sábado, 31 de julho de 2010
A BOMBA ATÔMICA BRASILEIRA: AVANÇA A ACUSAÇÃO MENTIROSA
[A estratégia já utilizada com sucesso pelos EUA e seus aliados contra outros países segue o seu curso também no Brasil. Quando o pré-sal estiver funcionando a pleno, certamente o Brasil será injustamente muito mais acusado de pretender algum dia fazer bomba atômica. Será pressionado e enfraquecido com duras sanções pelas grandes potências, assim como foi o Iraque e está sendo o Irã. Objetivo: enfraquecimento do país alvo para facilitar a invasão militar, a tomada e o controle do petróleo].
A BOMBA ATÔMICA BRASILEIRA: É ASSIM QUE COMEÇA
Tomás Rosa Bueno
“Como já foi dito, o uso de balões de ensaio para “testar hipóteses” para possíveis futuros cursos de ação segue uma sequência lógica: o que hoje é delírio da imprensa de extrema-direira torna-se amanhã uma “ponderação” da imprensa “séria” e, na semana que vem, conforme as reações, surge como “preocupação” dos governos do clube atômico.
Nos poucos anos que se seguiram à adesão do Brasil ao Tratado de Não Proliferação, a acusação de que o Brasil mantinha um programa nuclear militar secreto era coisa de malucos babantes, mas foi aos poucos adquirindo respeitabilidade até instalar-se confortavelmente, pouco depois da posse do Lula, nas páginas da imprensa especializada, onde ficou dormitando por uns tempos até ser chamada a tarefas mais elevadas. Recentemente, surgiu nas manchetes da imprensa “respeitável” e vem percorrendo os circuitos habituais que essas coisas frequentam, dos blogues alarmistas às revistas especializadas. E jornais venerandos de países idem contam que a Agência Internacional de Energia Atômica, preocupada com as “zonas de sombra" do programa nuclear brasileiro, montou em maio deste ano uma “estrutura especial” de inspeção para fuçar as nossas instalações nucleares.
Agora, enquanto a AIEA e o governo dos Estados Unidos expressam a sua “preocupação” por um livro de um físico brasileiro que desvenda os segredos da ogiva nuclear W87 dos EUA, “A física dos explosivos nucleares”, a imprensa de extrema-direita dos EUA parte para a próxima etapa e eleva o tom das acusações. Já não se trata de suspeitas e especulações, mas de “informações”: o jornal ‘The Washington Times’, propriedade do nefando reverendo Moon, publicou hoje uma reportagem, na qual o Brasil é citado explicitamente, sobre a reativação da fajutíssima rede paquistanesa de contrabando de tecnologia nuclear – que levou entre outras coisas ao reinício do programa nuclear iraniano e à bomba norte-coreana, e cujo responsável, o físico Abdul Qadeer Khan, “pai da bomba atômica paquistanesa”, foi “perdoado” e circula livremente pelo mundo, em vez de estar na cadeia.
Segundo o jornal, fontes anônimas de agências de inteligência americanas relatam que, “nestes últimos meses”, agentes de diversos países, entre eles o Brasil, têm contatado pessoas ligadas a essa rede de contrabando na tentativa de a reativar – o que só pode estar sendo feito por razões inconfessáveis. O fato de o Paquistão não ter nada a ensinar ao Brasil em tecnologia nuclear – ao contrário – não parece preocupar nem as autoridades americanas anônimas nem o jornal que lhes dá voz. O importante é vincular “agentes” brasileiros à mais escandalosa e perigosa trama clandestina de proliferação nuclear de que se tem notícia – depois, é claro, da que os americanos montaram em benefício de Israel e de sabe-se lá quais outros “países amigos”; mas esta não conta, por que é “do bem”. Não falta muito para que a AIEA emita um relatório confirmando que o material físsil brasileiro não é desviado para fins clandestinos, mas que, como no Irã, a agência não pode certificar que o Brasil não tem um programa secreto.
Numa estranha “coincidência”, a tal estrutura especial de inspeção da AIEA foi montada na mesma época em que o Brasil negociou com o Irã e a Turquia o acordo de troca de combustível nuclear, num triunfo diplomático que expôs a falta de honestidade das relações do clube atômico com o Irã (e também com o Brasil e a Turquia); e a acusação de contatos escusos de brasileiros com a rede paquistanesa saiu dois dias depois que, com cautela e meio a contragosto, o Brasil interveio de novo na questão iraniana para forçar a abertura de negociações entre as partes.
Talvez essa “estrutura especial” e as suas implicações funestas tenham sido um dos elementos de pressão que levaram o chanceler Celso Amorim a lamuriar-se publicamente pelos “dedos queimados” com a nossa participação nas negociações com o Irã. Outros possíveis pontos de pressão poderão vir sendo revelados aos poucos, se o governo brasileiro não cumprir a sua obrigação de revelar as chantagens de que vem sendo alvo, e quem as faz.
Há setores do Itamaraty que parecem acreditar que a nossa atuação em defesa do direito do Irã ao desenvolvimento de uma tecnologia nuclear para fins pacíficos é a causa dessa escalada das “suspeitas” sobre o nosso próprio programa nuclear, mas é obvio que elas vem se desenrolando há anos segundo um padrão comum a muitas outras situações semelhantes, entre elas a do próprio Irã. Como também é óbvio que seremos a bola da vez se, dentro das nossas ainda limitadas capacidades de intervir decisivamente no cenário internacional, não fizermos tudo o que estiver ao nosso alcance para denunciar a trama de mentiras e de razões ocultas que está por trás da tentativa de liquidar o Tratado de Não Proliferação e impor um bloqueio às transferências internacionais de tecnologia nuclear.”
FONTE: escrito por Tomás Rosa Bueno e publicado no Blog do Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-bomba-atomica-brasileira-e-assim-que-comeca#more)[título, imagem e parágrafo entre colchetes colocados por este blog].
EUA SURRUPIARAM 95% DOS US$ 9,1 BILHÕES ORIUNDOS DO PETRÓLEO DO IRAQUE
“EUA NÃO CONSEGUEM PRESTAR CONTAS DE FUNDOS IRAQUIANOS
O Departamento de Estado norte-americano “não é capaz de prestar contas” [sic] de mais de 95% dos US$ 9,1 bilhões de recursos provenientes do petróleo iraquiano “que os Estados Unidos direcionaram para a reconstrução do país” [sic], segundo um relatório de auditoria divulgado esta semana.
O relatório do Investigador Especial dos Estados Unidos para a Reconstrução do Iraque oferece uma visão sobre o contínuo ‘descontrole’ [eufemia para atos escusos] sobre como esses fundos são empregados num país onde o povo reclama da falta de serviços básicos como energia elétrica e água potável, sete anos após a invasão liderada pelos Estados Unidos que derrubou Saddam Hussein.
A auditoria descobriu relatórios feitos de maneira precária pelo Departamento de Defesa, que não permitem que o Pentágono preste contas de forma completa de US$ 8,7 bilhões que retirou, entre 2004 e 2007, de um fundo especial estabelecido pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Dessa quantia, o Pentágono "não pode fornecer documentação para confirmar como gastou US$ 2,6 bilhões". Esses fundos não fazem parte dos US$ 53 bilhões alocados pelo Congresso para a ‘reconstrução’ do Iraque [para as tropas norte-americanas].
O relatório foi divulgado durante um período complicado para o Iraque. Apesar dos ganhos em segurança conquistados desde 2008, ataques com bombas continuam a ocorrer quase diariamente, somando-se às frustrações e temores dos iraquianos, cada vez mais cansados da atual crise política que, segundo alguns, refletem como os políticos do país [e o Pentágono] estão mais interessados em seus próprios interesses dos que nos da nação.
Os políticos chegaram a um impasse desde as eleições parlamentares de 7 de março, que não tiveram um vencedor claro. Eles não foram capazes de formar um novo governo, já que o primeiro-ministro Nouri al-Maliki, um xiita, parece determinado a permanecer no cargo, enquanto influentes partidos xiitas querem que ele deixe o governo [a interferência dos EUA, visando colocar somente ‘marionetes’ deles no governo, inviabiliza a solução política].
‘INCAPACIDADE’
A auditoria cita vários fatores que contribuíram para a incapacidade de prestar contas da maior parte do dinheiro retirado pelo Pentágono do Fundo de Desenvolvimento para o Iraque. O documento diz que a maior parte das organizações do Departamento de Estado que receberam dinheiro do fundo foram incapazes de seguir as regras do Departamento do Tesouro, como é exigido [pois as regras impediriam ‘embolsar’].
Além disso, o relatório diz que nenhuma organização do Departamento de Estado foi designada para supervisionar a prestação de contas e os gastos dos fundos. "O colapso dos controles deixaram os fundos vulneráveis para usos inapropriados e perdas não detectadas", diz o documento.
A auditoria descobriu que os Estados Unidos continuam a manter em seu poder cerca de US$ 34,3 milhões [ínfima parcela comparada com os bilhões surrupiados], apesar de ter recebido o pedido para devolver o dinheiro ao governo iraquiano. Mas a auditoria [santamente] não indica que os investigadores acreditem que tenha havido exemplos de fraude envolvendo os gastos desses recursos.
PROGRAMA
Os recursos do Fundo de Desenvolvimento para o Iraque [não são norte-americanos] vêm das exportações de petróleo e gás do país, bem como dos bens congelados e dos fundos excedentes do Programa Petróleo por Comida, da época de Saddam Hussein.
Com o estabelecimento da “Autoridade Provisória de Coalizão” [na prática, o Cmt da tropa dos EUA], que governou o Iraque no período logo depois da invasão, em 2003, até meados de 2004, cerca de US$ 20 bilhões foram somados ao fundo.
O governo iraquiano [o tal “marionete”] havia concordado em permitir que os Estados Unidos continuassem a ter acesso aos fundos após a dissolução da “autoridade provisória”, em 2004, mas revogou essa autorização em dezembro de 2007. “
FONTE: publicado no “Estadão.com.br” e reproduzido no site “DefesaNet “ [título, imagem, aspas e trechos entre colchetes colocados por este blog].
EUA: MÁQUINA DE FAZER GUERRAS (CADA VEZ MAIS CARAS)
Como todas as outras coisas, entrar em guerra é muito mais caro da que costumava ser.
GUERRAS NO IRAQUE E AFEGANISTÃO JÁ CUSTARAM US$ 1 TRILHÃO [OUTROS BILHÕES NÃO ESTÃO DIRETAMENTE CONTABILIZADOS].
[ESSA LUTA PELO CONTROLE DO PETRÓLEO, GÁS E MATÉRIAS-PRIMAS DE OUTROS PAÍSES COMPENSA? GRANDE PARTE DO POVO AMERICANO NÃO SOFRE E NÃO SE IMPORTA COM ESSAS GUERRAS. ATÉ MESMO, INGENUAMENTE ORGULHA-SE DOS SEUS “HERÓIS”, ILUDIDA COM OS FALSOS PRETEXTOS INVENTADOS PARA JUSTIFICAR AS GUERRAS]
Vejamos a seguinte reportagem do “The New York Times”, reproduzida no site pró-EUA “DefesaNet”:
“Equipamentos de alta tecnologia elevam custo dos dois conflitos, que ficam atrás apenas da Segunda Guerra Mundial
Os conflitos no Iraque e no Afeganistão custaram cerca de US$ 1 trilhão aos americanos, perdendo apenas para os US$ 4 trilhões da Segunda Guerra Mundial (após ajuste pela inflação), quando os Estados Unidos colocaram 16 milhões de homens e mulheres em uniformes e combateram em três continentes.
O choque é a primeira reação inevitável às últimas estatísticas sobre os custos de todas as grandes guerras dos Estados Unidos desde a Revolução Americana, compiladas pelo Serviço de Pesquisas do Congresso e divulgadas no mês passado.
Estes números prometem intensificar as pressões políticas e econômicas para cortar o orçamento do Pentágono. No entanto, a tecnologia do século 21 é o motivo óbvio pelo qual as duas guerras relativamente pequenas (embora longas), em sociedades em desenvolvimento como o Iraque e o Afeganistão, são tão caras.
Como Stephen Daggett, especialista em política de defesa e orçamentos, escreve no relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso, na Guerra da Revolução "o armamento mais sofisticado foi uma fragata de 36 canhões, que dificilmente é comparável a um destróier moderno de US$ 3.5 bilhões".
Uma segunda análise dos números revela outra história. Em 2008, o ano de pico nos gastos com a guerra no Iraque e no Afeganistão, os custos representaram apenas 1,2% do produto interno bruto dos Estados Unidos. Durante o ano de pico nos gastos com a Segunda Guerra Mundial, 1945, as despesas chegaram a quase 36% do PIB.
O motivo é o grande crescimento, e crédito aparentemente sem limites, da economia dos Estados Unidos nos últimos 65 anos, em comparação com o sacrifício e a unidade necessários para conseguir US$ 4 milhões em uma economia muito menor para lutar na guerra anterior. Para alguns historiadores, a diferença é preocupante.
"O Exército está em guerra, mas o país não está", disse David M. Kennedy, historiador da Universidade de Stanford. "Conseguimos criar e proteger forças armadas que podem engajar em uma guerra muito, muito letal, sem que a sociedade pela qual luta se sacrifique". O resultado, segundo ele, é "um perigo moral para a liderança política que recorra à força sabendo que a sociedade civil não será profundamente afetada".
Uma consequência disso é que os impostos não foram aumentados para pagar pelas guerras no Iraque e Afeganistão - a primeira vez que isso aconteceu em uma guerra americana desde a Guerra da Revolução, quando não havia ainda um país sobre o qual impô-las. Certo ou errado, isso alienou ainda mais os civis americanos das duas guerras do outro lado do mundo.
Antes dos ataques do 11 de setembro de 2001, "os americanos eram convocados pelos seus líderes para pagar impostos mais altos durante a guerra e, reclamando ou não, eles faziam isso", disse Robert D. Hormats, subsecretário de Estado para assuntos econômicos, de energia e agricultura e autor de "The Price of Liberty: Paying for America’s Wars" (O Preço da Liberdade: Pagando pelas Guerras da América, em tradução livre).
Em termos de custos por soldado, as guerras em curso parecem ser as mais caras desde sempre, de acordo com Todd Harrison, pesquisador sênior de estudos de orçamento de defesa do Centro de Avaliação Estratégica e Orçamentária. Trabalhando independentemente do Pentágono e do estudo do Congresso, e utilizando cálculos com base no número de soldados comprometidos com o atual comportamento real de guerra a qualquer momento, ele estima que o custo anual é hoje de US$1,1 milhões por homem ou mulher em uniforme no Afeganistão versus US$ 67 mil por ano, ajustados, para cada soldado ativo na Segunda Guerra Mundial e US$ 132 mil no Vietnã.
Embora a tecnologia seja o fator de condução, juntamente com a despesa de logística de equipamentos que se deslocam sobre o terreno traiçoeiro do Afeganistão, os custos por soldado também subiram por causa do preço da manutenção de uma melhor formação e maiores salários. "Nós já não pegamos qualquer um na rua e o enviamos para a guerra como fazíamos no passado", disse Harrison.
Um último relato é encontrado nestes números: um cálculo rápido mostra que os Estados Unidos estiveram em guerra durante 47 dos seus 230 anos, ou 20% da sua história. Dito de outra forma, os americanos estiveram em guerra durante um em cada cinco anos.
"Você sabe, é uma surpresa para mim que este coeficiente seja tão alto", disse Daggett, que tem se concentrado no custo e não na duração das guerras. "Você geralmente acredita que a guerra não é o estado normal [de um país]."
FONTE: reportagem de Elisabeth Bumiller publicada no “The New York Times” e reproduzida no site “Defesanet” [título, imagem e parágrafo entre colchetes colocados por este blog].
GUERRA DO AFEGANISTÃO: UM ENIGMA E QUATRO HIPÓTESES
A Guerra do Afeganistão se transformou numa incógnita para os analistas políticos e militares. Hoje está claro que os Talibãs não participaram dos atentados de 11 de setembro, nos EUA, e eles estão cada vez mais distantes da Al-Qaeda e das redes terroristas cuja liderança e sustentação estão, sobretudo, na Somália, no Yemen, e no Paquistão.
José Luís Fiori
“Whenever western leaders ask themselves the question, why are we in Afghanistan, they come up with essentially the same reply: “to prevent Afghanistan becoming a failed state and haven for terrorists”. Yet there is very little evidence that Afghanistan is coming stable. On the contrary, the fighting is intensifying, casualities are mounting and the Taliban are becoming more confident.” Gideon Rachman, Financial Times, 26 de junho de 2010.
A superioridade numérica e tecnológica das forças americanas, e da OTAN, com relação aos guerrilheiros talibãs do Afeganistão, é abismal. No entanto, a situação estratégica dos EUA e dos seus aliados, depois de nove anos de guerra, vem piorando a cada dia que passa. Em apenas um mês, o presidente Obama foi obrigado a demitir, por insubordinação, o famoso Gal. Stanley McChystal, que ele havia nomeado, e que era o símbolo da “nova” estratégia de guerra do seu governo. E agora enfrenta um dos mais graves casos de vazamento de informação da história militar americana, com detalhes sanguinários das tropas americanas, e acusações de que o Paquistão - seu principal aliado – é quem prepara e sustenta os guerrilheiros talibãs.
Depois do envio de mais 30 mil soldados americanos, em 2010, a situação militar dos aliados não melhorou; os ataques talibãs são cada vez mais numerosos e ousados; e o numero de mortos é cada vez maior. Por outro lado, o apoio da opinião publica americana e mundial é cada vez menor, e alguns dos principais aliados dos EUA, como a Holanda e o Canadá, já anunciaram a retirada de suas tropas, e a própria Grã Bretanha, vem sinalizando na mesma direção. Faz algum tempo, o general americano, Dan McNeil, antigo comandante aliado, declarou à revista alemã Der Spiegel, que seriam necessários 400 mil soldados para ganhar a guerra, e talvez por isto, quase ninguém mais acredite na possibilidade de uma vitória definitiva.
Por outro lado, o governo do presidente Hamid Karzai está cada vez mais fraco e corrompido pelo dinheiro da droga e da ajuda americana, a sociedade afegã está dividida entre seus “senhores da guerra”, e o atual estado afegão só se sustenta com a presença das tropas estrangeiras.
E por fim, a luta no Afeganistão, contra as redes terroristas e contra o al-Qaeda de Bin Laden também vai mal, e está sendo travada no lugar errado. Hoje está claro que os Talibãs não participaram dos atentados de 11 de setembro, nos EUA, e eles estão cada vez mais distantes da Al-Qaeda e das redes terroristas cuja liderança e sustentação estão sobretudo, na Somália, no Yemen, e no Paquistão. E quase todos os estrategistas consideram que seria mais eficaz a retirada das tropas e o rastreamento e controle à distância das redes terroristas que ainda existam no território talibã.
Resumindo: a possibilidade de vitória militar é infinitesimal; os talibãs não defendem ataques terroristas contra os EUA e não dispõem de armas de destruição de massa; e não existem interesses econômicos estratégicos no território afegão. Por isso, a Guerra do Afeganistão se transformou numa incógnita para os analistas políticos e militares.
Do nosso ponto de vista, entretanto, a explicação da guerra e qualquer prospecção sobre o seu futuro requerem uma teoria e uma análise geopolítica de longo prazo, sobre a dinâmica das grandes potências que lideram ou comandam o sistema mundial, desde sua origem na Europa, nos séculos XV e XVI. Em síntese:
i) Nesse sistema mundial “europeu”, nunca houve nem haverá “paz perpétua”, porque se trata de um sistema que precisa da preparação para guerra e das próprias guerras para se ordenar e expandir;
ii) Nesse sistema, suas “grandes potências” sempre estiveram envolvidas numa espécie de guerra permanente. E no caso da Inglaterra e dos EUA, eles começaram – em média - uma nova guerra a cada três anos, desde o início da sua expansão mundial;
iii) Além disso, este mesmo sistema sempre teve um “foco bélico”, uma espécie de “buraco negro”, que se desloca no espaço e no tempo e que exerce uma força destrutiva e gravitacional sobre todo o sistema, mantendo-o junto e hierarquizado. Depois da Segunda Guerra Mundial, este centro gravitacional saiu da própria Europa e se deslocou na direção dos ponteiros do relógio: para o nordeste e sudeste asiático, com as Guerras da Coréia e do Vietnã, entre 1951 e 1975; e depois, para a Ásia Central, com as Guerras entre o Irã e o Iraque, e contra a invasão soviética do Afeganistão, durante a década de 80; com a Guerra do Golfo, no início dos anos 90; e com as Guerras do Iraque e do Afeganistão, nesta primeira década do século XXI.
iv) Deste ponto de vista, se pode prever que a Guerra do Afeganistão deverá continuar, mesmo sem perspectiva de vitória, e que os EUA só se retirarão do território afegão, quando o “epicentro bélico” do sistema mundial puder ser deslocado, provavelmente, na mesma direção dos ponteiros do relógio. “
FONTE: escrito por José Luís Fiori, cientista político, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicado no site “Carta Maior”[imagem colocada por este blog].
A INTEMPESTIVA LÓGICA DE URIBE
“A poucos dias do fim de seu mandato, presidente colombiano monta uma provocação contra a Venezuela. Para além das articulações com os EUA, Uribe está de olho no jogo político interno. o novo presidente não é uma sombra de seu antecessor, mas membro destacado das classes dominantes locais. Para estas, Uribe cumpriu um bom papel, mas seria apenas um novo rico emergente. Sabendo do jogo e com receio de sair definitivamente de cena num momento em que a elite tradicional reassume o centro do palco, Uribe resolveu imprimir sua marca para continuar presente na disputa política local. O artigo é de Gilberto Maringoni.
Gilberto Maringoni
A ruidosa ofensiva desencadeada pelo presidente colombiano Álvaro Uribe contra a Venezuela, a poucos dias do final de seu mandato, pode ser debitada a pelo menos dois fatores que se completam.
O primeiro e mais evidente diz respeito ao papel crescente que a Colômbia vem desempenhando na geopolítica regional como o de fiel representante dos interesses dos Estados Unidos. Para isso, o país tem de se contrapor de maneira firme aos governos progressistas na região.
Como não seria produtivo estabelecer uma oposição em bloco a Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai e Uruguai, Uribe elegeu seu alvo: Venezuela. O vizinho seria responsável por apoiar e abrigar em seu território destacamentos das Farc. As provas para sustentar tal acusação, apresentadas em reunião da OEA, são no mínimo discutíveis. Fotos de pessoas uniformizadas no meio do mato não dizem muita coisa.
ACORDO MILITAR
As relações entre os dois países conheceram altos e baixos nos últimos anos, mas se deterioraram acentuadamente a partir de julho de 2009, quando o presidente colombiano anunciou publicamente o fechamento do acordo de cooperação militar com os Estados Unidos. O ponto principal do entendimento, como se sabe, prevê a instalação de sete bases militares no país, sob a justificativa de que elas possibilitarão “uma oportunidade única para operações de espectro completo em uma sub-região crítica de nosso hemisfério, onde segurança e estabilidade estão permanentemente ameaçadas pelo narcotráfico, patrocinando insurgências terroristas, governos anti-Estados Unidos, pobreza endêmica e desastres naturais recorrentes”. A frase foi tirada do Programa de construção militar, divulgado em outubro do ano passado.
O líder venezuelano Hugo Chávez percebeu que a ameaça se dirigia especialmente contra seu país e bateu duro no tratado. O presidente Lula, ainda em agosto, contatou Barak Obama, pedindo explicações sobre o acordo.
Uribe se isolou entre os países da Unasul, apesar da reunião de chanceleres, realizada quinta, 29 de julho, em Quito, não ter deliberado sobre a questão das disputas entre Colômbia e Venezuela.
Por isso, é vital para a Colômbia levar suas pendências internacionais para outro fórum, a OEA, onde o peso dos Estados Unidos é determinante.
DISPUTAS DOMÉSTICAS
Mas houve também motivações internas para a investida de Uribe, justamente nos dias em que o presidente eleito Juan Manuel dos Santos, em um giro pela Europa, anunciava a vontade de distensionar as relações com o país vizinho.
Quais as razões de Uribe para torpedear qualquer tentativa de aproximação? Santos representaria, de fato, outra linha a ser seguida pela política externa da Colômbia?
Parece pouco provável. O novo mandatário não apenas segue a mesma linha de aproximação com os EUA e de militarização crescente das disputas políticas, como era um dos membros do núcleo duro do governo Uribe, no qual desempenhou a função de Ministro da Defesa.
ONDE ESTARIAM AS DIFERENÇAS ENTRE AMBOS, SE É QUE EXISTEM?
Apesar de toda a proximidade entre ambos, Santos não era o candidato preferido de Álvaro Uribe na disputa presidencial. O candidato dos sonhos de Uribe era Uribe, que não pode entrar na disputa porque a Suprema Corte vetou seu projeto de tentar uma segunda reeleição. Sem um nome viável, Uribe teve de aceitar a postulação de seu Ministro da Defesa, que não teve dificuldades em obter uma vitória eleitoral relativamente tranquila, nas águas da popularidade do presidente da República. Uribe desfruta de altos índices de aceitação no fim de seu mandato, especialmente entre uma população cansada por décadas de violência institucionalizada.
A aliança militar com os EUA foi alicerçada numa forte propaganda, baseada em duas premissas. A primeira era de que as Farc não seriam um grupo guerrilheiro, mas uma organização terrorista, nos moldes da Al Qaeda. A segunda, decorrente da anterior, era a de que numa situação dessas não haveria negociação possível. A solução seria um enfrentamento militar. Com isso, não apenas as forças de segurança do Estado se viram com mãos livres para agir, como os grupos paramilitares de direita contaram com a vista grossa oficial para cometerem qualquer tipo de crime.
Santos foi um dos formuladores dessa política. Sua diferença com Uribe é de outra ordem.
DUAS OLIGARQUIAS
Figura secundária da cena política colombiana até oito anos atrás, o atual presidente era um líder regional, governador de Antioquia, um dos 32 Departamentos do país, e membro da oligarquia local. Foi um firme opositor da política de negociação com a guerrilha, levada a cabo pelo ex-presidente Andrés Pastrana (1996-2002). Com este mote construiu a campanha que o levaria a vitória em 2002.
Juan Manuel dos Santos, por sua vez, é originário de uma linhagem tradicional da burguesia. Seu tio-avô, Eduardo Santos, presidiu o país entre 1938 e 1942. A família é dona do mais importante jornal colombiano, El Tiempo, fundado em 1911 e recentemente vendido ao grupo espanhol Planeta. Por fim, seu primo, Francisco Santos é vice-presidente de Álvaro Uribe. Ou seja, o novo presidente não é uma sombra de seu antecessor, mas membro destacado das classes dominantes locais. Para estas, Uribe cumpriu um bom papel, mas seria apenas um novo rico emergente.
Sabendo do jogo e com receio de sair definitivamente de cena num momento em que a elite tradicional reassume o centro do palco, Uribe resolveu imprimir sua marca para continuar presente na disputa política local. Com todo o beneplácito do Império e da grande imprensa do continente.
UMA NOTA FINAL
Todo o espalhafatoso jogo de cena relatado acima vem bem a calhar a outra figura da direita continental. Pode não haver articulação direta, mas José Serra e seu folclórico candidato a vice pegaram no ar a pauta lançada por Álvaro Uribe. Agora tentam envenenar a campanha presidencial brasileira com a risível acusação de que o Partido dos Trabalhadores estaria “envolvido com as Farc e com o narcotráfico”. Por sorte, o terrorismo eleitoral não pega mais por aqui, apesar de toda a insistência da imprensa brasileira.”
FONTE: escrito por Gilberto Maringoni e publicado no site “Carta Maior”.
LULA: "DIREITA TENTA DAR GOLPE A CADA 24 HORAS"
“DILMA DIZ QUE OPOSIÇÃO TEM "DUAS CARAS"
Em comício com Lula, Dilma diz que oposição tem "duas caras"
Segundo o presidente, "direita tenta dar golpe a cada 24 horas"
Em três horas de comício em Porto Alegre, a candidata do PT Dilma Rousseff afirmou ontem que a oposição tem "duas caras", uma "nas eleições" e outra para "governar".
Já o presidente Lula, que falou depois da candidata à sua sucessão, disse que "a direita tenta dar golpe a cada 24 horas neste país", segundo ele para não permitir que "forças democráticas" governem.
Lula disse ainda que seu mandato foram "oito anos de provocações, ataques e infâmias".
Ao atacar a direita, Dilma falou da oposição que partidos fizeram ao ProUni e ao Bolsa Família.
Sem mencionar o Democratas, falou do "partido que apoia o meu adversário, de onde saiu seu vice", para falar de uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o programa de bolsas para universitários”.(...)
FONTE: publicado na Folha de São Paulo.
MÍDIA ESTRANGEIRA: "RISCO SERRA?"
RISCO SERRA?
No despacho "No Brasil, Serra está perdendo status de favorito do mercado", a Reuters ouve "diversos investidores" e escreve que ele "levanta dúvidas sobre autonomia do Banco Central", câmbio e juros. "Com histórico de intervenção governamental, é ligado à escola que advoga estado forte e controle de capital. "Avisa que "alta nas pesquisas poderia disparar movimentos no mercado".
DINHEIRO CÁ
“O "Wall Street Journal" publicou longa reportagem sobre os lucros das empresas americanas no Brasil, que já "rivaliza com a China" e não enfrenta mais "instabilidade política e dívida estropiante".
Destaca, de um analista, que "não há lugar nenhum do mundo que tenha tido uma mudança tão dramática na classe média como o Brasil, nem a China". Agora "você tem um imenso monte de dinheiro lá". “
FONTE: publicado na coluna “Toda Mídia” de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo.
No despacho "No Brasil, Serra está perdendo status de favorito do mercado", a Reuters ouve "diversos investidores" e escreve que ele "levanta dúvidas sobre autonomia do Banco Central", câmbio e juros. "Com histórico de intervenção governamental, é ligado à escola que advoga estado forte e controle de capital. "Avisa que "alta nas pesquisas poderia disparar movimentos no mercado".
DINHEIRO CÁ
“O "Wall Street Journal" publicou longa reportagem sobre os lucros das empresas americanas no Brasil, que já "rivaliza com a China" e não enfrenta mais "instabilidade política e dívida estropiante".
Destaca, de um analista, que "não há lugar nenhum do mundo que tenha tido uma mudança tão dramática na classe média como o Brasil, nem a China". Agora "você tem um imenso monte de dinheiro lá". “
FONTE: publicado na coluna “Toda Mídia” de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo.
PROFESSOR MARCO AURÉLIO CONTESTA EX-MINISTRO LAMPREIA
“A propósito de nota publicada (28/07), no site Veja.com, o chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, contesta as afirmações atribuídas ao ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia.
“Em 1999, enquanto atendia à solicitação do Instituto Rio Branco para proferir palestra aos alunos do curso de formação de diplomatas, fui convidado pelo então Ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, para uma reunião privada em seu Gabinete, cujo tema principal era a posição de apoio do Brasil à ditadura Fujimori. Naquela ocasião, expressei minha crítica à posição do Governo brasileiro, em especial à postura adotada naqueles dias pelo Itamaraty, em relação às eleições fraudulentas no Peru. O Ministro Lampreia tomou a iniciativa de consultar-me, ainda, sobre outros temas da realidade da América do Sul. Em resposta a meu interlocutor, expressei o ponto de vista de que o Brasil deveria desempenhar um papel mais ativo na região e citei, como exemplo, a atuação do Grupo de Contadora, que fora de grande utilidade para pacificar situações de conflito como as de El Salvador, Nicarágua e Guatemala.
Em nenhum momento ofereci préstimos pessoais ou do Partido dos Trabalhadores para negociações com as FARC, até porque, naquela conjuntura, não existiam, como não existem até hoje, quaisquer relações com aquela organização. O que efetivamente sugeri ao Ministro Lampreia – e ressalto uma vez mais que o fiz a pedido dele – é que o governo brasileiro deixasse de ser omisso e procurasse contribuir para equacionar os conflitos na região.
A conversa que mantive com Lampreia foi extremamente cordial, a despeito de diferenças de apreciação normais que tínhamos sobre a situação no continente. Acredito que o ex-ministro tenha tido um lapso de memória, pois estávamos a sós, sem tomador de notas na sala. A única explicação razoável que tenho para as afirmações do ex-ministro é que tenha tido um lapso de memória”.
Marco Aurélio Garcia, chefe da Assessoria Especial da Presidência da República
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/).
“Em 1999, enquanto atendia à solicitação do Instituto Rio Branco para proferir palestra aos alunos do curso de formação de diplomatas, fui convidado pelo então Ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, para uma reunião privada em seu Gabinete, cujo tema principal era a posição de apoio do Brasil à ditadura Fujimori. Naquela ocasião, expressei minha crítica à posição do Governo brasileiro, em especial à postura adotada naqueles dias pelo Itamaraty, em relação às eleições fraudulentas no Peru. O Ministro Lampreia tomou a iniciativa de consultar-me, ainda, sobre outros temas da realidade da América do Sul. Em resposta a meu interlocutor, expressei o ponto de vista de que o Brasil deveria desempenhar um papel mais ativo na região e citei, como exemplo, a atuação do Grupo de Contadora, que fora de grande utilidade para pacificar situações de conflito como as de El Salvador, Nicarágua e Guatemala.
Em nenhum momento ofereci préstimos pessoais ou do Partido dos Trabalhadores para negociações com as FARC, até porque, naquela conjuntura, não existiam, como não existem até hoje, quaisquer relações com aquela organização. O que efetivamente sugeri ao Ministro Lampreia – e ressalto uma vez mais que o fiz a pedido dele – é que o governo brasileiro deixasse de ser omisso e procurasse contribuir para equacionar os conflitos na região.
A conversa que mantive com Lampreia foi extremamente cordial, a despeito de diferenças de apreciação normais que tínhamos sobre a situação no continente. Acredito que o ex-ministro tenha tido um lapso de memória, pois estávamos a sós, sem tomador de notas na sala. A única explicação razoável que tenho para as afirmações do ex-ministro é que tenha tido um lapso de memória”.
Marco Aurélio Garcia, chefe da Assessoria Especial da Presidência da República
FONTE: Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/).
URIBE: "APENAS ALGUNS DIAS..."
[MÍDIA BRASILEIRA CRITICA LULA]
Na manchete da Folha.com e do "JN", "Uribe deplora Lula". O brasileiro havia avaliado a crise entre Colômbia e Venezuela como "conflito verbal" e evitou responder.
[MÍDIA ESTRANGEIRA CRITICA URIBE]
A Reuters despachou, da reunião da Unasul, que "Sul-americanos tentam encerrar divisão", citando a crítica [de Uribe] a Lula como de "um conservador que fala cada vez mais asperamente conforme seu poder chega ao fim".
Também o correspondente do "Washington Post", Juan Forero, relacionou as ações recentes de Álvaro Uribe com o fato de que está "com apenas alguns dias restando na presidência".
O "El País" deu artigo destacando a avaliação de que "é preciso esperar Juan Manuel Santos", que toma posse na semana que vem, "para ver se o enfrentamento é política de Uribe ou de Estado".
FONTE: publicado na coluna “Toda Mídia” de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo [entre colchetes colocados por este blog].
NEUROCIENTISTA BRASILEIRO RECEBE US$ 2,5 MI PARA APROFUNDAR PESQUISAS
Dedicação. Nocolelis faz pesquisa no Instituto Internacional de Neurociência de Natal
“Miguel Nicolelis é o primeiro pesquisador do País a ganhar o “Pioneer Award”, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos.
Entregue ao longo de cinco anos, dinheiro será empregado no estudo do sistema nervoso e da interação cérebro-máquina.
O neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis foi um dos escolhidos este ano para receber o prêmio Pioneiro, um dos mais prestigiados dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês). Criado em 2004, o ‘Pioneer Award’ financia projetos considerados visionários e de alto risco nas áreas de biomedicina e comportamento.
Nicolelis, professor e pesquisador do Departamento de Neurobiologia da Universidade Duke, na Carolina do Norte, receberá US$ 2,5 milhões (R$ 4,4 milhões) ao longo de cinco anos para aprofundar suas pesquisas sobre o funcionamento do sistema nervoso e a interação cérebro-máquina. O objetivo do prêmio, segundo o NIH, é estimular inovações futuras e não premiar resultados do passado. "É para fazer coisas do futuro mesmo; não só ciência incremental", disse Nicolelis ao Estado.
Com vários trabalhos pioneiros publicados em revistas internacionais nos últimos anos, ele desenvolve sistemas que permitem controlar máquinas por meio de comandos cerebrais, usando eletrodos implantados no cérebro e conectados a um computador.
O objetivo final é que pacientes vítimas de lesões ou doenças neuronais possam controlar robôs, ou qualquer outro aparato eletrônico, apenas com o cérebro. Um tetraplégico, por exemplo, poderia controlar um braço robótico para pegar objetos ou escrever textos numa tela usando apenas o pensamento.
Outra estratégia é o desenvolvimento de neuropróteses, conectadas ao cérebro, que poderiam ser vestidas pelo paciente.
AVATAR
Resultados experimentais promissores já foram obtidos com seres humanos, mas o aparato ainda era grande e complexo demais. O desafio é tornar o sistema mais seguro, dinâmico e prático, para que possa ser aplicado clinicamente.
A pesquisa, no momento, está sendo feita com macacos resos, inseridos em um ambiente virtual, no qual eles podem manipular objetos e interagir com outros macacos digitais (avatares), usando apenas comandos cerebrais. "Eles se relacionam com os avatares como se fossem macacos da mesma colônia", diz Nicolelis. Os comandos nervosos são transmitidos por telemetria (wireless) dos eletrodos no cérebro para um computador, que registra tudo e controla o que acontece no mundo digital.
"Com o dinheiro do prêmio, queremos desenvolver um sistema que possa ser carregado todo dentro de uma mochila", diz o cientista.
Toda a tecnologia usada nos experimentos é desenvolvida no próprio laboratório. O sistema consegue captar os impulsos de quase mil neurônios."Achamos que com 20 mil a 30 mil neurônios já será possível controlar uma prótese de corpo inteiro", prevê.
Nicolelis tem também vários projetos no Brasil. O principal deles é o ‘Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra’, que ele fundou em 2004. O dinheiro do prêmio, porém, só poderá ser usado na Universidade Duke, que receberá outro US$ 1,25 milhão para dar suporte à pesquisa com infraestrutura e equipamentos.
Cerca de 15 cientistas recebem o prêmio anualmente, após um rigoroso processo de seleção. Segundo a Duke, Nicolelis é o primeiro brasileiro agraciado.”
FONTE: publicado no “O Estado de São Paulo”.
SAMUEL PINHEIRO: A AMÉRICA DO SUL (E O BRASIL) EM 2022
“As características da América do Sul – grande riqueza mineral e energética; grandes extensões de terras aráveis não utilizadas; população cada vez mais urbana em processo de estabilização demográfica; regimes políticos estáveis; inexistência e distância geográfica de áreas de conflitos intensos – tenderão a condicionar o papel da América do Sul em um cenário político mundial, em que a disputa pelo acesso a recursos naturais e a alimentos será fundamental.
Por Samuel Pinheiro Guimarães*
Em 2022, quer se queira ou não, devido a razões econômicas, políticas e sociais, o Brasil se encontrará inserido na América do Sul de forma muito mais intensa, complexa e profunda, tanto política quanto economicamente, do que se encontra hoje.
1. A América do Sul é a nossa região, onde nos encontramos e de onde jamais sairemos. O futuro do Brasil depende da América do Sul e o futuro da América do Sul depende do Brasil.
2. A América do Sul é um arquipélago de sociedades e economias separadas pela distância, por obstáculos geográficos e pela herança das políticas coloniais que as isolavam cada uma das demais e que as vinculavam exclusivamente a suas metrópoles, Madri e Lisboa. A histórica e geográfica dificuldade de contatos permanece até hoje, entre os sistemas de transportes, de energia e de comunicações dos distintos países, já de si pouco integrados nacionalmente, levou a um fluxo, que ainda é reduzido, de comércio, de investimentos, de pessoas e de cultura.
A dificuldade de contatos entre os países contribuiu, juntamente com as características de seu desenvolvimento e de sua inserção na economia mundial, para fazer da América do Sul esse arquipélago de sociedades subdesenvolvidas, com elevadíssima concentração de renda, com índices sociais deploráveis, muitas delas primário-exportadoras, tecnologicamente dependentes, militarmente fracas.
3. A América do Sul é um continente rico ao extremo em recursos naturais, tanto em seu solo como em seu subsolo, distribuídos de forma desigual entre os países que a integram. Países de enorme capacidade agrícola ao lado de países importadores de alimentos. Países riquíssimos em energia ao lado de países sufocados pela sua falta. Países de razoável industrialização e outros voltados para a agricultura e a mineração. Países de reduzida dimensão territorial ao lado de outros de grande extensão.
4. As reservas de minérios, as fontes de energia, as terras aráveis, a água, a biodiversidade, constituem um enorme potencial, aproveitado de forma incompleta e muitas vezes predatória. Não foi e não está ele organizado para atender estruturas produtivas avançadas e grandes mercados internos mas, sim, para suprir a demanda de mercados tradicionais, que se originaram e se formaram desde os tempos do comércio colonial e que, hoje, assumem, por vezes, formas quase neocoloniais.
Mesmo naqueles países mais avançados da América do Sul a economia se encontra organizada, em grande parte, para a produção e a exportação de produtos minerais e agrícolas, às vezes processados, e de semi-manufaturados, como se constata pela presença majoritária de produtos primários ou de baixa tecnologia na pauta de exportações de cada país.
5. Sobre essas riquezas do solo e do subsolo, em um território de 18 milhões de km2, vivem e trabalham 400 milhões de sul-americanos, em permanente mestiçagem, a partir de suas origens africanas, indígenas, européias e asiáticas, com toda sua pujante cultura, com sua unidade linguística ibérica, valor extraordinário quando refletimos sobre o desafio que representam as vinte e três línguas da União Européia, os dezenove idiomas oficiais da Índia e as onze línguas da África do Sul.
Os idiomas indígenas são falados por uma pequena parcela da população da América do Sul, ainda que, em certos países, sejam eles muito importantes por representarem a expressão viva de culturas e de valores de civilizações distintas daquelas implantadas e mantidas, pela força, pelos colonizadores europeus e seus descendentes.
6. A religião predominante, em especial nos países sul-americanos hispânicos, e em suas classes mais altas, é o catolicismo, enquanto avança com grande rapidez, a influência das igrejas evangélicas nas camadas mais pobres da população e, mais recentemente, nas classes médias, em especial no Brasil. A aprovação, há poucos anos, em muitos países da região de legislação sobre o divórcio e a longa sobrevivência da vinculação entre a Igreja e o Estado revelam a importância social e política do catolicismo em quase todos os países.
7. A própria intensidade da miscigenação nas sociedades da América do Sul, fenômeno de que participam indígenas, afro-descendentes, euro-descendentes, árabes, judeus e asiáticos, torna hoje difícil a emergência de manifestações agressivas de racismo e de discriminação, assim como de conflitos de natureza religiosa mais aguda.
8. Os 400 milhões de sul-americanos se encontram predominantemente em cidades, em metrópoles grandes e médias, em cujas periferias grassam a pobreza, a mortalidade infantil, a violência, as drogas, a desintegração familiar, a subnutrição, o desemprego e o subemprego, as doenças e o analfabetismo.
São essas populações, excluídas e pobres, que correspondem à enorme maioria da população de cada país, que fazem da América do Sul o continente mais desigual do planeta. A pobreza, o desemprego, os baixos salários e a violência provocam a emigração de grandes contingentes de sul-americanos que enfrentam dificuldades extremas em busca de oportunidades nos Estados Unidos e na Europa.
Em contraposição às metrópoles e a suas periferias, se encontram os grandes vazios demográficos da Amazônia, dos Andes e da Patagônia onde populações dispersas têm difícil e escasso acesso a bens públicos de toda ordem, tais como hospitais, escolas, esgotos, luz e transporte.
ECONOMIA
9. Característica primeira das sociedades sul-americanas é o elevadíssimo grau de concentração de renda e de riqueza. Esta concentração pode ser medida pelo fato de que nos países da região, exclusive o Chile e o Uruguai, o número de habitantes abaixo da linha de pobreza se encontra entre 20% e 60% da população.
Esses frios percentuais de concentração de renda e de riqueza correspondem a altos índices de desnutrição, de mortalidade infantil, de analfabetismo, e à ausência de saneamento, de capacitação profissional, que são a causa, mas também a conseqüência, de baixos níveis de renda per capita e de pequenos mercados para bens de maior complexidade.
10. Naqueles países sul-americanos não mineradores, a agricultura em geral se divide em quatro grandes setores: a agricultura familiar, muitas vezes de baixa produtividade, em pequenas propriedades, orientada para a subsistência e o mercado interno; a agricultura comercial em grande escala, mecanizada, voltada principalmente para o mercado internacional, e dividida em agricultura tropical e temperada; a pecuária bovina extensiva e a avicultura moderna.
11. A indústria se encontra distribuída de forma muito desigual entre os países da América do Sul. Este fato decorre, em parte, das diferentes dimensões de seus mercados internos e, em parte, da adoção de políticas comerciais neoliberais que dificultaram a emergência e sustentabilidade de processos nacionais de industrialização.
Assim, em geral, os países sul-americanos não dispõem de siderurgia, metalurgia ou petroquímica significativas, e não dispõem de indústrias de bens de capital, fundamentais para um setor industrial que seja capaz de se expandir e absorver contingentes crescentes de mão de obra. Unidades de produção de bens de consumo leves e de manufaturas simples, como têxteis e calçados, são a característica de muitos desses parques industriais.
A diversificação e a sofisticação competitiva da indústria e sua importância na economia de um país podem ser aferidas pela participação dos manufaturados no total das suas exportações. Na América do Sul, esta participação somente atinge valor superior a quinze por cento em quatro países. O baixo nível de consumo per capita de energia elétrica na região é um outro indicador importante do baixo nível de industrialização das economias nacionais e do reduzido consumo per capita de aparelhos eletrodomésticos.
12. Uma característica importante das economias sul-americanas é a pequena densidade e a ineficiência logística e energética dos sistemas de transporte que fazem com que as economias nacionais sejam pouco integradas e a produção se faça a custos elevados, fatos que, aliados à concentração de renda, contribuem para fazer pequeno e pouco dinâmico o mercado interno de cada país e para dificultar a exportação de manufaturados.
13. Em grande síntese, as estruturas econômicas nacionais da região se caracterizam por grandes complexos exportadores de minérios e de produtos agrícolas ao lado de setores industriais de pequena dimensão e de baixa eficiência, que se dedicam ao processamento de matérias primas locais para o mercado local, tais como têxteis e alimentos, com a exceção de situações específicas como a do Brasil e a da Argentina, que têm parques industriais amplos e complexos.
Mas todos eles, dos menores aos maiores, ameaçados e atingidos periodicamente por políticas neoliberais de abertura comercial indiscriminada e radical, por políticas cambiais que utilizam as importações para controlar a inflação, e, agora, pela concorrência avassaladora da China que afeta a integração comercial regional.
POLÍTICA
14. Sobre essa infraestrutura econômica e social, e com ela interagindo de forma intensa e inseparável, há uma superestrutura e uma dinâmica política, em que se entrechocam seis fenômenos: a hegemonia das elites tradicionais, os latentes ressentimentos históricos, a emergência política de movimentos indígenas, a difusa influência americana, as novas presenças espanhola e chinesa e as reiteradas tentativas de integração econômica e de coordenação política.
15. Até recentemente, ínfimas elites exerciam o controle dos sistemas políticos e econômicos nos países da América do Sul. O elevado grau de concentração de poder político e de controle do Estado se exercia, e ainda se exerce, através do sistema financeiro e da mídia, garantindo a apropriação por essas elites de grandes parcelas das rendas nacionais.
Nos segmentos mais conservadores dessas elites existe uma tendência latente ao autoritarismo que emerge com força sempre que se sentem ameaçadas na posse e gozo de seus privilégios e na medida em que assistem (e resistem) à ascensão econômica e política das massas historicamente excluídas da população.
Sempre que o controle do Estado (ou ainda que apenas de parte do Estado) lhes escapa, como vem ocorrendo em alguns países, sua reação é agressiva, procurando desqualificar os governos de origem popular através de campanhas midiáticas intensas, acusando-os de populistas, ineficientes, irresponsáveis, demagógicos e, afinal, autoritários.
16. Na dinâmica política da América do Sul os ressentimentos entre os Estados têm papel relevante. Sua origem se encontra em conflitos de um passado, às vezes remoto, às vezes recente, tais como a Guerra da Tríplice Aliança; os conflitos de formação dos Estados no Prata e da desintegração da Grã Colômbia; a Guerra do Pacífico; a Guerra do Chaco; e os conflitos entre Equador e Peru.
Nas sociedades sul-americanas essas recordações do passado se encontram subjacentes à política interna e externa dos países e re-emergem diante de divergências do presente, aguçando-as e exacerbando-as. Esses ressentimentos e as assimetrias dificultam as iniciativas de integração comercial e ainda mais aquelas de integração econômica e de coordenação política na região.
17. A presença americana é um fator relevante na vida econômica, política, cultural e social da América do Sul. A América Latina e a América do Sul foram sempre consideradas zona de influência americana incontestável, tanto pelos Estados Unidos como pelas Grandes Potências de cada época. Esta é uma convicção arraigada na sociedade, no Estado, na academia e na política americana, desde que o Presidente James Monroe enunciou a Doutrina Monroe, em 1823.
18. Os Estados Unidos sempre pretenderam alinhar a América do Sul com suas políticas, primeiro quanto à Santa Aliança, depois em relação à influência inglesa e francesa e mais tarde na Guerra contra o Eixo. Esta zona de influência viria a receber uma estruturação política com a criação da OEA, em 1948.
Ao longo da história, em especial a partir do início da liderança econômica mundial dos Estados Unidos após a Guerra de Secessão, as elites dos países sul-americanos sempre nutriram a esperança de, em troca de seu apoio político aos Estados Unidos, virem a se beneficiar do auxílio americano para o seu desenvolvimento, como ocorrera com os países europeus, inclusive inimigos, após a Segunda Guerra Mundial. A Revolução Cubana aguçou a política americana de enquadramento da América do Sul (e Latina) contra Cuba, o comunismo e o desafio à Doutrina Monroe, lançado pela União Soviética.
19. Do ângulo econômico, os Estados Unidos têm tido como um dos objetivos permanentes de sua política externa criar uma área de livre comércio das Américas. Em 1889, na I Conferência Internacional Americana, em Washington, os Estados Unidos apresentaram a proposta, que não foi aceita, de criação de uma área de livre comércio das Américas, que teria como moeda única o dólar.
Em 1948, na IX Conferência Internacional Americana, que criou a OEA, foi apresentada proposta semelhante. Esta proposta de livre comércio seria retomada em diversas ocasiões e em especial pelos Presidentes Clinton e Bush.
20. Diante das dificuldades e da recusa dos principais países da América do Sul, Brasil e Argentina, em negociar a constituição de uma área de livre comércio nas condições desejadas pelos Estados Unidos, estes passaram a expandir a sua influência econômica na região através de acordos bilaterais de livre comércio, que já celebraram com o Chile, o Peru e a Colômbia.
Esses acordos estabelecem limitações à execução de políticas de desenvolvimento em todas as áreas, desde os bens aos serviços, aos investimentos e à propriedade intelectual. Além de criar essas limitações, esses acordos de livre comércio têm, como uma de suas consequências, tornar impossível a formação de uma união aduaneira da América do Sul.
21. A presença americana é importante no comércio, nos investimentos, nas finanças, nos meios de comunicação e na identidade ideológica das elites tradicionais com os ideais econômicos, políticos e culturais norteamericanos. Em cada país da América do Sul a presença americana é mais intensa e forte do que a de qualquer outro país seja ele da região ou não.
Permeando o ambiente social da região, há uma influência extraordinária da cultura americana, a qual se exerce através do cinema, da televisão e do rádio, meios de comunicação controlados por grandes empresas e que atingem todos os segmentos das sociedades sul-americanas.
22. Há duas crescentes presenças econômicas, e potencialmente políticas, na América do Sul: a espanhola e a chinesa. A influência espanhola se articula a partir da queda de Franco, da redemocratização e do ingresso da Espanha na União Européia. A queda de Franco extinguiu o estigma ditatorial do país, a redemocratização foi saudada como um modelo para a América Latina, e seu ingresso na União Européia lhe conferiu respeitabilidade e gerou o mito de que a Espanha seria uma porta de entrada da América Latina na Europa.
As políticas de privatização criaram a oportunidade para grandes empresas espanholas se introduzirem nos mercados da América do Sul. Politicamente, a Espanha articulou o processo de criação da Iberoamérica, aproveitando as comemorações do Descobrimento e Conquista das Américas, a que chamou de Encontro de Civilizações.
Sendo a Espanha um país de industrialização recente, sua influência na região, entretanto, em especial com a crise de 2008, não se tem expandido, inclusive pela sua incapacidade - por seu próprio peso na União Européia - em se tornar um porta voz eficaz das aspirações sul-americanas.
23. A presença chinesa é ainda incipiente e ocorre principalmente na área do comércio exterior, em que a China se afirma como destino de matérias primas sul-americanas e como origem de produtos manufaturados de baixo preço. Para muitos países da América do Sul, a China se tornou o primeiro ou segundo parceiro comercial. Esta presença chinesa tende a atingir de forma negativa os incipientes parques industriais da região, mesmo aqueles dos países mais industrializados, como o Brasil e a Argentina, que as normas da OMC dificultam proteger.
Porém, as importações de produtos chineses de baixo preço tendem a ser consideradas importantes no combate à inflação, conduzido, por vezes, por administradores conservadores e os que os apóiam, especialmente os setores rentistas das sociedades. A presença das grandes empresas chinesas como investidoras já se expande rapidamente. A presença comercial, financeira e investidora da China na América do Sul certamente terá repercussões sobre a influência americana, política e econômica, na região.
24. Um derradeiro, mas importante, fenômeno no cenário político sul-americano é a emergência dos povos indígenas. As populações indígenas e as populações mestiças são especialmente importantes na Bolívia, no Peru, no Equador e no Paraguai, países nos quais, em conjunto, chegam a representar mais de setenta por cento da população.
Essas populações indígenas e mestiças, vítimas de um longo e cruel passado de opressão, procuram reconstruir a sua identidade cultural e participar de forma cada vez mais intensa da política, onde os regimes democráticos lhes possibilita alcançar o poder. Este fenômeno indígena se concentra nos países andinos, tem especial impacto sobre as políticas de exploração de minérios e vem a influenciar a política interna e externa de todos os países da região.
A INTEGRAÇÃO ECONÔMICA E A COORDENAÇÃO POLÍTICA
25. A integração comercial, econômica e política da América do Sul e da América Latina tem sido um objetivo estratégico, ainda que muitas vezes utópico e retórico, a que se contrapôs, historicamente, a idéia do pan-americanismo e da integração continental.
26. Do ângulo político, as relações entre a América anglo-saxônica e a América Latina, em especial a América Central e o Caribe, foram, durante longo tempo, conflitivas e ressentidas, na medida em que a grande expansão territorial dos Estados Unidos se fez pela conquista de metade do território mexicano e em que a expansão de sua influência política levou à intervenção militar em países do Istmo, à criação da Zona do Canal, e à guerra com a Espanha, que resultou na ocupação de Cuba e na conquista de Porto Rico.
27. A extraordinária expansão econômica e política dos Estados Unidos provocou uma reflexão sobre o atraso relativo dos países da América Latina e do Sul.
28. Após a Segunda Guerra, estudos da Comissão Econômica para a América Latina - CEPAL concluíram que as principais razões desse atraso relativo seriam a não-integração dos mercados e a não-industrialização. Demonstrou a CEPAL que a inserção tradicional das economias latino-americanas na economia (e na política) internacional não tinha propiciado o seu desenvolvimento. Seria necessário, assim, desenvolver políticas de integração física e comercial dos mercados latinoamericanos para permitir e estimular a sua industrialização.
29. A partir dessa idéia, muitas foram as iniciativas de integração. Em 1960, foi criada a Associação Latino Americana de Livre Comércio - ALALC que, em 1980, foi transformada em Associação Latino Americana de Integração - ALADI. A Comunidade Andina foi criada em 1968 e o Mercado Comum Centro Americano - MCCA em 1960. Mais tarde, em 1985, após a redemocratização na Argentina e no Brasil, iniciou-se o processo que levaria à criação do Mercosul em 1991.
A criação de uma ALCSA (Área de Livre Comércio Sul-Americana) proposta pelo Brasil em 1994, tinha como objetivo a negociação de acordos entre o Mercosul e os países da CAN que permitissem construir uma área de livre comércio no continente. De outro lado, foram de importância pioneira as reuniões de Presidentes sul-americanos e a constituição da Iniciativa de Integração Regional Sul Americana - IIRSA, cujo objetivo era definir os grandes eixos de integração da infraestrutura.
30. Essas iniciativas de integração comercial dos países da América do Sul sempre foram dificultadas pela escassez de meios de transporte; pela competição entre suas exportações agrícolas e minerais; pelo baixo nível de industrialização, que limitava a pauta de produtos exportáveis; por políticas protecionistas; pela competição dos países já industrializados e, mais recentemente, pela ideologia e prática liberal de suas elites econômicas e políticas.
31. A esses esforços de integração no âmbito latino americano, vieram se sobrepor as iniciativas de integração continental. Em 1987, os Estados Unidos haviam celebrado um acordo de livre comércio com o Canadá e quando da renegociação deste acordo, em 1992, o México propôs uma negociação trilateral, que viria resultar no North America Free Trade Área, o Nafta, em 1994.
32. Este acordo teve grande importância para as negociações econômicas internacionais. Pela primeira vez um país subdesenvolvido importante negociava um acordo de livre comércio, abdicando da reivindicação de tratamento especial e diferenciado, i.e. aceitava negociar de igual para igual com parceiros desenvolvidos e muito mais poderosos. Esta drástica reorientação da política externa mexicana iria afetar o comportamento de muitos países subdesenvolvidos em suas negociações com os países desenvolvidos e iria afetar suas relações com os países sul-americanos.
33. Por outro lado, o ATPDEA (Andean Trade Promotion and Drug Eradication Act), aprovado pelo Congresso americano, concedia entrada livre de impostos para produtos dos países andinos no mercado americano em troca da execução de programas de erradicação das plantações de coca e de combate ao tráfico de drogas.
Essa concessão americana, inicialmente por cinco anos, sem reciprocidade, criou em cada um dos países andinos fortes interesses comerciais no mercado americano. Ao final do prazo de vigência da lei, os Estados Unidos propuseram a negociação de acordos bilaterais de livre comércio, muito mais amplos devido à inclusão de muitos outros temas, com base no modelo do Nafta, agora, porém, com reciprocidade.
34. Na I Cúpula das Américas, em 1994, os Estados Unidos propuseram a negociação de uma Área de Livre Comércio das Américas que incluiria a livre circulação de bens; a liberalização dos serviços; a livre circulação de capitais financeiros e de investimentos diretos; a adoção de regras comuns sobre propriedade intelectual, mas que não previa o livre comércio para produtos agrícolas nem a livre circulação de pessoas.
35. Em 2004, a Venezuela lançou a ALBA – Aliança Bolivariana para a América, em contraposição à ALCA e que se propõe a celebração de acordos de comércio e de cooperação econômica entre os países que a constituem: Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia, Dominica, Antígua e Barbuda, Nicarágua, São Vicente e Granadinos.
36. O movimento bolivariano, cujo líder é a Venezuela, tem como um de seus objetivos rever as relações dos países sul-americanos, em especial os andinos, com os Estados Unidos, com base na diversificação de suas economias, na industrialização, em políticas de afirmação das populações indígenas. A este movimento, que corresponde a políticas mais firmes em relação às empresas multinacionais que se dedicam à exploração de recursos minerais, se opõem especialmente os países que celebraram acordos de livre comércio com os Estados Unidos, o que gera novas tensões na região.
COORDENAÇÃO POLÍTICA
37. A coordenação política entre os países sul-americanos tem sua origem mais remota no Pacto do ABC, entre Brasil, Argentina e Chile, ao tempo do Barão do Rio Branco, renovado ao tempo de Getúlio Vargas e Perón. É preciso notar que os escassos laços físicos de transporte, a falta de ligações aéreas, o comércio reduzido e os ressentimentos históricos fizeram muito tênues, durante longo tempo, as relações entre os países da América do Sul, em especial entre os países andinos e ao Norte e os do Cone Sul e, portanto, débeis as possibilidades de coordenação.
38. Os conflitos e guerras civis na América Central fizeram surgir o Grupo de Contadora, formado por México, Venezuela, Colômbia e Panamá para propiciar as negociações de paz. Mais tarde, formou-se o Grupo de Apoio a Contadora, integrado por Brasil, Argentina, Uruguai e Peru. Esses oito países vieram a constituir o núcleo do futuro Grupo do Rio, até recentemente o principal mecanismo de coordenação política na América Latina e de que participavam os países da América do Sul.
39. A iniciativa mais recente de coordenação política entre os países da região é a UNASUL, União das Nações Sul-Americanas, cujo principal objetivo é a cooperação e a coordenação política. Foi criado um Conselho de Defesa e um Conselho sobre Drogas e a UNASUL demonstrou sua eficácia por ocasião da crise política interna da Bolívia.
Mais recentemente, a Conferência de Chefes de Estado da América Latina e do Caribe viria a ser a primeira reunião, sem a participação de outros países, dos Presidentes latino-americanos, um marco na história da coordenação política da América Latina.
PARADOXO
40. Um terrível, angustiante e desafiador paradoxo existe na América do Sul: um continente extremamente rico em recursos minerais, em energia, em potencial agrícola, em biodiversidade, em que se encontram sociedades que ostentam níveis extraordinários de pobreza e de exclusão, ao lado de riqueza excessiva e ostentatória.
41. Este paradoxo é um desafio. Suas causas históricas se encontram na natureza das relações entre as colônias, que se tornaram os países da América do Sul, e as metrópoles subdesenvolvidas, Portugal e Espanha, que ficaram praticamente à margem do Renascimento, do Iluminismo e da Revolução Industrial.
Essas metrópoles chegaram a proibir, em benefício do monopólio comercial, os incipientes esforços de industrialização nas colônias, e organizaram os seus sistemas políticos e econômicos, com base no trabalho escravo ou servil, na mineração e no latifúndio agrícola para atender às metrópoles, e dificultaram, pela Inquisição, o progresso cultural e científico das sociedades coloniais. Os efeitos dessas relações coloniais se fazem sentir até hoje nos sistemas sociais, culturais, econômicos e políticos dos países da América do Sul.
42. As dificuldades que têm as sociedades da região em promover o desenvolvimento econômico decorrem, em grande medida, da fragilidade institucional e organizacional de seus Estados. Esta debilidade institucional tem sua causa profunda nas enormes disparidades de renda e de riqueza e na concentração de poder, o que faz com que os sistemas tributários sejam altamente regressivos, com base em impostos indiretos e aduaneiros, e de fraca incidência, o que, em muitos casos, redunda em pequena carga tributária em relação ao PIB.
É importante notar que em alguns países da América do Sul só recentemente se introduziu o imposto sobre a renda. Assim, muitos Estados da região não dispõem de recursos suficientes para organizar e executar programas de construção de sua infraestrutura física e social, e de redistribuição de renda, indispensáveis para reduzir as disparidades extremas e para permitir o desenvolvimento de mercados modernos.
43. Enquanto os Estados têm escassos recursos para construir as bases do desenvolvimento econômico, o capital privado se mostra desinteressado diante da precária infraestrutura física, dos mercados reduzidos e da instabilidade social, sempre latente devido às excessivas disparidades de renda e de riqueza, e do permanente receio da ascensão política, na democracia, de movimentos populares e, portanto, ansiosos em rever as estruturas tradicionais de arrecadação e de alocação de recursos.
As condições sociais e políticas instáveis estimulam os fluxos de capital privado para o exterior, em volumes extraordinários, que reduzem a poupança interna para investimento. No campo político, as grandes disparidades sociais que existem em todos os países fazem com que, em regimes democráticos, candidatos populares venham a ser eleitos ou que candidatos conservadores tenham de anunciar, em seus programas, promessas de políticas sociais importantes.
Nas Assembléias Legislativas, as classes tradicionais são capazes de se fazer representar de forma mais numerosa, o que leva a permanentes tensões políticas com os Executivos e a sérias dificuldades para aprovar a legislação, programas e recursos necessários à implementação de programas sociais amplos e vigorosos.
O BRASIL E A AMÉRICA DO SUL
44. A principal característica geopolítica da América do Sul são as extraordinárias assimetrias que existem entre os doze Estados da região. Essas assimetrias são especialmente significativas entre o Brasil e cada um dos Estados sul-americanos em termos de território, de população e de atividade produtiva. O Brasil tem 50% do território da América do Sul; 50% de sua população; 50% do PIB regional; 50% do seu potencial hidrelétrico; mas também 50% dos analfabetos e 50% da população abaixo da linha de pobreza.
45. O grande desafio para a América do Sul e para o Brasil será a superação das assimetrias entre os Estados da região, promovendo o desenvolvimento daqueles mais atrasados para tornar a região uma grande área econômica, dinâmica e inovadora. Esta assimetria entre os Estados decorre em parte da assimetria territorial, em parte da assimetria demográfica e, em parte, da assimetria crescente entre as economias dos países da região, em termos de dimensão, de diversificação, de sofisticação e de integração.
46. A assimetria territorial faz com que o Brasil, por ter um território bem maior do que os territórios de cada um dos demais países, tenha uma gama mais ampla de recursos do solo e do subsolo e que, assim, tenha a possibilidade de produzir, em seu território, muitos daqueles bens minerais e agrícolas que são produzidos e exportados pelos países vizinhos.
O Brasil, inclusive devido a razões de escala, pode produzir competitivamente tais produtos e muitas vezes, quando não o consegue, surgem no Brasil pressões protecionistas dos setores menos competitivos que solicitam medidas para dificultar sua importação dos países vizinhos.
47. A assimetria demográfica decorre de ter o Brasil metade da população da América do Sul e de ter mais de quatro vezes a população do segundo país, em habitantes, da região. Esta maior população permite ao Brasil, em comparação com os demais países da região, ter um maior mercado interno, diversificar mais sua estrutura produtiva, atrair mais investimentos estrangeiros e ser menos vulnerável a flutuações externas fora de seu controle.
48. O nível de desenvolvimento mais elevado alcançado pelo Brasil expressa a capacidade da sociedade brasileira - de seus trabalhadores, empresários, executivos, profissionais, militares, intelectuais, administradores e políticos - de construir uma estrutura jurídica, administrativa e tributária capaz de organizar a produção e a desenvolver, com razoável sucesso, os recursos do país. Porém, se a sociedade brasileira, por um lado, é aquela que atingiu o nível mais elevado de desenvolvimento e a que apresenta maior potencial entre os Estados da América do Sul, é o Brasil, por outro lado, um dos países da região que apresenta níveis mais elevados de disparidade social.
49. A pauta de exportação de um país é um retrato de sua estrutura produtiva, daquilo que ele consegue produzir competitivamente. Em 1960, todos os países da região tinham sua pauta de exportação dominada por três produtos primários que correspondiam a mais de 70% das exportações de cada país.
De 1960 a 2010 houve considerável diversificação das pautas exportadoras de todos os países, mas este fenômeno foi mais intenso no Brasil. Hoje, os três principais produtos brasileiros de exportação somam 20%. No país em melhor situação após o Brasil os três principais produtos correspondem a 40% da pauta.
50. Esta assimetria tem duas conseqüências de grande importância econômica e política. De um lado, o comércio de cada um dos países com o Brasil tende a ser cronicamente desequilibrado, devido à oferta muito maior de produtos de parte do Brasil e à dificuldade desses países de exportar para o Brasil.
Em segundo lugar, as dimensões maiores da economia brasileira fizeram surgir empresas de maior dimensão, quando comparadas às empresas dos países vizinhos. Essas empresas brasileiras, muito competitivas em sua expansão natural para o exterior, se dirigem primeiro aos países vizinhos, fazendo novos investimentos ou adquirindo empresas locais e, assim, tendem a assumir uma importância cada vez maior na economia de cada Estado vizinho.
51. Pelas suas características territoriais, demográficas e econômicas, e pela sua política externa, o Brasil tem adquirido importância política crescente no cenário internacional. Assim, o Brasil é hoje ator indispensável nas negociações comerciais, tanto agrícolas como industriais; nas negociações ambientais; nas questões energéticas, nos temas de desarmamento e nas negociações de reforma financeira e de reforma política.
Suas dimensões o tornaram de grande interesse para os investimentos das grandes empresas multinacionais que no Brasil estabelecem as bases para suas operações na região. Estas circunstâncias tornam a atuação do Brasil na América do Sul, em outras regiões e nas Nações Unidas de uma relevância cada vez maior, sendo o país cada vez mais chamado a participar de forma mais central em foros de negociação e de articulação política, em comparação com o que ocorre com os países vizinhos.
52. O Brasil tem fronteiras com nove dos doze Estados da região, o que nos faz o terceiro país do mundo em número de vizinhos. Esta situação é um fato, inarredável, que nos coloca, devido às características estruturais, às assimetrias, às tendências da região e às oportunidades e riscos nelas embutidas, graves desafios de política externa e interna.
53. Desafios de política externa, devido às assimetrias entre os Estados da região e aos ressentimentos históricos que, latentes, tendem a dificultar o relacionamento político e econômico entre os países, os quais procuram nos envolver, como aliado ou como mediador, em suas disputas.
A assimetria atual e crescente entre o Brasil e os demais Estados da região faz surgir sempre, em certos círculos, a preocupação com uma eventual hegemonia brasileira ou a suspeita de uma vocação brasileira para o imperialismo ou para o exercício de um sub-imperialismo.
54. Esses desafios são também de política interna. O Brasil, país de dimensões continentais, durante grande parte de sua história se encontrou isolado, devido à distância e à precariedade das comunicações, dos países andinos e dos países que se encontram no litoral norte da América do Sul, ou em situação de rivalidade com aqueles países mais próximos, como os Estados do cone sul, devido à longa história de disputas coloniais entre Espanha e Portugal e suas seqüelas.
Após a Independência, a organização monárquica brasileira diante das repúblicas hispano-americanas, as preocupações das repúblicas hispânicas com as iniciativas de restauração do domínio espanhol, que, supunham, poderiam ter o apoio brasileiro, e, finalmente, os vínculos do Brasil com os países líderes da economia e da política mundial, inicialmente a Inglaterra e, mais tarde, os Estados Unidos, alimentaram atitudes de alheamento, afastamento e desconfiança, recíprocas.
Os preconceitos que ainda sobrevivem na sociedade brasileira em relação aos países vizinhos, decorrentes desse passado de isolamento, de rivalidade e de desconfiança, e, hoje, uma percepção indevida e descabida de superioridade, torna difícil para muitos setores da sociedade brasileira compreender plenamente a importância da América do Sul para o próprio desenvolvimento do Brasil.
55. Todavia, em 2022, quer se queira ou não, devido a razões econômicas, políticas e sociais, o Brasil se encontrará inserido na América do Sul de forma muito mais intensa, complexa e profunda, tanto política quanto economicamente, do que se encontra hoje.
56. Razões econômicas, pois à medida que se expandir e se interligar a infraestrutura física da região em termos de transportes, de energia e de comunicações, os fluxos de comércio, de investimentos e migratórios entre o Brasil e cada um dos países vizinhos tenderão a se ampliar, extraordinariamente.
57. Razões sociais, pois na medida em que as sociedades da América do Sul venham a encontrar dificuldades para superar de forma democrática, pacífica e eficiente as extraordinárias disparidades sociais que apresentam, em cuja raiz se encontram fenômenos complexos e entrelaçados, tais como a discriminação racial, a sobrevivência do latifúndio, antigo e moderno, e a pobreza histórica cumulativa, que se reproduz de geração em geração e que atinge amplos setores de suas populações, será difícil para os países da região desenvolver um mercado interno significativo e aproveitar todo seu potencial econômico.
58. Razões políticas, pois na medida em que os países tenham dificuldade em se desenvolver e ao mesmo tempo redistribuir renda e em que permanecerem situações de opressão e de discriminação em relação a grupos étnicos autóctones, a instabilidade social levará à instabilidade política, com maior ou menor grau de violência, com eventuais reflexos sobre o Brasil.
59. Por outro lado, se conseguirem vencer esses desafios econômicos, sociais e políticos as sociedades vizinhas se tornarão parceiros cada vez mais importantes para o Brasil, tanto econômica quanto politicamente.
60. É preciso notar que há, na América do Sul, dois países não-ibéricos, que são a Guiana e o Suriname, ex-colônias da Inglaterra e da Holanda, com vínculos geográficos e culturais com o Caribe anglófono, de pequenas populações e territórios, de independência recente e tênues laços com os países da América do Sul.
Basta dizer que tanto no Suriname como na Guiana há embaixadas de apenas três países sul-americanos. Á medida em que a economia da América do Sul se integra e em que os esforços de coordenação política e econômica se ampliam a própria proximidade geográfica fará com que esses países venham a se integrar mais à região.
PERSPECTIVAS
61. As características da América do Sul – grande riqueza mineral e energética; grandes extensões de terras aráveis não utilizadas; população cada vez mais urbana em processo de estabilização demográfica; regimes políticos estáveis; inexistência e distância geográfica de áreas de conflitos intensos – tenderão a condicionar o papel da América do Sul em um cenário político mundial em que a disputa pelo acesso a recursos naturais e a alimentos será fundamental.
De outro lado, para um grande número de países, com a concorrência chinesa e com a dificuldade de promover políticas nacionais de industrialização, será difícil agregar maior valor à produção e às exportações e diversificá-las, para reduzir a vulnerabilidade externa.
62. Em uma economia mundial em que países como a Índia e a China detêm cerca de 30% da população mundial, com índices de consumo de calorias extremamente baixos, e com economias em rápida e contínua expansão, já que a China cresceu a 10% a.a. em média nos últimos 30 anos e a Índia a 8% a.a. nos últimos dez anos, com escassez crescente de minérios e alimentos, em um contexto de acirrada disputa mundial por recursos, a América do Sul é vista como uma fonte especialmente importante desses recursos.
63. Até 2022 essas tendências tenderão a se agravar devido às tendências do sistema mundial, ao tipo de inserção da região na economia global, às resistências das elites em implantar políticas econômicas e sociais capazes de ampliar com vigor a produção e ao mesmo tempo redistribuir riqueza e renda; à escassez de capital doméstico e à dificuldade de acesso ao mercado mundial para financiar a construção da infra-estrutura; às resistências dos grupos privilegiados em cada sociedade à necessidade de transformação social e de conferir maior poder político à grande massa da população.
64. Assim, em grande número dos Estados da América do Sul, em especial naqueles de menor população e território, as tendências econômicas, sociais e políticas continuarão a ser as mesmas que hoje se apresentam enquanto que as características estruturais se manterão. Somente um esforço muito grande, em que o Brasil teria especial responsabilidade, poderá começar a reverter essa situação.
UM PLANO PARA A AMÉRICA DO SUL
65. Após a II Guerra Mundial, os Estados Unidos constataram que os Estados europeus não conseguiriam reestruturar suas economias destruídas por falta de capital, inclusive para adquirir as máquinas e equipamentos necessários à reconstrução. De outro lado, a desmobilização de milhões de soldados americanos, seu regresso aos Estados Unidos e a redução drástica da produção bélica ameaçavam criar uma grave situação de desemprego.
Diante da ameaça soviética, do prestígio dos movimentos socialistas e comunistas, alcançado na luta contra a ocupação nazista, do desprestígio das elites colaboracionistas e da necessidade de reativar a economia americana, lançaram os Estados Unidos o Plano Marshall, vasto programa de empréstimos e de doações dos Estados Unidos aos países europeus com o objetivo principal de acelerar a formação de capital, através do financiamento das importações de máquinas e equipamentos americanos.
66. A América do Sul vive uma situação “semelhante” à da Europa após a Segunda Guerra Mundial. A histórica exclusão da enorme maioria das populações de quase todos os países, em situação de extrema pobreza, a violência contra as populações oprimidas, a mortalidade infantil, a desnutrição, a droga, fazem com que morram por ano, na América do Sul, milhões de indivíduos, em uma verdadeira “guerra”, em um continente que necessita com urgência de um programa de construção.
No passado, iniciativas como a Operação Pan-Americana e a Aliança para o Progresso se revelaram insuficientes para enfrentar este desafio que, de lá para cá, se tornou maior e cada vez mais complexo.
67. Os países da região maiores e mais avançados, econômica e industrialmente, terão de articular programas de desenvolvimento econômico para estimular e financiar a transformação econômica dos países menores; abrir, sem exigir reciprocidade, seus mercados e financiar a construção da infraestrutura desses países e sua interligação continental.
O Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul – FOCEM é um primeiro passo nesse sentido, ao reconhecer a especial responsabilidade dos países maiores no desenvolvimento do Mercosul e seus princípios podem servir como base para um programa, que terá de ser muito mais amplo, no âmbito sul-americano.
68. Caso o desenvolvimento de cada país da região for deixado ao sabor da demanda do mercado internacional e dos humores das estratégias de investimento das megaempresas multinacionais, as assimetrias entre os Estados da região, e dentro de cada Estado, se acentuarão assim como as tensões políticas e os ressentimentos, o que virá a afetar de forma grave as perspectivas de desenvolvimento do Brasil.
69. Muito tem sido feito pelo Brasil em termos de articulação política e de cooperação econômica nos últimos anos na América do Sul através do exercício paciente e persistente dos princípios de não intervenção, de autodeterminação e de cooperação. Mas as dimensões do desafio da América do Sul requerem esforços ainda maiores e mais persistentes, de uma duração que se deve medir por décadas.”
FONTE: escrito por Samuel Pinheiro Guimarães, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil. Publicado nos portais “Vermelho” e “Carta Maior”.
TUCANOS EM MG TÊM MEDO DO CONTÁGIO TÓXICO DE SERRA
“ELE FALA COMO A UDN, MENTE COMO CARLOS LACERDA E PODE TERMINAR ISOLADO COMO CRISTIANO MACHADO
“Cristiano Machado impôs a sua candidatura ao PSD nas eleições presidenciais de 1950 e foi abandonado pelo próprio partido, que acabou apoiando Getúlio Vargas. Seu nome inspirou o termo "cristianização" para designar o candidato ‘escondido’ pelos companheiros de sigla, que temem o contágio tóxico de sua impopularidade nas próprias votações.
Até a semana passada a maior parte do material de campanha de Aécio Neves, candidato ao Senado por MG, e o de Anastasia, seu candidato ao governo do Estado, ainda omitia a imagem de Serra em santinhos e adesivos.
O alto comando serrista busca desesperadamente formas de fazer com que a campanha demotucana encontre motor próprio em MG. Aspas para o Globo de 29-07: ‘. O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, terá uma estrutura independente em Minas Gerais para impulsionar sua campanha no Estado... segundo maior colégio eleitoral do país. A estratégia foi montada para fazer frente a algumas dificuldades. A decisão foi tomada após descontentamento com o ritmo da campanha no Estado, onde o ex-governador Aécio Neves, que se recusou a ocupar a vaga de vice na chapa de Serra, é a principal liderança do PSDB...’ “
FONTE: cabeçalho da 1ª página do site “Carta Maior”.
“Cristiano Machado impôs a sua candidatura ao PSD nas eleições presidenciais de 1950 e foi abandonado pelo próprio partido, que acabou apoiando Getúlio Vargas. Seu nome inspirou o termo "cristianização" para designar o candidato ‘escondido’ pelos companheiros de sigla, que temem o contágio tóxico de sua impopularidade nas próprias votações.
Até a semana passada a maior parte do material de campanha de Aécio Neves, candidato ao Senado por MG, e o de Anastasia, seu candidato ao governo do Estado, ainda omitia a imagem de Serra em santinhos e adesivos.
O alto comando serrista busca desesperadamente formas de fazer com que a campanha demotucana encontre motor próprio em MG. Aspas para o Globo de 29-07: ‘. O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, terá uma estrutura independente em Minas Gerais para impulsionar sua campanha no Estado... segundo maior colégio eleitoral do país. A estratégia foi montada para fazer frente a algumas dificuldades. A decisão foi tomada após descontentamento com o ritmo da campanha no Estado, onde o ex-governador Aécio Neves, que se recusou a ocupar a vaga de vice na chapa de Serra, é a principal liderança do PSDB...’ “
FONTE: cabeçalho da 1ª página do site “Carta Maior”.
SUPERÁVIT PRIMÁRIO CHEGA A R$ 40 BILHÕES NO PRIMEIRO SEMESTRE
“O superávit primário do setor público consolidado – governo federal, estados, municípios e empresas estatais – chegou a R$ 2,059 bilhões, em junho, e acumulou R$ 40,105 bilhões no primeiro semestre, informou em 29/7 o Banco Central (BC).
O resultado do mês passado é menor do que o registrado em junho de 2009 (R$ 3,376 bilhões). Já o primeiro semestre deste ano apresentou superávit primário maior do que o observado no mesmo período do ano passado (R$ 35,255 bilhões).
Nos primeiros seis meses do ano, o Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) contribuiu com R$ 24,767 bilhões, enquanto os governos estaduais com R$ 13,966 bilhões e os municipais com R$ 1,993 bilhão. As empresas estatais, excluída a Petrobras, apresentaram déficit primário de R$ 621 milhões.
Em 12 meses encerrados em junho, o superávit primário é de R$ 69,368 bilhões ou 2,07% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
O resultado primário é a diferença entre as receitas e as despesas, excluídos os juros da dívida pública. Ao serem incluídos os gastos com juros, tem-se o resultado nominal que, em junho, apresentou déficit de R$ 13,621 bilhões, contra R$ 10,130 bilhões registrados em igual período de 2009.
No primeiro semestre, o déficit nominal chegou a R$ 51,229 bilhões, contra R$ 43,682 bilhões no mesmo período do ano passado. Em 12 meses, encerrados em junho, o déficit nominal é de R$ 112,169 bilhões ou 3,35% do PIB.”
FONTE: reportagem de Kelly Oliveira publicada pela Agência Brasil (edição: Lílian Beraldo).
O resultado do mês passado é menor do que o registrado em junho de 2009 (R$ 3,376 bilhões). Já o primeiro semestre deste ano apresentou superávit primário maior do que o observado no mesmo período do ano passado (R$ 35,255 bilhões).
Nos primeiros seis meses do ano, o Governo Central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) contribuiu com R$ 24,767 bilhões, enquanto os governos estaduais com R$ 13,966 bilhões e os municipais com R$ 1,993 bilhão. As empresas estatais, excluída a Petrobras, apresentaram déficit primário de R$ 621 milhões.
Em 12 meses encerrados em junho, o superávit primário é de R$ 69,368 bilhões ou 2,07% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
O resultado primário é a diferença entre as receitas e as despesas, excluídos os juros da dívida pública. Ao serem incluídos os gastos com juros, tem-se o resultado nominal que, em junho, apresentou déficit de R$ 13,621 bilhões, contra R$ 10,130 bilhões registrados em igual período de 2009.
No primeiro semestre, o déficit nominal chegou a R$ 51,229 bilhões, contra R$ 43,682 bilhões no mesmo período do ano passado. Em 12 meses, encerrados em junho, o déficit nominal é de R$ 112,169 bilhões ou 3,35% do PIB.”
FONTE: reportagem de Kelly Oliveira publicada pela Agência Brasil (edição: Lílian Beraldo).
INADIMPLÊNCIA DAS EMPRESAS É A MENOR DOS ÚLTIMOS SEIS ANOS, INDICA SERASA
“A melhora na atividade econômica observada nos últimos meses levou o índice da inadimplência entre as empresas a cair 9%, se comparados o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2009. Segundo a Serasa Experian, o resultado semestral é o melhor registrado desde 2005.
A quantidade de cheques sem fundos, títulos protestados e dívidas vencidas em junho deste ano foi 7,2% menor do que a registrada no mesmo mês do ano passado e 5,8% abaixo da inadimplência registrada em maio passado. Apesar disso, o valor médio das dívidas não honradas entre janeiro e junho deste ano subiu 3,3% além do valor médio registrado no primeiro semestre de 2009, atingindo R$ 4.744,44.
De acordo com um dos coordenadores do levantamento, Luiz Rabi, a menor inadimplência é consequência, entre outros fatores, da retomada do crescimento econômico após o país ter sofrido, em 2009, os reflexos da crise financeira mundial.
“Com a melhora as empresas passaram a vender mais, lucrar mais e ter melhores condições de saldar suas dívidas”, afirmou Rabi à Agência Brasil, explicando que a redução da inadimplência tem importante reflexo sobre a política monetária, já que, com o menor risco de calotes, o juro médio cobrado pelos empréstimos financeiros feito às empresas tende a cair, como já vem ocorrendo.
E mesmo com evidências de que um processo de desaquecimento econômico tenha se iniciado no segundo trimestre – em 28/07, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, anunciou que, em junho, a utilização da capacidade instalada pelas indústrias ficou abaixo da registrada em maio – a Serasa Experian sustenta que a perspectiva é de que a inadimplência das empresas continue caindo gradualmente ao longo do ano.”
FONTE: reportagem de Alex Rodrigues publicada pela Agência Brasil (edição: Antonio Arrais).
A quantidade de cheques sem fundos, títulos protestados e dívidas vencidas em junho deste ano foi 7,2% menor do que a registrada no mesmo mês do ano passado e 5,8% abaixo da inadimplência registrada em maio passado. Apesar disso, o valor médio das dívidas não honradas entre janeiro e junho deste ano subiu 3,3% além do valor médio registrado no primeiro semestre de 2009, atingindo R$ 4.744,44.
De acordo com um dos coordenadores do levantamento, Luiz Rabi, a menor inadimplência é consequência, entre outros fatores, da retomada do crescimento econômico após o país ter sofrido, em 2009, os reflexos da crise financeira mundial.
“Com a melhora as empresas passaram a vender mais, lucrar mais e ter melhores condições de saldar suas dívidas”, afirmou Rabi à Agência Brasil, explicando que a redução da inadimplência tem importante reflexo sobre a política monetária, já que, com o menor risco de calotes, o juro médio cobrado pelos empréstimos financeiros feito às empresas tende a cair, como já vem ocorrendo.
E mesmo com evidências de que um processo de desaquecimento econômico tenha se iniciado no segundo trimestre – em 28/07, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, anunciou que, em junho, a utilização da capacidade instalada pelas indústrias ficou abaixo da registrada em maio – a Serasa Experian sustenta que a perspectiva é de que a inadimplência das empresas continue caindo gradualmente ao longo do ano.”
FONTE: reportagem de Alex Rodrigues publicada pela Agência Brasil (edição: Antonio Arrais).
sexta-feira, 30 de julho de 2010
IBOPE-TV GLOBO: DILMA 39% X SERRA 34%
“Confirmado:
Dilma Rousseff abriu cinco pontos de vantagem sobre José Serra na disputa pela Presidência, segundo pesquisa Ibope TV Globo. Dilma subiu três pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, feita em junho, e Serra caiu dois, confirmando a mesma tendência revelada pelo Vox Populi, que apontou oito pontos de vantagem para Dilma. Só o Datafolha insiste num empate técnico que já deixou de existir há muito tempo.
Segundo o Ibope, Dilma tem 39% das intenções de voto, contra 34% de Serra. Na simulação de segundo turno, Dilma tem 46% e Serra 40%.
A pesquisa Ibope também ouviu os eleitores sobre o governo Lula, e 77% o consideram ótimo ou bom e 18% regular. Assim que começar a campanha na televisão e ficar definitivamente claro que Dilma é a candidata de Lula, essa aprovação tende a ser converter em votos para ela, com uma possível vitória no primeiro turno.
O Ibope também fez pesquisas em vários estados, mas ao contrário do Datafolha não misturou as sondagens. Para a pesquisa presidencial, foram ouvidas 2.506 pessoas em 174 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.”
FONTE: divulgado esta noite no Jornal Nacional. O texto acima é de Brizola Neto em seu blog “Tijolaço”.
SERRA É CONTRA O “TREM-BALA”!
“ATÉ ALCKMIN DIZ QUE SERRA NÃO SABE O QUE FALA
O candidato demo-tucano ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que Serra não disse o que disse.
José Serra (PSDB) falou peremptoriamente que, se fosse eleito, cancelaria o trem-bala Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro, porque “não tem demanda e não transporta carga” e que o dinheiro seria melhor aplicado em metrôs (Serra não sabe que uma coisa não compete com outra).
Alckmin ficou preocupado com o desgaste, afinal o estado mais beneficiado pelo trem-bala é justamente São Paulo, nas regiões de Campinas, da Grande São Paulo e de São José dos Campos.
E tentou desdizer e consertar o estrago, perante o eleitorado paulista, do que disse Serra na quarta-feira: “O Serra não é contra o trem-bala. O que ele falou é o seguinte: se for para por dinheiro público, é melhor por em metrô.”, disse Alckmin.
Serra não sabe o que diz. O trem-bala será licitado e construído com financiamentos de longo prazo, que será pago com a exploração da linha. A maioria do dinheiro será privado. O governo deverá pagar pelo que compra: pela transferência de tecnologia, o que é investimento, pois com essa tecnologia será possível expandir o trem-bala para outros trechos como Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Brasília, e na ligação de várias outras capitais nos próximos anos.
Além disso, se não investisse no trem-bala, acabaria sendo necessário gastar com um outro aeroporto na capital paulista, em vez de aumentar o uso ocioso de Viracopos, seria necessário construir outra estrada São Paulo-Campinas (esse deve ser o interesse de Serra, para cobrar mais pedágios), além de ser necessário construir um trem específico do Aeroporto de Guarulhos até a capital. Somando-se tudo isso, é muito melhor investimento fazer o trem-bala de uma vez. Serra não tem visão de futuro (nem do presente) para o Brasil.”
FONTE: blog “Os amigos do Presidente Lula” [título e imagem colocados por este blog].
MINISTRO DOS TRANSPORTES REBATE CRÍTICAS [DE SERRA] A PROJETO DO TREM-BALA
“O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse hoje (28) que as críticas ao projeto de construção do trem de alta velocidade (TAV), que vai ligar o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas, representam um “falso dilema”. Segundo ele, o governo não está optando por colocar os recursos nesse projeto em detrimento de outros, pois a maior parte dos investimentos virá da iniciativa privada.
“Às vezes ouvimos afirmações dizendo que é melhor colocar os R$ 33 bilhões para fazer obras metroviárias, ou outras alternativas para a aplicação dos recursos. Mas o governo não está pegando recurso fiscal para gastar na alternativa A ou B”, comentou o ministro.
Passos explicou que, dos R$ 33 bilhões previstos para a construção da obra, R$ 3,4 serão do Tesouro e o restante virá dos empreendedores responsáveis pela obra, que poderão também tomar empréstimos públicos ou trazer fundos de outros países.
“Quando se coloca a crítica ao investimento do TAV como se houvesse uma alternativa e o governo estivesse com esse dinheiro para colocar em favor de outros projetos alternativos, isso não se sustenta”, ressaltou o ministro.
Em relação aos prazos para a construção do projeto, o ministro disse que “em engenharia, quem diz melhor os prazos é quem faz”. Segundo ele, o governo pretende iniciar as desapropriações no próximo ano, assim que for conhecido o vencedor do leilão e o traçado final da obra.
O ministro não quis adiantar como estão as negociações com os interessados em construir o trem, mas disse que existe um “caldeirão de possibilidades”. Segundo ele, grandes e médias empresas brasileiras e estrangeiras estão manifestando interesse em participar do leilão, que deve ser realizado em dezembro deste ano.”
FONTE: reportagem de Sabrina Craide publicada pela Agência Brasil (edição: Antonio Arrais) [entre colchetes no título colocado por este blog].
“Às vezes ouvimos afirmações dizendo que é melhor colocar os R$ 33 bilhões para fazer obras metroviárias, ou outras alternativas para a aplicação dos recursos. Mas o governo não está pegando recurso fiscal para gastar na alternativa A ou B”, comentou o ministro.
Passos explicou que, dos R$ 33 bilhões previstos para a construção da obra, R$ 3,4 serão do Tesouro e o restante virá dos empreendedores responsáveis pela obra, que poderão também tomar empréstimos públicos ou trazer fundos de outros países.
“Quando se coloca a crítica ao investimento do TAV como se houvesse uma alternativa e o governo estivesse com esse dinheiro para colocar em favor de outros projetos alternativos, isso não se sustenta”, ressaltou o ministro.
Em relação aos prazos para a construção do projeto, o ministro disse que “em engenharia, quem diz melhor os prazos é quem faz”. Segundo ele, o governo pretende iniciar as desapropriações no próximo ano, assim que for conhecido o vencedor do leilão e o traçado final da obra.
O ministro não quis adiantar como estão as negociações com os interessados em construir o trem, mas disse que existe um “caldeirão de possibilidades”. Segundo ele, grandes e médias empresas brasileiras e estrangeiras estão manifestando interesse em participar do leilão, que deve ser realizado em dezembro deste ano.”
FONTE: reportagem de Sabrina Craide publicada pela Agência Brasil (edição: Antonio Arrais) [entre colchetes no título colocado por este blog].
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