Li hoje no site “Vi o Mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, o seguinte texto de Daniel Xavier, no blog Midionauta:
“Se o seu inglês é um pouquinho melhor que o do Lula, não deixe de assistir à entrevista do presidente que foi ao ar neste domingo no programa “GPS”, da CNN, apresentado por um dos meus jornalistas favoritos, Farred Zacaria (a entrevista foi gravada semanas atrás, durante a visita de Lula à Obama).
Quando digo que existe uma discrepância de percepção entre a imprensa brasileira e a estrangeira sobre o Brasil, é de exemplos como este que estou falando. Eu reforço: estamos com moral aqui fora. Até neste episódio do “brancos de olhos azuis”, tão explorado como uma gafe pela imprensa nacional, eu vi um âncora da CNBC – braço econômico da rede NBC – defendendo o Lula.
No programa da CNN, Zacaria chamou Lula de “the most popular leader in the world”, citando os recém-alcançados 80% de aprovação no Brasil (Obama tem cerca de 65% nos EUA). Espere deitado se você acha que a Veja vai dar essa manchete. E como se não bastassem os dados otimistas que vêm daí, levando em consideração a pior crise econômica mundial desde 1930, existe um outro elemento que joga muito à favor do Lula aqui fora: a tradução para o inglês.
É de conhecimento geral que o nosso presidente tem a oratória de um jogador do Flamengo mas, com suas respostas re-articuladas e traduzidas para o inglês, você só lembra disso se pescar uma ou outra palavra dele entre as pausas do tradutor. Minha opinião sobre o presidente Lula é pragmática: ele está longe de ter feito tudo que poderia pelo Brasil mas fez, também de longe, o melhor governo desde a redemocratização do país. Os números estão aí. Mas quem sou eu?
Apenas um entre os 80% da população. Que continuemos dando atenção nos outros 20%.
Ainda estou procurando alguma menção à esta entrevista no Globo Online. Tudo que encontrei foi mais um artigo de relações públicas, requentado e tendencioso, na capa, sobre o caso Sean, citando “uma entrevista de Lula à CNN” – sem dizer qual nem quando foi ao ar. Detalhe: o caso Sean não foi sequer citado na entrevista de Zacaria.”
terça-feira, 31 de março de 2009
A MÁFIA DA MÍDIA (SIP) CONDENA LULA
Li hoje no site “vermelho” o seguinte artigo do jornalista Altamiro Borges:
“Em relatório divulgado na semana passada, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que reúne os magnatas da mídia privada, incluiu o presidente Lula na lista dos governantes contrários à "liberdade de expressão" — junto com Hugo Chávez, Evo Morales e outros. O texto afirma que "o presidente brasileiro sempre ataca a imprensa e lança críticas desmedidas quando o enfoque do noticiário não lhe agrada".
A SIP teme as mudanças políticas na America Latina. "Agora são os governos que não só estão abusando da imprensa, como estão atiçando as chamas do ódio". Para justificar a inclusão de Lula na lista, o documento menciona a tentativa do governo de criar, em 2004, o Conselho Federal de Jornalismo, e as críticas do presidente às manipulações da mídia — como na recente entrevista à revista Piauí, no qual afirmou "que a leitura dos jornais lhe causa azia".
A maior preocupação da SIP, entretanto, é com a convocação da Conferência Nacional de Comunicações para dezembro. Ela teme que este processo prejudique a "liberdade de imprensa" e já pressiona o governo para limitar este debate democrático e estratégico na sociedade.
INSTRUMENTO DO IMPERIALISMO IANQUE
A SIP realmente não gosta da democracia. Ela reúne os barões da mídia que apoiaram os golpes militares no continente e sustentaram as ditaduras sanguinárias. No auge do neoliberalismo, eles prosperaram com os subsídios públicos e na orgia do "livre mercado". Agora, estão desesperados com as vitórias de governantes progressistas na América Latina e com o debate destravado sobre a democratização das comunicações. A SIP é a fachada desta máfia midiática. Não tem qualquer moral para falar em "liberdade de imprensa", que ela confunde com liberdade dos monopólios.
Sediada em Miami, ela defende os interesses das corporações capitalistas, dissemina as políticas imperialistas dos EUA e agrega os setores mais reacionários da mídia. A SIP se apresenta como "independente" dos governos, mas seu presidente é primo do ministro da Defesa e irmão do vice-presidente da Colômbia. No seu relatório anterior, ela teve a caradura de elogiar os "avanços" na relação do governo narcoterrorista de Álvaro Uribe com a imprensa, sendo que a Colômbia é um dos recordistas mundiais em assassinatos de jornalistas e sindicalistas.
JULES DUBOIS, O HOMEM DA CIA
Num acalentado estudo, intitulado "Os amos da SIP", o jornalista Yaifred Ron faz um histórico assustador desta entidade. Conforme comprova, "a Sociedade Interamericana de Imprensa é um cartel dos grandes donos de meios de comunicação do continente, que nasceu nos marcos da II Guerra Mundial e se moldou no calor da Guerra Fria para protagonizar uma história de defesa dos interesses oligopólicos, de aliança com os poderes imperiais e de atentados contra a soberania dos povos latino-americanos". Com base em inúmeros documentos, ela demonstra que a entidade tem sólidos e antigos vínculos com a central de "inteligência" dos EUA, a temida CIA.
Ela foi fundada em 1943 numa conferência em Havana, durante a ditadura de Fulgencio Batista. Num primeiro momento, devido à aliança contra o nazi-fascimo, ela ainda reuniu alguns veículos progressistas. Mas isto durou pouco tempo. Com a onda marcatista nos EUA e a guerra fria, ela foi tomada de assalto pela CIA. Em 1950, na quinta conferência, em Quito, dois funcionários da agência ianque, Joshua Powers e Jules Dubois, passam a comandar na entidade. Dubois será seu coordenador durante 15 anos e teve seu nome registrado no edifício da entidade em Miami.
DESESTABILIZAR GOVERNOS PROGRESSISTAS
A SIP se torna um instrumento da CIA para desestabilizar os governos progressistas da América Latina. Para isso, os estatutos foram adulterados, garantindo maioria às publicações empresariais dos EUA; a sede foi deslocada para Miami; e as vozes críticas foram alijadas. "Em resumo, eles destruíram a SIP como entidade independente, transformado-a num aparato político a serviço dos objetivos internacionais dos EUA", afirma Yaifred. Na década de 50, ela fez raivosa oposição ao governo nacionalista de Juan Perón e elegeu o ditador nicaragüense Anastácio Somoza como "o anjo tutelar da liberdade de pensamento". Nos anos 60, seu alvo foi a revolução cubana; nos anos 70, ela bombardeou o governo de Salvador Allende, preparando o clima para o golpe no Chile.
"A ligação dos donos da grande imprensa com os regimes ditatoriais latino-americanos tem sido suficientemente documentada e citada em várias ocasiões para demonstrar que as preocupações da SIP não se dirigem a defesa da liberdade, mas sim à preservação dos interesses empresariais e oligárquicos". Na fase mais recente, a SIP foi cúmplice do golpe midiático na Venezuela, em abril de 2002, difundido todas as mentiras contra o governo democrático de Hugo Chávez. Este não vacilou e considerou seus representantes como personas non gratas no país. Ela também tem feito ataques sistemáticos aos governos de Evo Morales, Rafael Correa e Cristina Kirchner.
MEDO DA CONFERÊNCIA NO BRASIL
Atualmente, o maior temor da SIP decorre das mudanças legislativas que objetivam democratizar os meios de comunicação na América Latina. Qualquer iniciativa que vise regulamentar o setor e diminuir o poder dos monopólios é taxada de "atentado à liberdade de imprensa". Como informa Yaifred, "para frear qualquer ação governamental que favoreça a democratização da mídia, a SIP se uniu a outra entidade patronal regional, a Associação Interamericana de Radiodifusão (AIR)".
Ambas declararam guerra as mudanças legislativas em curso na Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina. Daí o medo da realização da Conferência Nacional de Comunicação no Brasil e os ataques descabidos ao presidente Lula, que até é bastante conciliador com os barões da mídia.”
“Em relatório divulgado na semana passada, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que reúne os magnatas da mídia privada, incluiu o presidente Lula na lista dos governantes contrários à "liberdade de expressão" — junto com Hugo Chávez, Evo Morales e outros. O texto afirma que "o presidente brasileiro sempre ataca a imprensa e lança críticas desmedidas quando o enfoque do noticiário não lhe agrada".
A SIP teme as mudanças políticas na America Latina. "Agora são os governos que não só estão abusando da imprensa, como estão atiçando as chamas do ódio". Para justificar a inclusão de Lula na lista, o documento menciona a tentativa do governo de criar, em 2004, o Conselho Federal de Jornalismo, e as críticas do presidente às manipulações da mídia — como na recente entrevista à revista Piauí, no qual afirmou "que a leitura dos jornais lhe causa azia".
A maior preocupação da SIP, entretanto, é com a convocação da Conferência Nacional de Comunicações para dezembro. Ela teme que este processo prejudique a "liberdade de imprensa" e já pressiona o governo para limitar este debate democrático e estratégico na sociedade.
INSTRUMENTO DO IMPERIALISMO IANQUE
A SIP realmente não gosta da democracia. Ela reúne os barões da mídia que apoiaram os golpes militares no continente e sustentaram as ditaduras sanguinárias. No auge do neoliberalismo, eles prosperaram com os subsídios públicos e na orgia do "livre mercado". Agora, estão desesperados com as vitórias de governantes progressistas na América Latina e com o debate destravado sobre a democratização das comunicações. A SIP é a fachada desta máfia midiática. Não tem qualquer moral para falar em "liberdade de imprensa", que ela confunde com liberdade dos monopólios.
Sediada em Miami, ela defende os interesses das corporações capitalistas, dissemina as políticas imperialistas dos EUA e agrega os setores mais reacionários da mídia. A SIP se apresenta como "independente" dos governos, mas seu presidente é primo do ministro da Defesa e irmão do vice-presidente da Colômbia. No seu relatório anterior, ela teve a caradura de elogiar os "avanços" na relação do governo narcoterrorista de Álvaro Uribe com a imprensa, sendo que a Colômbia é um dos recordistas mundiais em assassinatos de jornalistas e sindicalistas.
JULES DUBOIS, O HOMEM DA CIA
Num acalentado estudo, intitulado "Os amos da SIP", o jornalista Yaifred Ron faz um histórico assustador desta entidade. Conforme comprova, "a Sociedade Interamericana de Imprensa é um cartel dos grandes donos de meios de comunicação do continente, que nasceu nos marcos da II Guerra Mundial e se moldou no calor da Guerra Fria para protagonizar uma história de defesa dos interesses oligopólicos, de aliança com os poderes imperiais e de atentados contra a soberania dos povos latino-americanos". Com base em inúmeros documentos, ela demonstra que a entidade tem sólidos e antigos vínculos com a central de "inteligência" dos EUA, a temida CIA.
Ela foi fundada em 1943 numa conferência em Havana, durante a ditadura de Fulgencio Batista. Num primeiro momento, devido à aliança contra o nazi-fascimo, ela ainda reuniu alguns veículos progressistas. Mas isto durou pouco tempo. Com a onda marcatista nos EUA e a guerra fria, ela foi tomada de assalto pela CIA. Em 1950, na quinta conferência, em Quito, dois funcionários da agência ianque, Joshua Powers e Jules Dubois, passam a comandar na entidade. Dubois será seu coordenador durante 15 anos e teve seu nome registrado no edifício da entidade em Miami.
DESESTABILIZAR GOVERNOS PROGRESSISTAS
A SIP se torna um instrumento da CIA para desestabilizar os governos progressistas da América Latina. Para isso, os estatutos foram adulterados, garantindo maioria às publicações empresariais dos EUA; a sede foi deslocada para Miami; e as vozes críticas foram alijadas. "Em resumo, eles destruíram a SIP como entidade independente, transformado-a num aparato político a serviço dos objetivos internacionais dos EUA", afirma Yaifred. Na década de 50, ela fez raivosa oposição ao governo nacionalista de Juan Perón e elegeu o ditador nicaragüense Anastácio Somoza como "o anjo tutelar da liberdade de pensamento". Nos anos 60, seu alvo foi a revolução cubana; nos anos 70, ela bombardeou o governo de Salvador Allende, preparando o clima para o golpe no Chile.
"A ligação dos donos da grande imprensa com os regimes ditatoriais latino-americanos tem sido suficientemente documentada e citada em várias ocasiões para demonstrar que as preocupações da SIP não se dirigem a defesa da liberdade, mas sim à preservação dos interesses empresariais e oligárquicos". Na fase mais recente, a SIP foi cúmplice do golpe midiático na Venezuela, em abril de 2002, difundido todas as mentiras contra o governo democrático de Hugo Chávez. Este não vacilou e considerou seus representantes como personas non gratas no país. Ela também tem feito ataques sistemáticos aos governos de Evo Morales, Rafael Correa e Cristina Kirchner.
MEDO DA CONFERÊNCIA NO BRASIL
Atualmente, o maior temor da SIP decorre das mudanças legislativas que objetivam democratizar os meios de comunicação na América Latina. Qualquer iniciativa que vise regulamentar o setor e diminuir o poder dos monopólios é taxada de "atentado à liberdade de imprensa". Como informa Yaifred, "para frear qualquer ação governamental que favoreça a democratização da mídia, a SIP se uniu a outra entidade patronal regional, a Associação Interamericana de Radiodifusão (AIR)".
Ambas declararam guerra as mudanças legislativas em curso na Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina. Daí o medo da realização da Conferência Nacional de Comunicação no Brasil e os ataques descabidos ao presidente Lula, que até é bastante conciliador com os barões da mídia.”
F-X2 - VISITAS TÉCNICAS E VOOS DE AVALIAÇÃO
Li hoje no site www.fab.mil.br a seguinte Nota à Imprensa, do Brigadeiro-do-Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica:
AERONÁUTICA COMEÇA A ETAPA DE VISITAS TÉCNICAS E VOOS DE AVALIAÇÃO COM AS EMPRESAS DO PROJETO F-X2
O Comando da Aeronáutica, em continuidade ao cronograma de seleção dos novos caças multiemprego para a Força Aérea Brasileira (FAB), inicia, a partir de hoje, 30 de março, as visitas técnicas às empresas ofertantes e os voos de avaliação das respectivas aeronaves participantes do Projeto F-X2, cujo objetivo é de verificar aspectos técnicos, operacionais, logísticos e industriais.
Para cumprir tais objetivos e obter maior detalhamento das ofertas apresentadas pelas empresas (aqui listadas em ordem alfabética) BOEING (F-18 E/F SUPER HORNET), DASSAULT (RAFALE) e SAAB (GRIPEN NG), serão visitadas e avaliadas instalações industriais e logísticas, oficinas de manutenção, laboratórios de desenvolvimento de sistemas e esquadrões operacionais, bem como as aeronaves oferecidas serão voadas e testadas por pilotos e engenheiros integrantes da comissão de avaliação.
Durante o mês de março, a Gerência do Projeto F-X2 (GPF-X2) reuniu-se com sua equipe e promoveu uma série de esclarecimentos com as três empresas participantes, no intuito de dirimir dúvidas e aprimorar o conteúdo das respectivas ofertas com relação aos requisitos do COMAER, mantendo o foco nos aspectos comerciais; técnicos; operacionais; logísticos; de compensação comercial (Offset), industrial e tecnológica, e de transferência de tecnologia.”
AERONÁUTICA COMEÇA A ETAPA DE VISITAS TÉCNICAS E VOOS DE AVALIAÇÃO COM AS EMPRESAS DO PROJETO F-X2
O Comando da Aeronáutica, em continuidade ao cronograma de seleção dos novos caças multiemprego para a Força Aérea Brasileira (FAB), inicia, a partir de hoje, 30 de março, as visitas técnicas às empresas ofertantes e os voos de avaliação das respectivas aeronaves participantes do Projeto F-X2, cujo objetivo é de verificar aspectos técnicos, operacionais, logísticos e industriais.
Para cumprir tais objetivos e obter maior detalhamento das ofertas apresentadas pelas empresas (aqui listadas em ordem alfabética) BOEING (F-18 E/F SUPER HORNET), DASSAULT (RAFALE) e SAAB (GRIPEN NG), serão visitadas e avaliadas instalações industriais e logísticas, oficinas de manutenção, laboratórios de desenvolvimento de sistemas e esquadrões operacionais, bem como as aeronaves oferecidas serão voadas e testadas por pilotos e engenheiros integrantes da comissão de avaliação.
Durante o mês de março, a Gerência do Projeto F-X2 (GPF-X2) reuniu-se com sua equipe e promoveu uma série de esclarecimentos com as três empresas participantes, no intuito de dirimir dúvidas e aprimorar o conteúdo das respectivas ofertas com relação aos requisitos do COMAER, mantendo o foco nos aspectos comerciais; técnicos; operacionais; logísticos; de compensação comercial (Offset), industrial e tecnológica, e de transferência de tecnologia.”
92,4% ACHAM ADMINISTRAÇÃO DO GOVERNO LULA ÓTIMA, BOA OU REGULAR
SOMENTE 7,6% CONSIDERAM GESTÃO LULA NEGATIVA
Li ontem no portal UOL a seguinte reportagem do jornal Valor Online:
AVALIAÇÃO POSITIVA DO GOVERNO LULA CAI 10 PONTOS, MOSTRA CNT/SENSUS
“A avaliação positiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva caiu 10 pontos percentuais na pesquisa mais recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT)/Sensus em comparação com o estudo antecedente. Para 62,4% dos entrevistados, a atual administração foi considerada ótima ou boa. Em janeiro, esse percentual era 72,5%. No levantamento deste mês, 29,1% classificaram a gestão Lula como regular e 7,6% como negativa. No início do ano, essas parcelas correspondiam a 21,7% e 5%, respectivamente.
A sondagem CNT/Sensus apontou ainda que 76,2% aprovam o desempenho pessoal de Lula e 19,9% não estão de acordo, contra 84% e 12,2% em janeiro.
Na opinião de 40,1%, o Brasil está lidando adequadamente com a crise econômica enquanto 26,5% discordam dessa posição. Para 46,3%, o país irá emergir fortalecido da crise financeira mundial e 23% creem que o Estado deverá sair debilitado.
A 96ª Pesquisa de Opinião Pública abrangeu 136 municípios do país. Foram feitas 2 mil entrevistas entre 23 e 27 de março. A margem de erro é de 3 pontos, para mais ou para menos.”
Li ontem no portal UOL a seguinte reportagem do jornal Valor Online:
AVALIAÇÃO POSITIVA DO GOVERNO LULA CAI 10 PONTOS, MOSTRA CNT/SENSUS
“A avaliação positiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva caiu 10 pontos percentuais na pesquisa mais recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT)/Sensus em comparação com o estudo antecedente. Para 62,4% dos entrevistados, a atual administração foi considerada ótima ou boa. Em janeiro, esse percentual era 72,5%. No levantamento deste mês, 29,1% classificaram a gestão Lula como regular e 7,6% como negativa. No início do ano, essas parcelas correspondiam a 21,7% e 5%, respectivamente.
A sondagem CNT/Sensus apontou ainda que 76,2% aprovam o desempenho pessoal de Lula e 19,9% não estão de acordo, contra 84% e 12,2% em janeiro.
Na opinião de 40,1%, o Brasil está lidando adequadamente com a crise econômica enquanto 26,5% discordam dessa posição. Para 46,3%, o país irá emergir fortalecido da crise financeira mundial e 23% creem que o Estado deverá sair debilitado.
A 96ª Pesquisa de Opinião Pública abrangeu 136 municípios do país. Foram feitas 2 mil entrevistas entre 23 e 27 de março. A margem de erro é de 3 pontos, para mais ou para menos.”
TODA MÍDIA
O jornal Folha de São Paulo, na coluna "Toda Mídia", de Nelson de Sá, ontem publicou:
EMERGENTES CONTRA RICOS
“Os "banqueiros de olhos azuis" de Lula ecoaram e, no domingo que antecede o G20, o "New York Times" alertou que "Obama vai enfrentar mundo desafiador" aos EUA.
"Os americanos viajavam por Índia, Brasil, China dando lição de moral sobre a necessidade de abrir e desregular mercados. Agora essas políticas são vistas como os réus do colapso."
No destaque do Huffington Post pela manhã, "Lula: Nós rejeitamos a fé cega nos mercados". No inglês "Observer", também destaque do Post, "'Banqueiros de olhos azuis' despertam divisão do G20", sobre o "crescente racha entre o Ocidente e as potências emergentes".
No "Financial Times", "o comentário de Lula", diante de Gordon Brown, "ressalta o risco de desacordo entre emergentes e os mais ricos".
Em suma, no título do "NYT" para longa análise, é o "Capitalismo anglo-americano em julgamento".
"BANQUEIROS DE OLHOS AZUIS"
Em duas páginas no "Observer", o primeiro-ministro, Lula e "a nova raiva das nações mais populosas do mundo por serem puxadas para uma bagunça que não criaram"
"GENTE BRANCA"
No alto das páginas iniciais de Huffington Post (esq.) e Drudge Report, Lula e os supostos culpados pela crise
DRUDGE ATACA
De sexta até ontem, a foto de Lula não saiu da home de Matt Drudge, a referência conservadora para links de notícias. De início, com título sobre a declaração. Depois, com chamadas questionando o próprio país, linkando para despachos como "Brasil ergue muros em torno das favelas do Rio", da Reuters.
"LULA LULU"
Também o "NY Post" foi para cima do brasileiro, dado por "Lula lulu" e "Brazil nut", trocadilhos para maluco. A colunista Maureen Dowd, do "NYT", ecoou o "Post", mas notando que a tirada virou "big news", notícia grande, "quando Obama recebia banqueiros 'pão branco', de olhos bem azuis".
O RASCUNHO
As três grandes redes americanas enviaram os âncoras a Londres, para apresentarem os telejornais direto do G20. E o "NYT" aproveitou para lançar ontem sua home page "Global", logotipo acima, com a manchete "Luta em torno do FMI vira foco da cúpula sobre crise".
Pode ser, mas no mesmo final de tarde o site do "FT" postou a manchete "G20 promete evitar protecionismo", com o "rascunho do comunicado" final. O documento, diz o jornal inglês, "tem poucos detalhes sobre um estímulo global", a prioridade para os EUA, que a Alemanha recusa.
SEM DITADOR
Descoberto pelos sites políticos, Lula ocupou também a home do Talking Points Memo para a viagem de Joe Biden ao Chile, onde o vice prometeu que "os EUA não vão mais "ditar unilateralmente" para a América Latina"
OS REEMERGENTES
O "Wall Street Journal", com a agência Dow Jones e o site Market Watch, e o "Financial Times", com o blog Alphaville e a coluna Lex, noticiam que a semana passada fechou com a maior alta no fluxo de investimentos em ações dos emergentes "em um ano". O Brasil e a Rússia "ficaram à frente do bando".
Os investidores teriam se mostrado "especialmente entusiasmados com o Brasil, que recebeu US$ 267 milhões, sua quinta maior marca". A começar da China, os emergentes já são tratados por "Mercados reemergentes", um dos títulos. Por outro lado, vêm perdendo aplicações os mercados "desenvolvidos, notadamente as ações dos EUA".
EMERGENTES CONTRA RICOS
“Os "banqueiros de olhos azuis" de Lula ecoaram e, no domingo que antecede o G20, o "New York Times" alertou que "Obama vai enfrentar mundo desafiador" aos EUA.
"Os americanos viajavam por Índia, Brasil, China dando lição de moral sobre a necessidade de abrir e desregular mercados. Agora essas políticas são vistas como os réus do colapso."
No destaque do Huffington Post pela manhã, "Lula: Nós rejeitamos a fé cega nos mercados". No inglês "Observer", também destaque do Post, "'Banqueiros de olhos azuis' despertam divisão do G20", sobre o "crescente racha entre o Ocidente e as potências emergentes".
No "Financial Times", "o comentário de Lula", diante de Gordon Brown, "ressalta o risco de desacordo entre emergentes e os mais ricos".
Em suma, no título do "NYT" para longa análise, é o "Capitalismo anglo-americano em julgamento".
"BANQUEIROS DE OLHOS AZUIS"
Em duas páginas no "Observer", o primeiro-ministro, Lula e "a nova raiva das nações mais populosas do mundo por serem puxadas para uma bagunça que não criaram"
"GENTE BRANCA"
No alto das páginas iniciais de Huffington Post (esq.) e Drudge Report, Lula e os supostos culpados pela crise
DRUDGE ATACA
De sexta até ontem, a foto de Lula não saiu da home de Matt Drudge, a referência conservadora para links de notícias. De início, com título sobre a declaração. Depois, com chamadas questionando o próprio país, linkando para despachos como "Brasil ergue muros em torno das favelas do Rio", da Reuters.
"LULA LULU"
Também o "NY Post" foi para cima do brasileiro, dado por "Lula lulu" e "Brazil nut", trocadilhos para maluco. A colunista Maureen Dowd, do "NYT", ecoou o "Post", mas notando que a tirada virou "big news", notícia grande, "quando Obama recebia banqueiros 'pão branco', de olhos bem azuis".
O RASCUNHO
As três grandes redes americanas enviaram os âncoras a Londres, para apresentarem os telejornais direto do G20. E o "NYT" aproveitou para lançar ontem sua home page "Global", logotipo acima, com a manchete "Luta em torno do FMI vira foco da cúpula sobre crise".
Pode ser, mas no mesmo final de tarde o site do "FT" postou a manchete "G20 promete evitar protecionismo", com o "rascunho do comunicado" final. O documento, diz o jornal inglês, "tem poucos detalhes sobre um estímulo global", a prioridade para os EUA, que a Alemanha recusa.
SEM DITADOR
Descoberto pelos sites políticos, Lula ocupou também a home do Talking Points Memo para a viagem de Joe Biden ao Chile, onde o vice prometeu que "os EUA não vão mais "ditar unilateralmente" para a América Latina"
OS REEMERGENTES
O "Wall Street Journal", com a agência Dow Jones e o site Market Watch, e o "Financial Times", com o blog Alphaville e a coluna Lex, noticiam que a semana passada fechou com a maior alta no fluxo de investimentos em ações dos emergentes "em um ano". O Brasil e a Rússia "ficaram à frente do bando".
Os investidores teriam se mostrado "especialmente entusiasmados com o Brasil, que recebeu US$ 267 milhões, sua quinta maior marca". A começar da China, os emergentes já são tratados por "Mercados reemergentes", um dos títulos. Por outro lado, vêm perdendo aplicações os mercados "desenvolvidos, notadamente as ações dos EUA".
TREM QUE LEVITA CHEGA AO BRASIL
Li hoje no site Ciência & Tecnologia a seguinte reportagem de Luciana Sgarbi
“UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DESENVOLVE PROJETO PARA LIGAR AEROPORTOS TOM JOBIM E SANTOS DUMONT
Quem já brincou com ímãs entende basicamente como se faz um trem de cerca de 20 toneladas flutuar sobre trilhos - polos opostos se atraem, polos iguais se repelem.
É a partir desse mecanismo de funcionamento dos campos eletromagnéticos que se criou um dos mais engenhosos meios de transporte, o famoso trem Maglev, que já dá ares futuristas, por exemplo, à Alemanha e ao Japão.
Ele agora existirá também no Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, onde fará um percurso ligando os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim - em sua versão na Cidade Maravilhosa, ele está sendo desenvolvido com olhos na tecnologia japonesa que já na década de 1970 testava os primeiros vagões flutuantes e se chamará Maglev-Cobra.
Segundo os pesquisadores da Japan Railway Technical Research Institute, a "brincadeira" com os ímãs traduz de forma simples a própria propulsão eletromagnética. Passando-se da teoria à prática, o Maglev torna-se então o fenômeno que é, correndo a mais de 582 km/h, próximo à velocidade de um Boeing comercial. O Maglev-Cobra, no entanto, será menos veloz porque, diferentemente de outros países, estará instalado numa região essencialmente urbana: atingirá 70 quilômetros por hora. Nada mal para o engarrafado tráfego entre os aeroportos da cidade: de carro, hoje se demora em média 55 minutos. O trem gastará apenas 18.
A Secretaria Estadual de Transportes, em parceria com uma equipe de engenheiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), anunciou na semana passada que a viagem inaugural será em abril do ano que vem. "Modificamos a tecnologia para adequá-la às nossas especificidades de percurso. O Maglev-Cobra possuirá módulos e, como uma cobra, terá capacidade de entrar em curvas com risco zero para os passageiros", disse à ISTOÉ o engenheiro Richard Stephan, coordenador do projeto, que ao longo dos últimos dez anos estudou a estrutura do trem japonês e alemão.
A tecnologia de ponta utilizada no Maglev carioca é à base de nitrogênio super-resfriado em cápsulas, e a sua proximidade com os trilhos magnetizados através de poderosos ímãs provoca o efeito de levitação. O primeiro desses módulos já foi testado nos laboratórios da UFRJ e suportou muito bem o peso de seis adultos.
O projeto é mais complexo. Além de ligar os dois aeroportos, a equipe de engenheiros pretende se valer do trem de levitação para fixar paradas na Ilha do Fundão, na Rodoviária Novo Rio, na Praça Mauá e Praça XV, fazendo conexão com o metrô da Cinelândia. "Temos de aproveitar esse transporte ao máximo, valorizar o investimento. O Rio de Janeiro experimentará uma forma nada estressante de cruzar a cidade", diz Stephan. Para as etapas de teste, o governo estadual vai investir mais R$ 4,7 milhões e, segundo a UFRJ, os cálculos apontam que a construção do sistema Maglev-Cobra, em relação ao metrô, é até três vezes mais viável eco nomicamente - enquanto a construção de um quilômetro de metrô no Rio de Janeiro custa em média R$ 100 milhões, o trem de levitação poderá ser implantado por cerca de R$ 33 milhões, ou seja, um terço do valor.
Além disso, o seu perfil estreito permite que eventuais custos de túneis sejam muito menores. "O Rio de Janeiro será um modelo para o futuro da engenharia de transportes", diz Stephan.”
“UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DESENVOLVE PROJETO PARA LIGAR AEROPORTOS TOM JOBIM E SANTOS DUMONT
Quem já brincou com ímãs entende basicamente como se faz um trem de cerca de 20 toneladas flutuar sobre trilhos - polos opostos se atraem, polos iguais se repelem.
É a partir desse mecanismo de funcionamento dos campos eletromagnéticos que se criou um dos mais engenhosos meios de transporte, o famoso trem Maglev, que já dá ares futuristas, por exemplo, à Alemanha e ao Japão.
Ele agora existirá também no Brasil, mais particularmente no Rio de Janeiro, onde fará um percurso ligando os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim - em sua versão na Cidade Maravilhosa, ele está sendo desenvolvido com olhos na tecnologia japonesa que já na década de 1970 testava os primeiros vagões flutuantes e se chamará Maglev-Cobra.
Segundo os pesquisadores da Japan Railway Technical Research Institute, a "brincadeira" com os ímãs traduz de forma simples a própria propulsão eletromagnética. Passando-se da teoria à prática, o Maglev torna-se então o fenômeno que é, correndo a mais de 582 km/h, próximo à velocidade de um Boeing comercial. O Maglev-Cobra, no entanto, será menos veloz porque, diferentemente de outros países, estará instalado numa região essencialmente urbana: atingirá 70 quilômetros por hora. Nada mal para o engarrafado tráfego entre os aeroportos da cidade: de carro, hoje se demora em média 55 minutos. O trem gastará apenas 18.
A Secretaria Estadual de Transportes, em parceria com uma equipe de engenheiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), anunciou na semana passada que a viagem inaugural será em abril do ano que vem. "Modificamos a tecnologia para adequá-la às nossas especificidades de percurso. O Maglev-Cobra possuirá módulos e, como uma cobra, terá capacidade de entrar em curvas com risco zero para os passageiros", disse à ISTOÉ o engenheiro Richard Stephan, coordenador do projeto, que ao longo dos últimos dez anos estudou a estrutura do trem japonês e alemão.
A tecnologia de ponta utilizada no Maglev carioca é à base de nitrogênio super-resfriado em cápsulas, e a sua proximidade com os trilhos magnetizados através de poderosos ímãs provoca o efeito de levitação. O primeiro desses módulos já foi testado nos laboratórios da UFRJ e suportou muito bem o peso de seis adultos.
O projeto é mais complexo. Além de ligar os dois aeroportos, a equipe de engenheiros pretende se valer do trem de levitação para fixar paradas na Ilha do Fundão, na Rodoviária Novo Rio, na Praça Mauá e Praça XV, fazendo conexão com o metrô da Cinelândia. "Temos de aproveitar esse transporte ao máximo, valorizar o investimento. O Rio de Janeiro experimentará uma forma nada estressante de cruzar a cidade", diz Stephan. Para as etapas de teste, o governo estadual vai investir mais R$ 4,7 milhões e, segundo a UFRJ, os cálculos apontam que a construção do sistema Maglev-Cobra, em relação ao metrô, é até três vezes mais viável eco nomicamente - enquanto a construção de um quilômetro de metrô no Rio de Janeiro custa em média R$ 100 milhões, o trem de levitação poderá ser implantado por cerca de R$ 33 milhões, ou seja, um terço do valor.
Além disso, o seu perfil estreito permite que eventuais custos de túneis sejam muito menores. "O Rio de Janeiro será um modelo para o futuro da engenharia de transportes", diz Stephan.”
BRASIL PODE TER MAIOR RESERVA DE URÂNIO DO MUNDO
Li hoje no site do jornal de Santa Catarina "O Barriga Verde":
“O Brasil pode alcançar o topo da lista dos países com as maiores reservas de urânio do mundo. A informação foi dada pelo Contra-almirante da Marinha do Brasil, Carlos Passos Bezerril, durante almoço com mais de 600 empresários no Fórum de Temas Nacionais da ADVB-SP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil) realizado em São Paulo. Segundo Bezerril, apenas 30% do território nacional foi prospectado até então, fazendo com que o Brasil fosse classificado como a sexta nação mais rica em urânio no mundo. "Atualmente contamos com 309 mil toneladas, mas há a estimativa de que tenhamos mais 800 mil toneladas, o que fará do Brasil a primeira ou a segunda reserva do mundo", explicou o representante da Marinha. A palestra teve como tema a produção de energia nuclear com tecnologia nacional e a construção do primeiro submarino atômico brasileiro.
Para o Brasil, tomar conhecimento da capacidade de sua reserva de urânio significa ter acesso à matéria-prima necessária para a produção de energia nuclear. "Poderemos aumentar a participação da matriz nuclear na matriz energética do Brasil", enfatizou Bezerril. Cerca de 16% de toda a energia elétrica do mundo vem da fonte nuclear. No Brasil, 85% vem de fonte hidrelétrica.
"A Marinha brasileira está na vanguarda, precursora da tecnologia, da pesquisa, liderando estudos fundamentais para a defesa brasileira para fins pacíficos, para a indústria, a agricultura, setores variados da economia e também para a medicina nuclear", enfatizou o ex-governador de São Paulo e atual secretário de desenvolvimento do Estado, Geraldo Alckmin, presidente de honra da solenidade de abertura do Fórum.
Durante o almoço realizado pela ADVB-SP, Bezerril informou aos empresários que o Brasil já tem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e agora avança em direção à tecnologia necessária para a construção dos reatores destinados à geração da energia. O contra-almirante reforçou também que os trabalhos de pesquisa relacionados à energia nuclear podem ser realizados com a parceria da iniciativa privada. Na ocasião, informou ainda que a parceria que está sendo negociada entre a Marinha do Brasil e a França prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um submarino nuclear.
SOBRE A ENERGIA NUCLEAR
De acordo com a Marinha do Brasil, em texto publicado em seu portal na internet, o https://www.mar.mil.br/pnm/pnm.htm, a energia nuclear é uma fonte de energia firme e limpa, não emite gás poluente para a atmosfera, utiliza em sua construção um número reduzido de materiais (por kWh) se comparada com a energia solar e eólica, produz pequena quantidade de rejeitos, e não contribui para o efeito estufa, pois não emite dióxido de carbono (CO2), ao contrário do carvão, petróleo e gás; além de não necessitar dos grandes reservatórios (com seus decorrentes problemas ambientais) das hidroelétricas. Única alternativa viável, para a maior parte dos países, para suprir a crescente demanda por energia ante a futura escassez dos combustíveis fósseis, não é sem razão que a maior concentração de usinas nucleares encontra-se nas principais regiões consumidoras de energia do mundo.
Ainda segundo as informações publicadas no portal da Marinha na internet: "Como resultado de grande esforço nacional, o Brasil tem capacidade de fabricar o próprio combustível nuclear, sem nenhuma dependência externa, e o conhecimento para projetar e construir plantas nucleares de potência, que custam no mercado internacional acima de três bilhões de dólares cada".”
“O Brasil pode alcançar o topo da lista dos países com as maiores reservas de urânio do mundo. A informação foi dada pelo Contra-almirante da Marinha do Brasil, Carlos Passos Bezerril, durante almoço com mais de 600 empresários no Fórum de Temas Nacionais da ADVB-SP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil) realizado em São Paulo. Segundo Bezerril, apenas 30% do território nacional foi prospectado até então, fazendo com que o Brasil fosse classificado como a sexta nação mais rica em urânio no mundo. "Atualmente contamos com 309 mil toneladas, mas há a estimativa de que tenhamos mais 800 mil toneladas, o que fará do Brasil a primeira ou a segunda reserva do mundo", explicou o representante da Marinha. A palestra teve como tema a produção de energia nuclear com tecnologia nacional e a construção do primeiro submarino atômico brasileiro.
Para o Brasil, tomar conhecimento da capacidade de sua reserva de urânio significa ter acesso à matéria-prima necessária para a produção de energia nuclear. "Poderemos aumentar a participação da matriz nuclear na matriz energética do Brasil", enfatizou Bezerril. Cerca de 16% de toda a energia elétrica do mundo vem da fonte nuclear. No Brasil, 85% vem de fonte hidrelétrica.
"A Marinha brasileira está na vanguarda, precursora da tecnologia, da pesquisa, liderando estudos fundamentais para a defesa brasileira para fins pacíficos, para a indústria, a agricultura, setores variados da economia e também para a medicina nuclear", enfatizou o ex-governador de São Paulo e atual secretário de desenvolvimento do Estado, Geraldo Alckmin, presidente de honra da solenidade de abertura do Fórum.
Durante o almoço realizado pela ADVB-SP, Bezerril informou aos empresários que o Brasil já tem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e agora avança em direção à tecnologia necessária para a construção dos reatores destinados à geração da energia. O contra-almirante reforçou também que os trabalhos de pesquisa relacionados à energia nuclear podem ser realizados com a parceria da iniciativa privada. Na ocasião, informou ainda que a parceria que está sendo negociada entre a Marinha do Brasil e a França prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um submarino nuclear.
SOBRE A ENERGIA NUCLEAR
De acordo com a Marinha do Brasil, em texto publicado em seu portal na internet, o https://www.mar.mil.br/pnm/pnm.htm, a energia nuclear é uma fonte de energia firme e limpa, não emite gás poluente para a atmosfera, utiliza em sua construção um número reduzido de materiais (por kWh) se comparada com a energia solar e eólica, produz pequena quantidade de rejeitos, e não contribui para o efeito estufa, pois não emite dióxido de carbono (CO2), ao contrário do carvão, petróleo e gás; além de não necessitar dos grandes reservatórios (com seus decorrentes problemas ambientais) das hidroelétricas. Única alternativa viável, para a maior parte dos países, para suprir a crescente demanda por energia ante a futura escassez dos combustíveis fósseis, não é sem razão que a maior concentração de usinas nucleares encontra-se nas principais regiões consumidoras de energia do mundo.
Ainda segundo as informações publicadas no portal da Marinha na internet: "Como resultado de grande esforço nacional, o Brasil tem capacidade de fabricar o próprio combustível nuclear, sem nenhuma dependência externa, e o conhecimento para projetar e construir plantas nucleares de potência, que custam no mercado internacional acima de três bilhões de dólares cada".”
O PESO DA TECNOLOGIA NA SEGURANÇA E DEFESA
Li ontem no jornal Gazeta Mercantil o seguinte artigo de Roberto Guimarães de Carvalho, Coronel reformado, diretor da RC Consultoria de Defesa e diretor do Departamento da Indústria de Defesa da Fiesp:
“Quem se dispuser a consultar revistas e jornais brasileiros, interessado única e exclusivamente em encontrar textos sobre o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias nas áreas de segurança e defesa, terá duas grandes surpresas.
A primeira é que, embora o assunto pareça árido e muitos acreditem que a imprensa publique poucas matérias sobre o tema, não há uma semana que passe sem um veículo registrar algo a respeito.
A segunda, pelo menos para os brasileiros, não chega a ser animadora. A razão é que, nas matérias publicadas na grande imprensa, é muito raro encontrar o nome do Brasil como um dos países que desenvolvem novas tecnologias para as áreas de segurança e defesa.
Na Espanha, por exemplo, cientistas do Centro de Tecnologia de Valência desenvolveram materiais com propriedades que podem gerar invisibilidade em dimensões reduzidas e a meta agora é testar a aplicação desses materiais em escala e superfície maiores, para emprego nas áreas de segurança e defesa.
Em outra parte no mundo, no Oriente Médio, o vice-ministro de Defesa iraniano, Ahmad Vahidi, afirmou que Teerã construiu um avião de vigilância não-tripulado com um alcance de mais de mil quilômetros.
No Brasil, contudo, as notícias envolvendo o próprio País como desenvolvedor de tecnologias mais avançadas na área de segurança e defesa são escassas.
O Brasil vem adquirindo equipamentos no exterior, como helicópteros e submarinos e está em curso uma licitação para compra de caças para a Força aérea Brasileira (FAB). Chama a atenção, ainda, o fato de que em todas essas compras o governo brasileiro exija que os países vendedores também transfiram a tecnologia empregada na fabricação desses equipamentos.
Sem dúvida que a decisão e a insistência do governo nesse sentido são louváveis, mas resta saber se surtirão efeito verdadeiramente prático e até onde serão realmente exequíveis. Tomemos como base dois exemplos:
O Brasil está adquirindo da França quatro submarinos Scorpène, juntamente com a tecnologia para fabricação do casco. Como o Brasil já detém a tecnologia para produção local do propulsor com reator nuclear, para que integremos o clube dos países fabricantes de submarinos falta apenas a expertise para fazer o casco.
O segundo exemplo é a licitação da FAB para renovar sua frota de caças, chamada de projeto FX2. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já declarou em diferentes ocasiões que a compra dos caças está condicionada à transferência total de tecnologia e diversos especialistas também já declararam que consideram essa hipótese pouco provável de ocorrer na medida desejada pelo Brasil.
Pode parecer simplista, mas qual fabricante no mundo tem interesse em entregar todo o conhecimento adquirido durante o desenvolvimento de seu produto, para um comprador que poderá vir a se transformar em um potencial concorrente no futuro?
O Brasil já foi um grande exportador de material de segurança e defesa, chegando a ocupar a posição de nono país exportador de materiais de defesa na década de 1980, mas perdeu esta importância ao longo do tempo e hoje vive de comprar equipamentos. O momento atual mostra a importância de redirecionar os investimentos alocados para esta área, especialmente para desenvolvimento e pesquisa de novas tecnologias.
Em abril, entre os dias 14 e 17, será realizada no Rio de Janeiro a LAAD 2009 – Latin America Aerospace and Defence, maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina.
O evento reúne a cada dois anos empresas brasileiras e internacionais especializadas no fornecimento de equipamentos e serviços para Forças Armadas, forças especiais e serviços de segurança. Bastará uma visita à feira para checar o que vem sendo feito pelas indústrias do setor, seja em território nacional como em outros países.
Infelizmente o desnível tecnológico existente entre o Brasil e outros países tradicionais fabricantes de materiais de defesa do mundo ainda é muito grande e assim se conservará por algum tempo.
Há necessidade, porém, que sejam tomadas medidas desde já para diminuir esta diferença e possibilitar a autonomia necessária para manutenção da soberania do País e uma maior participação do setor industrial de defesa brasileiro no concorrente mercado internacional.
kicker: O Brasil, que já exportou material de defesa, hoje prefere importar equipamentos”
“Quem se dispuser a consultar revistas e jornais brasileiros, interessado única e exclusivamente em encontrar textos sobre o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias nas áreas de segurança e defesa, terá duas grandes surpresas.
A primeira é que, embora o assunto pareça árido e muitos acreditem que a imprensa publique poucas matérias sobre o tema, não há uma semana que passe sem um veículo registrar algo a respeito.
A segunda, pelo menos para os brasileiros, não chega a ser animadora. A razão é que, nas matérias publicadas na grande imprensa, é muito raro encontrar o nome do Brasil como um dos países que desenvolvem novas tecnologias para as áreas de segurança e defesa.
Na Espanha, por exemplo, cientistas do Centro de Tecnologia de Valência desenvolveram materiais com propriedades que podem gerar invisibilidade em dimensões reduzidas e a meta agora é testar a aplicação desses materiais em escala e superfície maiores, para emprego nas áreas de segurança e defesa.
Em outra parte no mundo, no Oriente Médio, o vice-ministro de Defesa iraniano, Ahmad Vahidi, afirmou que Teerã construiu um avião de vigilância não-tripulado com um alcance de mais de mil quilômetros.
No Brasil, contudo, as notícias envolvendo o próprio País como desenvolvedor de tecnologias mais avançadas na área de segurança e defesa são escassas.
O Brasil vem adquirindo equipamentos no exterior, como helicópteros e submarinos e está em curso uma licitação para compra de caças para a Força aérea Brasileira (FAB). Chama a atenção, ainda, o fato de que em todas essas compras o governo brasileiro exija que os países vendedores também transfiram a tecnologia empregada na fabricação desses equipamentos.
Sem dúvida que a decisão e a insistência do governo nesse sentido são louváveis, mas resta saber se surtirão efeito verdadeiramente prático e até onde serão realmente exequíveis. Tomemos como base dois exemplos:
O Brasil está adquirindo da França quatro submarinos Scorpène, juntamente com a tecnologia para fabricação do casco. Como o Brasil já detém a tecnologia para produção local do propulsor com reator nuclear, para que integremos o clube dos países fabricantes de submarinos falta apenas a expertise para fazer o casco.
O segundo exemplo é a licitação da FAB para renovar sua frota de caças, chamada de projeto FX2. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já declarou em diferentes ocasiões que a compra dos caças está condicionada à transferência total de tecnologia e diversos especialistas também já declararam que consideram essa hipótese pouco provável de ocorrer na medida desejada pelo Brasil.
Pode parecer simplista, mas qual fabricante no mundo tem interesse em entregar todo o conhecimento adquirido durante o desenvolvimento de seu produto, para um comprador que poderá vir a se transformar em um potencial concorrente no futuro?
O Brasil já foi um grande exportador de material de segurança e defesa, chegando a ocupar a posição de nono país exportador de materiais de defesa na década de 1980, mas perdeu esta importância ao longo do tempo e hoje vive de comprar equipamentos. O momento atual mostra a importância de redirecionar os investimentos alocados para esta área, especialmente para desenvolvimento e pesquisa de novas tecnologias.
Em abril, entre os dias 14 e 17, será realizada no Rio de Janeiro a LAAD 2009 – Latin America Aerospace and Defence, maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina.
O evento reúne a cada dois anos empresas brasileiras e internacionais especializadas no fornecimento de equipamentos e serviços para Forças Armadas, forças especiais e serviços de segurança. Bastará uma visita à feira para checar o que vem sendo feito pelas indústrias do setor, seja em território nacional como em outros países.
Infelizmente o desnível tecnológico existente entre o Brasil e outros países tradicionais fabricantes de materiais de defesa do mundo ainda é muito grande e assim se conservará por algum tempo.
Há necessidade, porém, que sejam tomadas medidas desde já para diminuir esta diferença e possibilitar a autonomia necessária para manutenção da soberania do País e uma maior participação do setor industrial de defesa brasileiro no concorrente mercado internacional.
kicker: O Brasil, que já exportou material de defesa, hoje prefere importar equipamentos”
ANSIEDADE DIFICULTA SONHO DE ISRAEL
Li ontem na coluna Tendências Mundiais, Inteligência, no jornal Folha de São Paulo, o seguinte artigo de Roger Cohen, de Nova York:
O MILITARISMO COMEÇA A PESAR NA CONSCIÊNCIA DE MUITOS ISRAELENSES
“Ethan Bronner, do "New York Times", tem feito alguns relatos muito importantes de Israel nas últimas semanas, registrando o senso de isolamento de Israel, seu esforço para renovar sua imagem e o exame de consciência coletivo suscitado pelos relatos de soldados e oficiais sobre o que testemunharam ou atos dos quais participaram durante a matança insensata de civis na faixa de Gaza.
O paradoxo de Israel é este: é uma potência hegemônica na região, próspera e criativa, dotada de armas nucleares e protegida por um muro de alta tecnologia -mas é corroída por dúvidas sobre ela própria, sentimento que parece crescer no mesmo ritmo que sua hegemonia militar.
Como escreveu o cientista político israelense Shlomo Avineri, a ideia original era que Israel não apenas tiraria o povo judeu do exílio, como também que o exílio "seria tirado do povo judeu". Após os milênios de marginalização e de Auschwitz, o Estado deveria criar o que David Ben Gurion descreveu como "um povo autossuficiente", em lugar de um povo "pendurado no ar".
O estado de espírito descrito por Bronner traz amplas evidências de que, 61 anos após a criação do Estado moderno de Israel, a sensação de estar "pendurado no ar" persiste.
Os protestos contra Israel se multiplicam pelo mundo. Dentro do país, crescem as diferenças entre os judeus e a minoria árabe, enquanto nacionalistas religiosos e liberais seculares disputam o controle do Exército. O Ministério da Defesa foi obrigado a repreender o rabino-chefe das Forças Armadas, general Avichai Rontzki, que vive num assentamento na Cisjordânia, quando se constatou que um livreto distribuído aos soldados incluía um edito rabínico contra atos de misericórdia para com o inimigo.
É inegável que pouca misericórdia foi manifestada em Gaza, onde centenas de civis estiveram entre os 1.400 mortos. Ao todo, a operação fez pouco sentido estratégico: o Hamas e seus foguetes seguem presentes, e o prejuízo à imagem de Israel em todo o mundo tem sido devastador. Como observou Avi Shlaim, professor de relações internacionais e ex-soldado israelense, a ofensiva em Gaza seguiu a lógica de "um olho por um cílio", em lugar do tradicional "olho por olho".
Pressenti isso ainda no início da operação em Gaza, ao ler uma declaração do porta-voz do governo israelense, Mark Regev: "Na sala do gabinete, hoje, havia uma energia e a sensação de que, após tanto tempo de contenção, finalmente tínhamos agido". Energia? Mas para que finalidade? Como mostrou a guerra contra o Hiz-bollah no Líbano, em 2006, o uso de força por Israel não ajuda a resolver o dilema existencial do país. Em lugar disso, redobra a ansiedade nacional.
A única possibilidade de avanço requer de Israel um cálculo diferente de sua segurança, que veja a conquista da paz como sua primeiríssima prioridade -não a qualquer preço, claro, mas a algum preço. Será preciso chegar a quatro termos comuns fundamentais, conforme recomenda um novo relatório do influente Council on Foreign Relations, com sede nos EUA:
1) Abandonar quase todos os assentamentos, para chegar à solução de dois Estados baseada nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com trocas menores e recíprocas de terra onde necessário.
2) Estabelecer Jerusalém como sede das capitais israelense e palestina, além de arranjos especiais para a Cidade Velha que garantam a todas as comunidades o acesso livre a locais sagrados.
3) Uma compensação financeira ampla aos refugiados palestinos, assistência para seu reassentamento no novo Estado palestino e outras medidas para tentar resolver o sentimento deles de terem sido injustiçados.
4) Concordar com o envio de uma força multinacional, provavelmente liderada pelos EUA, durante um período de transição de segurança. Infelizmente, não prevejo que o premiê israelense designado, Binyamin Netanyahu, siga esse rumo, a não ser que Barack Obama consiga operar milagres. O resultado será apenas o mal-estar e o isolamento ainda maiores de Israel. Renovação de imagem não pode resumir-se a mudanças superficiais.”
O MILITARISMO COMEÇA A PESAR NA CONSCIÊNCIA DE MUITOS ISRAELENSES
“Ethan Bronner, do "New York Times", tem feito alguns relatos muito importantes de Israel nas últimas semanas, registrando o senso de isolamento de Israel, seu esforço para renovar sua imagem e o exame de consciência coletivo suscitado pelos relatos de soldados e oficiais sobre o que testemunharam ou atos dos quais participaram durante a matança insensata de civis na faixa de Gaza.
O paradoxo de Israel é este: é uma potência hegemônica na região, próspera e criativa, dotada de armas nucleares e protegida por um muro de alta tecnologia -mas é corroída por dúvidas sobre ela própria, sentimento que parece crescer no mesmo ritmo que sua hegemonia militar.
Como escreveu o cientista político israelense Shlomo Avineri, a ideia original era que Israel não apenas tiraria o povo judeu do exílio, como também que o exílio "seria tirado do povo judeu". Após os milênios de marginalização e de Auschwitz, o Estado deveria criar o que David Ben Gurion descreveu como "um povo autossuficiente", em lugar de um povo "pendurado no ar".
O estado de espírito descrito por Bronner traz amplas evidências de que, 61 anos após a criação do Estado moderno de Israel, a sensação de estar "pendurado no ar" persiste.
Os protestos contra Israel se multiplicam pelo mundo. Dentro do país, crescem as diferenças entre os judeus e a minoria árabe, enquanto nacionalistas religiosos e liberais seculares disputam o controle do Exército. O Ministério da Defesa foi obrigado a repreender o rabino-chefe das Forças Armadas, general Avichai Rontzki, que vive num assentamento na Cisjordânia, quando se constatou que um livreto distribuído aos soldados incluía um edito rabínico contra atos de misericórdia para com o inimigo.
É inegável que pouca misericórdia foi manifestada em Gaza, onde centenas de civis estiveram entre os 1.400 mortos. Ao todo, a operação fez pouco sentido estratégico: o Hamas e seus foguetes seguem presentes, e o prejuízo à imagem de Israel em todo o mundo tem sido devastador. Como observou Avi Shlaim, professor de relações internacionais e ex-soldado israelense, a ofensiva em Gaza seguiu a lógica de "um olho por um cílio", em lugar do tradicional "olho por olho".
Pressenti isso ainda no início da operação em Gaza, ao ler uma declaração do porta-voz do governo israelense, Mark Regev: "Na sala do gabinete, hoje, havia uma energia e a sensação de que, após tanto tempo de contenção, finalmente tínhamos agido". Energia? Mas para que finalidade? Como mostrou a guerra contra o Hiz-bollah no Líbano, em 2006, o uso de força por Israel não ajuda a resolver o dilema existencial do país. Em lugar disso, redobra a ansiedade nacional.
A única possibilidade de avanço requer de Israel um cálculo diferente de sua segurança, que veja a conquista da paz como sua primeiríssima prioridade -não a qualquer preço, claro, mas a algum preço. Será preciso chegar a quatro termos comuns fundamentais, conforme recomenda um novo relatório do influente Council on Foreign Relations, com sede nos EUA:
1) Abandonar quase todos os assentamentos, para chegar à solução de dois Estados baseada nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com trocas menores e recíprocas de terra onde necessário.
2) Estabelecer Jerusalém como sede das capitais israelense e palestina, além de arranjos especiais para a Cidade Velha que garantam a todas as comunidades o acesso livre a locais sagrados.
3) Uma compensação financeira ampla aos refugiados palestinos, assistência para seu reassentamento no novo Estado palestino e outras medidas para tentar resolver o sentimento deles de terem sido injustiçados.
4) Concordar com o envio de uma força multinacional, provavelmente liderada pelos EUA, durante um período de transição de segurança. Infelizmente, não prevejo que o premiê israelense designado, Binyamin Netanyahu, siga esse rumo, a não ser que Barack Obama consiga operar milagres. O resultado será apenas o mal-estar e o isolamento ainda maiores de Israel. Renovação de imagem não pode resumir-se a mudanças superficiais.”
É HORA DE CORRER MOVIDO A CAFÉ
Li ontem no UOL a seguinte reportagem de Gina Kolata, em tradução de George El Khouri Andolfato, publicada no jornal norte-americano The New York Times:
“Weldon Johnson experimentou a cafeína como estimulante de desempenho pela primeira vez em 1998. Ele não costumava beber café, mas soube que a cafeína podia ajudá-lo a correr mais rápido. Então ele foi até uma loja de conveniência antes de uma corrida e bebeu uma xícara de café.
Pela primeira vez em sua vida, ele correu 10 quilômetros em menos de 30 minutos.
"Eu me lembro de ficar realmente ligado antes da corrida", ele disse por e-mail. "Meu corpo tremia."
Desde então ele se converteu.
Johnson, fundador da LetsRun.com, passou a evitar a cafeína, mesmo em refrigerantes, por algumas semanas antes de uma competição, buscando explorar o efeito pleno do estimulante.
"Pode ser um efeito placebo imenso, mas para mim funciona", disse Johnson. "Tomar uma xícara de café exatamente uma hora antes da corrida fazia parte da minha rotina."
Ou talvez não fosse um efeito placebo.
A cafeína, na verdade, realmente funciona. E é legal, um dos poucos estimulantes de desempenho que não são proibidos pela Agência Mundial Antidoping.
Enquanto astros dos esportes, de jogadores de beisebol e ciclistas até corredores são punidos pelo uso de drogas que melhoram o desempenho, um dos estimulantes mais estudados é de uso legítimo para qualquer um. E está bem ali, na xícara de café ou na lata de refrigerante.
Os fisiologistas estudam os efeitos da cafeína em quase todas as situações: ela ajuda os velocistas? Os maratonistas? Os ciclistas? Remadores? Nadadores? Atletas cujos esportes envolvem corridas e paradas como os jogadores de tênis? A resposta é sim para todos.
Os pesquisadores publicam estudos sobre a cafeína desde 1978. Em um estudo após o outro, eles concluíram que a cafeína realmente melhora o desempenho. De fato, alguns especialistas como o dr. Mark Tarnopolsky, da Universidade McMaster no Canadá, se mostram incrédulos pelas pessoas ainda perguntarem se a cafeína afeta o desempenho.
"Há tantos dados a respeito que é inacreditável", ele disse. "Não há dúvida de que a cafeína melhora o desempenho. Foi demonstrado por laboratórios respeitados de múltiplos lugares do mundo."
As únicas novas dúvidas são como ele exerce seu efeito e quão pouca cafeína é necessária para obter o efeito.
Por muitos anos, os pesquisadores acharam que o único motivo para as pessoas poderem se exercitar mais duramente por tempo mais longo após o uso da cafeína era o composto ajudar os músculos a usarem gordura como combustível, poupando o glicogênio armazenado nos músculos e aumentando a resistência. Mas havia vários indícios de que algo mais estava acontecendo. Por exemplo, a cafeína melhorava o desempenho até mesmo em exercícios breves intensos, onde a resistência não importa.
Agora, Tarnopolsky e outros relatam que a cafeína aumenta a produção de energia dos músculos ao liberar o cálcio armazenado no músculo. O efeito permite que os atletas possam ir mais longe e mais rápido no mesmo espaço de tempo. A cafeína também afeta a sensação de exaustão do cérebro, aquela sensação de que é hora de parar, de que não pode prosseguir. Esta pode ser uma forma de melhorar a resistência, disse Tarnopolsky.
A melhora do desempenho em ambientes controlados de laboratório pode chegar de 20% a 25%, disse Tarnopolsky. Mas no mundo real, a melhoria pode ser em média de cerca de 5%, o que ainda é significativo caso você queira atingir seu melhor tempo ou mesmo vencer uma corrida.
Por anos, os pesquisadores acreditaram que era preciso cerca de 5 a 6 miligramas de cafeína por quilo de peso do corpo. Um homem de 80 quilos, por exemplo, precisaria de cerca de 400 miligramas de cafeína.
Agora, Louise M. Burke, a chefe do departamento de nutrição esportiva do Instituto Australiano do Esporte em Canberra, informa que os atletas obtêm o efeito pleno da cafeína com apenas 1 miligrama de cafeína por quilo de peso do corpo. Em vez de 591 ml de café, um homem de 80 quilos poderia beber 118 ml de café, ou cerca de duas latas de Coca de 350 ml.
Também é possível piorar os resultados.
Terry Graham, presidente do Departamento de Saúde Humana e Ciências Nutricionais da Universidade de Guelph, no Canadá, apontou que com 9 miligramas por quilo, os atletas na verdade pioram.
Muitos atletas e treinadores não são fãs da cafeína. Johnson disse que tentou divulgá-la e fica frustrado quando os corredores não usam a cafeína -tanto, ele disse, que quando vê a equipe que seu irmão treina em Cornell, ele pensa: "Por que todos não vão ao Starbucks?"
Mike Perry, um amigo remador que já competiu nacionalmente e no exterior, disse que, com uma exceção, os remadores que ele conheceu não usavam cafeína.
"As pessoas tinham problemas psicológicos a respeito de usá-la", ele disse. "Elas consideravam isso como sendo contra o espírito da lei, apesar dela não ser ilegal."
Ainda assim, Perry se perguntou se a cafeína o teria ajudado. Quando ele se aposentou das competições de remo em julho passado, ele decidiu fazer uma experiência aleatória, às cegas, controlada com placebo, em si mesmo.
Ele percebeu que as pílulas de cafeína de 200 miligramas pareciam com as de vitamina C, o que permitiu que as codificasse e tomasse sem saber qual estava tomando. Por oito meses ele testou em si mesmo uma vez por semana, tomando duas pílulas uma hora antes de se exercitar no aparelho de remo. Então se exercitava o máximo que podia por uma hora, registrava os resultados, também registrando seu palpite sobre se a pílula que tomou continha a cafeína. Perry, que também é corredor, disse que uma hora no aparelho de remo equivale a uma hora de corrida forte na estrada.
Quando ele concluiu o estudo e quebrou o código no final do mês passado, ele ficou espantado ao ver quanto a cafeína o afetou. Ele estava mais forte -sua força foi 3% maior- e mais rápido. De fato, ele disse que a velocidade média nos testes em que usou a cafeína foi maior do que sua velocidade mais rápida quando não usava cafeína.
Ele também deduziu acertadamente na maioria das vezes se a pílula que tomou era de cafeína ou vitamina C. Perry disse que agora lamenta nunca ter usado a cafeína quando competia. "Seria uma forma inofensiva de melhorar o desempenho", ele disse.
Outros, incluindo meu filho Stefan, discordam. Eu pedi a Stefan que experimentasse a cafeína, e ele o fez, uma vez.
Ele experimentou a pílula de cafeína antes de um exercício na pista que envolvia correr 1,5 quilômetro muito rápido, descansar brevemente, e correr outro 1,5 quilômetro, repetidamente. Como Johnson, ele ficou ligado e tremendo. Mas, disse Stefan, ele não conseguiu descansar entre as corridas. Seu coração continuou batendo forte e não conseguia desacelerar. Ele disse não querer experimentar isso de novo.
E há o problema que eu e minha parceira de corrida Jen Davis temos. Nós adoramos café e provavelmente temos cafeína permanentemente em nosso sangue, exceto durante o meio da noite (ela dura horas).
Assim, nós nos sairíamos melhor se nos privássemos de cafeína e então tomássemos uma pílula ou duas antes de uma corrida?
Eu perguntei a Tarnopolsky. Ele disse que você se habitua rapidamente a dois efeitos da cafeína. A cafeína pode fazer você urinar, mas apenas se não estiver acostumado a ela.
"Os atletas não ficam desidratados por causa da cafeína", ele acrescentou, "diferente do mito popular".
E a cafeína aumenta o batimento cardíaco e a pressão sanguínea em pessoas que não são usuárias regulares. "Mas após três ou quatro dias, este efeito potencialmente negativo desaparece", disse Tarnopolsky.
Os efeitos benéficos sobre o exercício, entretanto, permanecem. Mesmo se você beber café regularmente, tomar uma xícara antes do exercício ou corrida melhorará seu desempenho, disse Tarnopolsky. "Não há dúvida a respeito", ele acrescentou.
Ele coloca a pesquisa da cafeína em prática quando treina e compete. Tarnopolsky é um triatleta de elite, orientador de esqui e corredor de trilha que compete em provas nacionais e internacionais. E, ele disse, ele adora café: "Eu adoro o cheiro. Eu adoro o sabor. É o paraíso".
E antes da corrida? Ele sempre toma uma xícara.”
“Weldon Johnson experimentou a cafeína como estimulante de desempenho pela primeira vez em 1998. Ele não costumava beber café, mas soube que a cafeína podia ajudá-lo a correr mais rápido. Então ele foi até uma loja de conveniência antes de uma corrida e bebeu uma xícara de café.
Pela primeira vez em sua vida, ele correu 10 quilômetros em menos de 30 minutos.
"Eu me lembro de ficar realmente ligado antes da corrida", ele disse por e-mail. "Meu corpo tremia."
Desde então ele se converteu.
Johnson, fundador da LetsRun.com, passou a evitar a cafeína, mesmo em refrigerantes, por algumas semanas antes de uma competição, buscando explorar o efeito pleno do estimulante.
"Pode ser um efeito placebo imenso, mas para mim funciona", disse Johnson. "Tomar uma xícara de café exatamente uma hora antes da corrida fazia parte da minha rotina."
Ou talvez não fosse um efeito placebo.
A cafeína, na verdade, realmente funciona. E é legal, um dos poucos estimulantes de desempenho que não são proibidos pela Agência Mundial Antidoping.
Enquanto astros dos esportes, de jogadores de beisebol e ciclistas até corredores são punidos pelo uso de drogas que melhoram o desempenho, um dos estimulantes mais estudados é de uso legítimo para qualquer um. E está bem ali, na xícara de café ou na lata de refrigerante.
Os fisiologistas estudam os efeitos da cafeína em quase todas as situações: ela ajuda os velocistas? Os maratonistas? Os ciclistas? Remadores? Nadadores? Atletas cujos esportes envolvem corridas e paradas como os jogadores de tênis? A resposta é sim para todos.
Os pesquisadores publicam estudos sobre a cafeína desde 1978. Em um estudo após o outro, eles concluíram que a cafeína realmente melhora o desempenho. De fato, alguns especialistas como o dr. Mark Tarnopolsky, da Universidade McMaster no Canadá, se mostram incrédulos pelas pessoas ainda perguntarem se a cafeína afeta o desempenho.
"Há tantos dados a respeito que é inacreditável", ele disse. "Não há dúvida de que a cafeína melhora o desempenho. Foi demonstrado por laboratórios respeitados de múltiplos lugares do mundo."
As únicas novas dúvidas são como ele exerce seu efeito e quão pouca cafeína é necessária para obter o efeito.
Por muitos anos, os pesquisadores acharam que o único motivo para as pessoas poderem se exercitar mais duramente por tempo mais longo após o uso da cafeína era o composto ajudar os músculos a usarem gordura como combustível, poupando o glicogênio armazenado nos músculos e aumentando a resistência. Mas havia vários indícios de que algo mais estava acontecendo. Por exemplo, a cafeína melhorava o desempenho até mesmo em exercícios breves intensos, onde a resistência não importa.
Agora, Tarnopolsky e outros relatam que a cafeína aumenta a produção de energia dos músculos ao liberar o cálcio armazenado no músculo. O efeito permite que os atletas possam ir mais longe e mais rápido no mesmo espaço de tempo. A cafeína também afeta a sensação de exaustão do cérebro, aquela sensação de que é hora de parar, de que não pode prosseguir. Esta pode ser uma forma de melhorar a resistência, disse Tarnopolsky.
A melhora do desempenho em ambientes controlados de laboratório pode chegar de 20% a 25%, disse Tarnopolsky. Mas no mundo real, a melhoria pode ser em média de cerca de 5%, o que ainda é significativo caso você queira atingir seu melhor tempo ou mesmo vencer uma corrida.
Por anos, os pesquisadores acreditaram que era preciso cerca de 5 a 6 miligramas de cafeína por quilo de peso do corpo. Um homem de 80 quilos, por exemplo, precisaria de cerca de 400 miligramas de cafeína.
Agora, Louise M. Burke, a chefe do departamento de nutrição esportiva do Instituto Australiano do Esporte em Canberra, informa que os atletas obtêm o efeito pleno da cafeína com apenas 1 miligrama de cafeína por quilo de peso do corpo. Em vez de 591 ml de café, um homem de 80 quilos poderia beber 118 ml de café, ou cerca de duas latas de Coca de 350 ml.
Também é possível piorar os resultados.
Terry Graham, presidente do Departamento de Saúde Humana e Ciências Nutricionais da Universidade de Guelph, no Canadá, apontou que com 9 miligramas por quilo, os atletas na verdade pioram.
Muitos atletas e treinadores não são fãs da cafeína. Johnson disse que tentou divulgá-la e fica frustrado quando os corredores não usam a cafeína -tanto, ele disse, que quando vê a equipe que seu irmão treina em Cornell, ele pensa: "Por que todos não vão ao Starbucks?"
Mike Perry, um amigo remador que já competiu nacionalmente e no exterior, disse que, com uma exceção, os remadores que ele conheceu não usavam cafeína.
"As pessoas tinham problemas psicológicos a respeito de usá-la", ele disse. "Elas consideravam isso como sendo contra o espírito da lei, apesar dela não ser ilegal."
Ainda assim, Perry se perguntou se a cafeína o teria ajudado. Quando ele se aposentou das competições de remo em julho passado, ele decidiu fazer uma experiência aleatória, às cegas, controlada com placebo, em si mesmo.
Ele percebeu que as pílulas de cafeína de 200 miligramas pareciam com as de vitamina C, o que permitiu que as codificasse e tomasse sem saber qual estava tomando. Por oito meses ele testou em si mesmo uma vez por semana, tomando duas pílulas uma hora antes de se exercitar no aparelho de remo. Então se exercitava o máximo que podia por uma hora, registrava os resultados, também registrando seu palpite sobre se a pílula que tomou continha a cafeína. Perry, que também é corredor, disse que uma hora no aparelho de remo equivale a uma hora de corrida forte na estrada.
Quando ele concluiu o estudo e quebrou o código no final do mês passado, ele ficou espantado ao ver quanto a cafeína o afetou. Ele estava mais forte -sua força foi 3% maior- e mais rápido. De fato, ele disse que a velocidade média nos testes em que usou a cafeína foi maior do que sua velocidade mais rápida quando não usava cafeína.
Ele também deduziu acertadamente na maioria das vezes se a pílula que tomou era de cafeína ou vitamina C. Perry disse que agora lamenta nunca ter usado a cafeína quando competia. "Seria uma forma inofensiva de melhorar o desempenho", ele disse.
Outros, incluindo meu filho Stefan, discordam. Eu pedi a Stefan que experimentasse a cafeína, e ele o fez, uma vez.
Ele experimentou a pílula de cafeína antes de um exercício na pista que envolvia correr 1,5 quilômetro muito rápido, descansar brevemente, e correr outro 1,5 quilômetro, repetidamente. Como Johnson, ele ficou ligado e tremendo. Mas, disse Stefan, ele não conseguiu descansar entre as corridas. Seu coração continuou batendo forte e não conseguia desacelerar. Ele disse não querer experimentar isso de novo.
E há o problema que eu e minha parceira de corrida Jen Davis temos. Nós adoramos café e provavelmente temos cafeína permanentemente em nosso sangue, exceto durante o meio da noite (ela dura horas).
Assim, nós nos sairíamos melhor se nos privássemos de cafeína e então tomássemos uma pílula ou duas antes de uma corrida?
Eu perguntei a Tarnopolsky. Ele disse que você se habitua rapidamente a dois efeitos da cafeína. A cafeína pode fazer você urinar, mas apenas se não estiver acostumado a ela.
"Os atletas não ficam desidratados por causa da cafeína", ele acrescentou, "diferente do mito popular".
E a cafeína aumenta o batimento cardíaco e a pressão sanguínea em pessoas que não são usuárias regulares. "Mas após três ou quatro dias, este efeito potencialmente negativo desaparece", disse Tarnopolsky.
Os efeitos benéficos sobre o exercício, entretanto, permanecem. Mesmo se você beber café regularmente, tomar uma xícara antes do exercício ou corrida melhorará seu desempenho, disse Tarnopolsky. "Não há dúvida a respeito", ele acrescentou.
Ele coloca a pesquisa da cafeína em prática quando treina e compete. Tarnopolsky é um triatleta de elite, orientador de esqui e corredor de trilha que compete em provas nacionais e internacionais. E, ele disse, ele adora café: "Eu adoro o cheiro. Eu adoro o sabor. É o paraíso".
E antes da corrida? Ele sempre toma uma xícara.”
EM 10 ANOS O BRASIL RÚSSIA, ÍNDIA E CHINA ESTARÃO NA LIDERANÇA DA ECONOMIA MUNDIAL
Li ontem no UOL a seguinte reportagem da agência de notícias inglesa BBC:
CRISE 'PODE ACELERAR ASCENSÃO DOS BRIC À LIDERANÇA DA ECONOMIA MUNDIAL'
“A crise econômica global não impedirá que os países do grupo dos BRIC estejam entre as maiores economias do mundo, segundo afirma o próprio autor do conceito dos BRIC, Jim O'Neill, economista-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs.
Para ele, a crise pode até mesmo acelerar as mudanças na economia global que garantirão a Brasil, Rússia, Índia e China ocupar um lugar de destaque entre as potências mundiais já em 2020. O'Neill afirma que em 2020 a China, por exemplo, poderá estar próxima de disputar com os Estados Unidos o posto de maior economia do mundo. Segundo ele, os demais países dos BRIC poderão ter economias de tamanho equivalente à de países como Alemanha, França ou Reino Unido. Para O'Neill, até 2020 a grande massa de consumo do mundo estará nas economias dos BRIC.
O'Neill afirma ainda que as previsões que fez em 2001 sobre o crescimento da economia dos países do grupo eram conservadoras e por isso não são afetadas por um eventual período de baixo crescimento, como o atual: "Nós assumimos que os países BRIC teriam ciclos econômicos, e isso é o que acontece agora. Então, nossa projeção de longo prazo não é afetada de nenhuma maneira", diz.
Leia abaixo a íntegra da entrevista que O'Neill concedeu à BBC Brasil em Londres: BBC Brasil: Como a crise global está afetando os BRICs?
A crise é tão grave que está afetando negativamente todo mundo, incluindo os BRIC.
Mas entre os BRIC temos que olhar especificamente para cada um, porque os aspectos da crise são diferentes. Para resumir de maneira simples, quase sem dúvida a Rússia vai sofrer mais, e o Brasil em seguida, por serem produtores de commodities. A China parece estar lidando melhor com a crise, apesar do fato de ser um grande exportador. E a Índia está um pouco atrás. Então, a China parece estar na situação menos grave e a Rússia na mais grave.
De maneira nenhuma. Acho interessante que me perguntem tanto sobre isso. Se você olhar com cuidado para as projeções que usamos em 2003 e depois para as atualizações que fizemos depois disso, verão que elas eram muito conservadoras.Por exemplo, partimos da premissa que no longo prazo a China cresceria 5,8%, e até essa crise a China vinha crescendo o dobro disso. Mesmo com a crise, o consenso sobre o crescimento da China para este ano é de 7%.
Nós estimamos que os países BRIC teriam ciclos econômicos, e isso é o que acontece agora. Então, nossa projeção de longo prazo não é afetada de nenhuma maneira.
Na verdade, creio que se a China já estiver mesmo começando a se recuperar do impacto da crise, pode ser que a crise acelere a velocidade da mudança na economia mundial.
A China já ultrapassou a Alemanha e se tornou a terceira maior economia do mundo, curiosamente no momento exato em que havíamos previsto que isso aconteceria. A grande questão é se na próxima década (a China) vai ultrapassar o Japão e o quão perto vai estar dos Estados Unidos, em 2020. Poderá estar bem perto. A grande questão para os outros três países será o quanto estarão perto, em 2020, das principais economias européias. Acho que é bem possível que estejam próximos.
Cada um tem algo em seu favor. A Índia tem essa enorme vantagem demográfica. O Brasil, como tem sido demonstrado por esta crise, conta com uma estrutura macroeconômica que fornece uma ótima base em termos de política econômica. A Rússia é a que parece mais vulnerável, devido à sua excessiva dependência de energia e à ausência de mudanças, ou de qualquer prova de mudanças internas.
Acho que para 2020, a questão para os três países é saber se o tamanho de suas economias vai estar próximo das de Alemanha, França ou Reino Unido. E para a China se estará próxima dos EUA.
Acho que isso precisa ser analisado individualmente. Acho que o Brasil é possivelmente o que está mais bem posicionado, em termos de mudanças necessárias para cumprir as previsões que fizemos para 2050, ou para o que eu disse sobre 2020.
O Brasil tem em muitos sentidos mais atributos de um país desenvolvido em termos de suas políticas e de sua sociedade. Provavelmente o que tem de fazer é tirar o governo do caminho e deixar o setor privado fazer mais.
A Índia precisa parar de pensar que simplesmente merece ser um grande país só porque tem uma população grande, ou porque alguém como eu sonhou com esta sigla BRIC. A Índia precisa continuar com as mudanças, melhorar a eficiência de seu governo, tanto nos Estados quando no nível federal. E quanto mais tempo levar para isso acontecer, mais difícil será para conseguir cumprir as projeções. A China tem a questão do regime de partido único, mas curiosamente, eu diria, de maneira provocativa, que a emergência desta crise mostrou que (o regime de partido único) parece permitir à China lidar com muitos dessas questões complexas de maneira mais fácil do que muitas democracias. Acho que em algum ponto no futuro a China terá que mudar, mas não estou seguro de que o sistema chinês imponha qualquer limitação no que se refere à economia.
E, finalmente, a Rússia terá que mudar. Esta crise demonstrou que a Rússia é de longe muito dependente de um grande produto, que é o petróleo. A Rússia precisa se afastar disso. Desde o início eu disse que era muito duvidosa a idéia de que a China não poderia atingir nossas previsões sem mudar radicalmente seu sistema político. Se você observar, na metade de 2009, sete anos após eu ter criado o termo BRIC, verá que a China tem conseguido lidar muito bem com muitos choques que a acometeram.
Então, apesar de muitos de nós no Ocidente não gostarem do sistema político da China, não está claro para mim que a população chinesa não esteja feliz com ele. É uma coisa muito polêmica de se dizer, mas os chineses parecem capazes de manter esse sistema e manter um caminho de desenvolvimento com o qual a maioria parece estar satisfeita.
Estou seguro de que isso não vai ser assim para sempre, mas se considerarmos 2020, é perigoso esperar que aconteçam grandes mudanças, ou que exista necessidade de grandes mudanças.
Se você comparar o modelo da China ao da Índia e observar que a China tem crescido nos últimos 20 anos mais do que a Índia, apesar de a demografia da Índia ser muito mais favorável, verá claramente que há algo na China mais bem sucedido do que na Índia.Apesar de a democracia indiana ser uma coisa maravilhosa, que todos amamos e da qual os indianos têm tanto orgulho, suspeito que ela não funcione muito bem em termos de mudanças de política econômica. A Índia precisa manter sua democracia, mas também precisa encontrar uma maneira para fazer com que ela funcione de forma mais eficiente. É quase como se em determinados momentos a democracia indiana sufocasse a Índia.
Eu comumente brinco com autoridades indianas sobre esta eleição que está a caminho.
Digo que enquanto eles estiveram esperando a vinda dessa eleição, ao longo de um ano ou mais, a China efetivamente produziu o equivalente a meia Índia.
Então, a menos que eles consigam sair desta eleição com um sistema de governo mais eficiente, vai haver cada vez mais sinais de que a democracia indiana é de fato boa demais, porque efetivamente impede a tomada de decisões.
Não acho que poderíamos dizer o mesmo sobre o Brasil, mas se olharmos a China e a Índia, há contrastes muito interessantes sobre sua forma de governo e sobre sua capacidade de crescer.
Acho que se olharmos o que vem acontecendo nos últimos seis meses veremos que há uma grande desaceleração em todo lugar. Mas se olharmos as contribuições para o consumo global, veremos que os BRIC foram as únicas economias significativas que fizeram uma contribuição positiva.
Meu grupo tem analisado dados que mostram que o chamado descolamento entre os Estados Unidos e as economias dos BRIC está ocorrendo. O consumo nos Estados Unidos ficou negativo, muito negativo, mas ainda há crescimento no consumo na maioria dos BRIC.
De acordo com dados de fevereiro, o consumo na China, a economia mais importante do grupo, está crescendo em termos reais em 15,5% ao ano. Então há uma contribuição significativa (da China) para o crescimento do resto do mundo.
E acho que isso vai crescer conforme chegarmos mais próximos a 2020. Vai se tornar claro, quando entrarmos na próxima década, que a grande massa de consumo no mundo estará nas economias BRIC. Eu também questiono alguns aspectos dessa tese. Se você observar o que aconteceu na China ao longo da última década, ou um pouco mais, verá que eles provavelmente tiraram da pobreza 400 milhões de pessoas.
Então, enquanto na China há um pequeno grupo de pessoas que se tornaram incrivelmente ricas, há sinais de que vimos - pela primeira vez no mundo em décadas - uma queda de fato na diferença entre renda e pobreza. A Índia tem evidências semelhantes, apesar de menos que a China. E como o presidente Lula disse sobre o Brasil recentemente, num artigo no Financial Times,há sinais disso por lá também. Isso é muito interessante, porque a percepção comum é de que as diferenças de renda estão aumentando. Mas particularmente na China essa percepção não é verdadeira.
Para mim, como criador da sigla, seria fantástico vê-los como um grupo político. Mas de uma perspectiva global, o que é realmente importante é que as economias dos BRIC sejam mais bem representadas na liderança do FMI, no Banco Mundial, e que o G-20 (no qual os quatro países estão representados) se torne o principal ponto focal de decisões políticas e econômicas do mundo, em vez de somente o G-7 ou o G-8.
Acho que se eles não forem inseridos na melhor estrutura possível para tomada de decisões, então se reunirão mais e mais formando seu próprio clube.
Acredito que a reunião de cúpula do G-20 em Londres vai definir uma nova era, na qual esses países estarão no centro das decisões que estão sendo tomadas sobre o mundo. Acho que é um progresso fantástico.”
CRISE 'PODE ACELERAR ASCENSÃO DOS BRIC À LIDERANÇA DA ECONOMIA MUNDIAL'
“A crise econômica global não impedirá que os países do grupo dos BRIC estejam entre as maiores economias do mundo, segundo afirma o próprio autor do conceito dos BRIC, Jim O'Neill, economista-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs.
Para ele, a crise pode até mesmo acelerar as mudanças na economia global que garantirão a Brasil, Rússia, Índia e China ocupar um lugar de destaque entre as potências mundiais já em 2020. O'Neill afirma que em 2020 a China, por exemplo, poderá estar próxima de disputar com os Estados Unidos o posto de maior economia do mundo. Segundo ele, os demais países dos BRIC poderão ter economias de tamanho equivalente à de países como Alemanha, França ou Reino Unido. Para O'Neill, até 2020 a grande massa de consumo do mundo estará nas economias dos BRIC.
O'Neill afirma ainda que as previsões que fez em 2001 sobre o crescimento da economia dos países do grupo eram conservadoras e por isso não são afetadas por um eventual período de baixo crescimento, como o atual: "Nós assumimos que os países BRIC teriam ciclos econômicos, e isso é o que acontece agora. Então, nossa projeção de longo prazo não é afetada de nenhuma maneira", diz.
Leia abaixo a íntegra da entrevista que O'Neill concedeu à BBC Brasil em Londres: BBC Brasil: Como a crise global está afetando os BRICs?
A crise é tão grave que está afetando negativamente todo mundo, incluindo os BRIC.
Mas entre os BRIC temos que olhar especificamente para cada um, porque os aspectos da crise são diferentes. Para resumir de maneira simples, quase sem dúvida a Rússia vai sofrer mais, e o Brasil em seguida, por serem produtores de commodities. A China parece estar lidando melhor com a crise, apesar do fato de ser um grande exportador. E a Índia está um pouco atrás. Então, a China parece estar na situação menos grave e a Rússia na mais grave.
De maneira nenhuma. Acho interessante que me perguntem tanto sobre isso. Se você olhar com cuidado para as projeções que usamos em 2003 e depois para as atualizações que fizemos depois disso, verão que elas eram muito conservadoras.Por exemplo, partimos da premissa que no longo prazo a China cresceria 5,8%, e até essa crise a China vinha crescendo o dobro disso. Mesmo com a crise, o consenso sobre o crescimento da China para este ano é de 7%.
Nós estimamos que os países BRIC teriam ciclos econômicos, e isso é o que acontece agora. Então, nossa projeção de longo prazo não é afetada de nenhuma maneira.
Na verdade, creio que se a China já estiver mesmo começando a se recuperar do impacto da crise, pode ser que a crise acelere a velocidade da mudança na economia mundial.
A China já ultrapassou a Alemanha e se tornou a terceira maior economia do mundo, curiosamente no momento exato em que havíamos previsto que isso aconteceria. A grande questão é se na próxima década (a China) vai ultrapassar o Japão e o quão perto vai estar dos Estados Unidos, em 2020. Poderá estar bem perto. A grande questão para os outros três países será o quanto estarão perto, em 2020, das principais economias européias. Acho que é bem possível que estejam próximos.
Cada um tem algo em seu favor. A Índia tem essa enorme vantagem demográfica. O Brasil, como tem sido demonstrado por esta crise, conta com uma estrutura macroeconômica que fornece uma ótima base em termos de política econômica. A Rússia é a que parece mais vulnerável, devido à sua excessiva dependência de energia e à ausência de mudanças, ou de qualquer prova de mudanças internas.
Acho que para 2020, a questão para os três países é saber se o tamanho de suas economias vai estar próximo das de Alemanha, França ou Reino Unido. E para a China se estará próxima dos EUA.
Acho que isso precisa ser analisado individualmente. Acho que o Brasil é possivelmente o que está mais bem posicionado, em termos de mudanças necessárias para cumprir as previsões que fizemos para 2050, ou para o que eu disse sobre 2020.
O Brasil tem em muitos sentidos mais atributos de um país desenvolvido em termos de suas políticas e de sua sociedade. Provavelmente o que tem de fazer é tirar o governo do caminho e deixar o setor privado fazer mais.
A Índia precisa parar de pensar que simplesmente merece ser um grande país só porque tem uma população grande, ou porque alguém como eu sonhou com esta sigla BRIC. A Índia precisa continuar com as mudanças, melhorar a eficiência de seu governo, tanto nos Estados quando no nível federal. E quanto mais tempo levar para isso acontecer, mais difícil será para conseguir cumprir as projeções. A China tem a questão do regime de partido único, mas curiosamente, eu diria, de maneira provocativa, que a emergência desta crise mostrou que (o regime de partido único) parece permitir à China lidar com muitos dessas questões complexas de maneira mais fácil do que muitas democracias. Acho que em algum ponto no futuro a China terá que mudar, mas não estou seguro de que o sistema chinês imponha qualquer limitação no que se refere à economia.
E, finalmente, a Rússia terá que mudar. Esta crise demonstrou que a Rússia é de longe muito dependente de um grande produto, que é o petróleo. A Rússia precisa se afastar disso. Desde o início eu disse que era muito duvidosa a idéia de que a China não poderia atingir nossas previsões sem mudar radicalmente seu sistema político. Se você observar, na metade de 2009, sete anos após eu ter criado o termo BRIC, verá que a China tem conseguido lidar muito bem com muitos choques que a acometeram.
Então, apesar de muitos de nós no Ocidente não gostarem do sistema político da China, não está claro para mim que a população chinesa não esteja feliz com ele. É uma coisa muito polêmica de se dizer, mas os chineses parecem capazes de manter esse sistema e manter um caminho de desenvolvimento com o qual a maioria parece estar satisfeita.
Estou seguro de que isso não vai ser assim para sempre, mas se considerarmos 2020, é perigoso esperar que aconteçam grandes mudanças, ou que exista necessidade de grandes mudanças.
Se você comparar o modelo da China ao da Índia e observar que a China tem crescido nos últimos 20 anos mais do que a Índia, apesar de a demografia da Índia ser muito mais favorável, verá claramente que há algo na China mais bem sucedido do que na Índia.Apesar de a democracia indiana ser uma coisa maravilhosa, que todos amamos e da qual os indianos têm tanto orgulho, suspeito que ela não funcione muito bem em termos de mudanças de política econômica. A Índia precisa manter sua democracia, mas também precisa encontrar uma maneira para fazer com que ela funcione de forma mais eficiente. É quase como se em determinados momentos a democracia indiana sufocasse a Índia.
Eu comumente brinco com autoridades indianas sobre esta eleição que está a caminho.
Digo que enquanto eles estiveram esperando a vinda dessa eleição, ao longo de um ano ou mais, a China efetivamente produziu o equivalente a meia Índia.
Então, a menos que eles consigam sair desta eleição com um sistema de governo mais eficiente, vai haver cada vez mais sinais de que a democracia indiana é de fato boa demais, porque efetivamente impede a tomada de decisões.
Não acho que poderíamos dizer o mesmo sobre o Brasil, mas se olharmos a China e a Índia, há contrastes muito interessantes sobre sua forma de governo e sobre sua capacidade de crescer.
Acho que se olharmos o que vem acontecendo nos últimos seis meses veremos que há uma grande desaceleração em todo lugar. Mas se olharmos as contribuições para o consumo global, veremos que os BRIC foram as únicas economias significativas que fizeram uma contribuição positiva.
Meu grupo tem analisado dados que mostram que o chamado descolamento entre os Estados Unidos e as economias dos BRIC está ocorrendo. O consumo nos Estados Unidos ficou negativo, muito negativo, mas ainda há crescimento no consumo na maioria dos BRIC.
De acordo com dados de fevereiro, o consumo na China, a economia mais importante do grupo, está crescendo em termos reais em 15,5% ao ano. Então há uma contribuição significativa (da China) para o crescimento do resto do mundo.
E acho que isso vai crescer conforme chegarmos mais próximos a 2020. Vai se tornar claro, quando entrarmos na próxima década, que a grande massa de consumo no mundo estará nas economias BRIC. Eu também questiono alguns aspectos dessa tese. Se você observar o que aconteceu na China ao longo da última década, ou um pouco mais, verá que eles provavelmente tiraram da pobreza 400 milhões de pessoas.
Então, enquanto na China há um pequeno grupo de pessoas que se tornaram incrivelmente ricas, há sinais de que vimos - pela primeira vez no mundo em décadas - uma queda de fato na diferença entre renda e pobreza. A Índia tem evidências semelhantes, apesar de menos que a China. E como o presidente Lula disse sobre o Brasil recentemente, num artigo no Financial Times,há sinais disso por lá também. Isso é muito interessante, porque a percepção comum é de que as diferenças de renda estão aumentando. Mas particularmente na China essa percepção não é verdadeira.
Para mim, como criador da sigla, seria fantástico vê-los como um grupo político. Mas de uma perspectiva global, o que é realmente importante é que as economias dos BRIC sejam mais bem representadas na liderança do FMI, no Banco Mundial, e que o G-20 (no qual os quatro países estão representados) se torne o principal ponto focal de decisões políticas e econômicas do mundo, em vez de somente o G-7 ou o G-8.
Acho que se eles não forem inseridos na melhor estrutura possível para tomada de decisões, então se reunirão mais e mais formando seu próprio clube.
Acredito que a reunião de cúpula do G-20 em Londres vai definir uma nova era, na qual esses países estarão no centro das decisões que estão sendo tomadas sobre o mundo. Acho que é um progresso fantástico.”
PETRÓLEO E ETANOL DEVEM DAR NOVO STATUS AO BRASIL ATÉ 2020
Li ontem no UOL a seguinte reportagem da agência de notícias inglesa BBC:
“O potencial energético do Brasil, ampliado com as recentes descobertas de petróleo e gás na camada pré-sal e a produção de etanol, deverá transformar o país em exportador de energia até 2020.
A mudança de status deverá colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial.
Entre os grandes emergentes que formam o grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), somente os russos, que têm grandes reservas de gás e petróleo, são exportadores líquidos de energia.
Um relatório com projeções até 2030 elaborado em conjunto pela consultoria Ernst & Young Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que o consumo doméstico de energia poderá crescer a uma média de 3,3% ao ano, ante um aumento médio de 4,2% na produção, o que geraria excedente de petróleo e etanol para o mercado externo.
De acordo com esse estudo, novos investimentos em refino de petróleo no Brasil também deverão resultar em um combustível de condições técnicas adequadas às exigências do mercado internacional. "Grandes volumes de gasolina brasileira devem ser exportados", diz o relatório, "chegando a 9,3 bilhões de litros em 2030".
Atualmente, o Brasil já exporta petróleo. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2008 o Brasil exportou 158,1 milhões de barris, com receita de US$ 13,6 bilhões. Mas também importou 147,9 milhões de barris, ao custo de US$ 16,3 bilhões.
No entanto, o déficit na balança ocorre porque o petróleo exportado pelo Brasil é do tipo pesado, de menor valor de mercado, e o país ainda precisa importar o petróleo leve, que é mais caro.
A transformação do Brasil em grande exportador marca uma grande evolução em relação a um passado não muito distante."Na década de 70, duas fontes dominavam a matriz energética brasileira: lenha e petróleo", diz Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A grande dependência de uma fonte fez com que em 1973 o primeiro choque do petróleo afetasse fortemente o país. Uma das razões do avanço do país no setor nas últimas décadas foi o investimento na diversificação.
"O Brasil tem hoje uma das matrizes mais renováveis do mundo - 46% é de fontes renováveis. A média mundial é de 13%", afirma o presidente da EPE.
Uma das grandes apostas do governo brasileiro, o etanol vem ganhando destaque no cenário mundial em meio a discussões sobre mudanças climáticas, a crescente demanda internacional por fontes de energia mais limpas e a preocupação dos países em reduzir sua dependência de petróleo.
Ao contrário, por exemplo, dos Estados Unidos, que produzem etanol à base de milho, também utilizado para alimentação, o Brasil usa como matéria-prima a cana-de-açúcar, considerada mais eficiente por especialistas e com maior poder de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.
Estados Unidos e União Européia têm programas para promover o consumo de biocombustíveis e deverão aumentar a mistura de etanol nos próximos anos.
Segundo o relatório da Ernst & Young, as exportações brasileiras do produto deverão crescer 8,9% ao ano.
O etanol tem ainda o desafio de se tornar uma commodity global. As barreiras enfrentadas pelo produto no mercado internacional, como tarifas de importação, "deverão ser reduzidas gradualmente", segundo a projeção da Ernst & Young . Além disso, avanços tecnológicos nos próximos 10 anos, como o etanol de segunda geração, produzido a partir de materiais hoje descartados, como sobras de colheita ou palha e bagaço de cana, deverão permitir aumentar a produção sem necessidade de ampliação de área.
A previsão do governo brasileiro é de aumentar a produção de etanol em mais de 150% até 2020.
Mesmo com todos os avanços, porém, o mercado de etanol ainda é pequeno. Calcula-se que todos os biocombustíveis não representem nem 1% do peso do petróleo.
Segundo o presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank, imaginar que o crescimento do etanol significa uma substituição do petróleo "é besteira".
Com a descoberta de enormes reservas na camada pré-sal, que se estende por 800 quilômetros entre Espírito Santo e Santa Catarina, o Brasil deve ganhar uma posição de destaque também no mercado internacional de petróleo. Ainda não há um cálculo preciso sobre o volume dessas reservas, mas algumas estimativas chegam a apontar que a camada pode abrigar, no total, até 100 bilhões de barris, o que deverá consolidar o Brasil como potência energética.
Há dificuldades, porém. As reservas estão a uma profundidade de 7 quilômetros abaixo do leito do mar, e a tecnologia de exploração é cara.
"A viabilidade de exploração depende não só encontrar reservas, mas de viabilizar as reservas em função dos aspectos econômicos da sua exploração e produção e também dos aspectos tecnológicos", diz José Carlos Pinto, sócio da Ernst & Young. Segundo ele, é necessário um preço de mercado que seja superior ao custo de produção, além de capacidade tecnológica para viabilizar a produção e a extração. Há cálculos que indicam necessidade de investimentos de até US$ 1 trilhão para explorar a camada pré-sal. O governo já afirmou que a exploração é viável com o preço do barril em torno de US$ 40. "Há tendências que indicam que os custos de exploração e produção estão se reduzindo substancialmente, talvez também impactados pela crise", afirma o representante da Ernst&Young. "O que também reduz o patamar mínimo em que o preço de mercado do petróleo viabilizaria (a exploração do pré-sal)."
“O potencial energético do Brasil, ampliado com as recentes descobertas de petróleo e gás na camada pré-sal e a produção de etanol, deverá transformar o país em exportador de energia até 2020.
A mudança de status deverá colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial.
Entre os grandes emergentes que formam o grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), somente os russos, que têm grandes reservas de gás e petróleo, são exportadores líquidos de energia.
Um relatório com projeções até 2030 elaborado em conjunto pela consultoria Ernst & Young Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que o consumo doméstico de energia poderá crescer a uma média de 3,3% ao ano, ante um aumento médio de 4,2% na produção, o que geraria excedente de petróleo e etanol para o mercado externo.
De acordo com esse estudo, novos investimentos em refino de petróleo no Brasil também deverão resultar em um combustível de condições técnicas adequadas às exigências do mercado internacional. "Grandes volumes de gasolina brasileira devem ser exportados", diz o relatório, "chegando a 9,3 bilhões de litros em 2030".
Atualmente, o Brasil já exporta petróleo. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2008 o Brasil exportou 158,1 milhões de barris, com receita de US$ 13,6 bilhões. Mas também importou 147,9 milhões de barris, ao custo de US$ 16,3 bilhões.
No entanto, o déficit na balança ocorre porque o petróleo exportado pelo Brasil é do tipo pesado, de menor valor de mercado, e o país ainda precisa importar o petróleo leve, que é mais caro.
A transformação do Brasil em grande exportador marca uma grande evolução em relação a um passado não muito distante."Na década de 70, duas fontes dominavam a matriz energética brasileira: lenha e petróleo", diz Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A grande dependência de uma fonte fez com que em 1973 o primeiro choque do petróleo afetasse fortemente o país. Uma das razões do avanço do país no setor nas últimas décadas foi o investimento na diversificação.
"O Brasil tem hoje uma das matrizes mais renováveis do mundo - 46% é de fontes renováveis. A média mundial é de 13%", afirma o presidente da EPE.
Uma das grandes apostas do governo brasileiro, o etanol vem ganhando destaque no cenário mundial em meio a discussões sobre mudanças climáticas, a crescente demanda internacional por fontes de energia mais limpas e a preocupação dos países em reduzir sua dependência de petróleo.
Ao contrário, por exemplo, dos Estados Unidos, que produzem etanol à base de milho, também utilizado para alimentação, o Brasil usa como matéria-prima a cana-de-açúcar, considerada mais eficiente por especialistas e com maior poder de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.
Estados Unidos e União Européia têm programas para promover o consumo de biocombustíveis e deverão aumentar a mistura de etanol nos próximos anos.
Segundo o relatório da Ernst & Young, as exportações brasileiras do produto deverão crescer 8,9% ao ano.
O etanol tem ainda o desafio de se tornar uma commodity global. As barreiras enfrentadas pelo produto no mercado internacional, como tarifas de importação, "deverão ser reduzidas gradualmente", segundo a projeção da Ernst & Young . Além disso, avanços tecnológicos nos próximos 10 anos, como o etanol de segunda geração, produzido a partir de materiais hoje descartados, como sobras de colheita ou palha e bagaço de cana, deverão permitir aumentar a produção sem necessidade de ampliação de área.
A previsão do governo brasileiro é de aumentar a produção de etanol em mais de 150% até 2020.
Mesmo com todos os avanços, porém, o mercado de etanol ainda é pequeno. Calcula-se que todos os biocombustíveis não representem nem 1% do peso do petróleo.
Segundo o presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank, imaginar que o crescimento do etanol significa uma substituição do petróleo "é besteira".
Com a descoberta de enormes reservas na camada pré-sal, que se estende por 800 quilômetros entre Espírito Santo e Santa Catarina, o Brasil deve ganhar uma posição de destaque também no mercado internacional de petróleo. Ainda não há um cálculo preciso sobre o volume dessas reservas, mas algumas estimativas chegam a apontar que a camada pode abrigar, no total, até 100 bilhões de barris, o que deverá consolidar o Brasil como potência energética.
Há dificuldades, porém. As reservas estão a uma profundidade de 7 quilômetros abaixo do leito do mar, e a tecnologia de exploração é cara.
"A viabilidade de exploração depende não só encontrar reservas, mas de viabilizar as reservas em função dos aspectos econômicos da sua exploração e produção e também dos aspectos tecnológicos", diz José Carlos Pinto, sócio da Ernst & Young. Segundo ele, é necessário um preço de mercado que seja superior ao custo de produção, além de capacidade tecnológica para viabilizar a produção e a extração. Há cálculos que indicam necessidade de investimentos de até US$ 1 trilhão para explorar a camada pré-sal. O governo já afirmou que a exploração é viável com o preço do barril em torno de US$ 40. "Há tendências que indicam que os custos de exploração e produção estão se reduzindo substancialmente, talvez também impactados pela crise", afirma o representante da Ernst&Young. "O que também reduz o patamar mínimo em que o preço de mercado do petróleo viabilizaria (a exploração do pré-sal)."
PRESIDENTE DO BCE PREVÊ INÍCIO DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA EM 2010
Li ontem no UOL a seguinte reportagem da agência espanhola de notícias EFE:
“Bruxelas, 30 mar (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, previu hoje que a economia, tanto na eurozona quanto em nível mundial, continuará muito fraca em 2009, para começar a subir gradualmente em 2010, mas alertou da elevada incerteza que cerca esta previsão.
Em um comparecimento no Parlamento Europeu (PE), Trichet disse que, segundo os mais recentes indicadores, a atividade econômica na eurozona continuou se deteriorando nos primeiros meses de 2009, depois da forte contração registrada no último trimestre de 2008 (de 1,5%).
Olhando mais adiante, o BCE acredita que "a demanda continuará muito fraca ao longo de 2009, tanto em nível global quanto na zona do euro, para dar espaço a uma recuperação gradual em 2010", mas Trichet destacou que esta previsão está cercada de incerteza.
Assim, insistiu em que a evolução dependerá do efeito das ajudas públicas ao setor bancário e dos planos de estímulo fiscal, que pode ser mais forte do que o antecipado, mas também advertiu que a repercussão das turbulências financeiras na economia real pode ser ainda mais grave.
Sobre a inflação, considerou que, na zona do euro, continuará muito abaixo de 2% em 2009 e 2010, mas deixou claro que o BCE segue comprometido com o objetivo de manter a estabilidade de preços a médio prazo e fará o necessário para conseguir.
O presidente do BCE explicou que o que está ocorrendo é uma tendência desinflacionista, devido, principalmente, à queda do preço do petróleo, e descartou que vá se transformar em deflação, embora acrescentou que "é preciso ficar alerta de forma permanente".”
“Bruxelas, 30 mar (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, previu hoje que a economia, tanto na eurozona quanto em nível mundial, continuará muito fraca em 2009, para começar a subir gradualmente em 2010, mas alertou da elevada incerteza que cerca esta previsão.
Em um comparecimento no Parlamento Europeu (PE), Trichet disse que, segundo os mais recentes indicadores, a atividade econômica na eurozona continuou se deteriorando nos primeiros meses de 2009, depois da forte contração registrada no último trimestre de 2008 (de 1,5%).
Olhando mais adiante, o BCE acredita que "a demanda continuará muito fraca ao longo de 2009, tanto em nível global quanto na zona do euro, para dar espaço a uma recuperação gradual em 2010", mas Trichet destacou que esta previsão está cercada de incerteza.
Assim, insistiu em que a evolução dependerá do efeito das ajudas públicas ao setor bancário e dos planos de estímulo fiscal, que pode ser mais forte do que o antecipado, mas também advertiu que a repercussão das turbulências financeiras na economia real pode ser ainda mais grave.
Sobre a inflação, considerou que, na zona do euro, continuará muito abaixo de 2% em 2009 e 2010, mas deixou claro que o BCE segue comprometido com o objetivo de manter a estabilidade de preços a médio prazo e fará o necessário para conseguir.
O presidente do BCE explicou que o que está ocorrendo é uma tendência desinflacionista, devido, principalmente, à queda do preço do petróleo, e descartou que vá se transformar em deflação, embora acrescentou que "é preciso ficar alerta de forma permanente".”
segunda-feira, 30 de março de 2009
LULA: PAÍS QUER TER MAIOR INFLUÊNCIA NA POLÍTICA MUNDIAL
A agência Estado há poucas horas publicou a seguinte reportagem (li no site “vermelho”):
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista à rede de televisão norte-americana CNN, veiculada neste domingo (29), que o País quer ampliar sua influência. "Queremos ter influência muito maior na política mundial", disse o presidente ao âncora do programa GPS, Fareed Zakaria. O presidente brasileiro acrescentou que busca maior representação para outros países em instituições multilaterais, reiterou que o Brasil quer uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que o G-20 deve se consolidar como fórum de discussões globais por incluir uma gama maior de países do que o G-8.
"Queremos que as instituições multilaterais e instituições financeiras não sejam abertas apenas aos americanos ou europeus. (Falo de) instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou Banco Mundial. Queremos abrir estas instituições para que outros países possam participar no centro da tomada de decisões", continuou Lula.
Questionado se o G-20 deveria também discutir assuntos como energia e mudança climática, Lula afirmou que concordava com esta avaliação e disse que o G-8, sem os Brics e outros, tem efeito limitado. "Muitos líderes políticos advogam em favor da idéia que deveríamos ter o G-8 mais outros, como um G-13. Dando minha opinião sincera, eu diria que acredito que o G-20 se tornará o principal fórum para que possamos discutir economia, questão climática, paz mundial, pois o G-20 é muito mais representativo, heterogêneo e representa (melhor) a geografia econômica e política (mundial)", observou.
O País, ponderou o presidente brasileiro, também quer mudar o conceito do Conselho de Segurança da ONU em termos de membros permanentes. "A geografia de 2009 é diferente de quando a ONU foi criada e, por causa disso, queremos mais países participando do Conselho de Segurança da ONU", argumentou. "Também defendo que o Brasil deveria ter uma cadeira (no Conselho Segurança)." O presidente afirmou que é importante que mais países façam parte do Conselho de Segurança para que "se torne mais representativo para ter mais autoridade política para tomar decisões". O programa veiculado em inglês hoje, foi gravado no dia 16 março, em Nova York, quando o presidente participou de seminário para empresários, investidores e analistas nos Estados Unidos.
ESTRANHO NO NINHO
No mesmo programa, Lula se disse um estranho no ninho toda vez que participa desse tipo de encontro. Para Lula, o G-20 tornou-se um agrupamento mais representativo que o G-8, as sete economias mais ricas do mundo e a Rússia, para tratar dos grandes desafios mundiais nas áreas econômica, energética e de mudança do clima. Mas, dentre os líderes que se reunirão em Londres, o presidente brasileiro afirmou ser o único que veio da pobreza e da fome e que conhece, na própria pele, o drama das inundações e do desemprego.
"Eu vivi em casas que eram inundadas, com até um metro e meio de água. De vez em quando, eu tinha de disputar espaço com ratos e baratas", afirmou Lula . "Eu sei o que o desemprego significa porque fiquei sem trabalho por um ano e meio. Eu conheço o problema que um trabalhador desempregado enfrenta. Eu conheço o mundo do trabalho mais do que qualquer um (dos líderes do G-20)."
Lula também falou sobre o embargo dos EUA à Cuba, a legitimidade do mandato de Hugo Chávez, a crise econômica, entre outros assuntos:
VENEZUELA
Quando o âncora do programa GPS da CNN, Fareed Zakaria, citou o que considera uma "reversão na democracia da Venezuela", Lula afirmou que "ninguém pode dizer que não há democracia na Venezuela" e lembrou que o governo do presidente Hugo Chávez foi legitimado em mais de um pleito. "Acredito que os Estados Unidos têm de ficar mais próximos da Venezuela, pois acredito que seria benéfico tanto para os EUA quanto para a Venezuela", acrescentou.
Lula disse que, quando passou pela Venezuela, recomendou a Chávez que ficasse mais próximo do presidente dos EUA, pois "seria uma oportunidade para estabelecer novos laços com os EUA". E "ele (Chávez) disse que gostaria", afirmou o presidente brasileiro. "Ninguém tem de concordar com tudo que o outro diz, mas em relações de Estado temos de entender que ajudamos uns aos outros fazendo desta forma. Temos de ser mais generosos", afirmou Lula.
CUBA
Lula afirmou que, no encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, no dia 14 de março, não pediu que os EUA acabassem com o embargo a Cuba. Mas, diante do apresentador, Lula classificou a barreira contra o país como absurda. "A única coisa que eu acho como cidadão e como presidente do meu País é que não há razão do ponto de vista sociológico, militar, político e muito menos econômico para manter esta barreira como existe desde 1960, 61, ou quando quer que seja. Obviamente isso vai depender da boa vontade de nossos irmãos em Cuba e também dos EUA", reconheceu.
BARACK OBAMA
Indagado sobre seu encontro com o presidente dos EUA, Lula relatou ter dito a Obama que rezava muito por ele, em função de seu "grande teste" de superar a crise econômica. Fazendo um paralelo entre a sua experiência, Lula comentou que tinha consciência, em 2003, que não poderia falhar. Caso contrário, por preconceito, nenhum outro líder sindical chegaria novamente à Presidência. Na condição de primeiro presidente negro dos EUA, concluiu ele, Obama tampouco poderá fracassar.
"Eu disse a Obama que ele não tem o direito de cometer erros. Não acredito que Deus tenha posto ele lá por nada. Alguma coisa importante aconteceu neste país."
CRISE ECONÔMICA
O presidente defendeu que o Brasil e outros emergentes devam ter maior influência no centro do poder mundial - no Fundo Monetário Internacional, no Banco Mundial e, especialmente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Lula insistiu que, nessa segunda cúpula do G-20 em apenas três meses, os EUA e os outros países ricos terão de enfrentar a questão da escassez de crédito com muita responsabilidade. Para ele, os pacotes de socorro ao setor financeiro devem ter, como contrapartida, compromissos de maior vínculo das instituições beneficiadas com o setor produtivo, como meio de expandir investimentos e postos de trabalho. Casos como o da AIG, que pretendia manter bônus milionários para seus executivos depois de obter o socorro do Tesouro americano, foram classificados como "escandalosos" por Lula.”
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista à rede de televisão norte-americana CNN, veiculada neste domingo (29), que o País quer ampliar sua influência. "Queremos ter influência muito maior na política mundial", disse o presidente ao âncora do programa GPS, Fareed Zakaria. O presidente brasileiro acrescentou que busca maior representação para outros países em instituições multilaterais, reiterou que o Brasil quer uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que o G-20 deve se consolidar como fórum de discussões globais por incluir uma gama maior de países do que o G-8.
"Queremos que as instituições multilaterais e instituições financeiras não sejam abertas apenas aos americanos ou europeus. (Falo de) instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou Banco Mundial. Queremos abrir estas instituições para que outros países possam participar no centro da tomada de decisões", continuou Lula.
Questionado se o G-20 deveria também discutir assuntos como energia e mudança climática, Lula afirmou que concordava com esta avaliação e disse que o G-8, sem os Brics e outros, tem efeito limitado. "Muitos líderes políticos advogam em favor da idéia que deveríamos ter o G-8 mais outros, como um G-13. Dando minha opinião sincera, eu diria que acredito que o G-20 se tornará o principal fórum para que possamos discutir economia, questão climática, paz mundial, pois o G-20 é muito mais representativo, heterogêneo e representa (melhor) a geografia econômica e política (mundial)", observou.
O País, ponderou o presidente brasileiro, também quer mudar o conceito do Conselho de Segurança da ONU em termos de membros permanentes. "A geografia de 2009 é diferente de quando a ONU foi criada e, por causa disso, queremos mais países participando do Conselho de Segurança da ONU", argumentou. "Também defendo que o Brasil deveria ter uma cadeira (no Conselho Segurança)." O presidente afirmou que é importante que mais países façam parte do Conselho de Segurança para que "se torne mais representativo para ter mais autoridade política para tomar decisões". O programa veiculado em inglês hoje, foi gravado no dia 16 março, em Nova York, quando o presidente participou de seminário para empresários, investidores e analistas nos Estados Unidos.
ESTRANHO NO NINHO
No mesmo programa, Lula se disse um estranho no ninho toda vez que participa desse tipo de encontro. Para Lula, o G-20 tornou-se um agrupamento mais representativo que o G-8, as sete economias mais ricas do mundo e a Rússia, para tratar dos grandes desafios mundiais nas áreas econômica, energética e de mudança do clima. Mas, dentre os líderes que se reunirão em Londres, o presidente brasileiro afirmou ser o único que veio da pobreza e da fome e que conhece, na própria pele, o drama das inundações e do desemprego.
"Eu vivi em casas que eram inundadas, com até um metro e meio de água. De vez em quando, eu tinha de disputar espaço com ratos e baratas", afirmou Lula . "Eu sei o que o desemprego significa porque fiquei sem trabalho por um ano e meio. Eu conheço o problema que um trabalhador desempregado enfrenta. Eu conheço o mundo do trabalho mais do que qualquer um (dos líderes do G-20)."
Lula também falou sobre o embargo dos EUA à Cuba, a legitimidade do mandato de Hugo Chávez, a crise econômica, entre outros assuntos:
VENEZUELA
Quando o âncora do programa GPS da CNN, Fareed Zakaria, citou o que considera uma "reversão na democracia da Venezuela", Lula afirmou que "ninguém pode dizer que não há democracia na Venezuela" e lembrou que o governo do presidente Hugo Chávez foi legitimado em mais de um pleito. "Acredito que os Estados Unidos têm de ficar mais próximos da Venezuela, pois acredito que seria benéfico tanto para os EUA quanto para a Venezuela", acrescentou.
Lula disse que, quando passou pela Venezuela, recomendou a Chávez que ficasse mais próximo do presidente dos EUA, pois "seria uma oportunidade para estabelecer novos laços com os EUA". E "ele (Chávez) disse que gostaria", afirmou o presidente brasileiro. "Ninguém tem de concordar com tudo que o outro diz, mas em relações de Estado temos de entender que ajudamos uns aos outros fazendo desta forma. Temos de ser mais generosos", afirmou Lula.
CUBA
Lula afirmou que, no encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, no dia 14 de março, não pediu que os EUA acabassem com o embargo a Cuba. Mas, diante do apresentador, Lula classificou a barreira contra o país como absurda. "A única coisa que eu acho como cidadão e como presidente do meu País é que não há razão do ponto de vista sociológico, militar, político e muito menos econômico para manter esta barreira como existe desde 1960, 61, ou quando quer que seja. Obviamente isso vai depender da boa vontade de nossos irmãos em Cuba e também dos EUA", reconheceu.
BARACK OBAMA
Indagado sobre seu encontro com o presidente dos EUA, Lula relatou ter dito a Obama que rezava muito por ele, em função de seu "grande teste" de superar a crise econômica. Fazendo um paralelo entre a sua experiência, Lula comentou que tinha consciência, em 2003, que não poderia falhar. Caso contrário, por preconceito, nenhum outro líder sindical chegaria novamente à Presidência. Na condição de primeiro presidente negro dos EUA, concluiu ele, Obama tampouco poderá fracassar.
"Eu disse a Obama que ele não tem o direito de cometer erros. Não acredito que Deus tenha posto ele lá por nada. Alguma coisa importante aconteceu neste país."
CRISE ECONÔMICA
O presidente defendeu que o Brasil e outros emergentes devam ter maior influência no centro do poder mundial - no Fundo Monetário Internacional, no Banco Mundial e, especialmente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Lula insistiu que, nessa segunda cúpula do G-20 em apenas três meses, os EUA e os outros países ricos terão de enfrentar a questão da escassez de crédito com muita responsabilidade. Para ele, os pacotes de socorro ao setor financeiro devem ter, como contrapartida, compromissos de maior vínculo das instituições beneficiadas com o setor produtivo, como meio de expandir investimentos e postos de trabalho. Casos como o da AIG, que pretendia manter bônus milionários para seus executivos depois de obter o socorro do Tesouro americano, foram classificados como "escandalosos" por Lula.”
ALDO REBELO: 'O ERRO EM RORAIMA'
No artigo publicado ontem (29/3) na seção Opinião do jornal o Estado de S. Paulo, o deputado federal pelo PCdoB-SP Aldo Rebelo escreveu:
“O sagrado direito dos índios a terras que tradicionalmente ocupem seria mais bem respeitado pela demarcação da reserva em ilhas comunicantes, e não em área contínua. Até as pedras sabiam que nesses conflitos intestinos não pode haver derrotados, e só se admite um vencedor: a Nação e os interesses permanentes de seu povo.
''É PIOR QUE UM CRIME, É UM ERRO.'' TALLEYRAND, MINISTRO FRANCÊS.
Ao saber que Napoleão Bonaparte mandara matar o príncipe Louis Antoine Henri de Bourbon-Condé, mais conhecido por duque d'Enghien, o poderoso ministro das Relações Exteriores Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord alertou sua majestade de que o ato era mais grave do que parecia e poderia trazer, como trouxe, dissabores ao imperador impetuoso. A advertência se aplica a decisões irrefletidas que o Brasil vem tomando em áreas estratégicas, como a da proteção geopolítica do território, de que é exemplo a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ratificar a destinação de 1,7 milhão de hectares da reserva Raposa-Serra do Sol, numa zona de fronteira, para usufruto exclusivo de cinco tribos indígenas.
Conforme os ministros votavam, até as pedras sabiam que o Supremo iria manter, em Roraima, a desastrada decisão do Executivo de agredir a formação social brasileira ao expulsar os não-índios e edificar uma espécie de Muro de Berlim, que separa nacionais como se inimigos fossem. Até as pedras sabiam que a decisão correta a tomar era acomodar os direitos de índios (incluindo os que são contra a demarcação da reserva em área contínua e apoiam a presença de arrozeiros) e de outros brasileiros que lá se estabeleceram, no modelo secular de ocupação do território. É um truísmo reconhecer que os nordestinos, goianos e gaúchos que arribam para a Amazônia repetem a epopeia dos bandeirantes, e sua presença não significa um esbulho dos direitos indígenas. Até as pedras sabiam que a decisão correta era a abrangente, sem particularismos étnicos ou unilateralidades de ambições, e que o sagrado direito dos índios a terras que tradicionalmente ocupem seria mais bem respeitado pela demarcação da reserva em ilhas comunicantes, e não em área contínua. Até as pedras sabiam que nesses conflitos intestinos não pode haver derrotados, e só se admite um vencedor: a Nação e os interesses permanentes de seu povo.
Se o Executivo, por intermédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério da Justiça, que demarcaram e homologaram a reserva, falhou ao separar brasileiros em castas beneficiadas e prejudicadas, ainda havia esperanças de que o Supremo, como tribunal político, formasse em conjunto o que apenas o ministro Marco Aurélio de Mello foi capaz de fazer ao lavrar um voto de estadista no que chamou de ''momentosa controvérsia''. O ministro atentou na História ao observar que é necessário conjugar os ''dispositivos que conferem proteção aos índios em conjunto com os demais princípios e regras constitucionais, de maneira a favorecer a integração social e a unidade política em todo o território brasileiro''. Foi assim que construímos uma Nação isenta do fratricídio racial que jorra desunião e sangue noutros países, pois, como observou o ministro, o ''convívio harmônico dos homens, mesmo ante raças diferentes, presente a natural miscigenação, tem sido, no Brasil, responsável pela inexistência de ambiente belicoso''.
Desunião e sangue parecem estar, no entanto, no horizonte dos que pregam a fabricação e o acirramento do confronto. Como se pode ler na edição do dia 22 deste jornal, há quem preveja, se é que não deseja, que as naturais divergências entre nacionais assumam no Brasil a dimensão bélica que se verifica entre Israel e o Hamas no Oriente Médio. Os que escrevem a imitação burlesca deste novo livro do Apocalipse são os mesmos que procuram internacionalizar as contradições internas. Agora mesmo, o Estado brasileiro é réu na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), acusado por uma incerta Fundação Interamericana de Direitos Humanos de violar prerrogativas dos índios.
O recurso a organismos multilaterais é o meio mais rápido de abrir caminho para resoluções que viabilizem, e mesmo legalizem, a interferência estrangeira em assuntos exclusivos do Brasil. De qualquer forma, convém registrar a frequência e a estridência de ONGs em causas sempre associadas à exploração do território e a recursos naturais, sobretudo na Amazônia mais erma. Salta aos olhos que não se vejam ONGs tão eloquentes em socorro de índios que vegetam na árida cidade de São Paulo.
Tampouco, na outra ponta, que se omitam na vigilância de interesses do conjunto do País, a exemplo do nosso próspero agronegócio estrangulado pelo protecionismo dos países que controlam os organismos multilaterais.
As decisões tomadas pelo aparelho de Estado, incluído o Judiciário, em relação à Raposa-Serra do Sol e mesmo à absurda área de 9,6 milhões de hectares reservada aos ianomâmis na fronteira com a Venezuela não podem ser admitidas como fato consumado.
Urge resistirmos, dentro da ordem e de forma não violenta. Uma forma disponível de resistência democrática é o projeto de lei que apresentamos, em associação com o deputado Ibsen Pinheiro, para que o assunto seja submetido ao Congresso Nacional.
Atualmente, as reservas são delimitadas com base em pareceres unilaterais da Funai e homologadas por decreto do presidente da República. O projeto mantém a prerrogativa do Poder Executivo para definir as terras indígenas, mas determina que a homologação seja feita por lei ordinária, sujeita à apreciação do Legislativo. Outra inovação é que não se fará demarcação de terra indígena em faixa de fronteira. Poder soberano e popular por excelência, o Parlamento poderá oferecer soluções isonômicas para um problema que se agrava e prevenir a implantação no Brasil de um Estado multiétnico e uma Nação balcanizada, fomentada pela leniência interna e por interesses externos.”
“O sagrado direito dos índios a terras que tradicionalmente ocupem seria mais bem respeitado pela demarcação da reserva em ilhas comunicantes, e não em área contínua. Até as pedras sabiam que nesses conflitos intestinos não pode haver derrotados, e só se admite um vencedor: a Nação e os interesses permanentes de seu povo.
''É PIOR QUE UM CRIME, É UM ERRO.'' TALLEYRAND, MINISTRO FRANCÊS.
Ao saber que Napoleão Bonaparte mandara matar o príncipe Louis Antoine Henri de Bourbon-Condé, mais conhecido por duque d'Enghien, o poderoso ministro das Relações Exteriores Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord alertou sua majestade de que o ato era mais grave do que parecia e poderia trazer, como trouxe, dissabores ao imperador impetuoso. A advertência se aplica a decisões irrefletidas que o Brasil vem tomando em áreas estratégicas, como a da proteção geopolítica do território, de que é exemplo a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ratificar a destinação de 1,7 milhão de hectares da reserva Raposa-Serra do Sol, numa zona de fronteira, para usufruto exclusivo de cinco tribos indígenas.
Conforme os ministros votavam, até as pedras sabiam que o Supremo iria manter, em Roraima, a desastrada decisão do Executivo de agredir a formação social brasileira ao expulsar os não-índios e edificar uma espécie de Muro de Berlim, que separa nacionais como se inimigos fossem. Até as pedras sabiam que a decisão correta a tomar era acomodar os direitos de índios (incluindo os que são contra a demarcação da reserva em área contínua e apoiam a presença de arrozeiros) e de outros brasileiros que lá se estabeleceram, no modelo secular de ocupação do território. É um truísmo reconhecer que os nordestinos, goianos e gaúchos que arribam para a Amazônia repetem a epopeia dos bandeirantes, e sua presença não significa um esbulho dos direitos indígenas. Até as pedras sabiam que a decisão correta era a abrangente, sem particularismos étnicos ou unilateralidades de ambições, e que o sagrado direito dos índios a terras que tradicionalmente ocupem seria mais bem respeitado pela demarcação da reserva em ilhas comunicantes, e não em área contínua. Até as pedras sabiam que nesses conflitos intestinos não pode haver derrotados, e só se admite um vencedor: a Nação e os interesses permanentes de seu povo.
Se o Executivo, por intermédio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério da Justiça, que demarcaram e homologaram a reserva, falhou ao separar brasileiros em castas beneficiadas e prejudicadas, ainda havia esperanças de que o Supremo, como tribunal político, formasse em conjunto o que apenas o ministro Marco Aurélio de Mello foi capaz de fazer ao lavrar um voto de estadista no que chamou de ''momentosa controvérsia''. O ministro atentou na História ao observar que é necessário conjugar os ''dispositivos que conferem proteção aos índios em conjunto com os demais princípios e regras constitucionais, de maneira a favorecer a integração social e a unidade política em todo o território brasileiro''. Foi assim que construímos uma Nação isenta do fratricídio racial que jorra desunião e sangue noutros países, pois, como observou o ministro, o ''convívio harmônico dos homens, mesmo ante raças diferentes, presente a natural miscigenação, tem sido, no Brasil, responsável pela inexistência de ambiente belicoso''.
Desunião e sangue parecem estar, no entanto, no horizonte dos que pregam a fabricação e o acirramento do confronto. Como se pode ler na edição do dia 22 deste jornal, há quem preveja, se é que não deseja, que as naturais divergências entre nacionais assumam no Brasil a dimensão bélica que se verifica entre Israel e o Hamas no Oriente Médio. Os que escrevem a imitação burlesca deste novo livro do Apocalipse são os mesmos que procuram internacionalizar as contradições internas. Agora mesmo, o Estado brasileiro é réu na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), acusado por uma incerta Fundação Interamericana de Direitos Humanos de violar prerrogativas dos índios.
O recurso a organismos multilaterais é o meio mais rápido de abrir caminho para resoluções que viabilizem, e mesmo legalizem, a interferência estrangeira em assuntos exclusivos do Brasil. De qualquer forma, convém registrar a frequência e a estridência de ONGs em causas sempre associadas à exploração do território e a recursos naturais, sobretudo na Amazônia mais erma. Salta aos olhos que não se vejam ONGs tão eloquentes em socorro de índios que vegetam na árida cidade de São Paulo.
Tampouco, na outra ponta, que se omitam na vigilância de interesses do conjunto do País, a exemplo do nosso próspero agronegócio estrangulado pelo protecionismo dos países que controlam os organismos multilaterais.
As decisões tomadas pelo aparelho de Estado, incluído o Judiciário, em relação à Raposa-Serra do Sol e mesmo à absurda área de 9,6 milhões de hectares reservada aos ianomâmis na fronteira com a Venezuela não podem ser admitidas como fato consumado.
Urge resistirmos, dentro da ordem e de forma não violenta. Uma forma disponível de resistência democrática é o projeto de lei que apresentamos, em associação com o deputado Ibsen Pinheiro, para que o assunto seja submetido ao Congresso Nacional.
Atualmente, as reservas são delimitadas com base em pareceres unilaterais da Funai e homologadas por decreto do presidente da República. O projeto mantém a prerrogativa do Poder Executivo para definir as terras indígenas, mas determina que a homologação seja feita por lei ordinária, sujeita à apreciação do Legislativo. Outra inovação é que não se fará demarcação de terra indígena em faixa de fronteira. Poder soberano e popular por excelência, o Parlamento poderá oferecer soluções isonômicas para um problema que se agrava e prevenir a implantação no Brasil de um Estado multiétnico e uma Nação balcanizada, fomentada pela leniência interna e por interesses externos.”
BRASÍLIA: UMA CIDADE CHAMADA AEROPORTO
Li ontem no jornal Correio Braziliense a seguinte reportagem de Renato Alves:
“Pelo terminal aéreo de Brasília, o terceiro mais movimentado do país, passam 40 mil pessoas e 190 aviões por dia. Para garantir a segurança e o conforto dos passageiros, 8 mil funcionários trabalham dia e noite.
Esqueça os tempos de apagão aéreo. Os aeroportos brasileiros vão muito além dos tumultuados balcões das companhias. Além das atendentes dos guichês, pilotos e comissários de bordo, um exército de profissionais com funções menos badaladas trabalha sem parar nos terminais. Só no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, eles são 8 mil. Todos com a missão de garantir o conforto e a segurança de quem passa pelo terceiro mais movimentado dos 67 aeroportos do país.
Pelo Juscelino Kubitschek circulam, em média, 40 mil pessoas diariamente. Mais do que a população do Núcleo Bandeirante, por exemplo. A maioria dos passageiros, no entanto, desconhece ou ignora os funcionários e as atividades do pessoal que trabalha fora das salas de embarque e de desembarque. Para mostrar quem são esses trabalhadores e o que eles fazem, uma equipe do Correio passou um dia no aeroporto. Pisou em todas as salas, galpões e pistas. Descobriu uma cidade.
Inaugurado em 1957, o aeroporto de Brasília ocupa área equivalente a quase 3 mil campos de futebol. Nela há duas pistas principais, uma auxiliar, dois terminais de passageiros, um de carga e 19 hangares. Eles têm capacidade de receber 50 pousos e decolagens por hora, além dos milhares de funcionários, passageiros e dezenas de serviços. Atualmente, pousam 190 aviões todos os dias. Oito são de carga, 182 levam passageiros, sendo que três partem ou chegam de outro país.
Esse fluxo deixa o Juscelino Kubitschek atrás apenas de Guarulhos e Congonhas (ambos em São Paulo) em número de voos no Brasil. O terminal da capital também é um dos mais seguros e modernos. Único do país com duas pistas paralelas distantes entre si suficientemente para pousos e decolagens simultâneos. O último acidente grave ocorreu em 2001. Não falharam o controle de tráfego aéreo nem a emergência. Um bimotor caiu por falta de combustível. Morreram piloto e co-piloto.
O bombeiro militar Cláudio Campos fazia parte da equipe que saiu em disparada pela pista para tentar salvar as vítimas. “Ainda conseguimos retirar o co-piloto com vida, mas ele morreu 10 dias depois”, recorda. Hoje, aos 38 anos e sargento, ele é um dos comandantes da Seção Contra Incêndio do aeroporto. A unidade foi criada em 1993, numa parceria entre o Corpo de Bombeiros e a Infraero, estatal que administra terminais de aeronaves no país.
A seção da qual o sargento Campos faz parte desde o início conta com 90 homens. Eles integram a elite do Corpo de Bombeiros brasiliense. Todos passaram por um rígido treinamento específico para o combate a fogo em aeroportos. Curso que costuma aprovar um em cada 10 inscritos. Em Brasília, eles ficam de prontidão em um quartel erguido estrategicamente às margens da estrada para aviões que liga as duas pistas de pouso e decolagem.
TECNOLOGIA
Além de alguns dos melhores bombeiros da capital, a companhia tem os mais modernos equipamentos do mundo para combate a incêndio. São oito caminhões importados, capazes de levar até o dobro de água e pó contra fogo em uma velocidade superior à das viaturas convencionais em uso nas áreas habitadas. De fabricação norte-americana, um dos veículos dos bombeiros do aeroporto vale R$ 1 milhão e chega a atingir, carregado, 130km/h.
Com os equipamentos e treinamentos, os bombeiros são aptos a chegar a qualquer ponto do aeroporto em três minutos. Isso inclui um raio de 8km da pista. Ou seja, a parte da área externa, onde um avião pode cair, como ocorreu com o Airbus da TAM, em Congonhas, em julho de 2007. Foi o maior acidente aéreo do país. A aeronave saiu do aeroporto, bateu em um terminal de cargas da companhia e pegou fogo, causando a morte das 187 pessoas a bordo e de outras que estavam no solo.
Apesar dos raros casos graves, os bombeiros do aeroporto de Brasília trabalham muito. “Somos acionados quase todo dia. Consideramos emergência toda vez que um piloto comunica algo de estranho, como falha nos aparelhos. Temos que estar sempre de prontidão”, ressalta o sargento Campos. Um dos maiores apertos enfrentados por ele foi a ameaça de bomba em um jumbo da Lufthansa, que ia de Zurique (Alemanha) para São Paulo, há cinco anos. “O avião não viria para cá, mas o comandante decidiu fazer o pouso de emergência, com mais de 300 pessoas a bordo. Graças a Deus a ameaça não se confirmou”, conta.
ASCENSÃO
O aeroporto de Brasília é uma opção de pouso em caso de emergência para as companhias norte-americanas, a japonesa JAL, a alemã Lufthansa e a portuguesa TAP.
“A escolha é das empresas e dos pilotos”, explica um dos responsáveis pela segurança das pistas do terminal brasiliense, José Roberto Cantarino, 46 anos. Ele trabalha no aeroporto há mais de três décadas. Começou como auxiliar de serviços gerais, fez cursos e acabou assumindo uma chefia. “Profissional de aeroporto é funcionário de aeroporto. A gente aprende de tudo. Isso aqui é a minha vida”, comenta.
A história de Cantarino não é exceção entre os funcionários da Infraero a serviço no aeroporto de Brasília. Marcos Trindade, 48 anos, trabalha no aeroporto desde os 18. Fez um pouco de tudo. Hoje, coordena o Terminal de Logística de Carga. “Me lembro desse aeroporto quando ele era todo de madeira”, observa. Trindade chefia 30 empregados, que trabalham em um galpão de 10 mil metros quadrados. Eles recebem e despacham mais de 40 mil toneladas de encomendas por ano.
A equipe de Trindade recebe de tudo, de preservativos a animais silvestres, como elefantes. Agora, se preparam para repetir a megaoperação realizada em janeiro. Em menos de dois meses, pousará em Brasília um Antonov, maior avião do mundo. De fabricação ucraniana, ele aterrisa em chão de terra (com ou sem chuva) e até na neve.
Para a capital, o gigante e outro cargueiro russo trarão uma turbina da usina de Corumbá 3, em construção no Entorno. Ao todo, serão 150 toneladas de carga.
EMBAIXADAS
No dia a dia, os funcionários do terminal de logística do aeroporto de Brasília recebem cargas bem menores. Por ele passam, por exemplo, quase todos os medicamentos importados pelo Ministério da Saúde, assim como as encomendas das embaixadas, que vão de papel higiênico a móveis e carros. Acostumado a todo tipo de carga, o chefe Trindade diz que uma causou muitos problemas. Eram toneladas de cação, espécie de tubarão em miniatura.
Por seis meses, passou muito cação por Brasília, vindo do Recife (PE), com destino aos EUA. “Acondicionado no terminal, esse peixe começou a atrair urubu. Depois que paramos de despachar tal produto, tivemos de desinfetar o terminal para nos livrarmos dos urubus”, conta o chefe da logística. Os animais exportados ou importados pelo zoológico dão menos trabalho porque passam menos de três horas no terminal, pois são cargas vivas e frágeis.
Brasília ocupa o 10º lugar no ranking de transporte de cargas aéreas do Brasil. A maior parte passa pela capital por meio dos voos comerciais. Em média, o aeroporto recebe oito cargueiros por dia, todos nacionais. São quatro estrangeiros por mês, geralmente. Mesmo guardando material de altíssimo valor, como todos os celulares produzidos em Manaus (AM) e as encomendas das embaixadas, o terminal nunca foi vítima de grandes roubos.
Graças à presença intensiva da Polícia Federal, à vizinhança da base da Força Aérea e ao sistema de monitoramento, que inclui 27 câmeras.
PRIMEIRA PISTA NA RODOFERROVIÁRIA
Brasília era apenas um projeto quando o presidente Juscelino Kubitschek pousou pela primeira vez no Planalto Central, em 1956. Mas o aeroporto que hoje leva o nome do fundador da capital ainda não existia. Naquela época, ele usava o Vera Cruz para visitar a cidade idealizada por Lucio Costa. Construído em 1955 pelo então vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão, o antigo aeroporto recebeu a primeira comitiva para construção da futura capital em 2 de outubro do mesmo ano.
O Aeroporto de Vera Cruz ficava onde hoje é a Rodoferroviária. Ele tinha pista de terra batida com 2,7 mil metros de comprimento e estação de passageiros improvisada em um barracão de pau-a-pique coberto com folhas de buriti. A mudança para um aeroporto definitivo já estava pensada como prioridade, juntamente com as obras de construção da Fazenda do Gama, onde foram erguidos o Catetinho, o Batalhão de Guarda e o segundo aeroporto provisório, que atendeu o presidente e os pioneiros na construção de Brasília.
Quando o Catetinho ficou pronto, em novembro de 1956, já havia começado o desmatamento para a construção do aeroporto definitivo. Em 2 de abril de 1957, ele recebeu o primeiro pouso da aeronave presidencial, um Viscount turbo-hélice inglês. A inauguração oficial do aeroporto comercial ocorreu em 3 de maio de 1957. (RA)
AMPLIAÇÃO VAI DOBRAR CAPACIDADE
O projeto do terminal de passageiros do aeroporto Juscelino Kubitschek foi concebido, entre 1990 e 1992, para atender 8 milhões de passageiros por ano. Depois, houve uma reforma para suportar 12 milhões de viajantes anualmente. Ele recebeu 10,4 milhões em 2008. Novas obras aumentarão a capacidade para 25 milhões de passageiros por ano. A ampliação deve ser concluída em 2011, ao custo de R$ 22,5 milhões. Até 2013, a Infraero pretende investir R$ 400 milhões no JK.
Como medida emergencial, a Infraero montará uma estrutura removível que servirá como setor de embarque em função da alta demanda de fim de ano no aeroporto. Localizada no primeiro piso, a nova área terá cerca de 1 mil metros quadrados e poderá atender, com mais conforto, os passageiros que transitam no JK.
A previsão da Infraero é que, antes das obras conclusivas de ampliação em 2013, o corpo central do aeroporto receba uma reforma completa para garantir mais conforto aos passageiros. Esta fase será concluída em 2011 e custará R$ 22,5 milhões.
ANÔNIMOS ESSENCIAIS
Quem passa pelo aeroporto está acostumado a ouvir uma voz grave transmitindo mensagens que começam com a frase “a Infraero informa”. É a mesma há 32 anos. O dono é o tímido Rui Santos, 50 anos. Ele não trabalha mais no terminal. Presta serviços na sede da Infraero, no Plano Piloto. Mas deixou os recados padrões, como a proibição de fumar no terminal, gravados no computador. Eles são repetidos em intervalos de 10 a 30 minutos.
Na ausência de Rui, funcionários do centro de operações assumem o microfone de onde partem mensagens imprevistas, como novas determinações da Infraero. Elas são lidas da torre mais baixa — na outra ficam os controladores de voo da Aeronáutica — por homens como Fortunato Pereira, 48 anos. Com 23 anos de casa e há nove no centro de operações, ele também fiscaliza o embarque e desembarque de cada aeronave.
O terminal pode receber 43 aviões ao mesmo tempo, mas só 13 de cada vez têm permissão para estacionar nas pontes, onde passageiros entram ou saem dos aviões em corredores cobertos. Os demais enfrentam sol, chuva ou ônibus apertados. A escolha não é de Fortunato ou dos outros 15 funcionários do centro de operações. Os pontos são decididos previamente pelas empresas e pela administração do aeroporto. Se o avião atrasa, pode perder a vaga coberta.
Cabe a Fortunato e os colegas tornar o mais curto possível o tempo de manobra das aeronaves no pátio. São eles quem guiam os pilotos, por rádio. Nem sempre é possível seguir a programação, pois há atrasos provocados pelas companhias ou pelo mau tempo.
“Nos horários de tráfego intenso, temos que ter controle emocional”, diz. Em circunstâncias normais, um avião leva de cinco a oito minutos do pouso até a parada no box.
FORMIGUINHAS
Em meio às gigantescas aeronaves e dezenas de carros, picapes, tratores e caminhões que trafegam pelo pátio, pessoas carregam vassouras e pás. Elas são encarregadas de limpar qualquer sujeira deixada por equipes de manutenção e abastecimento. Apesar do contato próximo com o que há de mais moderno e caro na aviação, a maioria sequer entrou em um monomotor. É gente como Adriano Pinheiro, 25 anos, morador de Águas Lindas (GO).
De segunda a sexta, ele sai de casa às 4h40, pega um ônibus na beira da BR-070 (Brasília-Pirenópolis), desembarca na Rodoviária do Plano para entrar em outro coletivo até o aeroporto, onde tem de chegar às 7h. Pela manhã, lava banheiros do terminal. À tarde, varre a pista principal. “Nunca voei num avião. Na verdade, nunca imaginei trabalhar em um aeroporto”, comenta. “Mas prefiro viajar por terra, pois assim posso curtir a paisagem”, completa.
Mesmo que quisesse, dificilmente o rapaz teria condições de comprar as caras passagens aéreas. Ele ganha R$ 460 por mês, como os colegas que se revezam entre a limpeza dos banheiros e do pátio. Adriano e os demais auxiliares de serviços gerais só não conseguem remover as sucatas deixadas à margem da segunda pista. Por força judicial, seis aviões estão há anos no local. Eles pertenciam à TransBrasil e à Vasp. Foram confiscados como garantia de pagamento de dívidas das empresas. Algumas aeronaves já não têm nem as turbinas.”
“Pelo terminal aéreo de Brasília, o terceiro mais movimentado do país, passam 40 mil pessoas e 190 aviões por dia. Para garantir a segurança e o conforto dos passageiros, 8 mil funcionários trabalham dia e noite.
Esqueça os tempos de apagão aéreo. Os aeroportos brasileiros vão muito além dos tumultuados balcões das companhias. Além das atendentes dos guichês, pilotos e comissários de bordo, um exército de profissionais com funções menos badaladas trabalha sem parar nos terminais. Só no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, eles são 8 mil. Todos com a missão de garantir o conforto e a segurança de quem passa pelo terceiro mais movimentado dos 67 aeroportos do país.
Pelo Juscelino Kubitschek circulam, em média, 40 mil pessoas diariamente. Mais do que a população do Núcleo Bandeirante, por exemplo. A maioria dos passageiros, no entanto, desconhece ou ignora os funcionários e as atividades do pessoal que trabalha fora das salas de embarque e de desembarque. Para mostrar quem são esses trabalhadores e o que eles fazem, uma equipe do Correio passou um dia no aeroporto. Pisou em todas as salas, galpões e pistas. Descobriu uma cidade.
Inaugurado em 1957, o aeroporto de Brasília ocupa área equivalente a quase 3 mil campos de futebol. Nela há duas pistas principais, uma auxiliar, dois terminais de passageiros, um de carga e 19 hangares. Eles têm capacidade de receber 50 pousos e decolagens por hora, além dos milhares de funcionários, passageiros e dezenas de serviços. Atualmente, pousam 190 aviões todos os dias. Oito são de carga, 182 levam passageiros, sendo que três partem ou chegam de outro país.
Esse fluxo deixa o Juscelino Kubitschek atrás apenas de Guarulhos e Congonhas (ambos em São Paulo) em número de voos no Brasil. O terminal da capital também é um dos mais seguros e modernos. Único do país com duas pistas paralelas distantes entre si suficientemente para pousos e decolagens simultâneos. O último acidente grave ocorreu em 2001. Não falharam o controle de tráfego aéreo nem a emergência. Um bimotor caiu por falta de combustível. Morreram piloto e co-piloto.
O bombeiro militar Cláudio Campos fazia parte da equipe que saiu em disparada pela pista para tentar salvar as vítimas. “Ainda conseguimos retirar o co-piloto com vida, mas ele morreu 10 dias depois”, recorda. Hoje, aos 38 anos e sargento, ele é um dos comandantes da Seção Contra Incêndio do aeroporto. A unidade foi criada em 1993, numa parceria entre o Corpo de Bombeiros e a Infraero, estatal que administra terminais de aeronaves no país.
A seção da qual o sargento Campos faz parte desde o início conta com 90 homens. Eles integram a elite do Corpo de Bombeiros brasiliense. Todos passaram por um rígido treinamento específico para o combate a fogo em aeroportos. Curso que costuma aprovar um em cada 10 inscritos. Em Brasília, eles ficam de prontidão em um quartel erguido estrategicamente às margens da estrada para aviões que liga as duas pistas de pouso e decolagem.
TECNOLOGIA
Além de alguns dos melhores bombeiros da capital, a companhia tem os mais modernos equipamentos do mundo para combate a incêndio. São oito caminhões importados, capazes de levar até o dobro de água e pó contra fogo em uma velocidade superior à das viaturas convencionais em uso nas áreas habitadas. De fabricação norte-americana, um dos veículos dos bombeiros do aeroporto vale R$ 1 milhão e chega a atingir, carregado, 130km/h.
Com os equipamentos e treinamentos, os bombeiros são aptos a chegar a qualquer ponto do aeroporto em três minutos. Isso inclui um raio de 8km da pista. Ou seja, a parte da área externa, onde um avião pode cair, como ocorreu com o Airbus da TAM, em Congonhas, em julho de 2007. Foi o maior acidente aéreo do país. A aeronave saiu do aeroporto, bateu em um terminal de cargas da companhia e pegou fogo, causando a morte das 187 pessoas a bordo e de outras que estavam no solo.
Apesar dos raros casos graves, os bombeiros do aeroporto de Brasília trabalham muito. “Somos acionados quase todo dia. Consideramos emergência toda vez que um piloto comunica algo de estranho, como falha nos aparelhos. Temos que estar sempre de prontidão”, ressalta o sargento Campos. Um dos maiores apertos enfrentados por ele foi a ameaça de bomba em um jumbo da Lufthansa, que ia de Zurique (Alemanha) para São Paulo, há cinco anos. “O avião não viria para cá, mas o comandante decidiu fazer o pouso de emergência, com mais de 300 pessoas a bordo. Graças a Deus a ameaça não se confirmou”, conta.
ASCENSÃO
O aeroporto de Brasília é uma opção de pouso em caso de emergência para as companhias norte-americanas, a japonesa JAL, a alemã Lufthansa e a portuguesa TAP.
“A escolha é das empresas e dos pilotos”, explica um dos responsáveis pela segurança das pistas do terminal brasiliense, José Roberto Cantarino, 46 anos. Ele trabalha no aeroporto há mais de três décadas. Começou como auxiliar de serviços gerais, fez cursos e acabou assumindo uma chefia. “Profissional de aeroporto é funcionário de aeroporto. A gente aprende de tudo. Isso aqui é a minha vida”, comenta.
A história de Cantarino não é exceção entre os funcionários da Infraero a serviço no aeroporto de Brasília. Marcos Trindade, 48 anos, trabalha no aeroporto desde os 18. Fez um pouco de tudo. Hoje, coordena o Terminal de Logística de Carga. “Me lembro desse aeroporto quando ele era todo de madeira”, observa. Trindade chefia 30 empregados, que trabalham em um galpão de 10 mil metros quadrados. Eles recebem e despacham mais de 40 mil toneladas de encomendas por ano.
A equipe de Trindade recebe de tudo, de preservativos a animais silvestres, como elefantes. Agora, se preparam para repetir a megaoperação realizada em janeiro. Em menos de dois meses, pousará em Brasília um Antonov, maior avião do mundo. De fabricação ucraniana, ele aterrisa em chão de terra (com ou sem chuva) e até na neve.
Para a capital, o gigante e outro cargueiro russo trarão uma turbina da usina de Corumbá 3, em construção no Entorno. Ao todo, serão 150 toneladas de carga.
EMBAIXADAS
No dia a dia, os funcionários do terminal de logística do aeroporto de Brasília recebem cargas bem menores. Por ele passam, por exemplo, quase todos os medicamentos importados pelo Ministério da Saúde, assim como as encomendas das embaixadas, que vão de papel higiênico a móveis e carros. Acostumado a todo tipo de carga, o chefe Trindade diz que uma causou muitos problemas. Eram toneladas de cação, espécie de tubarão em miniatura.
Por seis meses, passou muito cação por Brasília, vindo do Recife (PE), com destino aos EUA. “Acondicionado no terminal, esse peixe começou a atrair urubu. Depois que paramos de despachar tal produto, tivemos de desinfetar o terminal para nos livrarmos dos urubus”, conta o chefe da logística. Os animais exportados ou importados pelo zoológico dão menos trabalho porque passam menos de três horas no terminal, pois são cargas vivas e frágeis.
Brasília ocupa o 10º lugar no ranking de transporte de cargas aéreas do Brasil. A maior parte passa pela capital por meio dos voos comerciais. Em média, o aeroporto recebe oito cargueiros por dia, todos nacionais. São quatro estrangeiros por mês, geralmente. Mesmo guardando material de altíssimo valor, como todos os celulares produzidos em Manaus (AM) e as encomendas das embaixadas, o terminal nunca foi vítima de grandes roubos.
Graças à presença intensiva da Polícia Federal, à vizinhança da base da Força Aérea e ao sistema de monitoramento, que inclui 27 câmeras.
PRIMEIRA PISTA NA RODOFERROVIÁRIA
Brasília era apenas um projeto quando o presidente Juscelino Kubitschek pousou pela primeira vez no Planalto Central, em 1956. Mas o aeroporto que hoje leva o nome do fundador da capital ainda não existia. Naquela época, ele usava o Vera Cruz para visitar a cidade idealizada por Lucio Costa. Construído em 1955 pelo então vice-governador de Goiás, Bernardo Sayão, o antigo aeroporto recebeu a primeira comitiva para construção da futura capital em 2 de outubro do mesmo ano.
O Aeroporto de Vera Cruz ficava onde hoje é a Rodoferroviária. Ele tinha pista de terra batida com 2,7 mil metros de comprimento e estação de passageiros improvisada em um barracão de pau-a-pique coberto com folhas de buriti. A mudança para um aeroporto definitivo já estava pensada como prioridade, juntamente com as obras de construção da Fazenda do Gama, onde foram erguidos o Catetinho, o Batalhão de Guarda e o segundo aeroporto provisório, que atendeu o presidente e os pioneiros na construção de Brasília.
Quando o Catetinho ficou pronto, em novembro de 1956, já havia começado o desmatamento para a construção do aeroporto definitivo. Em 2 de abril de 1957, ele recebeu o primeiro pouso da aeronave presidencial, um Viscount turbo-hélice inglês. A inauguração oficial do aeroporto comercial ocorreu em 3 de maio de 1957. (RA)
AMPLIAÇÃO VAI DOBRAR CAPACIDADE
O projeto do terminal de passageiros do aeroporto Juscelino Kubitschek foi concebido, entre 1990 e 1992, para atender 8 milhões de passageiros por ano. Depois, houve uma reforma para suportar 12 milhões de viajantes anualmente. Ele recebeu 10,4 milhões em 2008. Novas obras aumentarão a capacidade para 25 milhões de passageiros por ano. A ampliação deve ser concluída em 2011, ao custo de R$ 22,5 milhões. Até 2013, a Infraero pretende investir R$ 400 milhões no JK.
Como medida emergencial, a Infraero montará uma estrutura removível que servirá como setor de embarque em função da alta demanda de fim de ano no aeroporto. Localizada no primeiro piso, a nova área terá cerca de 1 mil metros quadrados e poderá atender, com mais conforto, os passageiros que transitam no JK.
A previsão da Infraero é que, antes das obras conclusivas de ampliação em 2013, o corpo central do aeroporto receba uma reforma completa para garantir mais conforto aos passageiros. Esta fase será concluída em 2011 e custará R$ 22,5 milhões.
ANÔNIMOS ESSENCIAIS
Quem passa pelo aeroporto está acostumado a ouvir uma voz grave transmitindo mensagens que começam com a frase “a Infraero informa”. É a mesma há 32 anos. O dono é o tímido Rui Santos, 50 anos. Ele não trabalha mais no terminal. Presta serviços na sede da Infraero, no Plano Piloto. Mas deixou os recados padrões, como a proibição de fumar no terminal, gravados no computador. Eles são repetidos em intervalos de 10 a 30 minutos.
Na ausência de Rui, funcionários do centro de operações assumem o microfone de onde partem mensagens imprevistas, como novas determinações da Infraero. Elas são lidas da torre mais baixa — na outra ficam os controladores de voo da Aeronáutica — por homens como Fortunato Pereira, 48 anos. Com 23 anos de casa e há nove no centro de operações, ele também fiscaliza o embarque e desembarque de cada aeronave.
O terminal pode receber 43 aviões ao mesmo tempo, mas só 13 de cada vez têm permissão para estacionar nas pontes, onde passageiros entram ou saem dos aviões em corredores cobertos. Os demais enfrentam sol, chuva ou ônibus apertados. A escolha não é de Fortunato ou dos outros 15 funcionários do centro de operações. Os pontos são decididos previamente pelas empresas e pela administração do aeroporto. Se o avião atrasa, pode perder a vaga coberta.
Cabe a Fortunato e os colegas tornar o mais curto possível o tempo de manobra das aeronaves no pátio. São eles quem guiam os pilotos, por rádio. Nem sempre é possível seguir a programação, pois há atrasos provocados pelas companhias ou pelo mau tempo.
“Nos horários de tráfego intenso, temos que ter controle emocional”, diz. Em circunstâncias normais, um avião leva de cinco a oito minutos do pouso até a parada no box.
FORMIGUINHAS
Em meio às gigantescas aeronaves e dezenas de carros, picapes, tratores e caminhões que trafegam pelo pátio, pessoas carregam vassouras e pás. Elas são encarregadas de limpar qualquer sujeira deixada por equipes de manutenção e abastecimento. Apesar do contato próximo com o que há de mais moderno e caro na aviação, a maioria sequer entrou em um monomotor. É gente como Adriano Pinheiro, 25 anos, morador de Águas Lindas (GO).
De segunda a sexta, ele sai de casa às 4h40, pega um ônibus na beira da BR-070 (Brasília-Pirenópolis), desembarca na Rodoviária do Plano para entrar em outro coletivo até o aeroporto, onde tem de chegar às 7h. Pela manhã, lava banheiros do terminal. À tarde, varre a pista principal. “Nunca voei num avião. Na verdade, nunca imaginei trabalhar em um aeroporto”, comenta. “Mas prefiro viajar por terra, pois assim posso curtir a paisagem”, completa.
Mesmo que quisesse, dificilmente o rapaz teria condições de comprar as caras passagens aéreas. Ele ganha R$ 460 por mês, como os colegas que se revezam entre a limpeza dos banheiros e do pátio. Adriano e os demais auxiliares de serviços gerais só não conseguem remover as sucatas deixadas à margem da segunda pista. Por força judicial, seis aviões estão há anos no local. Eles pertenciam à TransBrasil e à Vasp. Foram confiscados como garantia de pagamento de dívidas das empresas. Algumas aeronaves já não têm nem as turbinas.”
EDUCAÇÃO: DUAS VISÕES
Li hoje no blog “Por um novo Brasil”, de Jussara Seixas, o seguinte artigo de Fernando Haddad. O autor é advogado, mestre em economia, doutor em filosofia e professor de teoria política da USP. É ministro da Educação:
“O Brasil se transformou, dessa forma, num enorme laboratório em que várias concepções de educação vão sendo testadas
A adesão dos 27 governadores e 5.563 prefeitos ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), do governo federal, pode passar a falsa impressão de que há consenso acerca do que precisa ser feito pela educação brasileira.
De fato, o Ministério da Educação, de comum acordo com os gestores locais, definiu 28 diretrizes, como avaliação por escola, escolha criteriosa de diretores, obrigatoriedade de aulas de recuperação para alunos defasados, regulamentação do estágio probatório, valorização do mérito e da carreira de professor, promoção da educação infantil etc. Além disso, fixou para o país, para cada rede e cada escola metas de qualidade, valendo-se do IDEB, indicador de qualidade que combina o resultado dos exames nacionais de proficiência em matemática e leitura e as taxas de aprovação.
Havia grande resistência na divulgação dos resultados por escola, mas mesmo os governos estadual e municipais que não aderiram à Prova Brasil em 2005 foram vencidos pela evidência de que esse é um direito das famílias que contribui para a melhoria da qualidade e da gestão da educação. Contudo, se há acordo em relação a diretrizes e metas, o mesmo não pode ser dito em relação a estratégias.
O Brasil, dessa forma, se transformou num enorme laboratório em que várias concepções de educação vão sendo testadas, e experiências, trocadas, tendo como pano de fundo o direito fundamental do aluno de aprender. É possível, dois anos após o lançamento do PDE, agrupar essas estratégias em torno de dois eixos: um mais progressista e um mais conservador.
Mais ou menos financiamento? Os especialistas se dividem. Alguns defendem que o patamar herdado de investimento público em educação como proporção do PIB, de 4%, é suficiente e que o problema reside na gestão desses recursos. Outros defendem a ampliação dos investimentos para, no mínimo, 6%, com melhor gestão.
O governo federal pretende atingir, em 2010, a meta de 5%, em trajetória ascendente. Os conservadores, na reforma tributária, trabalham nos bastidores pela desvinculação de receitas dos Estados para a educação, a chamada DRE; os progressistas comemoram a iminência do fim da DRU, dispositivo constitucional que, desde 1995, retira mais de 20% do orçamento do Ministério da Educação.
Avaliação para quê? Premiar e punir, sugerem alguns. Aqui há que considerar certos aspectos. Se não acompanhado de aumento do financiamento, mais recursos para escolas que cumprem metas de qualidade pode significar menos recursos para as que não cumprem. Isso pode implicar punir uma segunda vez alunos de escolas que não avançam.
Outra possibilidade é aquela que, ao ampliar o financiamento, promove as transferências adicionais de recursos, combinando a lógica do mérito à da colaboração: repasses automáticos para escolas que cumprem metas, ampliando sua autonomia, e repasses condicionados à elaboração, com apoio técnico, de um plano de desenvolvimento pedagógico e formação de professores para escolas cujos indicadores de qualidade as situem abaixo da média.
O MEC, desde 2007, de forma pioneira, repassa diretamente recursos adicionais para as escolas públicas do país utilizando esse critério.
Por fim, o mais importante: a questão dos professores. Uma ala faz recair sobre os ombros do magistério toda a responsabilidade pela baixa qualidade do ensino. As instituições de ensino superior que os formam e os gestores que os contratam quase nunca são lembrados, embora baixos salários, contratos temporários e formação inicial e continuada precária sejam a regra em nosso país. Reforça-se, assim, aquilo que Theodor Adorno chamou de "tabus acerca do magistério", num ensaio mais do que atual.
Noutro polo estão os que entendem que "os melhores professores do Brasil são os professores do Brasil" e que a guerra contra a má qualidade do ensino se ganha com eles, e não contra eles. Defendem o piso nacional do magistério, constroem a carreira com a categoria e procuram corresponsabilizar a classe política e as instituições formadoras pelos destinos da educação.
Nessa direção, o Ministério da Educação, a partir de 2005, divulga o Ideb de cada rede de ensino às vésperas de cada eleição e, por meio do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), fecha cursos de licenciatura de baixa qualidade. Como se vê, o Brasil deu importantes passos, mas há muito debate pela frente."
“O Brasil se transformou, dessa forma, num enorme laboratório em que várias concepções de educação vão sendo testadas
A adesão dos 27 governadores e 5.563 prefeitos ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), do governo federal, pode passar a falsa impressão de que há consenso acerca do que precisa ser feito pela educação brasileira.
De fato, o Ministério da Educação, de comum acordo com os gestores locais, definiu 28 diretrizes, como avaliação por escola, escolha criteriosa de diretores, obrigatoriedade de aulas de recuperação para alunos defasados, regulamentação do estágio probatório, valorização do mérito e da carreira de professor, promoção da educação infantil etc. Além disso, fixou para o país, para cada rede e cada escola metas de qualidade, valendo-se do IDEB, indicador de qualidade que combina o resultado dos exames nacionais de proficiência em matemática e leitura e as taxas de aprovação.
Havia grande resistência na divulgação dos resultados por escola, mas mesmo os governos estadual e municipais que não aderiram à Prova Brasil em 2005 foram vencidos pela evidência de que esse é um direito das famílias que contribui para a melhoria da qualidade e da gestão da educação. Contudo, se há acordo em relação a diretrizes e metas, o mesmo não pode ser dito em relação a estratégias.
O Brasil, dessa forma, se transformou num enorme laboratório em que várias concepções de educação vão sendo testadas, e experiências, trocadas, tendo como pano de fundo o direito fundamental do aluno de aprender. É possível, dois anos após o lançamento do PDE, agrupar essas estratégias em torno de dois eixos: um mais progressista e um mais conservador.
Mais ou menos financiamento? Os especialistas se dividem. Alguns defendem que o patamar herdado de investimento público em educação como proporção do PIB, de 4%, é suficiente e que o problema reside na gestão desses recursos. Outros defendem a ampliação dos investimentos para, no mínimo, 6%, com melhor gestão.
O governo federal pretende atingir, em 2010, a meta de 5%, em trajetória ascendente. Os conservadores, na reforma tributária, trabalham nos bastidores pela desvinculação de receitas dos Estados para a educação, a chamada DRE; os progressistas comemoram a iminência do fim da DRU, dispositivo constitucional que, desde 1995, retira mais de 20% do orçamento do Ministério da Educação.
Avaliação para quê? Premiar e punir, sugerem alguns. Aqui há que considerar certos aspectos. Se não acompanhado de aumento do financiamento, mais recursos para escolas que cumprem metas de qualidade pode significar menos recursos para as que não cumprem. Isso pode implicar punir uma segunda vez alunos de escolas que não avançam.
Outra possibilidade é aquela que, ao ampliar o financiamento, promove as transferências adicionais de recursos, combinando a lógica do mérito à da colaboração: repasses automáticos para escolas que cumprem metas, ampliando sua autonomia, e repasses condicionados à elaboração, com apoio técnico, de um plano de desenvolvimento pedagógico e formação de professores para escolas cujos indicadores de qualidade as situem abaixo da média.
O MEC, desde 2007, de forma pioneira, repassa diretamente recursos adicionais para as escolas públicas do país utilizando esse critério.
Por fim, o mais importante: a questão dos professores. Uma ala faz recair sobre os ombros do magistério toda a responsabilidade pela baixa qualidade do ensino. As instituições de ensino superior que os formam e os gestores que os contratam quase nunca são lembrados, embora baixos salários, contratos temporários e formação inicial e continuada precária sejam a regra em nosso país. Reforça-se, assim, aquilo que Theodor Adorno chamou de "tabus acerca do magistério", num ensaio mais do que atual.
Noutro polo estão os que entendem que "os melhores professores do Brasil são os professores do Brasil" e que a guerra contra a má qualidade do ensino se ganha com eles, e não contra eles. Defendem o piso nacional do magistério, constroem a carreira com a categoria e procuram corresponsabilizar a classe política e as instituições formadoras pelos destinos da educação.
Nessa direção, o Ministério da Educação, a partir de 2005, divulga o Ideb de cada rede de ensino às vésperas de cada eleição e, por meio do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), fecha cursos de licenciatura de baixa qualidade. Como se vê, o Brasil deu importantes passos, mas há muito debate pela frente."
BERLUSCONI, MÍRIAM E O PIG (*), OS ÚLTIMOS DEFENSORES DO NEOLIBERALISMO
Li hoje o seguinte artigo de Paulo Henrique Amorim, postado em seu site “Conversa Afiada”:
“As redes de televisão de Silvio Berlusconi, também conhecido como o Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat) da Itália, repetem sem interrupção o discurso do “Cavaliere” no ato de fundação do Partido da Liberdade (também conhecido como o “partido dele”).
É a reunião dos partidos da maioria em torno de Silvio Berlusconi.
Somados, esses partidos têm 47% do Congresso, contra 38% da oposição de esquerda.
Berlusconi pregou um “reformismo liberal, burguês, popular, moderado, tradicional e inter-classista”.
Ou seja, o Consenso de Washington com uma roupagem de demagogia.
Interessante é que numa entrevista à CNN Europa, antes de ir ao Brasil e antes de receber os países do G20 em Londres, o primeiro ministro inglês Gordon Brown disse textualmente que “o Consenso de Washington morreu”.
Ou seja, hoje no mundo dito civilizado existem três grupos que ainda defendem o neoliberalismo do Consenso de Washington, tal qual Fernando Henrique Cardoso adotou no Brasil.
São a Miriam Leitão, como símbolo e representacao máxima de pensamento neoliberal do PiG (*); os tucanos de Fernando Henrique; e provavelmente ainda alguns economistas que se reúnem ou se reuniram em torno do Banco Central.
Quer dizer, ser neoliberal hoje é como visitar as ruínas de Pompéia…
Mas, sabe como é, caro amigo navegante, no Brasil tudo pode …
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”
“As redes de televisão de Silvio Berlusconi, também conhecido como o Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat) da Itália, repetem sem interrupção o discurso do “Cavaliere” no ato de fundação do Partido da Liberdade (também conhecido como o “partido dele”).
É a reunião dos partidos da maioria em torno de Silvio Berlusconi.
Somados, esses partidos têm 47% do Congresso, contra 38% da oposição de esquerda.
Berlusconi pregou um “reformismo liberal, burguês, popular, moderado, tradicional e inter-classista”.
Ou seja, o Consenso de Washington com uma roupagem de demagogia.
Interessante é que numa entrevista à CNN Europa, antes de ir ao Brasil e antes de receber os países do G20 em Londres, o primeiro ministro inglês Gordon Brown disse textualmente que “o Consenso de Washington morreu”.
Ou seja, hoje no mundo dito civilizado existem três grupos que ainda defendem o neoliberalismo do Consenso de Washington, tal qual Fernando Henrique Cardoso adotou no Brasil.
São a Miriam Leitão, como símbolo e representacao máxima de pensamento neoliberal do PiG (*); os tucanos de Fernando Henrique; e provavelmente ainda alguns economistas que se reúnem ou se reuniram em torno do Banco Central.
Quer dizer, ser neoliberal hoje é como visitar as ruínas de Pompéia…
Mas, sabe como é, caro amigo navegante, no Brasil tudo pode …
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”
O G20 EM 11 QUESTÕES
O jornal Folha de São Paulo publicou ontem o seguinte artigo de Angelo Segrillo. O autor é professor de história contemporânea na USP. Atualmente é "visiting scholar" na American University (Washington):
APENAS BARACK OBAMA DEVE DAR PRIORIDADE À QUESTÃO AMBIENTAL; CHINA E RÚSSIA QUEREM MAIS PESO POLÍTICO, E BRASIL DEVE RETOMAR DOHA
1. AÇÃO COORDENADA
A crise econômica é o tema que vai dominar. O G20 não é um grupo de países, é uma reunião de ministros das Finanças e de presidentes de Bancos Centrais. Mesmo se não fosse essa sua vocação, o tema central seria mesmo a crise, atraindo líderes de Estado -o que dá dimensão política ao evento. A possibilidade de uma ação coordenada entre os países para combater a crise será a questão central. Até agora cada país seguiu uma receita diferente. Há várias resistências a essa coordenação, inclusive dos EUA, um dos países mais isolacionistas.
2. A DIFERENÇA ENTRE EUA E EUROPA
Os EUA estão sendo keynesianos, preferindo o estímulo fiscal. Os europeus consideram que o problema nos EUA era a falta de regulação, e estão dando ênfase à "rerregulação" do mercado financeiro. O difícil não é regular apenas cada país por si, e sim em nível mundial. Essas duas abordagens devem entrar em embate -se bem que o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, propõe uma forma de regulação.
3. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
O FMI sempre foi um "clube dos países ricos". No G20, que inclui emergentes, deve-se discutir como mudar o FMI para abordar não só os desenvolvidos. O órgão já vem dando sinais de mudança, como não exigir a ortodoxia fiscal de antes.
4. CHINA
Uma grande discussão será como integrar a China, principalmente, à questão da governança financeira global. No FMI, os EUA têm um peso desproporcional, por exemplo. Há que discutir como fazer o FMI refletir o peso crescente da economia chinesa.
5. MOEDA INTERNACIONAL
A ideia, sugerida pelo presidente do Banco Central chinês, de criar uma moeda internacional para trocas em lugar do dólar, é importantíssima: atualmente os EUA têm o poder de emitir a moeda internacional, o que dá uma vantagem tremenda. Na prática, os EUA não vão aceitar, a China não deve levar a questão adiante nesta reunião, mas a ideia deve ficar para outras discussões.
6. MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
Se nos EUA os fundos de hedge não eram regulados nacionalmente, mais difícil seria regulá-los internacionalmente. Deve-se discutir se é possível uma regulação financeira internacional. Não se deve chegar a esse extremo, mas pode-se discutir a criação de um mecanismo supervisor internacional. Agora haveria muita resistência, mas a ideia pode ser lançada para implementação futura.
7. PROTECIONISMO
É uma tendência natural: para criar empregos em seu país, quanto menos importar, melhor. Um problema da crise de 1929 foi o protecionismo. Nesse caso, pode melhorar para uns e piorar para os outros. Sem protecionismo, de maneira geral acaba sendo melhor para todos, mas a reação irracional à crise pode levar a medidas protecionistas.
8. TEMAS DE DOHA
Países como o Brasil podem querer retormar questões levantadas na Rodada Doha (não a Rodada Doha em si, pois se dá no âmbito da Organização Mundial do Comércio): abrir os mercados industriais do Terceiro Mundo e os agrícolas do Primeiro Mundo.
9. OBAMA E MEDVEDEV
O encontro dos presidentes dos EUA e da Rússia será muito importante. Obama está propondo uma mudança nas relações com a Rússia, o "Reset" (Reiniciar), e eles devem aproveitar para ir além das questões econômicas, discutindo o escudo de mísseis na Europa e a relação entre Rússia e Geórgia, por exemplo.
10. DISTÚRBIOS SOCIAIS
Um tema fundamental será como evitar distúrbios sociais em regiões mais empobrecidas, que não avançam em desenvolvimento. A elevação dos preços dos alimentos está criando uma tensão grande e, com a crise e o desemprego, a situação pode se tornar explosiva. Discutem-se os chamados "Estados falidos", em que praticamente não há mais Estado. Um exemplo é a Somália, cujos piratas ameaçam cargueiros do mundo inteiro. Nos EUA há o medo de o México se tornar um Estado falido, por conta da violência na região da fronteira.
11. E UM TEMA ESQUECIDO
A questão ambiental vai ser mencionada, mas não ficará no primeiro plano -espero estar errado. Apenas Obama está aproveitando a oportunidade na crise: ele poderia se preocupar só com reativar a economia, mas, em vez disso, está propondo uma mudança de paradigma. Quer incentivar uma indústria alternativa, carros ecológicos... Ao emprestar dinheiro, os governos têm nas mãos o poder de cobrar algum avanço.”
APENAS BARACK OBAMA DEVE DAR PRIORIDADE À QUESTÃO AMBIENTAL; CHINA E RÚSSIA QUEREM MAIS PESO POLÍTICO, E BRASIL DEVE RETOMAR DOHA
1. AÇÃO COORDENADA
A crise econômica é o tema que vai dominar. O G20 não é um grupo de países, é uma reunião de ministros das Finanças e de presidentes de Bancos Centrais. Mesmo se não fosse essa sua vocação, o tema central seria mesmo a crise, atraindo líderes de Estado -o que dá dimensão política ao evento. A possibilidade de uma ação coordenada entre os países para combater a crise será a questão central. Até agora cada país seguiu uma receita diferente. Há várias resistências a essa coordenação, inclusive dos EUA, um dos países mais isolacionistas.
2. A DIFERENÇA ENTRE EUA E EUROPA
Os EUA estão sendo keynesianos, preferindo o estímulo fiscal. Os europeus consideram que o problema nos EUA era a falta de regulação, e estão dando ênfase à "rerregulação" do mercado financeiro. O difícil não é regular apenas cada país por si, e sim em nível mundial. Essas duas abordagens devem entrar em embate -se bem que o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, propõe uma forma de regulação.
3. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
O FMI sempre foi um "clube dos países ricos". No G20, que inclui emergentes, deve-se discutir como mudar o FMI para abordar não só os desenvolvidos. O órgão já vem dando sinais de mudança, como não exigir a ortodoxia fiscal de antes.
4. CHINA
Uma grande discussão será como integrar a China, principalmente, à questão da governança financeira global. No FMI, os EUA têm um peso desproporcional, por exemplo. Há que discutir como fazer o FMI refletir o peso crescente da economia chinesa.
5. MOEDA INTERNACIONAL
A ideia, sugerida pelo presidente do Banco Central chinês, de criar uma moeda internacional para trocas em lugar do dólar, é importantíssima: atualmente os EUA têm o poder de emitir a moeda internacional, o que dá uma vantagem tremenda. Na prática, os EUA não vão aceitar, a China não deve levar a questão adiante nesta reunião, mas a ideia deve ficar para outras discussões.
6. MERCADO FINANCEIRO INTERNACIONAL
Se nos EUA os fundos de hedge não eram regulados nacionalmente, mais difícil seria regulá-los internacionalmente. Deve-se discutir se é possível uma regulação financeira internacional. Não se deve chegar a esse extremo, mas pode-se discutir a criação de um mecanismo supervisor internacional. Agora haveria muita resistência, mas a ideia pode ser lançada para implementação futura.
7. PROTECIONISMO
É uma tendência natural: para criar empregos em seu país, quanto menos importar, melhor. Um problema da crise de 1929 foi o protecionismo. Nesse caso, pode melhorar para uns e piorar para os outros. Sem protecionismo, de maneira geral acaba sendo melhor para todos, mas a reação irracional à crise pode levar a medidas protecionistas.
8. TEMAS DE DOHA
Países como o Brasil podem querer retormar questões levantadas na Rodada Doha (não a Rodada Doha em si, pois se dá no âmbito da Organização Mundial do Comércio): abrir os mercados industriais do Terceiro Mundo e os agrícolas do Primeiro Mundo.
9. OBAMA E MEDVEDEV
O encontro dos presidentes dos EUA e da Rússia será muito importante. Obama está propondo uma mudança nas relações com a Rússia, o "Reset" (Reiniciar), e eles devem aproveitar para ir além das questões econômicas, discutindo o escudo de mísseis na Europa e a relação entre Rússia e Geórgia, por exemplo.
10. DISTÚRBIOS SOCIAIS
Um tema fundamental será como evitar distúrbios sociais em regiões mais empobrecidas, que não avançam em desenvolvimento. A elevação dos preços dos alimentos está criando uma tensão grande e, com a crise e o desemprego, a situação pode se tornar explosiva. Discutem-se os chamados "Estados falidos", em que praticamente não há mais Estado. Um exemplo é a Somália, cujos piratas ameaçam cargueiros do mundo inteiro. Nos EUA há o medo de o México se tornar um Estado falido, por conta da violência na região da fronteira.
11. E UM TEMA ESQUECIDO
A questão ambiental vai ser mencionada, mas não ficará no primeiro plano -espero estar errado. Apenas Obama está aproveitando a oportunidade na crise: ele poderia se preocupar só com reativar a economia, mas, em vez disso, está propondo uma mudança de paradigma. Quer incentivar uma indústria alternativa, carros ecológicos... Ao emprestar dinheiro, os governos têm nas mãos o poder de cobrar algum avanço.”
TUDO BEM, TUDO NORMAL?
Li ontem no jornal Folha de São Paulo o seguinte artigo de Rubens Ricupero. O autor é diretor da Faculdade de Economia da FAAP e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo; foi secretário-geral da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e Ministro da Fazenda (governo Itamar Franco):
POR QUE A AL CAIRIA MAIS QUE O MUNDO SE NOSSO SISTEMA BANCÁRIO ESTÁ INTACTO, NOSSAS RESERVAS CONTINUAM ALTAS?
“O comércio mundial vai cair 9%. A economia global passa de previsão de crescimento de 2,2% em novembro para queda de 0,5% a 1% agora. O cauteloso Banco da China publica artigo defendendo moeda internacional para substituir o dólar. Morgan Stan- ley prevê que o Brasil vai encolher 4,5%, e a América Latina, 4,3%.
Notícias parecidas com uma dessas só aconteciam antes uma vez a cada 70 anos, ou nunca. Hoje, elas se sucedem em dois ou três dias e ninguém se abala. Depois de tantos trilhões de déficits e dívidas, perdemos a capacidade de assombro. Quando gastarmos os trilhões, como contaremos os zeros, com zilhões? Tendo passado um quarto de século na monotonia do comércio crescendo por ano dois ou três pontos acima da produção, nunca pensei que o veria despencar num colapso de nove pontos (reluto em crer).
Nos meus dias de Nações Unidas, uma camisa-de-força seria providenciada para quem imaginasse que os chineses voltariam à ideia de Keynes sobre uma moeda de reserva (o bancor), independente de qualquer país. Pior, que sugerissem haver chegado a hora de começar a pensar em pôr um ponto final no incontrastável domínio do dólar.
Não faz muito tempo um economista não arriscaria a reputação em prever para o Brasil e a América Latina tombos tão abaixo do consenso médio, como essa estimativa que apenas mereceu uma ironia do presidente Lula. O que está sucedendo? Perdeu-se a noção do normal, mesmo um palpite implausível vale tanto quanto outro qualquer?
É verdade que o desempenho da América Latina costuma acompanhar de perto o da economia global, até mesmo pela intensidade dos vínculos que mantém com os Estados Unidos. Durante os seis anos de ouro de 2003 a 2008, a região foi empurrada pelo vento mundial e cresceu à média de 5% por ano e 3% per capita, algo muito raro. Compreende-se que acompanhe agora o mundo na queda, mas tanto assim?
Por que cairíamos mais que o mundo se nosso sistema bancário está intacto, nossas reservas continuam altas e os fundamentos fiscais são muito melhores? Ao contrário dos Estados Unidos, não temos problemas estruturais com o sistema financeiro, os setores de imóveis ou de automóveis. Os déficits externos ou fiscais são de moderados a baixos, existe espaço para reduzir os juros, coisa que desapareceu nos países avançados.
O comércio certamente sofrerá, e um indício é a mudança nos termos de intercâmbio (a relação dos preços das exportações com os das importações). De 2001 a 2008, esses termos melhoraram em 28%. Apenas em 2009, espera-se uma deterioração de 15,6%, sobretudo devido ao mergulho nos preços do petróleo e dos metais. Por outro lado, nem de longe dependemos das exportações tanto quanto chineses e asiáticos. No entanto as previsões para eles são muito mais benignas. Tenho me consolado nestes dias lendo como a América Latina se saiu numa crise bem pior, a dos anos 30, que, para nós, não merece ser chamada de Grande Depressão.
Após chegar ao fundo do poço em 1932-33, uma a uma todas as economias da região logo recuperaram o crescimento de antes da crise. A Colômbia já em 1932, o Brasil em 1933, o México em 1934, a Argentina em 1935. Substituímos a demanda do setor externo com a puxada pela indústria interna e saímos da crise mais cedo e industrializados. Não seria possível repetir o remédio com as indispensáveis adaptações?”
POR QUE A AL CAIRIA MAIS QUE O MUNDO SE NOSSO SISTEMA BANCÁRIO ESTÁ INTACTO, NOSSAS RESERVAS CONTINUAM ALTAS?
“O comércio mundial vai cair 9%. A economia global passa de previsão de crescimento de 2,2% em novembro para queda de 0,5% a 1% agora. O cauteloso Banco da China publica artigo defendendo moeda internacional para substituir o dólar. Morgan Stan- ley prevê que o Brasil vai encolher 4,5%, e a América Latina, 4,3%.
Notícias parecidas com uma dessas só aconteciam antes uma vez a cada 70 anos, ou nunca. Hoje, elas se sucedem em dois ou três dias e ninguém se abala. Depois de tantos trilhões de déficits e dívidas, perdemos a capacidade de assombro. Quando gastarmos os trilhões, como contaremos os zeros, com zilhões? Tendo passado um quarto de século na monotonia do comércio crescendo por ano dois ou três pontos acima da produção, nunca pensei que o veria despencar num colapso de nove pontos (reluto em crer).
Nos meus dias de Nações Unidas, uma camisa-de-força seria providenciada para quem imaginasse que os chineses voltariam à ideia de Keynes sobre uma moeda de reserva (o bancor), independente de qualquer país. Pior, que sugerissem haver chegado a hora de começar a pensar em pôr um ponto final no incontrastável domínio do dólar.
Não faz muito tempo um economista não arriscaria a reputação em prever para o Brasil e a América Latina tombos tão abaixo do consenso médio, como essa estimativa que apenas mereceu uma ironia do presidente Lula. O que está sucedendo? Perdeu-se a noção do normal, mesmo um palpite implausível vale tanto quanto outro qualquer?
É verdade que o desempenho da América Latina costuma acompanhar de perto o da economia global, até mesmo pela intensidade dos vínculos que mantém com os Estados Unidos. Durante os seis anos de ouro de 2003 a 2008, a região foi empurrada pelo vento mundial e cresceu à média de 5% por ano e 3% per capita, algo muito raro. Compreende-se que acompanhe agora o mundo na queda, mas tanto assim?
Por que cairíamos mais que o mundo se nosso sistema bancário está intacto, nossas reservas continuam altas e os fundamentos fiscais são muito melhores? Ao contrário dos Estados Unidos, não temos problemas estruturais com o sistema financeiro, os setores de imóveis ou de automóveis. Os déficits externos ou fiscais são de moderados a baixos, existe espaço para reduzir os juros, coisa que desapareceu nos países avançados.
O comércio certamente sofrerá, e um indício é a mudança nos termos de intercâmbio (a relação dos preços das exportações com os das importações). De 2001 a 2008, esses termos melhoraram em 28%. Apenas em 2009, espera-se uma deterioração de 15,6%, sobretudo devido ao mergulho nos preços do petróleo e dos metais. Por outro lado, nem de longe dependemos das exportações tanto quanto chineses e asiáticos. No entanto as previsões para eles são muito mais benignas. Tenho me consolado nestes dias lendo como a América Latina se saiu numa crise bem pior, a dos anos 30, que, para nós, não merece ser chamada de Grande Depressão.
Após chegar ao fundo do poço em 1932-33, uma a uma todas as economias da região logo recuperaram o crescimento de antes da crise. A Colômbia já em 1932, o Brasil em 1933, o México em 1934, a Argentina em 1935. Substituímos a demanda do setor externo com a puxada pela indústria interna e saímos da crise mais cedo e industrializados. Não seria possível repetir o remédio com as indispensáveis adaptações?”
MISTERIOSOS VAZIOS CÓSMICOS
Li ontem no jornal Folha de São Paulo o seguinte artigo de Marcelo Gleiser. O autor é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "A Harmonia do Mundo":
O QUE SE SABE SOBRE A ENERGIA ESCURA É POUCO E MUITO ESTRANHO
“Já se vão 11 anos desde que o cosmo tornou-se mais misterioso do que nunca. Tudo começou em 1929, quando o astrônomo americano Edwin Hubble descobriu que o Universo está em expansão, com o espaço entre as galáxias crescendo como se fosse uma tira elástica. Para concluir isso, Hubble mediu a luz emitida por galáxias distantes e analisou suas propriedades, comparando-a com a luz emitida por objetos mais próximos.
Essa comparação é muito útil: existe um efeito, chamado efeito Doppler, que diz que, quando uma fonte de luz se afasta ou se aproxima do observador (ou o observador dela, dá no mesmo), a luz é distorcida: se o objeto se afasta, a luz é desviada para tons avermelhados; se o objeto se aproxima, para tons azulados. Hubble mostrou que a maioria absoluta das galáxias mostra um desvio para o vermelho, concluindo que elas estão se afastando, com velocidades proporcionais à distância entre elas. A taxa de expansão cósmica depende da quantidade de matéria (e energia) no Universo: quanto mais matéria, mais lenta a expansão. No caso de a quantidade total de matéria estar acima de um valor crítico, vence a gravidade, e o Universo acabaria caindo sobre si mesmo.
Observações atuais mostram que o cosmo existe bem em torno desse valor crítico. Nesse caso, a expansão continuaria para sempre. Ao menos assim se pensava até 1998.
Cada geração enfrenta os seus mistérios e desafios. Assim caminha a ciência, de mistério em mistério. Mas esse de agora é dos bons. Em 1998, dois grupos de astrônomos mediram a luz emitida por objetos muito distantes, estrelas que explodiram bilhões de anos atrás.
Essas estrelas, chamadas supernovas, são como fogos de artifício cósmicos. Usando técnicas semelhantes às de Hubble (mas com telescópios e instrumentos de análise muito mais sofisticados), os astrônomos concluíram algo muito estranho: as estrelas parecem brilhar com luz mais fraca do que o esperado. Como o efeito Doppler conecta o brilho da estrela com sua velocidade, é possível concluir que a luz mais fraca se deve a uma expansão mais rápida: em torno de 5 bilhões de anos atrás, o Universo resolveu acelerar a sua expansão. Como muitos leitores já devem ter ouvido, a conjectura mais popular é de que essa aceleração cósmica -a tira elástica esticando mais rápido- se deve a uma nova forma de material, a chamada energia escura. O problema é que se sabe muito pouco desse material. E o que se sabe é muito estranho. Diferentemente dos átomos que compõem a matéria comum, a energia escura não é formada por partículas de matéria.
Supostamente, ela é uma nova substância que permeia todo o cosmo. Dada essa excentricidade, é saudável procurar explicações menos revolucionárias. Uma delas é que vivemos numa região com pouca matéria, um vazio cósmico. Nesse caso, a taxa de expansão cósmica ao nosso redor seria mais rápida. A existência desses vazios não é novidade; as galáxias estão distribuídas pelo Universo de forma irregular. Mas, na média, tudo se passa como se o cosmo fosse igual em todos os lugares. Esse é o "princípio cosmológico", uma adaptação do princípio copernicano. Quando Copérnico sugeriu que a Terra não era o centro do cosmo, nós nos tornamos mais mundanos, nossa posição, pouco especial. A ideia de que vivemos num enorme vazio (de 1 bilhão de anos-luz de raio) nos remete de volta a um local especial. Aparentemente, esse enorme vazio é pouco provável.
Mas vazios menores, como numa esponja, em princípio podem surtir o efeito desejado.
Qualquer que seja a solução do mistério da energia escura, aprenderemos muito com ela.”
O QUE SE SABE SOBRE A ENERGIA ESCURA É POUCO E MUITO ESTRANHO
“Já se vão 11 anos desde que o cosmo tornou-se mais misterioso do que nunca. Tudo começou em 1929, quando o astrônomo americano Edwin Hubble descobriu que o Universo está em expansão, com o espaço entre as galáxias crescendo como se fosse uma tira elástica. Para concluir isso, Hubble mediu a luz emitida por galáxias distantes e analisou suas propriedades, comparando-a com a luz emitida por objetos mais próximos.
Essa comparação é muito útil: existe um efeito, chamado efeito Doppler, que diz que, quando uma fonte de luz se afasta ou se aproxima do observador (ou o observador dela, dá no mesmo), a luz é distorcida: se o objeto se afasta, a luz é desviada para tons avermelhados; se o objeto se aproxima, para tons azulados. Hubble mostrou que a maioria absoluta das galáxias mostra um desvio para o vermelho, concluindo que elas estão se afastando, com velocidades proporcionais à distância entre elas. A taxa de expansão cósmica depende da quantidade de matéria (e energia) no Universo: quanto mais matéria, mais lenta a expansão. No caso de a quantidade total de matéria estar acima de um valor crítico, vence a gravidade, e o Universo acabaria caindo sobre si mesmo.
Observações atuais mostram que o cosmo existe bem em torno desse valor crítico. Nesse caso, a expansão continuaria para sempre. Ao menos assim se pensava até 1998.
Cada geração enfrenta os seus mistérios e desafios. Assim caminha a ciência, de mistério em mistério. Mas esse de agora é dos bons. Em 1998, dois grupos de astrônomos mediram a luz emitida por objetos muito distantes, estrelas que explodiram bilhões de anos atrás.
Essas estrelas, chamadas supernovas, são como fogos de artifício cósmicos. Usando técnicas semelhantes às de Hubble (mas com telescópios e instrumentos de análise muito mais sofisticados), os astrônomos concluíram algo muito estranho: as estrelas parecem brilhar com luz mais fraca do que o esperado. Como o efeito Doppler conecta o brilho da estrela com sua velocidade, é possível concluir que a luz mais fraca se deve a uma expansão mais rápida: em torno de 5 bilhões de anos atrás, o Universo resolveu acelerar a sua expansão. Como muitos leitores já devem ter ouvido, a conjectura mais popular é de que essa aceleração cósmica -a tira elástica esticando mais rápido- se deve a uma nova forma de material, a chamada energia escura. O problema é que se sabe muito pouco desse material. E o que se sabe é muito estranho. Diferentemente dos átomos que compõem a matéria comum, a energia escura não é formada por partículas de matéria.
Supostamente, ela é uma nova substância que permeia todo o cosmo. Dada essa excentricidade, é saudável procurar explicações menos revolucionárias. Uma delas é que vivemos numa região com pouca matéria, um vazio cósmico. Nesse caso, a taxa de expansão cósmica ao nosso redor seria mais rápida. A existência desses vazios não é novidade; as galáxias estão distribuídas pelo Universo de forma irregular. Mas, na média, tudo se passa como se o cosmo fosse igual em todos os lugares. Esse é o "princípio cosmológico", uma adaptação do princípio copernicano. Quando Copérnico sugeriu que a Terra não era o centro do cosmo, nós nos tornamos mais mundanos, nossa posição, pouco especial. A ideia de que vivemos num enorme vazio (de 1 bilhão de anos-luz de raio) nos remete de volta a um local especial. Aparentemente, esse enorme vazio é pouco provável.
Mas vazios menores, como numa esponja, em princípio podem surtir o efeito desejado.
Qualquer que seja a solução do mistério da energia escura, aprenderemos muito com ela.”
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