas à memória, e os homens não se convencem pela memória, senão pelo entendimento. (…) O que sai da boca, para nos ouvidos, o que nasce do juízo, penetra e convence o entendimento.”
FONTE: escrito por Osvaldo Bertolino, editor do “Portal Grabois”. Transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=167495&id_secao=6) [imagens obtidas no Google e adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
“A VOZ DE LULA E OUTRAS VOZES”, por jornal argentino
Martín Granovsky
O artigo é de Martín Granovsky, no jornal argentino “Página/12”
Era de manhã e caía uma chuva tropical quando o moderador Sergio Bertoni disse: “Queremos dar-lhes a notícia de que o presidente Lula tem câncer”. Não havia maiores informações. Fez-se um silêncio denso entre os 468 participantes do ‘Congresso Mundial de Blogueiros’, em Foz do Iguaçu. Passou menos de um minuto em meio ao painel “Experiências na América Latina” para se conseguir mais dados (era câncer de laringe e Lula já estava internado no Hospital Sírio Libanês de São Paulo) e tuitar: “Uma desgraça. Lula, dirigente popular e pedagógico, tem câncer de laringe”.
O ex-presidente brasileiro (2003-2010) não é só o líder do maior partido de esquerda do mundo, o Partido dos Trabalhadores, e uma das figuras mais carismáticas do planeta. Parte de sua militância, antes e agora, desde que começou sua carreira sindical nos anos 70 até seu giro pela Europa para pedir uma solução política para a crise, consiste em convencer e convencer. Com fatos, mas também falando com sua voz rouca para enunciar argumentos simples e emocionar. “Que problema!”, disse alguém no twitter desde a Argentina. “O mesmo aconteceu com Castelli, orador da Revolução”, escreveu @raulcaminos. Castelli teve câncer de garganta.
O ‘Encontro Internacional de Blogueiros’, impulsionado por Joaquim Palhares, o inquieto editor do site de esquerda ‘Carta Maior’, com mais de 60 mil leitores cadastrados com nome e sobrenome, tratou de vozes.
Entre os 468 participantes, 250 eram de Foz e 218 de fora. Vieram de 17 estados do Brasil e de 23 países distintos, entre eles a Argentina, representada por Damián Loreti, que integrou a equipe que redigiu a ‘Ley de Medios’, o pesquisador Martín Becerra e outro Martín, que assina a nota. O Congresso emitiu documento final reivindicando a liberdade de expressão, repudiando qualquer tipo de censura e criticando os monopólios midiáticos.
Participou do encontro Ignacio Ramonet, diretor do ‘Le Monde Diplomatique’ em espanhol, sempre preocupado em pedir atitude aberta ante às mudanças tecnológicas envolvendo o jornalismo e enfatizar que as novidades não devem supor queda da qualidade profissional nem cataclismo.
Os detalhes da experiência argentina despertaram muito interesse. A ‘Ley de Medios’ poderia ser copiada no Brasil? Diplomático, Loreti disse que não se sentia autorizado para dizer o que outro país deve fazer, mas lembrou que, na elaboração da lei argentina, foram fundamentais “a participação popular, a vocação política e a decisão de basear-se em princípios dos direitos humanos” vigentes na América e no mundo. “Mesmo que a mão invisível do mercado alcançasse algum âmbito da comunicação, é certo que não seria suficiente para garantir a pluralidade nos meios de comunicação”, disse após esclarecer que a legislação argentina não regula conteúdos nem tem jurisdição sobre a imprensa escrita.
Para Loreti, especialista em Direito à Informação, “historicamente os meios de comunicação não são os oradores, mas sim o fórum público”.
Blanca Josales, diretora de comunicação do Peru, disse que para o governo de Ollanta Humala “a comunicação é um direito vinculado com a inclusão social”. Além disso, destacou que “o direito à informação é uma política pública”.
Ahmed Bahgat, do Egito, explicou que um ‘cyberativista’ não é o mesmo que um ‘blogueiro’. Ele contou que, durante as revoltas no Cairo, tiveram que driblar a divisão da polícia política encarregada da guerra eletrônica, que chegou a internar um blogueiro em uma instituição de saúde mental. Bahgat narrou que, enquanto enganavam a vigilância, deviam construir redes de confiança. “Nós prestávamos atenção em quem estava trabalhando na rua e quando víamos que sua informação era séria nos conectávamos para trocar dados”, relatou. Terminaram desenhando círculos que serviam para checar a informação. Como redação virtual, mas nas praças e nos bairros das principais cidades do Egito.
Jesse Freeston mostrou impactante vídeo sobre Honduras, onde um colaborador de um dirigente do presidente Porfirio Lobo se aproximava e, apontando para um periodista, dizia: “Faça com que o matem”. Freeston disse que, na América Latina, Honduras tinha o maior volume de jornalistas assassinados. Um dos ameaçados destacava no vídeo que se tornar conhecido internacionalmente era uma das principais formas de proteção.
O autor do vídeo citou o encarregado da embaixada dos EUA na Guatemala, Hugo Llorens. É o mesmo diplomata que substituiu o embaixador Lino Gutiérrez na Argentina. Gutiérrez e outros membros do Departamento do Estado viram interrompidas suas carreiras depois que a Chancelaria dos EUA iniciou uma investigação interna por supostas irregularidades. O “Página/12” informou, em 2005, sobre o papel de Gutiérrez e sua equipe na teia de relações entre a empresa Cogent, Ciccone e o empresário Mario Montoto. É provável que Llorens tenha guarda-chuva de proteção maior que o resto de seus colegas, porque segue na carreira.
O espanhol Pascual Serrano pediu para que não se sinta “um êxtase místico pelas redes”, ainda que “seria um suicídio renunciar aos artefatos da tecnologia”. Ao falar dos indignados, disse que “a rua e o acampamento sozinhos, sem partidos, sem política, não servem” e defendeu que “a organização segue sendo importante como foi durante toda a vida, com pessoas que se juntam cara a cara e discutem”, porque “o ativismo virtual só consegue melhoras virtuais e não há possibilidade de mudança sem uma construção coletiva”.
Na mesma linha, Becerra disse que “é arriscado acreditar que as redes sociais medem o humor popular” e também que “pode haver risco de endogamia, porque se reúne gente que pensa de maneira bastante parecida”.
Andrés Thomas Conteris, fundador nos EUA de ‘Democracy Now’ em espanhol, ressaltou a “perspectiva das histórias populares como uma tarefa a realizar”. Ao comentar a crise econômica dos EUA, deu um dado: enquanto outras crises que envolveram escândalos econômicos chegaram a envolver mil investigadores do FBI, “desta vez há só 15”. E um outro: as dívidas dos estudantes pelos créditos para seus estudos representam soma superior à dívida de cartões de créditos.
Às 14h10min, um dos organizadores atualizou a informação. Lula estava sob controle médico. Aplausos.”
FONTE: artigo de Martín Granovsky, publicado no jornal argentino “Página/12” e transcrito no site “Carta Maior” com tradução de Marco Aurélio Weissheimer (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18858).
“AS MENTIRAS QUE NOS CONTAM SOBRE A ECONOMIA MUNDIAL”, revelam dois economistas franceses
Olivier Pastré
Jean-Marc Sylvestre
Por Eduardo Febbro, correspondente da ‘Carta Maior’ em Paris
“Conforme a hora do dia, o analista, o colunista ou o canal de televisão, os argumentos para explicar a crise mundial variam como a cor do céu. Qual é a verdade? Na realidade, a verdade é um acúmulo de mentiras que se disparam de todas as partes: o ‘Fundo Monetário Internacional’ mente, as agências de qualificação mentem, os analistas financeiros mentem, as instâncias de regulação mentem.
A mentira, ou sua exposição, é a trama do ensaio dos economistas franceses Olivier Pastré e Jean-Marc Sylvestre. Em seu livro “Nos mentem!”, Pastré e Sylvestre elaboraram uma espécie de ‘catálogo da mentira em economia política’ ao mesmo tempo que evidenciam os erros monumentais dos organismos de crédito multilaterais, das agências de qualificação e da mídia, que dão crédito às mentiras, travestindo-as de verdade.
Não escapam às análises os dirigentes políticos e os grupos como o G20, todos amordaçados e paralisados até que o incêndio cerque a casa. Mas, como destaca nessa entrevista o professor Olivier Pastré, uma vez que o incêndio se afasta, o sistema volta a reproduzir os mesmos problemas.
-Seu livro é uma espécie de catálogo das mentiras que os atores econômicos expandem pelo mundo seja para explicar a crise, seja para ocultá-la. Por acaso pode se dizer que o capitalismo parlamentar nos mentiu para manter as coisas no mesmo lugar?
Como dizia Lampeduza, tem que mudar tudo para que nada mude! Mas acredito que não se deva ter visões simplificadoras. Com isso, quero dizer que é muito provável que um segmento importante dos dirigentes não tenha nenhum desejo de que as coisas mudem. Sendo assim, mentem a si mesmos primeiro e, depois, mentem ao seu público. Contudo, para explicar a cegueira do sistema, também há que mencionar uma espécie de mecanismo de autosugestão. Há uma frase muito conhecida na bolsa que diz “as árvores não sobem até o céu”. Até há pouco, os dirigentes da economia de mercado acreditaram que as árvores subiam sim até o céu.
Lembro que existe uma referência recente da bolha internet, a bolha das novas tecnologias. Em 2000, a valorização das empresas que operavam na rede chegou à loucura total. Contudo, os dirigentes políticos, os bancos, os analistas financeiros, os meios de comunicação, todo o mundo dizia que a internet havia criado um novo modelo e que uma empresa podia valer 500 vezes seus lucros anuais. Aqui está uma prova de inconsciência que foi sancionada pelos mercados. O mesmo acontece agora. A inconsciência de 2005, 2006 e 2007 está sendo agora sancionada pelos mercados, mas de uma forma muito mais grave. Hoje, diferentemente do que ocorreu com a bolha das novas tecnologias, todos os setores e todos os países estão envolvidos. Nisso radica a gravidade da crise atual.
-Existem outros emissores de mentiras que detêm poder considerável: as estatísticas, as agências de qualificação e o FMI.
Se observarmos as previsões do FMI, constatamos que, desde muito tempo, são errôneas. O FMI não antecipou a crise e hoje esse organismo nos diz, com certa dificuldade, que a crise se instalou. E, contudo, apesar de que as previsões do FMI são largamente falsas, continuam considerando-as com devoção quase religiosa. E com as agências de qualificação acontece exatamente a mesma coisa. Nenhuma agência antecipou a crise. Quero lembrar que as agências de qualificação haviam dado aos créditos subprime um ‘triple A’, o que é muito preocupante. Aqui [França] também se segue escutando as agências de qualificação como se fossem uma Virgem Santa.
Mas a devoção e a idolatria não têm nenhuma justificativa. Se trata agora de saber a quem há que criticar: as estatísticas, as agências de qualificação, aqueles que lhe dão uma importância maior? Todo o mundo é responsável do que está acontecendo. Os bancos centrais são responsáveis, em particular o banco central norte-americano; as autoridades bancárias são responsáveis; os bancos; as agências de qualificação; os analistas financeiros; os Estados são igualmente responsáveis. De fato, não há que destacar um culpado, nem procurar um bode expiatório. A responsabilidade é global. A responsabilidade da crise não é só das estatísticas ou das agências de qualificação. A responsabilidade é inescapavelmente coletiva.
-Outra das mentiras que você assinala e que se transformou num mito desde 2008 é o da regulação financeira. Você afirma que o G20 é, em realidade, papel molhado.
Sobre o G20, é preciso dizer três coisas. A primeira é que a criação do G20 foi uma muito boa idéia. Antes da criação do G20, a economia mundial estava governada pelos países mais endividados: Estados Unidos, França etc. Além disso, haviam sido deixados de fora os países que criavam mais valores, ou seja, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul. A criação do G20 é, então, evolução extremamente positiva em matéria de governo econômico mundial.
Em segundo lugar, na cúpula do G20 que se celebrou em Londres em 2009 se tomaram decisões corretas no que concerne ao papel do FMI, os paraísos fiscais ou as bonificações dos ‘traders’.
Mas, em terceiro lugar, e aqui está o problema, desde essa cúpula de Londres, o G20 deixou de tomar decisões. Por quê? Pois porque o G20, como todas as demais instâncias de regulação, só toma decisões quando se espalha o medo. Tem que acontecer o que vimos com o ‘Lehman Brothers’ para, seis meses depois, tomar as decisões necessárias.
O problema radica em que, uma vez que passou a tormenta, nos esquecemos de que tivemos medo e tudo volta a começar igual: a especulação, as bonificações surrealistas destinadas aos ‘traders’ etc, etc. Prova disso, foi necessário que explodisse a crise grega para que os reguladores tivessem medo e voltassem a regular. Por conseguinte, se pode dizer que o governo mundial só progride com a crise. Só quando os reguladores têm medo se botam a regular.
-Mas como se pode explicar tal recurso à mentira em economia política. Economistas, dirigentes políticos, organismos internacionais, todos mentem.
É lamentável, mas essa é a triste realidade. Há três tipos de mentiras: a mentira voluntária, esta que se apoia atrás do argumento segundo o qual esconder a realidade é um bom princípio; a mentira involuntária que se funda sobre análise errônea da situação e conduz a difundir falsas informações quase de boa fé; e a mentira que se conta a si mesmo, ou seja, quando se dispõe de boa análise da situação, mas como não se quer reconhecer a validade da mesma, se acaba dissimulando a realidade.
Nos três casos se emitem enunciados falsos e quase ninguém questiona o discurso dominante. Há vários elementos para explicar isso. Um deles é o chamado ‘pensamento único’. Às pessoas gostam de pensar o que pensam os demais. Na sociedade atual, contar com pensamento heterodoxo não é algo fácil. Por outra parte, os meios de comunicação têm marcada tendência a acentuar esse fenômeno. Os meios se focalizam no instantâneo, no espetacular. Assim, terminam difundindo a mesma análise sem profundidade.
-Você é um dos poucos analistas econômicos que afirma, sem ambigüidade, que os Estados Unidos estão em processo de quebra.
Se os Estados Unidos fossem uma empresa, já teriam declarado falência. Não há nenhuma dúvida a respeito. Os Estados Unidos viveram acima de seus meios, se endividando além do razoável e desindustrializando-se em excesso. Isso dura 20 anos! A situação norte-americana é muito, muito má.
-Entretanto, pese ao inocultável marasmo, você sugere que nem tudo está perdido. Como se sai desse pântano? Por acaso, há que terminar com a tão comentada globalização?
Eu sou um crítico das teses que propõem o fim da globalização. De fato, a globalização teve muitos defeitos, é obvio que aprofundou as desigualdades, mas, globalmente, a economia mundial nunca conheceu crescimento tão forte como com o processo de globalização. Não há, então, que se jogar tudo no lixo. A desglobalização poderia acarretar perda dos benefícios adquiridos. Não quero dizer com isso que, por exemplo, a situação dos operários chineses que trabalham no setor industrial graças à globalização seja boa, não, nada disso. O que digo, sim, é que a globalização foi fator de crescimento inquestionável, em particular para os países do sul.
Os excessos da globalização devem ser criticados. Nesse sentido, se continuo sendo otimista é precisamente porque se admitirmos que todos somos responsáveis da situação atual, tanto as empresas, os bancos, os dirigentes políticos, as instâncias de regulação como as pessoas em geral, poderemos mudar o curso das coisas. Se cada um desses atores econômicos se reforma, é possível desembocar num governo econômico mundial mais satisfatório. Lamentavelmente, as reformas só se realizam quando não cabe outra saída. Provavelmente, fará falta que a crise se agrave mais para que os dirigentes e os dirigidos aceitem as reformas.”
FONTE: entrevista com o economista francês Olivier Pastré conduzida por Eduardo Febbro, correspondente da ‘Carta Maior’ em Paris. Publicada no site “Carta Maior” com tradução de Libório Junior (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18860) [imagens obtidas no Google e adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
domingo, 30 de outubro de 2011
FMI: PIB DO BRASIL ULTRAPASSA ESTE ANO O DO REINO UNIDO
Símbolo da Expansão: Vista de Suape (Pernambuco); crescimento do país fará o porto receber investimento de R$ 24 bilhões, principalmente do setor privado, até 2014
BRASIL DEVE SER NESTE ANO A 6ª MAIOR ECONOMIA MUNDIAL
CONSULTORIAS E FMI ESTIMAM QUE O BRASIL VAI ULTRAPASSAR O PIB DO REINO UNIDO
ECONOMIA BRASILEIRA PODE SUPERAR TODOS OS EUROPEUS ATÉ 2020
CRISE NOS DESENVOLVIDOS JUSTIFICA O NOVO RANKING
Por Érica Fraga na Folha de São Paulo
“A crise dos países desenvolvidos ajudará o Brasil a ganhar posições com mais rapidez no ranking de maiores economias do mundo. Em 2011, o Produto Interno Bruto [PIB] brasileiro medido em dólares deverá ultrapassar o do Reino Unido, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional [FMI] e das consultorias EIU (Economist Intelligence Unit) e BMI (Business Monitor International).
A estimativa mais recente, da EIU, prevê que o PIB do Brasil alcance US$ 2,44 trilhões, ante US$ 2,41 trilhões do PIB britânico. Com isso, o Brasil passará a ocupar a posição -inédita desde, pelo menos, 1980- de sexta maior economia do mundo. Em 2010, ao deixar a Itália para trás, o país já havia alcançado o sétimo lugar.
Como a economia brasileira cresce em ritmo menor que a de outros emergentes asiáticos, em 2013, o país deverá perder a sexta posição para a Índia. Mas voltará a recuperá-la em 2014, ano da Copa do Mundo, ao ultrapassar a França, segundo a EIU.
Até o fim da década, o PIB brasileiro se tornará maior do que o de qualquer país europeu, de acordo com projeções da EIU. Depois de passar Reino Unido e França, a economia brasileira deverá deixar a alemã para trás em 2020.
"O fato de que a economia brasileira ultrapassa as de países desenvolvidos reflete os efeitos da entrada de grandes segmentos pobres da população na classe média", afirma Robert Wood, analista sênior da EIU. Segundo Wood, isso ajuda a impulsionar o consumo doméstico.
A tendência de ascensão dos emergentes já era esperada por especialistas há anos, mas tem ganhado velocidade devido à crise global. Quando o banco ‘Goldman Sachs’ inventou o acrônimo BRICs (que se refere a Brasil, Rússia, Índia e China) em 2003, previa que a economia brasileira ultrapassaria a italiana por volta de 2025 e deixaria os PIBs francês e britânico para trás a partir de 2035.
Desde então, não só a expansão da economia brasileira ganhou fôlego - em grande medida, a reboque do apetite chinês por commodities - como também o crescimento de nações desenvolvidas afundou desde 2008.
Embora a EIU tenha reduzido recentemente as projeções de crescimento do Brasil para 3% e 3,5%, respectivamente, em 2011 e 2012, sua expectativa de expansão do Reino Unido é de apenas 0,7% em ambos os anos.
Segundo especialistas, a principal consequência para o Brasil de galgar lugares no ranking das maiores economias é consolidar posição de maior relevância no cenário político mundial.
"O Brasil tende a ganhar maior voz em fóruns internacionais, e é importante que se prepare de forma adequada para assumir esse papel", afirma o economista Rogério Sobreira, da Ebape/FGV.”
FONTE: reportagem de Érica Fraga publicada na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft3010201101.htm).
BRASIL DEVE SER NESTE ANO A 6ª MAIOR ECONOMIA MUNDIAL
CONSULTORIAS E FMI ESTIMAM QUE O BRASIL VAI ULTRAPASSAR O PIB DO REINO UNIDO
ECONOMIA BRASILEIRA PODE SUPERAR TODOS OS EUROPEUS ATÉ 2020
CRISE NOS DESENVOLVIDOS JUSTIFICA O NOVO RANKING
Por Érica Fraga na Folha de São Paulo
“A crise dos países desenvolvidos ajudará o Brasil a ganhar posições com mais rapidez no ranking de maiores economias do mundo. Em 2011, o Produto Interno Bruto [PIB] brasileiro medido em dólares deverá ultrapassar o do Reino Unido, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional [FMI] e das consultorias EIU (Economist Intelligence Unit) e BMI (Business Monitor International).
A estimativa mais recente, da EIU, prevê que o PIB do Brasil alcance US$ 2,44 trilhões, ante US$ 2,41 trilhões do PIB britânico. Com isso, o Brasil passará a ocupar a posição -inédita desde, pelo menos, 1980- de sexta maior economia do mundo. Em 2010, ao deixar a Itália para trás, o país já havia alcançado o sétimo lugar.
Como a economia brasileira cresce em ritmo menor que a de outros emergentes asiáticos, em 2013, o país deverá perder a sexta posição para a Índia. Mas voltará a recuperá-la em 2014, ano da Copa do Mundo, ao ultrapassar a França, segundo a EIU.
Até o fim da década, o PIB brasileiro se tornará maior do que o de qualquer país europeu, de acordo com projeções da EIU. Depois de passar Reino Unido e França, a economia brasileira deverá deixar a alemã para trás em 2020.
"O fato de que a economia brasileira ultrapassa as de países desenvolvidos reflete os efeitos da entrada de grandes segmentos pobres da população na classe média", afirma Robert Wood, analista sênior da EIU. Segundo Wood, isso ajuda a impulsionar o consumo doméstico.
A tendência de ascensão dos emergentes já era esperada por especialistas há anos, mas tem ganhado velocidade devido à crise global. Quando o banco ‘Goldman Sachs’ inventou o acrônimo BRICs (que se refere a Brasil, Rússia, Índia e China) em 2003, previa que a economia brasileira ultrapassaria a italiana por volta de 2025 e deixaria os PIBs francês e britânico para trás a partir de 2035.
Desde então, não só a expansão da economia brasileira ganhou fôlego - em grande medida, a reboque do apetite chinês por commodities - como também o crescimento de nações desenvolvidas afundou desde 2008.
Embora a EIU tenha reduzido recentemente as projeções de crescimento do Brasil para 3% e 3,5%, respectivamente, em 2011 e 2012, sua expectativa de expansão do Reino Unido é de apenas 0,7% em ambos os anos.
Segundo especialistas, a principal consequência para o Brasil de galgar lugares no ranking das maiores economias é consolidar posição de maior relevância no cenário político mundial.
"O Brasil tende a ganhar maior voz em fóruns internacionais, e é importante que se prepare de forma adequada para assumir esse papel", afirma o economista Rogério Sobreira, da Ebape/FGV.”
FONTE: reportagem de Érica Fraga publicada na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft3010201101.htm).
LULA E ALENCAR
Casa natal de Lula em Caetés-PE
Casa natal de José Alencar, Muriaé-MG
[OBS deste blog ‘democracia&política’: Apesar de o texto abaixo ter sido escrito pela colunista já conhecida por seu radicalismo em prol do PSDB, e publicado em jornal “Folha de São Paulo”, também claramente maquiavélico batalhador há nove anos pela volta da direita ao poder com os demotucanos, achei-o interessante e oportuno, abstraindo-se dele algumas sutis e maliciosas ironias da jornalista, além das 'da vida' citadas no texto]
LULA E AS IRONIAS DA VIDA
“A vida tem dessas ironias: Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice-presidente, José Alencar Gomes (também) da Silva, tiveram trajetória muito semelhante. Meninos pobres, de famílias numerosas, saíram do interior e se transformaram em tudo que se transformaram.
Um, operário, líder sindical, militante contra a ditadura militar, deputado, presidente da República, uma das figuras mais prestigiadas no mundo neste século. O outro, empresário, líder patronal, a favor da "revolução de 1964", senador, vice-presidente da República. Lula, o primeiro presidente de esquerda.
Alencar, o vice-presidente de direita de um presidente de esquerda.
Lula e José Alencar tinham uma alma não gêmea, mas muito parecida. Gostavam de um bom "golo", como dizia Alencar com sorriso matreiro, gostavam de uma cigarrilha, de uma boa prosa sobre os velhos tempos e, claro, de falar de moças bonitas.
Tornaram-se, assim, não apenas presidente e vice, mas amigos, numa relação respeitosa e afetiva que transcendeu a política. Lula foi um dos grandes amigos de Alencar na reta final, dolorosa, difícil e, sobretudo, longa.
Lula, agora, sofre da mesma doença de Alencar: o câncer. Mas com uma diferença: enquanto o tumor do seu vice já começou implacável no estômago e no rim, impondo-lhe sucessivas metástases, o seu próprio parece ser localizado na laringe, tratável por quimioterapia e curável. O mundo e o país torcem ou rezam para isso.
A outra ironia foi o local: a laringe! Uma das forças de Lula é a voz, a imensa, impressionante capacidade de comunicação desse político inato que saiu de um casebre no interior do Nordeste e cativou o mundo. A voracidade política e as eleições municipais de 2012 serão decisivas para salvá-lo. Lula virou o que virou pela inteligência, o carisma e a voz. Ela não irá lhe faltar.”
FONTE: escrito por Eliane Cantanhêde e publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz3010201104.htm) [imagens do Google, título e trecho inicial entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
PETROBRAS CRIA SUPERCOMPUTADOR NACIONAL
exemplo de supercomputador em cluster
exemplo de supercomputador (do INPE)
“Com seu novo supercomputador, ‘Grifo04’, que começou a operar há cerca de seis meses, a Petrobras pôde aumentar em dez vezes sua capacidade de processamento de imagens de áreas com potencial de produção de petróleo e gás.
Para obter desempenho semelhante com um ‘cluster’ que usa processadores comuns, a estatal teria de desembolsar R$ 180 milhões. O ‘Grifo04’ foi projetado pela equipe de tecnologia da informação (TI) da própria estatal, em parceria com a área de exploração e produção, e custou apenas R$ 15 milhões.
O equipamento deverá constar no próximo ranking dos 500 supercomputadores mais potentes do mundo, atualizado semestralmente pela organização americana ‘Top 500’.”
FONTE: jornal “Valor Econômico”. Transcrito no portal da Radiobras (http://clipping.radiobras.gov.br/clipping/novo/Construtor.php?Opcao=Sinopses&Tarefa=Exibir) [imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
BNDES FINANCIARÁ R$ 8 BILHÕES PARA EÓLICAS
VALOR É DE PEDIDOS DE FINANCIAMENTO PARA A ENERGIA A PARTIR DO VENTO; EMPRÉSTIMOS EM 2011 CHEGARÃO A R$ 4,5 BILHÕES
Brasil tem grande potencial por ventos bons e constantes; crise nos EUA e Europa atrai fabricantes para o país
“Os investimentos em energia eólica no país estão em franca expansão. Um dos termômetros desse comportamento, a carteira de pedidos de financiamento junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), disparou neste ano e atingiu R$ 8 bilhões. Os desembolsos do banco para parques eólicos em 2011 devem chegar a R$ 4,5 bilhões, segundo estimativa da chefe do departamento de energia elétrica do banco, Márcia Leal. A carteira representa os pedidos de empréstimo, enquanto os desembolsos são os recursos efetivamente liberados.
Se a expectativa do banco se concretizar, representará crescimento de mais de 14.000% sobre as liberações de empréstimo do ano passado -de R$ 649 milhões. Nos nove primeiros meses de 2011, esse valor já quase triplicou e atingiu R$ 1,6 bilhão.
A explicação para a explosão dos investimentos em energia eólica está em dois pilares. O primeiro é o potencial efetivo do Brasil, com ventos bons e constantes.
O segundo é a crise na economia mundial, especialmente com a retração dos investimentos de EUA e Europa em energia eólica, que fez com que o Brasil atraísse grandes fabricantes de equipamentos de aerogeração. "Há seis anos, havia apenas três fabricantes de equipamentos eólicos no país. Hoje eles são 13", diz o diretor-executivo da ABEEÓLICA (Associação Brasileira de Energia Eólica), Pedro Perrelli.
Agora, empresas como Impsa, Wobben, GE, Vestas, Suzlon, Gamesa, Alstom e Siemens têm fábricas de equipamentos e aerogeradores em solo brasileiro.
A possibilidade de nacionalização dos componentes e o interesse de grupos multinacionais em produzir esse tipo de energia alternativa no país acirraram a competição nos leilões de energia promovidos pelo governo e jogou os preços para baixo.
"Há redução de 20% a 25% em média nos preços da energia eólica a cada ano, e isso está fazendo com que ela seja mais competitiva ante outras fontes energéticas", diz o gerente de energias alternativas do BNDES, Luis André Sá d'Oliveira.
Nos últimos cinco leilões de energia realizados desde 2009, foram contratados 5.785 MW (megawatts) de potência instalada. Hoje, a energia eólica representa menos de 1% da matriz de geração nacional, mas, até 2014, quando todos esses projetos estiverem concluídos, chegará a 5% da capacidade instalada de geração no país.
O número de investidores interessados em instalar parques eólicos não para de crescer. Hoje, são 27 empresas: desde Petrobras e Eletrobras, como construtoras como Odebrecht e Queiroz Galvão, a grupos privados de energia como CPFL e Neoenergia.”
FONTE: reportagem de Leila Coimbra na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me2010201103.htm) [imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
OMS/ONU: "BRASIL É EXEMPLO MUNDIAL DE REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES"
"A diretora-geral da OMS [ONU], Margaret Cha, citou o Brasil como exemplo de País que está fazendo investimentos para buscar a redução das desigualdades
Representantes de 120 países participam de 19 a 21 de outubro, no Rio de Janeiro, da ‘Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde’, promovida pela ‘Organização Mundial da Saúde’ (OMS). O objetivo do encontro é discutir os efeitos dos investimentos sociais na área da saúde pública.
Em entrevista coletiva antes da abertura do evento, a diretora-geral da OMS, Margaret Cha, citou o Brasil como exemplo de País que está fazendo investimentos para buscar a redução das desigualdades sociais.
De acordo com Margaret, os países precisam ampliar políticas em áreas como educação, emprego e redução das desigualdades para melhorar a saúde das populações. Segundo a diretora-geral da OMS, no atual momento em que o mundo passa por crise econômica, é importante que governos mantenham investimentos sociais.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, presente no evento, destacou a importância de o Brasil sediar o evento, que é a maior conferência da OMS nos últimos 30 anos. Segundo ele, o País tem tradição de compromisso com a saúde, que vem desde a Constituição de 1988, com a criação do ‘Sistema Único de Saúde’ (SUS).
Padilha disse que, nos últimos anos, os investimentos do governo brasileiro na área social, como saneamento, habitação e combate a fome, contribuíram para a melhoria de indicadores de saúde. Como exemplo, o ministro citou a redução dos índices de tuberculose no País, provocada pela redução da pobreza e pela política habitacional adotada pelo governo.
O ministro também comentou o ‘Atlas de Saneamento 2011’, divulgado na última quarta-feira (19) pelo ‘Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística’ (IBGE). O documento mostra que ainda há muitos municípios sem saneamento adequado no País. “O saneamento já é questão prioritária no Brasil. Avançamos nos últimos anos e, certamente, esses números serão melhores com as ações do ‘Programa de Aceleração do Crescimento’, PAC 1 e do PAC 2, porque são dados de 2008. Para nós, é fundamental a ampliação dos serviços de saneamento”.
Em relação à dengue, Padilha disse que o governo federal tem orientado estados e municípios a começar a se preparar para o próximo verão, período em que ocorrem as epidemias da doença no País. Segundo ele, é importante que os governos locais comecem a identificar residências com focos do mosquito, a planejar campanhas educativas e a preparar seus serviços de saúde. Segundo ele, o Ministério da Saúde poderá ampliar em até 20% os recursos para municípios que cumpram as metas estabelecidas pelo governo federal, de acordo com política lançada no último mês.”
FONTE: Agência Brasil. Transcrito no portal do PT (http://www.pt.org.br/index.php?/noticias/view/pais_e_exemplo_de_reducaeo_das_desigualdades_diz_oms) [imagem do google, título e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
KC-390 - FAB E EMBRAER BUSCAM MAIS EMPRESAS BRASILEIRAS
visualização do futuro avião cargueiro KC-390 da EMBRAER
“’Workshop’ busca mais empresas brasileiras. Evento promove fomento e capacitação dos fornecedores da indústria aeronáutica nacional
“Cerca de 80 empresas brasileiras do setor aeronáutico participaram [semana passada] do ‘Workshop KC-390’, promovido pela Força Aérea Brasileira (FAB). Durante o evento, a "Embraer Defesa e Segurança" apresentou oportunidades de curto e médio prazo para a cadeia produtiva do jato de transporte militar e reabastecimento, em desenvolvimento para a FAB.
O principal objetivo do ‘workshop’ foi estimular a participação de empresas brasileiras como fornecedoras de peças, componentes, sistemas e serviços para o KC-390. O Índice de Nacionalização da aeronave, calculado pelos critérios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é estimado em 60%, chegando a 80% se não forem considerados os motores, que representam cerca de um terço do custo total da aeronave e para o qual não há produção nacional.
“A mobilização e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva nacional, em consonância com as medidas governamentais refletidas na ‘Estratégia Nacional de Defesa’ e no ‘Plano Brasil Maior’, têm sido foco da FAB e da Embraer desde o início deste programa”,disse Luiz Carlos Aguiar, Presidente da Embraer Defesa e Segurança. “Com o apoio de diversas entidades públicas e privadas, temos envidado esforços conjuntos para estimular e viabilizar a participação de empresas brasileiras como fornecedoras do KC-390.”
Realizado no Parque Tecnológico de São José dos Campos, a 90 km de São Paulo, o evento contou com a participação da ‘Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial’ (ABDI), BNDES, da ‘Agência Brasileira de Inovação’ (FINEP) e do ‘Instituto de Fomento e Coordenação Industrial’ (IFI/DCTA/FAB). A ‘Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil’ (AIAB) e do ‘Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista’ (CECOMPI) também estiveram presentes. Além de estimular o fomento e a capacitação da cadeia de fornecedores nacionais, o encontro também teve como objetivo incentivar as empresas a buscarem parcerias com fornecedores de outros países já contratados pela "Embraer Defesa e Segurança" para o programa do novo avião.
O KC-390 é o maior avião já construído pela indústria aeronáutica brasileira e estabelecerá [no mundo] novo padrão para aeronaves de transporte militar médias em termos de desempenho, capacidade de carga e avançados sistemas de missão e de vôo, como o ‘fly-by-wire’. O programa de desenvolvimento representa importante oportunidade para capacitar e melhorar o nível de prontidão tecnológica das empresas nacionais que pretendam tornar-se fornecedores da Embraer, ou mesmo atuar como subcontratadas de fornecedores estrangeiros já selecionados.
Países e Empresas e itens já selecionadas para o KC-390:
EUA:
-Rockwell Collins; Aviônicos Pro Line FusionTM;
-DRS; Sistemas de movimentação de carga e lançamento aéreo (Aerial Delivery System - CHS/ADS);
-GOODRICH CORP; Atuadores elétricos reserva dos hidrostáticos (EBHA), atuadores eletrônicos e controles elétricos para o sistema primário de comandos de vôo;
-Consórcio Liderado pela americana P&W: International Aero Engines AG (IAE); Motor V2500-E5 ;
Alemanha:
-Liebherr; Sistemas de controle ambiental e da pressão da cabine;
Inglaterra:
-Esterline; Sistema de automanete;
-COBHAM; Pods de reabastecimento em vôo;
-BAE SYSTEMS; fornecimento de hardware, software embarcado, projeto de sistemas e suporte à integração dos eletrônicos para comandos de vôo;
França:
-HISPANO-SUIZA; Sistema Emergencial de Geração de Energia Elétrica (EEPGS);
-Messier-Bugatti-Dowty; Sistemas de rodas, freios, retração e extensão do trem de pouso, e conjunto hidráulico do controle direcional em solo;
Itália:
-SELEX GALILEO; Sistema de radar de missão;
Brasil:
-ELEB; Trem de Pouso;
Brasil/Israel:
-AEL Sistemas; Computador de Missão.
Países; Empresas que Participam do Desenvolvimento; quantidades de aviões já formalmente pretendidos para as respectivas Forças Aéreas:
Argentina: FAdeA; 6 Aeronaves
Portugal: OGMA; 6 Aeronaves
Colômbia: Colombian Aeronautics Industry Corp; 12 Aeronaves
Brasil: EMBRAER; 28 Aeronaves
República Tcheca: Aero Vodochody; 2 Aeronaves
Chile: ENAER; 6 Aeronaves
Total: 60 aeronaves
FONTE: site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/3239/KC-390---Workshop-busca-mais--Empresas-Brasileiras) [tabela reformatada por este 'democracia&política' para adaptação ao software do blogger].
MULTINACIONAIS BRASILEIRAS DINAMIZAM NOSSA ECONOMIA
Por Glauco Arbix, presidente da "Agência Brasileira de Inovação" (da FINEP) e Luis Caseiro, pesquisador do "Observatório da Inovação da Universidade de São Paulo" (USP), no jornal “Valor”:
“Com direito a destaque na mídia, as matrizes das multinacionais brasileiras registraram grande transferência de recursos gerados por suas subsidiárias no exterior. Apenas de janeiro a agosto deste ano, o montante foi de US$ 22,8 bilhões, o que expressa o potencial dinamizador do processo de internacionalização das empresas brasileiras. Esse movimento, porém, não é exatamente novidade, uma vez que já ocorre pelo quinto ano consecutivo.
De 2007 a 2011 (agosto), as multinacionais brasileiras trouxeram do exterior US$ 107,6 bilhões em investimentos. Mais importante ainda, diferentemente do que afirmaram alguns analistas, essa transferência não representou refluxo do processo de internacionalização. Mesmo em 2009 e 2011, quando a internalização de investimentos superou o volume de recursos enviados ao exterior, as empresas brasileiras ampliaram ainda mais seus ativos fora do país.
Há diferenças entre o tipo de investimento que entra e o que sai. Enquanto que 63% (ou US$ 79,3 bilhões) do Investimento Externo Direto (IED) realizado pelas matrizes brasileiras nesses cinco anos destinaram-se à aquisição de empresas no exterior, apenas 15% dos recursos que entraram tiveram origem na liquidação de ativos. Os 85% restantes (US$ 91,4 bilhões) foram empréstimos que as subsidiárias brasileiras fizeram para suas matrizes aqui instaladas. Ou seja, ao mesmo tempo em que compraram ou participaram de mais empresas no exterior, as empresas brasileiras levantaram, via subsidiárias, novos recursos para investir no mercado interno.
Estudos demonstram haver alta correlação entre internacionalização e a capacidade de inovação
Até agosto desse ano, as matrizes brasileiras enviaram US$ 8 bilhões líquidos para aquisições totais ou parciais (acima de 10%) de empresas no exterior. Ainda é desafio identificar e mapear com detalhes quais são os alvos dessas ações e seus impactos no país.
Entretanto, mesmo sem essas informações precisas, é possível afirmar que alguns mitos foram quebrados. Se é certo que o movimento é recente e os dados ainda carecem de séries históricas mais consistentes, a tendência já revelada serve para contrariar os temores de que a internacionalização ocorreria em detrimento do investimento doméstico. Pelo contrário, a história da internacionalização das empresas brasileiras desde os anos 70 mostra que os períodos em que o estoque de IED brasileiro mais cresceu foram aqueles nos quais a economia nacional esteve mais aquecida.
Embora um grupo de multinacionais brasileiras tenha iniciado sua expansão durante a década de 80, a maioria apenas abriu subsidiárias comerciais, com o intuito de promover exportações. Isso significa que o acumulado da internacionalização dos anos 80 representou pouco em termos de IED.
Mais recentemente, embalados pela retomada do crescimento da economia, os investimentos externos voltaram a crescer. Só que, desta vez, numa escala sem precedentes na história e abrangendo número muito mais amplo de empresas e cadeias produtivas.
Na última década, cresceu de forma exponencial a internacionalização de empresas dos setores produtores de ‘commodities’, como a Vale, Gerdau e Petrobras. Essas empresas são, hoje, ‘players’ globais que ampliaram as receitas de exportação, de impostos e de postos de trabalho diretos e indiretos, assim como contribuíram para amplo reposicionamento do Brasil no cenário geopolítico internacional.
Outras grandes empresas, como a Embraer e a Braskem, que possuem enorme potencial de inovação, também se tornaram atores internacionais de peso, em condições de disputar a liderança tecnológica e comercial em seus respectivos mercados. Além dessas, dezenas de outras empresas, como no setor mecânico (WEG), no de veículos (Marcopolo), autopeças (Sabó), software (Totvs), hardware (Bematech) e cosméticos (Natura e Boticário), apenas para citar alguns exemplos, ampliaram de forma significativa sua presença externa, mas dessa vez sem se limitar à América Latina. Buscaram com ousadia os maiores e mais dinâmicos mercados do mundo, inclusive os asiáticos, como forma de conquistar novos clientes, gerar e absorver competências e ganhar competitividade.
Não é somente via acesso a novos recursos financeiros que a internacionalização das empresas beneficia o país. Vários são os estudos que demonstram haver alta correlação entre internacionalização e a capacidade de inovação, assim como com aumento de produtividade, com a diversificação produtiva e com o aumento das exportações.
Mais do que isso, quando os obstáculos e as dificuldades prevalecem e as empresas não são capazes de incorporar a internacionalização como parte integrante de suas estratégias corporativas, longe de encontrar proteção no mercado interno, apenas veem aumentar o risco de estagnação e perda de dinamismo. Nesses momentos, o canto de sereia do protecionismo surge como tentação quase irresistível.
O atual apoio do governo à internacionalização está, portanto, associado à busca de inserção externa dinâmica para as empresas brasileiras. Incentivar as empresas a batalhar sistematicamente pelo aumento de produtividade, com base na ampliação do conteúdo tecnológico de suas atividades e na valorização das iniciativas intensivas em conhecimento, é o único caminho capaz de elevar o padrão de competitividade da economia e sustentar um longo ciclo de crescimento para o país.”
FONTE: escrito por Glauco Arbix, presidente da Agência Brasileira de Inovação (FINEP) e Luis Caseiro, pesquisador do “Observatório da Inovação da Universidade de São Paulo” (USP). Publicado no jornal “Valor Econômico”. Transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/defesa/noticia/3238/Multinacionais-brasileiras-dinamizam-a-economia) [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
ÁFRICA DO SUL E BRASIL: PARCEIROS NO DESENVOLVIMENTO DE MÍSSEIS
míssil ar-ar “A-Darter”
A VISITA DE MERCADANTE À ÁFRICA DO SUL NA VISÃO DA DENEL
“O programa conjunto de desenvolvimento de mísseis entre a África do Sul e Brasil pode abrir a porta para futura [maior] cooperação na indústria de defesa. Talib Sadik, CEO do ‘Grupo Denel’, disse que a visita do Ministro brasileiro de Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, sublinha a importância do programa de mísseis ‘A-Darter’ para ambos os países. “Este é o próximo passo na relação entre as indústrias de defesa da África do Sul e do Brasil que vai crescer em importância e valor ao longo dos próximos anos”, diz Sadik.
A Presidente Dilma Rousseff esteve na África do Sul para a Cúpula do IBAS, convidada pelo presidente Jacob Zuma, e também com a presença do Primeiro Ministro da Índia, Manmohan Singh. Mercadante fez parte da delegação brasileira na Cúpula que começou na terça-feira passada (18 de Outubro).
Sadik diz que o ‘A-Darter’ foi iniciado em conjunto entre a subsidiária da "Denel", da "Denel Dynamics" e a Força Aérea Brasileira, em 2006. Este foi o primeiro programa de defesa de cooperação entre os dois países em termos do acordo trilateral do IBAS. O ‘ Ministro [sul-africano] da Defesa e dos Veteranos Militares’, Lindiwe Sisulu, descreveu o programa como “modelo de cooperação e desenvolvimento conjunto pela África do Sul e outras nações em desenvolvimento.”
O ‘A-Darter’ é um desenvolvimento que deve ser entregue para as forças aéreas sul-africana e brasileira no início de 2013. O míssil ar-ar de curto alcance será instalado nos caças Gripen e nos jatos BAE Hawk da Força Aérea da África do Sul. O ‘A-Darter’ já foi lançado com sucesso do Saab Gripen.
De acordo com Jan Wessels, CEO da ‘Denel Dynamics’, “o A-Darter foi projetado para ser um míssil extremamente ágil, capaz de manobrar com “G” elevados. Com massa inferior a 100 kg, o míssil é alimentado por motor- foguete com empuxo vetorado “.
Wessels diz que há apenas um punhado de países no mundo com as habilidades técnicas e capacidade de desenvolver esses mísseis de quinta geração. O programa ‘A-Darter’ oferece 200 empregos diretos (engenheiros altamente qualificados e pessoal de apoio técnico) dentro de ‘Denel Dynamics’, e até 1 200 empregos indiretos na indústria sul africana.
A visita ministerial será estímulo para [maior] cooperação futura entre a Denel e do setor da defesa brasileira. O Brasil sediará tanto a Copa do Mundo de 2014 como os Jogos Olímpicos de 2016 e está no processo de planejamento para melhorar as suas capacidades de defesa aérea. “O Grupo Denel e, em particular, a Denel Dynamics, com a sua capacidade comprovada na concepção, desenvolvimento e fabricação de mísseis –e sua forte relação com as empresas brasileiras– estará em posição forte para se beneficiar de possíveis oportunidades decorrentes deste processo”, diz Sadik.
“A indústria de defesa é contribuinte vital para a manutenção da capacidade da África do Sul de fabricação avançada, que está indissociavelmente ligada à criação de conhecimento e desenvolvimento de tecnologia associada". “A Denel, como empresa estatal, está na vanguarda desse processo através de seus investimentos em curso em pesquisa e desenvolvimento, a sua colaboração com o Departamento de Defesa e clientes estrangeiros, bem como a comunidade mais ampla através da sua posição estratégica como desenvolvedora e fabricante de produtos de defesa nacional”, diz Sadik.
O programa de mísseis com o Brasil é parte de tendência crescente na ‘Denel’ a cooperar com parceiros estrangeiros no desenvolvimento de sistemas de defesa. A ‘Denel Land Systems’ está cooperando com parceiros no Sudeste Asiático no desenvolvimento de torres para veículos blindados. A ‘Denel Dynamics’ é responsável por programa conjunto com um país no Oriente Médio para veículos aéreos não tripulados e sistemas de munições guiadas com precisão. Essas oportunidades de parceria vão conduzir a criação de mais empregos na indústria sul-africana.”
FONTE: site “Poder Aéreo”. Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=21/10/2011&page=mostra_notimpol) [imagem do Google e título adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Banco Mundial: “RELAÇÃO BRASIL-ÁFRICA PODE RELIGAR OS DOIS LADOS DO ATLÂNTICO”
RELATÓRIO DO BANCO MUNDIAL ANALISA A INTENSIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES COMERCIAIS E DOS INVESTIMENTOS A PARTIR DE 2003
Pela "Agência Estado", com informações da BBC
“Outrora [há milhões de anos] pedaços de um único território, Brasil e África estão desenvolvendo modelo de relações que tem potencial de religar as duas margens do Atlântico Sul, segundo relatório do Banco Mundial obtido pela BBC Brasil.
O documento, cuja versão inicial deve ser divulgada no fim deste mês, analisa a intensificação das relações entre Brasil e África a partir de 2003, quando o governo Luiz Inácio Lula da Silva elegeu o continente [africano] como uma das prioridades de sua política externa, parte da estratégia de ampliar [o comércio internacional brasileiro e] a influência brasileira no mundo.
“Há cerca de 200 milhões de anos, África e Brasil integravam o continente de "Gondwana". Hoje, ambos estão restabelecendo conexões que podem criar impactos significativos na prosperidade e no desenvolvimento dos dois”, afirma o Banco Mundial.
Segundo o relatório, um dos principais aspectos dessa aproximação foi o incremento no comércio entre Brasil e países africanos, que quintuplicou entre 2000 e 2010, passando de US$ 4 bilhões para US$ 20 bilhões.
O banco salienta o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nessa relação: em 2008, o banco emprestou US$ 477 milhões (R$ 838 milhões) a empresas brasileiras com operações na África; em 2010, o valor subiu para US$ 649 milhões (R$ 1,14 bilhão).
Essas companhias, afirma o relatório, estão presentes em quase todo o continente [africano] e atuam, sobretudo, nos setores de infraestrutura, energia e mineração.
Embora a operação dessas empresas na África tenha se tornado mais visível nos últimos anos, o documento diz que elas começaram a atuar no continente nos anos 1980, o que hoje as deixa em posição privilegiada.
Outro aspecto destacado pelo Banco Mundial é que as companhias brasileiras tendem a contratar trabalhadores locais em seus projetos, favorecendo sua capacitação profissional. Essa postura contrasta com a da China, que, nos últimos anos, se tornou principal parceira econômica de muitos países africanos, mas às vezes é contestada por empregar majoritariamente operários chineses em seus empreendimentos no continente.
O Banco Mundial também cita o papel desempenhado por pequenas e médias empresas brasileiras na África. Segundo o relatório, numa feira de negócios em São Paulo em abril de 2010, companhias brasileiras e africanas fecharam acordos de US$ 25 milhões nos setores de bebidas, alimentos, roupas, calçados, automóveis, eletrônicos, construção e cosméticos.
PROGRAMAS DE COOPERAÇÃO
Além da aproximação comercial, o relatório trata da crescente cooperação entre Brasil e nações africanas nos setores de agricultura, saúde, energia, proteção social e capacitação profissional.
O banco afirma que, graças a características geofísicas comuns (como clima e tipos de solo), a tecnologia brasileira costuma se adaptar a muitas regiões africanas. Diz ainda que sucessos recentes do Brasil nos campos social e econômico atraíram a atenção de muitos países na África, além dos lusófonos com quem o Brasil tem conexões históricas.
O relatório cita parcerias entre os governos do Brasil e de países africanos para o tratamento de HIV/Aids, malária e anemia falciforme e diz que a experiência brasileira em proteção social está sendo adaptada e replicada no Quênia, Senegal e em Angola.
Ainda assim, afirma que, como esses projetos começaram há menos de dez anos, é difícil mensurar seus resultados.
“No entanto, em muitos casos, resultados iniciais têm sido positivos, destacando o potencial para uma relação mais sólida e de longo prazo”, conclui o Banco Mundial.”
FONTE: divulgado pela "Agência Estado", com informações da agência britânica de notícias BBC (http://blogdofavre.ig.com.br/2011/10/relacao-brasil-africa-pode-religar-os-2-lados-do-atlantico-diz-banco-mundial/) [imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Pela "Agência Estado", com informações da BBC
“Outrora [há milhões de anos] pedaços de um único território, Brasil e África estão desenvolvendo modelo de relações que tem potencial de religar as duas margens do Atlântico Sul, segundo relatório do Banco Mundial obtido pela BBC Brasil.
O documento, cuja versão inicial deve ser divulgada no fim deste mês, analisa a intensificação das relações entre Brasil e África a partir de 2003, quando o governo Luiz Inácio Lula da Silva elegeu o continente [africano] como uma das prioridades de sua política externa, parte da estratégia de ampliar [o comércio internacional brasileiro e] a influência brasileira no mundo.
“Há cerca de 200 milhões de anos, África e Brasil integravam o continente de "Gondwana". Hoje, ambos estão restabelecendo conexões que podem criar impactos significativos na prosperidade e no desenvolvimento dos dois”, afirma o Banco Mundial.
Segundo o relatório, um dos principais aspectos dessa aproximação foi o incremento no comércio entre Brasil e países africanos, que quintuplicou entre 2000 e 2010, passando de US$ 4 bilhões para US$ 20 bilhões.
O banco salienta o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nessa relação: em 2008, o banco emprestou US$ 477 milhões (R$ 838 milhões) a empresas brasileiras com operações na África; em 2010, o valor subiu para US$ 649 milhões (R$ 1,14 bilhão).
Essas companhias, afirma o relatório, estão presentes em quase todo o continente [africano] e atuam, sobretudo, nos setores de infraestrutura, energia e mineração.
Embora a operação dessas empresas na África tenha se tornado mais visível nos últimos anos, o documento diz que elas começaram a atuar no continente nos anos 1980, o que hoje as deixa em posição privilegiada.
Outro aspecto destacado pelo Banco Mundial é que as companhias brasileiras tendem a contratar trabalhadores locais em seus projetos, favorecendo sua capacitação profissional. Essa postura contrasta com a da China, que, nos últimos anos, se tornou principal parceira econômica de muitos países africanos, mas às vezes é contestada por empregar majoritariamente operários chineses em seus empreendimentos no continente.
O Banco Mundial também cita o papel desempenhado por pequenas e médias empresas brasileiras na África. Segundo o relatório, numa feira de negócios em São Paulo em abril de 2010, companhias brasileiras e africanas fecharam acordos de US$ 25 milhões nos setores de bebidas, alimentos, roupas, calçados, automóveis, eletrônicos, construção e cosméticos.
PROGRAMAS DE COOPERAÇÃO
Além da aproximação comercial, o relatório trata da crescente cooperação entre Brasil e nações africanas nos setores de agricultura, saúde, energia, proteção social e capacitação profissional.
O banco afirma que, graças a características geofísicas comuns (como clima e tipos de solo), a tecnologia brasileira costuma se adaptar a muitas regiões africanas. Diz ainda que sucessos recentes do Brasil nos campos social e econômico atraíram a atenção de muitos países na África, além dos lusófonos com quem o Brasil tem conexões históricas.
O relatório cita parcerias entre os governos do Brasil e de países africanos para o tratamento de HIV/Aids, malária e anemia falciforme e diz que a experiência brasileira em proteção social está sendo adaptada e replicada no Quênia, Senegal e em Angola.
Ainda assim, afirma que, como esses projetos começaram há menos de dez anos, é difícil mensurar seus resultados.
“No entanto, em muitos casos, resultados iniciais têm sido positivos, destacando o potencial para uma relação mais sólida e de longo prazo”, conclui o Banco Mundial.”
FONTE: divulgado pela "Agência Estado", com informações da agência britânica de notícias BBC (http://blogdofavre.ig.com.br/2011/10/relacao-brasil-africa-pode-religar-os-2-lados-do-atlantico-diz-banco-mundial/) [imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Fidel Castro: “AS DUAS VENEZUELAS”
“Na terça-feira passada (18), falei da Venezuela aliada do império, onde Luis Posada Carriles e Orlando Bosch organizaram a brutal sabotagem a uma aeronave em pleno voo da Cubana de Aviação, que causou a morte e o desaparecimento de todos os passageiros, inclusive do time júnior de esgrima, que conquistara todas as medalhas de ouro no Campeonato Centro-Americano e do Caribe, e que, hoje, quando têm lugar os Jogos Pan-Americanos em Guadalajara, são recordados com mágoa.
Por Fidel Castro Ruz
Não era a Venezuela de Rómulo Gallegos e Andrés Eloy Blanco, mas a do desertor, traidor e venenoso Rómulo Betancourt, invejoso da Revolução Cubana, aliado ao imperialismo, que tanto cooperou com as agressões à nossa pátria.
Depois de Miami, aquela propriedade petroleira dos Estados Unidos foi o principal centro da contrarrevolução contra Cuba. Cabe a ele, perante a história, parte importante da aventura imperialista na Baía dos Porcos, do bloqueio econômico e dos crimes contra nosso povo. Dessa maneira, deu-se início à era tenebrosa, finalizada no dia em que Hugo Chávez jurou o cargo sobre a "moribunda constituição" que o ex-presidente Rafael Caldera sustentava em suas mãos trêmulas.
Havia transcorrido 40 anos depois da vitória da Revolução Cubana e mais de um século de saque ianque do petróleo, das riquezas naturais e do suor dos venezuelanos. Muitos deles morreram em meio à ignorância e à miséria, impostas pelas canhoneiras dos Estados Unidos e da Europa!
Felizmente, existe a outra Venezuela, a de Bolívar e Miranda, a de Sucre e uma legião de líderes e pensadores brilhantes que foram capazes de conceber a grande pátria latino-americana, da qual sentimos que fazemos parte e, pela qual, resistimos mais de meio século de agressões e bloqueios.
"... impedir a tempo, com a independência de Cuba, que os Estados Unidos se estendam pelas Antilhas e caiam, com essa força a mais, sobre nossas terras da América. Tudo quanto fiz até hoje, e farei, é para isso", revelou o Apóstolo de nossa independência, José Martí, na véspera de sua morte em combate.
Precisamente nestes dias, encontra-se entre nós Hugo Chávez, como quem visita um pedaço da grande pátria latino-americana e caribenha, concebida por Simón Bolívar. Ele compreende melhor que o resto o princípio martiano de que "... o que ele não terminou de fazer, está ainda sem fazer até hoje: porque Bolívar tem ainda muita coisa que fazer na América".
Conversei longamente com ele ontem e hoje. Expliquei-lhe com o afã que dedico as energias que me restam aos sonhos de um mundo melhor e mais justo.
Não é difícil partilhar sonhos com o líder bolivariano, quando o império mostra já os sintomas inequívocos de uma doença terminal.
Salvar a humanidade de desastre irreversível pode simplesmente depender da burrice de qualquer presidente medíocre, dos que dirigiram, nas décadas mais recentes, esse império e, inclusive, de algum dos cada vez mais poderosos chefes do complexo militar-industrial que rege os destinos desse país.
Nações amigas, com crescente peso na economia mundial por seus avanços econômicos e tecnológicos e como membros permanentes do Conselho de Segurança [da ONU], como a República Popular da China e a Federação Russa, junto aos povos do chamado Terceiro Mundo, na Ásia, África e América Latina, poderiam atingir esse objetivo. Os povos das nações desenvolvidas e ricas, cada vez mais espoliados por suas próprias oligarquias financeiras, começam a desempenhar seu papel nessa batalha pela sobrevivência humana.
Entretanto, o povo bolivariano da Venezuela se organiza e se junta para enfrentar e derrotar a nojenta oligarquia a serviço do império, que pretende galgar novamente o poder nesse país.
A Venezuela, por seu extraordinário desenvolvimento educacional, cultural, social, seus enormes recursos energéticos e naturais, deverá ser um modelo revolucionário para o mundo.
Chávez, que surgiu das fileiras do Exército venezuelano, é metódico e incansável. Eu venho observando-o há 17 anos, desde que visitou Cuba pela primeira vez. Ele é pessoa muito humanitária e respeitosa da Lei. Jamais se vinga de alguém. Os setores mais humildes e esquecidos de seu país agradecem-lhe imensamente, porque, pela primeira vez na história, há resposta a seus sonhos de justiça social.
Vejo claramente, Hugo –lhe disse– que a Revolução Bolivariana, em breve, poderá criar empregos, não só para os venezuelanos, mas também para os irmãos colombianos, povo trabalhador, que junto a vocês, lutou pela independência da América, dos quais 40% vivem na pobreza e uma parte considerável na pobreza extrema.
A respeito desses e outros assuntos, tive a honra de conversar com nosso ilustre visitante, o ícone da outra Venezuela.”
FONTE: escrito por Fidel Castro Ruz e publicado em 19 de outubro de 2011 no site “Cubadebate”. Transcrito no portal “Vermelho” com tradução “Granma” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=166685&id_secao=7) [imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].