domingo, 31 de agosto de 2014

MARINA ABRE O JOGO: REPRESENTA O CAPITAL E OS EUA




MARINA ABRE O JOGO E DIZ A QUE VEIO 

"Não contente de ser guindada à candidata da direita brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro internacional e da agenda dos EUA.

Por Emir Sader

As políticas externa e interna estão estreitamente associadas. Uma define o lugar do país no mundo, a outra, a relação com as forças internas.

A política externa de subordinação absoluta aos EUA da parte do governo FHC se correspondia estreitamente com o modelo neoliberal no plano interno. A política externa soberana do governo Lula se relaciona indissoluvelmente com o modelo interno de expansão econômica com distribuição de renda e ampliação do mercado interno de consumo popular.

Significativo o silêncio dos candidatos da oposição sobre política exterior, do Mercosul aos BRICS, passando por Unasul, Celac, Banco do Sul, Conselho Sulamericano de Defesa. De repente, talvez revelando excessiva confiança nas pesquisas, a Marina lança os primeiros itens do seu programa, incluindo política externa e seus desdobramentos.

Lança a ideia de baixar o perfil do Mercosul, velho sonho acalentado pelos entreguistas locais e pelos governos dos EUA.

Como contrapartida, o programa dos marinecos destaca a importância que daria a acordos bilaterais. Ninguem tem dúvida de que ela se refere primordialmente a algum tipo de Tratado bilateral com os EUA, projeto do governo FHC/PSDB que foi sepultado pelo governo Lula.

Pode-se imaginar as projeções dessa postura proposta pela Marina para outros temas, como Unasul, Celac e BRICS. Significaria estender esse perfil baixo para essas outras instituições justamente no momento em que os BRICS fundaram novas instituições, que projetam um mundo multipolar, e o Mercosul e Unasul retomam uma dinâmica de fortalecimento.

É tudo o que os EUA gostariam: deslocar o Brasil, país chaves nessas novas configurações de força no plano internacional, para voltar a ser um aliado subalterno deles e porta voz das suas posições, hoje tão isoladas. Dar golpes mortais no Mercosul e na Unasul, enfraquecer as posições dos 
BRICS.

A equipe de direção do programa da Marina é inquestionavelmente neoliberal: Andre Lara Resende, Neca Setubal, Eduardo Gianetti da Fonseca. A independência (do governo e dos interesses públicos) do Banco Central (e sua subordinação aos bancos privados) desenha uma política interna em consonância com acordos bilaterais com os EUA, em que entra o pré-sal como espaço de uma nova aliança subordinada com o império dos EUA.

Não contente de ser guindada à candidata da direita brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro internacional e do império norte-americano. Mostra a que veio."

FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no "Pátria Latina"  (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=14244). 

POR QUE OS BANCOS QUEREM DERROTAR DILMA?


 

Por que os bancos querem derrotar Dilma?

Por Antônio Augusto de Queiroz, no site do DIAP:

"Numa única palavra: ganância. Nunca os banqueiros deste país lucraram tanto como nos governos do PT, mas esse pessoal não tem limite. Neste texto elenco quatro motivos que embasam tamanha hostilidade ao governo Dilma. Esse comportamento do mercado financeiro vale para qualquer governo que não aceite o jogo da banca.

O primeiro motivo, e não necessariamente o principal, é porque o governo Dilma ousou desafiá-los, ao interferir na margem de lucro deles, ao pressionar o Banco Central que reduzisse a taxa Selic, de um lado, e, de outro, que os bancos oficiais (BB e CEF) reduzissem o spread bancário, a partir da concorrência com a banca privada.

Os banqueiros, que antes elogiavam o governo, passaram a hostilizá-lo e a promover campanha com o objetivo de desqualificar a presidente e seu governo quanto à capacidade de manter a inflação e o gasto público sob controle, inclusive alugando alguns articulistas de economia da grande imprensa.

Insistiram nessa tática, aparentemente sem resultados, durante dois anos, até que, por sazonalidade nos produtos hortifrutigranjeiros, houve aumento de alimentos, inicialmente da batata e logo em seguida do tomate, criando as condições para a vitória da guerrilha inflacionária, que assustou os consumidores e forçou o governo a autorizar o retorno do aumento da taxa de juros.

O segundo motivo é porque nos governos do PT o dinheiro de origem trabalhista (FAT, FGTS e alguns Fundos de Pensão de estatais), com baixa intermediação do sistema financeiro privado, foi utilizado para fornecer crédito barato, gerar emprego e renda. Ou seja, em lugar de ir para a especulação, com ganhos astronômicos dos rentistas, esse dinheiro foi para o investimento produtivo.

Em um governo de perfil liberal, que afrouxa ou desregulamentar a economia e abre mão de dar a direção aos investimentos, esses recursos certamente seriam administrados por banco privados e não por bancos oficiais (BB e CEF) nem tampouco pelo BNDES e certamente iriam para a especulação e não para o investimento.

O terceiro motivo foi a criação do Fundo Soberano, com as finalidades de promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior, formar poupança pública, mitigar os efeitos dos ciclos econômicos e fomentar projetos de interesse estratégico do país localizados no exterior. Isso reduz as perspectivas de captação e administração de recursos públicos pela banca privada.

O quarto foi a criação do Banco do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que terá um capital inicial de U$ 50 bilhões e que poderá ser utilizado, com custo mais baixo, por seus sócios, o que, igualmente, não agradou aos banqueiros brasileiros.

As motivações, como se vê, são todas decorrentes do desconforto com a presença do governo na gestão ou intermediação de parcela dos recursos destinados aos investimentos (capital estatal, capital privado nacional e capital estrangeiro), sendo o maior montante os de origem trabalhista."


FONTE: escrito por Antônio Augusto de Queiroz, no site do DIAP. O autor é jornalista, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). Artigo publicado no "Pátria Latina"  (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=c379a1046f90b893557efbd459480ae5&cod=14258). 

RAPOSAS TOMARIAM CONTA DO GALINHEIRO NO GOVERNO MARINA




Radiografia política de uma candidatura apolítica

Por MARCELO ZERO



"A candidatura Marina não propõe nada de concreto, para além da extraordinária e inédita proposta de "se fazer o bem". Por tal razão, seu discurso é cuidadosamente vago e dúbio.

Uma candidatura é uma construção coletiva. Por maior carisma pessoal que tenha o titular, o seu caráter político é definido pelo conjunto de forças sociais que lhe dão apoio.

Assim sendo, considerações sobre a biografia do candidato e suas idiossincrasias pessoais não são substancialmente relevantes para a análise racional do significado social e político das candidaturas. É muito mais importante saber o que seus seguidores querem, sentem e pensam. O realmente relevante é saber a quais interesses uma candidatura serve.

No caso da candidatura de Marina Silva, parece cada vez mais claro que ela serve a interesses fundamentalmente conservadores.

No campo social e da afirmação de direitos, a sua sabida vinculação a setores evangélicos conservadores a leva a tomar posições no mínimo questionáveis, como a referente ao aborto e à união homoafetiva.

Na área ambiental, há uma ambiguidade que torna as posições da candidatura Marina mais consentâneas às teses neomalthusianas do Clube de Roma, o qual apregoava e apregoa a redução do crescimento como forma de enfrentar os grandes desafios do planeta, que ao conceito progressista do desenvolvimento sustentável, criado pelos países em desenvolvimento, com o Brasil à frente, justamente para defender seu direito de crescer e aumentar o bem-estar de suas populações.

Em política externa, a sua conhecida afirmação beligerante sobre o “chavismo” revela total desconhecimento sobre o processo político de alguns de nossos vizinhos ou, pior ainda, subalternidade ideológica e política aos interesses da grande potência mundial.

Na área da economia, seus gurus, Eduardo Gianetti e André Lara Rezende, são velhos e bem conhecidos representantes da ortodoxia econômica no Brasil. Completa a trinca Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú, que ficou encarregada de declarar que uma das medidas principais da candidatura seria a implantação da autonomia do Banco Central, velha e marota reivindicação do setor financeiro. 


Desse modo, as raposas poderão tomar conta do galinheiro, assegurando o atendimento aos interesses do rentismo, em detrimento do interesse público. A medida foi anunciada por quem dela se beneficiaria [Neca do Itaú], sem nenhum conflito ético.

Também já foram aventadas algumas medidas menos importantes, como a criação de um conselho para monitorar a responsabilidade fiscal, a redução do número de ministérios e a extinção de cargos comissionados. São medidas demagógicas, que não têm impacto financeiro algum, mas que denotam a ênfase conservadora na redução de gastos, na “austeridade”, na ampliação do superávit primário e no aumento das taxas de juros, como forma de combater a inflação e “ajustar” a economia, no cenário de crise mundial.

Trata-se, na realidade, das mesmas “medidas impopulares” prometidas pela candidatura Aécio/PSDB. Como ele, a candidatura Marina pretende restituir a sua antiga glória a ortodoxia econômica que submergiu o mundo na pior crise desde 1929.

Com efeito, não creio que haja dúvidas que, se vitoriosa, a candidatura Marina implantará, no Brasil, as mesmas políticas econômicas pró-cíclicas que vêm sendo implantadas nos países desenvolvidos, revertendo as políticas anticíclicas do governo Dilma.

Graças a essas políticas anticíclicas, o povo brasileiro vem sendo poupado do desemprego, do arrocho salarial, da extinção de direitos e do enfraquecimento do Estado de Bem-Estar que assolam muitas economias avançadas. Com o abandono dessas políticas e a adoção das políticas pró-cíclicas e simpáticas ao “mercado”, essa ubíqua e enganadora reificação, regrediremos ao nosso passado, no qual o peso maior dos “ajustes” recaia inexoravelmente sobre trabalhadores, funcionários públicos e pobres em geral.

E tais políticas também solaparão o modelo de desenvolvimento socialmente inclusivo implantado, a duras penas, pelos governos do PT.

Goste-se ou não desses governos, o fato concreto, facilmente aferível por quaisquer estatísticas, é que houve, nesse período político, um intenso e célere processo de eliminação da pobreza, combinado com uma forte redução das nossas históricas desigualdades e com políticas voltadas à ampliação de oportunidades para todos os brasileiros. Ao mesmo tempo, restaurou-se a capacidade do Estado de investir e de conduzir a atividade econômica, conforme o interesse público.

Esse é o grande fato politicamente novo da história recente do Brasil.

Tal modelo de desenvolvimento inclusivo ou de neodesenvolvimento social, como queiram, representou uma ruptura ao menos parcial com o modelo neoliberal que predominou no Brasil até o início deste século. Passamos de um modelo intrinsecamente concentrador, cujos motores eram a venda de patrimônio público e o afluxo de capitais externos, inclusive, e principalmente, os especulativos, para um modelo intrinsecamente inclusivo, cujos motores principais são o mercado interno e o investimento, público e privado, em infraestrutura e logística.

São processos históricos bastante distintos, com resultados muito diferentes.

São também modelos em disputa política, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Quando eclodiu, em 2008, a grande crise mundial, criou-se, inicialmente, a expectativa de uma nova reforma heterodoxa do mundo capitalista, centrada no controle do sistema financeiro internacional desregulado. Contudo, passados os primeiros e tímidos esforços anticíclicos, regrediu-se ao status quo ante


Adotaram-se as mesmas políticas que haviam ocasionado a crise e o controle efetivo do sistema financeiro desregulado, centro da crise, foi abandonado. Agora, populações de nações inteiras, como a da Grécia, estão sendo imoladas no leito de Procusto da ortodoxia restaurada.

Pois bem, a crise econômica e a restauração, em sua glória plena, da ortodoxia paleoliberal estão no cerne de outra crise mundial: a crise política da democracia representativa.

Essa crise se revela, principalmente no continente europeu, em fenômenos evidentes, como o baixo índice de comparecimento às urnas, a degradação da imagem pública da política e dos políticos, o crescimento dos votos de protestos, o surgimento de partidos e candidatos de propõem soluções “simples” e autoritárias para todos os problemas, o crescimento de forças e partidos ultranacionalistas e francamente nazistas e, por último, e mais importante, a propagação de uma descrença na democracia e suas instituições como instâncias capazes de resolver os problemas da população.

Dela surgiram também os movimentos dos “indignados” europeus, do 'Occupy Wall Street' e de tantos outros que questionam fortemente as atuais instituições democráticas.

Obviamente, essa crise da democracia representativa tem relação estreita com a crise do capitalismo. Não me refiro somente à recessão, mas à crise de legitimidade do capitalismo hiperconcentrador. Não é toa que o livro de Picketty venha causando tanto alvoroço. Nos países avançados, o capital voltou a exibir níveis de concentração de riqueza, renda e poder que tendem a comprometer o funcionamento das democracias.

A crise econômica apenas aguçou essa percepção de incompatibilidade última entre a hiperconcentração do capitalismo desregulado e os sistemas democráticos. A incapacidade dos sistemas políticos instituídos de darem resposta às questões prementes do desemprego, da redução de salários e de benefícios sociais e da falta de perspectivas, principalmente para os jovens, alimenta, de um lado, o niilismo político perigoso e, de outro, as propostas esperançosas de democracias diretas.

Assim sendo, nos países avançados, as propostas de mudança do sistema de representação, ou de sua simples abolição, estão indissoluvelmente ligadas e se antepõem às consequências perversas de um ciclo econômico de viés concentrador e excludente, capitaneado pelo sistema financeiro desregulado e potenciado por “bancos centrais independentes”.

Nesses países, a “nova política” visa, em essência, combater um processo econômico concentrador e excludente que esgarça o tecido social e solapa as instituições democráticas.

Ora, esse não é o caso do Brasil. Como bem assinalou Perry Anderson, o Brasil permaneceu à frente do contrafluxo a essa tendência mundial conservadora, mantendo suas políticas anticíclicas e inclusivas, mesmo em meio ao recente agravamento da crise.

Isso significa dizer que, em nosso contexto interno, a “nova política” proposta pela candidatura Marina tem sinais políticos inversos: ela visa restaurar a ortodoxia econômica e a desregulamentação financeira que tendem a concentrar e a excluir e, por consequência, a limitar e comprometer a democracia e suas instituições. Por conseguinte, trata-se uma “nova política” que erode o sistema de representação sem colocar nada no lugar.

Claro está que o nosso sistema de representação tem graves limitações e defeitos, mas eles serão inexoravelmente intensificados com a volta de um modelo econômico que será invariavelmente concentrador e excludente.

A candidatura Marina não parece entender essas fortes correlações entre economia, sociedade e política, e o contexto mundial em que elas se apresentam. Ela escolheu como “inimigo principal” o PMDB, com o intuito, acredito, de combater o que o filósofo Marcos Nobre chama de “pemedebismo”, definido como uma cultura política adesista a qualquer governo que distorce a vontade popular e a representação. Por isso, Eduardo Gianetti já declarou que FHC e Lula poderiam e deveriam apoiar um eventual governo Marina.

Ora, em primeiro lugar, o “pemedebismo” é mera antonomásia. Ele transcende o PMDB, podendo existir perfeitamente sem o partido que lhe deu nome. Em segundo lugar, o “pemedebismo”, mais que um conceito, é, na realidade, uma prática que resulta de um sistema partidário fragmentado e de uma representação distorcida que força a formação de amplas e diversificadas maiorias parlamentares para assegurar a governabilidade. Portanto, o “pemedebismo” é muito mais consequência que causa das distorções da nossa representação política.

O inimigo principal não é o PMDB ou o “pemedebismo”, o inimigo principal é, em sempre foi, a excessiva influência do poder econômico no sistema de representação, que reproduz ativamente as suas práticas distorcidas.

Essas distorções só poderão ser efetivamente enfrentadas com uma profunda Reforma Política com participação popular, como a presidenta Dilma vem propondo. Isolar partidos específicos e propor a união das “pessoas de bem” chega a ser risível.

Mas ao propor a adesão de Lula e FHC a um eventual governo Marina, expõe-se a principal característica conservadora da candidatura Marina: a negação e a supressão dos conflitos.

Com efeito, a candidatura Marina parece querer pairar sobre uma disputa política que envolve o mundo todo e promover a conciliação de modelos opostos e irreconciliáveis. Não é necessário fazer escolhas difíceis e pragmáticas, todos são bem-vindos, desde que sejam “homens de bem”. Independentemente da inserção social e dos interesses representados, todos poderão encontrar a redenção numa espécie de “florestania” cósmica, que conciliará todas as classes sociais na busca comum do equilíbrio planetário. Todos são igualmente importantes. Todos são elite. Dos donos de bancos aos ianomâmis.

Evidentemente, essa epifania política coletiva oculta, em sua aparente não-escolha, em seu aparente “apoliticismo”, uma escolha política definitiva já realizada: a escolha pela volta de um modelo concentrador e excludente, a escolha pelo retrocesso. Não se trata de terceira via, trata-se da via do passado. Não se trata de nova política, mas da mesma política que já nos infelicitou.

A candidatura Marina é, como diria Brecht, o velho com nova roupagem.

Não há nada mais conservador que aquele político que se apresenta como não-político. Não há nada mais à direita que aquele político que se apresenta como não sendo nem de direita e nem de esquerda. Não há nada mais velhaco politicamente que partidos políticos que não se reconhecem como tal. E não há nada mais velho, em política, de que o discurso da nova política que aparentemente se insurge, de forma voluntarista e oportunista, contra os desmandos da velha política. É assim desde os tempos da Marienplatz dos anos 1920. Foi assim com Jânio Quadros, foi assim com Collor.

O que a “nova política” da candidatura Marina efetivamente propõe é a velha despolitização e deseducação da sociedade. O que ela efetivamente quer é ocultar que, por trás de sua falsa conciliação, há uma disputa política entre dois projetos absolutamente conflitantes. A candidatura Marina procura cometer o crime perfeito: matar a política fingindo que não faz política.

Obviamente, não há nada de errado em se buscar consensos, principalmente em tempos de crise. Isso se constrói, em geral, com os chamados pactos. Contudo, os pactos não são construídos pela negação dos conflitos, mas sim por sua negociação aberta e democrática. Por causa disso, eles exigem a adesão a planos concretos e ao cumprimento de metas específicas aferíveis por todos os seus atores.

No entanto, a candidatura Marina não propõe nada de concreto, para além da extraordinária e inédita proposta de "se fazer o bem". Por tal razão, seu discurso é cuidadosamente vago e dúbio.

Trata-se de um discurso que não é “falseável”, no sentido que Karl Popper dava ao termo. Isto é, não é um discurso que tenha enunciados testáveis. É um discurso que está além da argumentação racional. É um discurso que não comporta um debate democrático e, por isso mesmo, um discurso profundamente autoritário.

Nesse sentido, pode-se afirmar que a candidatura Marina não tem um cérebro. Porém, se não tem um cérebro, tem um “enorme coração” que quer incluir a todos os brasileiros que desejem dela participar.

Esse “coração” é a grande força dessa candidatura. O seu apelo é fundamentalmente emocional.

No Brasil, martelou-se, durante longos anos, com a ajuda do grande partido de oposição do país, contra os políticos e a política, com o intuito indisfarçável de se atingir o PT e seus partidos aliados. O resultado é que a atividade política é vista hoje, por uma parcela considerável de nossa população, como uma atividade criminosa. Há um ódio disseminado à política e, mais especificamente, ao PT, que foi veiculado por um neoudenismo tardio de matiz claramente conservador. Ademais, nos dois últimos anos, o mesmo grande partido de oposição encarregou-se de propagar a imagem de um país sempre à beira do abismo e em permanente crise. Isso gerou pessimismo e insegurança em expressivas parcelas da sociedade.

Pois bem, esse “coração” da candidatura Marina oferece uma resposta emocional ao ódio, ao pessimismo e à insegurança. Ao ódio, a resposta é a enganadora “nova política” livre de políticos, composta por “homens de bem” que se agrupam numa virtuosa “rede”, e não num “viciado” partido. Ao pessimismo e à insegurança, oferece-se uma espécie de bonapartismo messiânico que conduziria um país sem conflitos, sem “apartações”, inserido na luta por um planeta equilibrado e feliz.

Tudo muito lindo e sedutor, é claro. Compreende-se, assim, o forte apelo emocional dessa candidatura. O problema é que uma candidatura que oculta a que veio e que busca um consenso meramente emocional tem tudo para transformar-se num gigantesco estelionato eleitoral.

Há ainda outros aspectos que preocupam, na candidatura Marina.

O primeiro deles tange à inserção internacional do país e à questão do Estado-Nação.

Um país como o Brasil, vasto, complexo, assimétrico e de industrialização tardia (e de desindustrialização recente), jamais poderá desenvolver-se sem um projeto autônomo construído pelo Estado-Nação, a partir de interesses endógenos. Nesse sentido, a inserção relativamente autônoma do país no cenário mundial é fundamental para qualquer projeto de desenvolvimento. Por isso, os governos do PT procuraram desenvolver uma política externa que, ao diversificar parcerias estratégicas e dar ênfase à integração regional e à cooperação Sul-Sul, afirmou a independência, a soberania e o protagonismo internacional do Brasil.

Assim como no plano interno há conflitos e luta de classes, no plano externo há vastas assimetrias e relações de dominação e poder, as quais o país terá de enfrentar, se quiser se desenvolver. Desconhecer essa realidade é indesculpável. Ingenuidade, mesmo nesse contexto de humanismo planetário, tem limites.

Entretanto, a candidatura Marina parece exibir, disfarçada num difuso internacionalismo ambiental e na busca da defesa dos anseios da “humanidade”, uma inquietante subalternidade ideológica à única superpotência mundial e às demais potências tradicionais. A sua ligação com ONG internacionais não é tranquilizadora, nesse aspecto. A sua aparente adesão à defesa seletiva dos direitos humanos, tampouco.

Portanto, a combinação, no plano interno, de políticas ortodoxas, “desreguladoras” e concentradoras, e, no plano externo, de um ambientalismo neomalthusinao e conservador, que busca o equilíbrio do planeta em provável detrimento do crescimento nacional, poderá ser mortal para as pretensões do Brasil de se transformar num país plenamente desenvolvido, soberano e justo.

Outro ponto preocupante tange à questão da democracia direta.

Evidentemente, a democracia direta não é nenhuma novidade histórica. A democracia nasceu direta na Atenas das ágoras. Ela tornou-se fundamentalmente representativa muito tempo depois, já na era moderna. Contudo, numa sociedade vasta, complexa e diversificada, como a brasileira, a representação política é necessária, pois a democracia estritamente direta numa sociedade desse tipo muito provavelmente não seria funcional. Mesmo com os novos meios digitais, é difícil imaginar ágoras com 120 milhões de eleitores.

O próprio Manuel Castells adverte que a questão da democracia direta e participativa só é corretamente colocada no contexto do que ele chama de “democracia da informação”. Num ambiente de controle da informação por parte de grandes empresas e dos meios de comunicação não há como se investir muito na democracia direta. Será que a candidatura Marina pretende enfrentar a questão do oligopólio da mídia? E possível que Marina venha a enfrentar, como propõe Castells, a questão do oligopólio da propriedade intelectual? Dada as suas companhias, é muito duvidoso.

Assim sendo, a estratégia correta não é desfazer-se do sistema de representação e das instituições democráticas, mas sim transformá-las e fortalecê-las, inclusive com o auxilio de mecanismos de democracia direta, como Dilma vem propondo.

Por último, cabe aqui um comentário rápido sobre a questão da sociedade em redes.

Ao contrário do que a candidatura Marina deixa transparecer, as redes não são objetivos em si. Não são missões a serem cumpridas. As redes, que sempre existiram na história da humanidade, e que agora se expandiram com as tecnologias digitais, são apenas dados da realidade, pontos de partida para quaisquer projetos humanos. E esses projetos não são definidos pelas redes, mas por sociedades, grupos e indivíduos, de acordo com suas necessidades específicas.

Por isso, escreveu Castells que:

Assim, a questão não é como chegar à sociedade em rede, um autoproclamado estágio superior do desenvolvimento humano. A questão é reconhecer os contornos do nosso novo terreno histórico, ou seja, o mundo em que vivemos.

A sociedade em rede não é o futuro que devemos alcançar como o próximo estágio do progresso humano, ao adotarmos o paradigma das novas tecnologias. É a nossa sociedade, em diferentes graus, e com diferentes formas dependendo dos países e das culturas.

Qualquer política, estratégia, projeto humano, tem que partir dessa base. Não é o nosso destino, mas o nosso ponto de partida para qualquer que seja o «nosso» caminho, seja o céu, o inferno ou, apenas, uma casa remodelada.

No caso da candidatura Marina, acho que podemos descartar o céu e a casa remodelada."

FONTE: escrito por (*)Marcelo Zero, formado em Ciências Sociais pela UNB e assessor parlamentar do PT. Artigo publicado no jornal digital "Brasil 247"  (https://www.brasil247.com/pt/247/artigos/151811/Radiografia-política-de-uma-candidatura-apolítica.htm). [Título e trecho entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

MARINA: SÓ PODE SER COMÉDIA...



Marina: Só pode ser comédia

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

"Foi possível comprovar no debate da Bandeirantes que Marina Silva escolheu o caminho mais confortável para fazer campanha eleitoral.

Se você passar as ideias de Marina numa máquina de fazer suco, irá sobrar um ponto: a pregação da unidade. Marina diz que o Brasil está cansado da polarização. Diz que o tempo de conflito entre PT e PSDB acabou. Afirma que é preciso unir os bons, os capazes, os honestos, que estão em toda parte, em todos os partidos. Diz que o país está cansado de criticar uma “elite” onde se encontram Neca Setubal e Chico Mendes, e também lideranças indígenas e grandes empresários. Olha que bonito. Não há poder econômico, nem desigualdade, nem poder de classe. Não há, é claro, um sistema financeiro de um país que, tendo a sétima economia do mundo, possui bancos cujo rendimento encontra-se entre os primeiros do planeta.

É bom imaginar que o mundo é assim. Relaxa, conforta. Permite interromper o debate e tirar férias. Pena que seja uma utopia de conveniência.

Mais. É uma fantasia que não cabe na biografia de Marina Silva. Pelo contrário.

Poucas vezes se viu uma história de divisão e desagregação como método de ação política.

Veja só. Ela rompeu com o governo Lula, onde fora instalada no Ministério depois da campanha - de oposição - contra o governo Fernando Henrique Cardoso/PSDB. Saiu do PT e foi para o PV. Saiu do PV e foi para a Rede. Incapaz de unificar os militantes e ativistas que queriam transformar a Rede num partido, bateu às portas do PSB depois de denunciar a decisão do TSE. Criou casos, brigas e divergências desde o primeiro dia. Brigada à esquerda e à direita do partido, era protegida por Eduardo Campos, a quem interessava contar com seu Ibope para evitar um desempenho pequeno demais no primeiro turno.

Marina estava isolada dentro do PSB, afastada dos principais dirigentes, quando, por “força divina”, como ela diz, ocorreu a tragédia que permitiu que se tornasse candidata a presidente. Seguiu brigando: logo de cara o secretário-geral, homem de confiança de Miguel Arraes, patrono histórico do PSB, foi embora da campanha, dizendo que não iria submeter-se “àquela senhora.” Outras brigas ocorreram. Outras foram suspensas porque, pela legislação eleitoral, já venceu o prazo para candidatos a deputado, senador e governador trocarem de partido.

O discurso da unidade pode ser real. Depois da posse de Lula, o país buscou e construiu uma unidade política real, que nunca esteve isenta de conflitos, mas se destinava a atender a uma necessidade histórica reconhecida: ampliar os direitos da maioria, diminuir a desigualdade, desenvolver o mercado interno e definir um papel altivo do país no mundo. Melhorias que estão aí, à vista de todos.

Mas a “unidade” pode ser um recurso retórico para apagar as diferenças - reais e importantes - entre os candidatos a presidente. Permite fugir do debate real, desfavorável quando travado com lucidez e racionalidade. Ajuda a fingir que todos são equivalentes em virtudes e defeitos, e podem ser colocados no mesmo nível. Elimina-se a história, num esforço para apagar a memória.

Marina precisa minimizar os bons dados do emprego, do consumo, do salário mínimo, preparando o terreno para revogar essas mudanças.

Esse comportamento ajuda a criar a ilusão de que todos - banqueiros e seringueiros para começar - têm as mesmas ambições e mesmos projetos. A mágica fica aqui: basta que surja uma liderança providencial - olha a força divina, de novo - para convencer todos a dar-se as mãos em nome do bem, sob liderança de Marina Silva. Não há projeto, não há o que fazer. Tudo pode ser o seu avesso.

A sugestão é que só faltava aparecer alguém com tanta capacidade permitir que isso ocorra em 2014. Felizmente, essa personagem apareceu. Sou totalmente favorável a liberdade de religião mas temo que, em breve, alguém possa sugerir que oremos olhando para cima para agradecer.

Essa linha de argumentos é uma tentativa de eliminar as conquistas e vitórias importantes dos últimos anos, passar uma borracha nos avanços obtidos e preparar a revanche dos derrotados de 2002.

Por isso, Marina fala de uma unidade que esconde dados reais. Os economistas de seu círculo são tão conservadores que já reclamaram dessa “extravagância” brasileira que é comer um bife por dia, como já fez Eduardo Gianetti da Fonseca. Dizem que a humanidade andou consumindo demais e que o regime de contemplação típico da religião budista pode ser uma condição para o progresso, como já disse André Lara Rezende, que, coerentemente, já escreveu que a posição do país na divisão de riqueza mundial não lhe permite ambicionar um crescimento econômico em taxas mais do que medíocres.

Todos ali celebram o governo de FHC/PSDB como patrono da moeda sem lembrar que em seus dois mandatos a inflação subiu mais do que nos anos Lula e também nos anos Dilma. Todos lamentam o Brasil de 2009 - justamente o momento em que Lula reagiu a crise mundial e impediu que o país afundasse como a Grécia, a Espanha, a Irlanda, quem sabe a França. Balanço para 2014: defender a independência do Banco Central em cima desses selvagens, entendeu? Como se atrevem a tentar - mesmo parcialmente - encarar o mercado?

O esclarecimento das opiniões e o conflito de ideias são elementos indispensáveis da democracia, como ensinou Hanna Arendt, autora essencial para se entender que as ditaduras e governos autoritários nascem pela negação da existência de classes sociais e interesses divergentes.

Foi esse o aprendizado que, numa longa caminhada iniciada no ABC de Luiz Inácio Lula da Silva, nos estudantes que enfrentaram a ditadura, nos trabalhadores rurais do Acre de Wilson Pinheiro e Chico Mendes, foi possível construir uma aliança política nacional capaz de abrir brechas num sistema de poder eternizado pela força bruta dos cassetetes e por vários salvadores da pátria."

FONTE: escrito por Paulo Moreira Leite, em seu blog. Transcrito no "Blog do Miro"
(http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/08/marina-so-pode-ser-comedia.html).

MARINA TOPA TUDO. O PT TOPA OUSAR OU VAI SE RENDER?




Marina topa tudo. O PT topa ousar ou vai se render?

"O programa de Marina pode ser resumido em uma linha: a "nova política" reserva 20% do PIB para educação e saúde, mas entrega o comando fiscal à agenda do arrocho.

Por Saul Leblon, na "Carta Maior"

O programa de Marina Silva, lançado na mesma sexta-feira em que o Datafolha lhe dava uma vantagem de 10 pontos sobre Dilma Rousseff no segundo turno --ao qual se credenciou depois de crescer nada menos que 13 pontos em 11 dias-- tem 242 páginas.

É um livro.

Mas poderia ser resumido em uma linha: a ‘nova política’ da novíssima Marina Silva é ortodoxa nas questões econômicas que condicionam o destino da sociedade, e liberal nos costumes que já romperam as amarras do presente.

Assim: o Brasil de Marina Silva entrega a moeda, os juros, o câmbio, os salários, a política externa e a fiscal à supremacia dos mercados financeiros.

Em resumo, o país renuncia ao comando do seu destino e ao destino do seu desenvolvimento.

Mas acolhe (*) o que já é um fato reconhecido até pela Justiça: o justo pleito da união civil entre homossexuais e o direito à adoção de crianças por casais gays, por exemplo.

[(*) OBS deste blog 'democracia&política': "Não duraram nem um dia inteiro, no programa de governo de Marina Silva, os tópicos que previam a aprovação do casamento igualitário, a adoção de crianças por casais homoafetivos, a aprovação do PLC 122, que criminaliza a homofobia, entre outros pontos. Bastou o pastor Silas Malafaia se manifestar no Twitter com seu já tradicional terrorismo eleitoreiro para que a coordenação da candidata que representa “a nova política”, “que não faz concessões”, fizesse uma errata eliminando quase todos os pontos que fazem o pastor subir pelas tamancas" (Fonte: http://www.ladobi.com/2014/08/malafaia-chantageia-marina/). Marina explicou que foi uma “falha processual na editoração”.]

Se do ponto de vista da evangélica Marina Silva isso pode criar algum ruído junto a apoios prometidos –como o do pastor Silas Malafaia , um cruzado da homofobia; de outro lado, essa concessão é mais que compensada pela abrangência de interesses contemplados por outras diretrizes de superlativo impacto na repartição do poder e da renda.

Por exemplo, rebaixar o espaço estratégico do pré-sal na política de desenvolvimento e resgatar o da energia nuclear (**).

[(**) OBS deste blog 'democracia&política': "Marina Silva, se presidente, substituirá o Diário Oficial por Errata Oficial. A coligação dela acaba de divulgar outra errata em seu programa de governo, tão ou mais grave que a primeira. Ela nega que irá priorizar a energia nuclear. Tudo que havia de bom em seu programa está sendo cortado. Vai sobrar, ao que parece, apenas a parte que defende o Itaú, o mercado financeiro e autonomia do Banco Central...." (Fonte: http://tijolaco.com.br/blog/?p=20642)]  

         
Mas também fragilizar o Mercosul em benefício de acordos bilaterais –leia-se subordinar a diplomacia brasileira à agenda hegemônica dos livres mercados numa restauração da lógica da ALCA sepultada desde 2003.

Marina Silva se oferece assim às elites e aos endinheirados como uma espécie de ‘topa tudo’. Um candidatura desfrutável como um Bom Bril, que se presta a mil e uma utilidades.

Não é pouco .E não surpreende que amplas parcelas do PSDB --e da mídia que apoiava seu candidato, já tenham cristianizado Aécio Neves, para embarcar no meteórico ônibus da ‘nova política’, rumo à Brasília.

Repita-se aqui o que disse "Carta Maior" em nota anterior. A oportunidade representada por Marina Silva contempla aspirações de poder que, invariavelmente, desde 2002, encontraram dificuldade de se expressar através de um palanque que emprestasse carisma popular a um projeto de raízes tão excludentes.

Agora não mais, graças à ascensão desse super-bond chamado ‘nova política'.

De novo, vale repetir: trata-se de um retrofit político e ideológico.

Retro, do latim “movimentar-se para trás” e fit do inglês, adaptação, ajuste.

Termo originado da arquitetura, o retrofit é recomendável quando um edifício chega ao fim de sua vida útil.

É uma opção para corrigir o desgaste e a decadência do uso sem, todavia, alterar seus alicerces e estruturas de sustentação. Fica mais barato e é funcional.

O programa de Marina Silva é um retrofit do neoliberalismo .

O desafio de vida ou morte do campo progressista neste momento é restaurar a transparência dos dois polos em confronto na sociedade brasileira, dissimulados sob a aparência de uma ‘nova política’.

O calcanhar de aquiles do retrofit conservador é o antagonismo entre a maquiagem da fachada e de alguns equipamentos e a rigidez dos pilares e colunas estruturais.

Num edifício, isso é contornável com algum jogo de decoração.

Numa sociedade, pode ser insuportável.

A participação soberana e democrática da população nas decisões sobre o desenvolvimento frequentemente evoca mudanças estruturais que colidem com os interesses calcificados que a ‘nova política’ visa preservar.

Um exemplo resume todos os demais.

O programa de Marina Silva afirma que vai destinar 10% do PIB à educação em seu mandato –antes, portanto, do ciclo de dez anos previsto pelo governo Dilma, que ancora sua projeção em ganhos com os royalties do pré-sal, cuja centralidade será descartada em um governo do PSB.

Diz, ainda, que assentará 85 mil famílias de sem terra (em 2012 foram assentadas 23 mil).

E sinaliza que destinará outros 10% do PIB à saúde.

Uma pergunta: fará tudo isso ao mesmo tempo em que entrega aos centuriões do mercado o comando da política fiscal para procederem ao arrocho no gasto público?

Não só.

Marina afirma apoiar o decreto de Dilma, demonizado pela elite que a festeja, da Política Nacional de Participação Social.

É justo perguntar: participação em que, quando se terceiriza aos operadores do mercado a prerrogativa de fixar os principais preços da economia, entre eles a taxa de juros, delegada a um Banco Central independente?

Marina e seus formuladores defendem a mesma autonomia em relação a outros preços estratégicos.

O câmbio, segundo eles, deverá flutuar livremente.

Quanto aos ao salários (o terceiro preço decisivo no capitalismo) , já se antecipou que a política de valorização do salário mínimo adotada pelos governos petistas será revertida.

É justo repetir a pergunta: assim encapsulada a economia nas mãos do mercado, o que sobra à participação social endossada por Marina Silva?

Visto desse prisma da dinâmica econômica e social, o programa de 242 páginas resume-se a um embrulho vistoso que guarda uma única determinação implacável: devolver a agenda do desenvolvimento à supremacia "dos mercados".

A um custo social não mencionado, mas implícito.

Dizer que manterá o Bolsa Família , como o faz o calhamaço, mas sinalizar com o arrocho do salário mínimo, implica devolver à miséria milhões de famílias assalariadas.

Prometer assentar 85 mil sem terra e praticar uma política cambial, monetária e tarifária como querem os operadores de mercado é enxugar o chão com a torneira aberta: centenas de milhares de famílias serão cuspidas de seus lugares e de seus empregos.

Por tudo isso, é pertinente dizer que o endosso de Marina à política de participação social lançada por Dilma significa pouco mais que um retrofit na palavra simulacro.

O conjunto, porém, envolve uma operação de potencial lucrativo tão elevado que ao mercado compensa tolerar os penduricalhos da ‘professora que veio dos seringais’ –desde que a cozinha econômica fique, como já se definiu que ficará, nas mãos experientes dos açougueiros do mercado financeiro.

Não é só uma sucessão presidencial, portanto, o que está em jogo.

É uma mutação histórica do desenvolvimento brasileiro que, se for implementada, marcará funestamente a vida desta e de futuras gerações.

Diante da gravidade do que se avizinha, "Carta Maior" reitera seu editorial anterior:

Ao aluvião de interesses graúdos -- e de descontentamento difuso, seduzido pelo glamour da ‘nova política’, não basta contrapor o exaustivo balancete publicitário do que se conquistou e se incorporou à rotina do país nestes últimos 12 anos.


É importante, mas não é suficiente.

É forçoso contrapor à ‘nova política’ aquilo que a desnuda e afronta.

É urgente dizer pelo que se luta; e contra quem se trava a batalha dos próximos dias e noites.

Essa é uma batalha entre a democracia social e as forças regressivas mobilizadas pelos interesses globais que acossam a economia brasileira.

É preciso escancarar a contradição entre o retrofit messiânico que as expressa e as estruturas calcificadas que ele maquia.

É preciso contrapor a isso um salto efetivo da democracia participativa que devolva à sociedade o poder reordenador que agora se pretende terceirizar aos mercados.

Tornar esse salto palpável aos olhos da população requer um símbolo de magnetismo equivalente às tarefas que essa agenda encerra em termos de repactuação de metas, concessões, salvaguardas e organização política.

Um novo governo estruturado em torno dessa renegociação do desenvolvimento requer um chefe de Casa Civil dotado, ao mesmo tempo, de inexcedível sintonia com a Presidenta Dilma , e de incontrastável representatividade popular.

Essa referência existe; já funciona de fato como líder político do campo progressista; deveria ser oficializado desde já no anúncio antecipado da composição de um segundo governo Dilma.

Seu nome é Lula."


FONTE: escrito por Saul Leblon, na "Carta Maior". Transcrito no blog de nogueira jr.  (http://nogueirajr.blogspot.com.br/2014/08/marina-topa-tudo-o-pt-topa-ousar-ou-vai.html?). [Trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

O PROGRAM DE MARINA É TUCANO




O programa de Marina é "tucano" 

Por André Barrocal, na revista "CartaCapital":

"A presidenciável Marina Silva (PSB) lançou seu programa de governo na sexta-feira 29 com uma política econômica igual à defendida pelo PSDB nesta eleição e em anteriores. Marina propõe diminuir o tamanho do Estado com o corte de ministérios e gastos públicos, medidas facilitadoras dos lucros empresariais, reduzir a ação dos bancos estatais para que os privados possam fazer mais negócios e a busca de uma reaproximação comercial com os Estados Unidos, entre outras coisas.

Ao contrário dos tucanos, porém, Marina comprometeu-se a com uma ideia polêmica: “Assegurar a independência do Banco Central o mais rapidamente possível, de forma institucional, para que ele possa praticar a política monetária necessária ao controle da inflação”.

Caso uma lei como a proposta por Marina seja aprovada, o BC não terá mais de se subordinar ao presidente da República ou ao ministro da Fazenda. Terá liberdade para tomar decisões sobre, por exemplo, as taxas de juros. Era uma bandeira de Eduardo Campos, morto em 13 de agosto. Quando Campos e Marina se uniram e começaram a desenhar o programa de governo do PSB, ela discordava da ideia, segundo Maria Alice Setúbal, amiga da ex-ministra, herdeira do banco Itaú e uma das responsáveis pelo programa. Marina acabou, porém, se convencendo a defender a proposta.

Roberto Amaral, presidente do partido pelo qual Marina concorre à Presidência, é contra a proposta. Já tinha essa posição quando o candidato do PSB ainda era Campos, mas foi derrotado em debates internos, pois o falecido ex-governador era o então dirigente máximo da sigla. Amaral também discorda das posições econômicas liberal-conservadoras dos dois principais assessores de Marina no tema, André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real, e Eduardo Giannetti da Fonseca.

Com a promessa de independência ao BC, Marina tenta conquistar o apoio do sistema financeiro e do alto empresariado, especialmente o paulista. Os dois grupos não querem a reeleição de Dilma Rousseff (PT), mas hesitam em aderir à campanha marinista. Não sabem ao certo que tipo de governo ela faria. Preferiam apoiar o candidato Aécio Neves, do PSDB, partido com quem têm mais afinidade. A entrada de Marina na eleição, contudo, mostrou que ela tem mais chances de vencer Dilma - ao menos conforme se vê nas mais recentes pesquisas.

Na terça-feira 26, assessores marinistas reuniram-se com banqueiros e investidores estrangeiros em São Paulo para tentar mostrar como seria um governo Marina. O encontro foi promovido por Maria Alice, conhecida como Neca, e pelo Itaú BBA, um dos braços do banco Itaú.

Ao encampar a política econômica tucana, Marina forçou Aécio Neves a defender mais abertamente a agenda histórica do PSDB. Desde o início da campanha, o senador mineiro tinha evitado se expor tão abertamente, por receio da propaganda petista. A comparação entre os dados de emprego e renda nos governos Dilma e Lula com os oito anos da gestão Fernando Henrique era o centro da estratégia dilmista. Uma proposta de lei de independência do BC está em discussão no Senado por iniciativa de um tio de Aécio, o senador Francisco Dornelles, do PP do Rio. O tucano preferiu, contudo, evitar o tema, com medo da propaganda do PT, segundo a qual a independência do BC dará mais poder os banqueiros para aumentar os juros e estimular o desemprego.

Principal assessor econômico de Aécio, Armínio Fraga, presidente do BC na gestão FHC, andava sumido desde o início da eleição, em 6 de julho. Com a ameaça representada por Marina a sua candidatura, Aécio liberou Armínio para voltar à cena. Esperava convencer o sistema financeiro e o alto empresariado de que o PSDB ainda seria a melhor aposta contra o PT. Nos últimos dias, Fraga deu entrevista à revista Veja e publicou artigo no jornal Folha de S. Paulo. Ao participar do primeiro debate televisivo entre os presidenciáveis, na terça-feira 26, na Band, Aécio anunciou que Fraga será seu ministro da Fazenda, caso ele seja eleito.

O programa de governo de Marina também propõe uma reaproximação comercial com os Estados Unidos, a exemplo do que consta da agenda econômica do PSDB. A filosofia é a mesma que vinha sendo defendida por Campos. Enquanto esteve na campanha, o falecido candidato dizia defender “negociações maduras” com o governo norte-americano. A relação entre os dois países está em marcha lenta desde a descoberta da espionagem praticada pelos EUA contra Dilma, cidadãos e empresas brasileiros. Quando Campos morreu, a Casa Branca divulgou uma nota lamentando o fato."


FONTE: escrito por André Barrocal, na revista "CartaCapital". Transcrito no "Blog do Miro"  (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/08/o-programa-de-marina-e-tucano.html).

O PSDB ACABOU



A única certeza é a de que o PSDB acabou

Por Eduardo Guimarães, no "Cidadania"



"Aécio Neves parece já ter jogado a toalha. Aliás, começou a parecer já no debate da Band, quando, em vez de atacar Marina Silva, que lhe tomou o segundo lugar na corrida eleitoral, centrou fogo em Dilma. Aliás, já se fala até em ele desistir e disputar o governo de Minas.

Na última sexta-feira, enquanto até o Datafolha – que o “segurou” o quanto pôde com mais intenções de voto do que realmente tinha – trazia ao tucano a péssima notícia de que estava caminhando rapidamente para terminar a eleição como “nanico”, ele dizia que o governo Dilma teria “acabado antes da hora”.

Ah, esses tucanos… O que pode ter acabado antes da hora é a candidatura presidencial de Aécio e a disputa pelo governo do Estado de Minas Gerais, com o PT disparando na frente.

Ainda assim, uma inexplicável onda de militantes tucanos anda por aí comemorando a divisão do país entre Dilma Rousseff e Marina.

Em relação à eleição presidencial, está acontecendo por aqui o que aconteceu na Venezuela no ano passado: uma disputa apertadíssima entre Nicolás Maduro e Henrique Capriles. Assim será no Brasil. Quem vencer a eleição presidencial, vencerá por margem apertada…

A desinformada militância tucana fica se masturbando mentalmente com uma história maluca de que o PT teria “acabado” simplesmente porque Dilma e Marina estão empatadas. Mas, enquanto isso, o PSDB e seus colunistas amestrados entram em desespero.

Explico: projeções dizem que PT deve eleger em 2014 uma bancada de deputados federais superior à que elegeu em 2010 (88 deputados). Provavelmente, elegerá uma centena de deputados. O PSDB vem elegendo cada vez menos deputados desde 2002 (vide gráfico no alto da página) e, em 2014, deve sofrer uma profunda redução de sua bancada atual.

A razão para uma redução mais drástica da representação parlamentar do PSDB reside justamente no que militantes tucanos desinformados estão comemorando, o quadro da sucessão presidencial.

A votação dos candidatos a presidente influi consideravelmente no tamanho da bancada que o partido de cada um desses candidatos terá na legislatura seguinte. Ora, se com José Serra tendo cerca de 45% dos votos em 2010 o PSDB só elegeu 52 deputados, quantos elegerá em 2014 com Aécio terminando a corrida pela Presidência, por exemplo, com os 15% com que apareceu na última pesquisa Datafolha?

A eleição presidencial está indefinida. Em primeiro turno, segundo o Datafolha Dilma e Marina estão empatadas. Em segundo turno, Marina vence por 50% a 40%. Além dos 7% de indecisos, se Dilma tirar 5 pontinhos de Marina, elas empatam em 2º turno.

Não existe uma situação desesperadora para o PT, portanto. Dizer que o partido “acabou” é um hilariante autoengano da militância tucana o qual as instâncias partidárias tucanas obviamente não compartilham, até porque sabem que quem está acabando é o PSDB.

Quantos deputados o PSDB deve eleger neste ano? Em uma “conta de português”, pode-se dizer que se Aécio tiver um terço da votação que Serra teve em 2010 a nova bancada de deputados federais tucanos será de uns 15 ou 20.

Enquanto isso, na eleição presidencial, o reduzido contingente de indecisos mostra que a situação chegou a um ponto de quase cristalização.

Em segundo turno, da pesquisa anterior do Datafolha (no dia 18) para cá Marina cresceu 3 pontos, mas, descontada a margem de erro, pode ter crescido só 1 ponto, ou seja, pode não ter crescido nada.

Em 10 dias, a situação em segundo turno mudou muito pouco. A subida de Marina pode parar por aí, pois com 7% de indecisos não há muito espaço para ela crescer mais.

Mas, na hipótese de Marina vencer a eleição (toc, toc, toc), há que ver quanta importância terão PT e PSDB para lhes ser proposta composição com o eventual novo governo. Afinal, Marina pode até vencer, mas terá que negociar absolutamente tudo com o Congresso.

Aliás, esse é um dos grandes temores dessa terrível possibilidade, pois Marina seria uma presidente fraca em termos de apoio parlamentar, ainda que, nos primeiros meses de uma sua eventual gestão, pudesse contar com o apoio da opinião pública.

Contudo, como está sendo vendido pela campanha de Marina que, vencendo, ela iria resolver problemas seculares que o PT obviamente não teve tempo de resolver, o apoio da opinião pública tende a se desfazer rapidamente.

E não só pelos problemas existentes, mas pelos que seriam criados. A aplicação do ideário econômico e administrativo do grupo político que circunda Marina seria um desastre, com arrocho salarial, aumento do desemprego etc.

Ou alguém conhece outro jeito de baixar drasticamente a inflação que não seja arrochar salários e reduzir empregos?

Marina anunciou que, se vencer, haverá abandono do pré-sal, o BNDES voltará a financiar só grandes grupos econômicos – e bem menos do que hoje –, o Banco Central será "independente" e o Estado deixará de ser indutor da economia.

O que impediu que os brasileiros sentissem a crise econômica foi justamente o papel do Estado na economia, com os PAC, o incentivo do BNDES e o aumento da atividade gerado pela exploração do pré-sal.

Mas tais desgraças só ocorreriam se Marina vencesse, o que ainda falta muito para se ter certeza de que irá acontecer, ainda que o voluntarismo de alguns tente pintar como favas contadas o que não passa de uma mera e assustadora possibilidade."


FONTE: escrito por Eduardo Guimarães, no seu blog "Cidadania"  (http://www.blogdacidadania.com.br/2014/08/a-unica-certeza-e-a-de-que-o-psdb-acabou/).

sábado, 30 de agosto de 2014

ITAÚ DERROTA DILMA ! BANCOS ELEGEM MARINA





[OBS deste blog 'democracia&política':

Parabéns ao Banco Itaú, aos megabancos nacionais e estrangeiros e, particularmente aos sonegadores! O "Datafolha" divulgou ontem sua pesquisa mostrando a vitória de Marina no 2º turno. 

Este blog já mencionou há poucos dias um dos motivos de o Banco Itaú ter-se lançado como candidato à Presidência da República, travestido de "Marina Silva". O banco foi descoberto sonegando R$ 18,7 bilhões e não quer pagar.

Segundo reportagem do "R7" (André Forastieri), "em agosto de 2013 — no governo Dilma Rousseff — a Receita Federal autuou o Itaú Unibanco. Segundo a Receita, o Itaú deve uma fortuna em impostos. Seriam R$ 18,7 bilhões relativos à fusão do Itaú com o Unibanco, em 2008. O Itaú deveria ter recolhido R$ 11,8 bilhões em Imposto de Renda e R$ 6,8 bilhões em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. A Receita somou multa e juros." 

O que causou essa candidatura do Itaú manipulando Marina Silva foi o fato de a Receita Federal do governo Dilma estar cobrando a devolução daquele dinheiro público que o banco se apropriou. O Itaú não quer pagar. Assim, apoia Marina para derrotar Dilma e anular a dívida. Outros grandes sonegadores, inclusive grande rede de TV, também apoiam Marina. 

Tudo indica, acreditando-se no Datafolha, que a jogada deu certo. Essa anulação virá de forma natural e sem alarde quando os bancos assumirem o comando permanente e intocável do BACEN e da macroeconomia brasileira. Essa assunção ocorrerá com a esperta e eufêmica manobra capciosa de tornar o "Banco Central independente" (isto é, independente do governo, mas exclusiva e totalmente dependente dos megabancos). Marina já se comprometeu publicamente com essa "independência".

Vejamos o artigo seguinte do "GGN": MARINA GANHARIA HOJE: BEM FEITO!]

Marina e o mito do cavaleiro solitário

Por Luis Nassif

"Todo fim de ciclo político abre espaço para os 'outsiders' da política.

São períodos em que ocorre um aumento da inclusão, da participação popular e os mecanismos políticos tradicionais não mais dão conta da nova demanda. Há o descrédito em relação à política e, no seu rastro, o cavaleiro solitário, cavalgando o discurso moralista e trazendo a esperança da grande freada de arrumação.

Fazem parte dessa mitologia políticos como Jânio Quadros, Fernando Collor e, agora, Marina Silva.

Tornam-se fenômenos populares, o canal por onde desaguará a insatisfação popular com o velho modelo.

No poder, isolam-se por falta de estrutura partidária ou mesmo de quadros em qualidade e quantidade suficiente para dar conta do recado de administrar um país complexo como o Brasil.

Com poucos meses de mandato, a população percebe que não ocorrerá o milagre da transformação política brasileira e se desencantará com o salvador. Sem base política, sem o canal direto com o povo, perdem o comando e trazem a crise política.

Desde a redemocratização de 1945, o Brasil tornou-se um país difícil de administrar, dada a complexidade de forças e setores envolvidos. Só é administrável através das composições políticas.

Na última década, a complicação ficou maior porque floresceram uma nova sociedade civil, novas classes de incluídos e o fantasma da hiperinflação (e dos pacotes econômicos) não mais funcionava como agente organizador das expectativas e de desarme das resistências.

O maior momento de Marina foi quando, na OMC (Organização Mundial de Comércio) defendeu o direito do Brasil de proibir a importação de pneus. No episódio Cessna, descobre-se [que o avião da campanha Eduardo/Marina era de] um sócio oculto do ex-governador Eduardo Campos, que enriqueceu com incentivos fiscais (do estado de Pernambuco) [concedidos pelo governador Eduardo] justamente para a importação de pneus.

Não apenas isso.

Sua vida profissional [de Marina] indica uma personalidade teimosa e desagregadora.

Começou a vida política com Chico Mendes. Depois, rompeu com ele e aderiu ao PT. Foi parceira de Jorge Vianna, governador do Acre. Rompeu com Jorge, tornou-se Ministra de Lula.

Teve embates com a então Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff acerca da exploração da energia na Amazônia. Perdia os embates nas reuniões Ministeriais, mas criava enormes empecilhos no licenciamento ambiental.

Nas reuniões ministeriais, jamais abria mão de posições. Quando derrotada, se autovitimizava e, nos bastidores, jogava contra as decisões com as quais não concordava.

Saiu do governo Lula no dia em que anunciou seus planos para a Amazônia e Lula entregou a gestão para Roberto Mangabeira Unger.

Saiu do governo, entrou no PV e promoveu um racha no partido. Tentou montar a Rede, juntou-se com o PSB e criou conflitos de monta com os principais auxiliares de Campos.

A teimosia em geral estava a serviço de ideias e conceitos totalmente anticientíficos.

Combateu as pesquisas em células tronco. Em 2010, em uma famosa entrevista no Colégio Marista, em Brasilia, anunciou que proibiria ensinar Darwin nas escolas, por ser a favor do criacionismo.

Se o país resolver insistir na aposta no personagem salvador, só há uma coisa a dizer: bem feito!"

FONTE: escrito por Luis Nassif no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/marina-e-o-mito-do-cavaleiro-solitario).[Título obtido no "Viomundo" e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

DATAFOLHA REPETE FAÇANHA DE 2010

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Datafolha repete façanha de 2010


Por Miguel do Rosário



"Em abril de 2010, mesmo com o governo Lula pontificando com uma popularidade de 73%, o instituto Datafolha estimava que Serra teria 50% dos votos num eventual segundo turno, contra 40% de Dilma.

Pouco mais de 1 mês depois, sem campanha na TV, Dilma ultrapassaria Serra, com 46% a 45%.



Ironicamente, são os mesmos números que atribuem hoje à Marina (50%) e Dilma (40%).

Depois que Dilma deixou claro, no debate na Band, que pensa em fazer uma “regulação econômica” da mídia, alguns escrúpulos podem estar sendo deixados de lado pelos institutos de pesquisa.

Ah, não, o fato de estarmos no fim de agosto não quer dizer nada. Ou melhor, é vantagem para Dilma, porque se, em 2010, ela conseguiu mudar uma diferença de 10 pontos para uma vantagem de 1 ponto, em pouco mais de 30 dias, sem ajuda de rádio e TV, então ela pode agora, com ajuda de rádio e TV, repetir o feito e desmontar uma possível armação estatística."

FONTE: escrito por Miguel do Rosário em seu blog "O Cafezinho"  (http://www.ocafezinho.com/2014/08/29/datafolha-repete-numeros-de-2010/).


LAMENTAVELMENTE, A HISTÓRIA SE REPETE COM MARINA




Direita tenta reeditar 1960 e 1989 em 2014, por Diogo Costa

Por Diogo Costa

LAMENTAVELMENTE A HISTÓRIA SE REPETE

"Algumas pessoas ficam cheias de dedos para comentar sobre o processo eleitoral atual. Não é hora para omissões. A história brasileira é que subsidia o conteúdo desse texto.

Em 1960, Jânio Quadros se elegeu presidente da república pelo PTN (com o apoio da UDN). O PTN era um micropartido que nem de longe estava no centro da política nacional, como estavam a própria UDN, o PSD e o PTB.

Em 1989, Fernando Collor de Mello se elegeu presidente da república pelo PRN. O PRN era um micropartido que com muito gosto abraçou as pretensões da "nova política" de Collor, egresso da ARENA, do PDS e do PMDB.

Em 2014, a direita quer repetir o fenômeno com uma candidatura laranja, que usa o PSB como barriga de aluguel e que um dia depois da eleição irá para o micropartido "Rede", espécie de PTN ou PRN dos dias de hoje.

Tanto Jânio Quadros quanto Collor se autodefiniam como figuras acima dos partidos tradicionais. Criticavam a política em si, os partidos políticos e os próprios políticos.

Se apresentavam como mui dignos representantes da "nova política" que iria sanear e moralizar o Brasil...

É o mesmo discurso falso, cínico e mentiroso da moça lá do Acre.

A Rede, que sequer foi criada ainda, o PTN e o PRN têm em comum o fato de serem legendas pequenas e sem contornos ideológicos e programáticos bem definidos.

Em 1961, sem conseguir uma base de apoio minimamente confiável no Congresso Nacional, Jânio renuncia e mergulha o país numa violenta crise institucional.

O golpe só não veio ali mesmo graças à atuação corajosa e certeira do então governador gaúcho, Leonel Brizola, e da sua Campanha da Legalidade que garantiu a posse constitucional de João Goulart.

Em 1992, Collor sofreu um impeachment, muito mais por ter se isolado no Congresso e por estar num partido pequeno e irrelevante como o PRN.

A história está aí para quem quiser ver e estudar.

Àqueles que negam a política e os partidos políticos, ao contrário do que dizem, deseducam as massas e são os verdadeiros representantes das ideias mais reacionárias que se possa imaginar.

Em outras palavras, são apenas farsantes.

Farsantes com um discurso falsamente moderno que se coloca acima da política, acima dos partidos, acima dos políticos e acima das instituições.

Não existe nada mais conservador e de extrema direita do que esse messianismo que falsamente paira acima de tudo e de todos.

Marina Silva é uma espécie de Jânio Quadros ou de Fernando Collor de Mello. Nada mais do que isto.

Cabe àqueles que têm um mínimo de conhecimento histórico, impedir que o Brasil de 2014 caia novamente numa aventura da extrema direita."


FONTE: escrito por Diogo Costa e publicado no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/direita-tenta-reeditar-1960-e-1989-em-2014-por-diogo-costa).

CAPITAL ESTRANGEIRO JÁ MANIPULOU MARINA PARA A ENTREGA DO PRÉ-SAL




Dilma tem visão estratégica para enfrentar os interesses mundiais do mercado do petróleo, e garantir a riqueza finita para a educação e saúde. Marina já está sendo manipulada para entregar o pré-sal aos interesses do capital estrangeiro. O Brasil perderia o bonde do ciclo econômico do pré-sal, se Marina vencesse.

Marina já é manipulada pelo capital estrangeiro para entregar o pré-sal.

Vou falar mais como cidadão, porque agora Marina Silva (PSB) pisou no meu calo, aliás pisou no pescoço, cabeça de todo cidadão brasileiro, quando colocou em seu programa de governo que o pré-sal não é prioridade.

Agora virou questão de segurança nacional, de crime de lesa-pátria.

Já chega aquela proposta indecente de colocar o Banco Central para ser filial do Banco Itaú [e dos grandes bancos estrangeiros e nacionais], sob disfarce de ser "independente".

O petróleo do pré-sal significa trilhões para educação nos próximos anos e décadas. Não é esperança, não é sonho, como a Marina Silva gosta de dizer. É garantia por lei, aprovada por Dilma, de que esse dinheiro vai entrar no orçamento da educação (e ainda tem os 25% que vai para a saúde).

Quanto mais o pré-sal produzir, mais a educação e a saúde vão ter dinheiro, e teremos outro país, transformado, desenvolvido, com o povo rico e altamente educado, sem pobreza.

Se o jovem brasileiro de 2014 já estudou bem mais do que o de 2002, com o monte de oportunidades e vagas que já foram abertas, imagine a criança de hoje que será jovem em 2020, 2025? Terá uma formação muito melhor, com escola melhor, com professores mais bem pagos, bem motivados, bem preparados. E isso é realidade, não é sonho, porque o pré-sal já produz 540 mil barris ao dia, e a produção não para de crescer. E não parará de crescer em ritmo acelerado até a próxima década, pelo menos se Dilma for reeleita.

E não é só o petróleo que tem valor. Ele impulsiona a indústria naval, de sondas, de máquinas, de instrumentos eletrônicos e mecânicos, de centenas de setores da economia, tudo isso na indústria nacional, gerando empregos aqui para engenheiros, técnicos, operários, prestados de serviços de todo tipo.

A engenharia brasileira é outra quando se faz tecnologia aqui. Em vez do engenheiro trabalhar em burocracia, vendas ou fora de sua área, com em bancos, ele mete a mão na massa na tecnologia. Aprende, desenvolve, pesquisa, descobre, tira patentes. Move a economia do conhecimento na alta tecnologia.

Toda essa tecnologia desenvolvida em mãos de brasileiros não serve apenas para a indústria petrolífera, porque o conhecimento acaba aplicado a outros setores. Pesquisas robóticas em águas profundas desenvolve conhecimento para tecnologia aeroespacial, por exemplo. Braços mecânicos no fundo do mar tem o mesmo princípio dos usados em estações espaciais, e são tecnologias usadas em linhas de montagem robotizadas de carros.

Mas os prejuízos que o Brasil terá se o pré-sal não for prioridade não para por aí. O petróleo é cobiçado no mundo todo, mas as grandes petroleiras estrangeiras têm uma política própria delas de impor o ritmo de extração para ganhar mais dinheiro, mantendo o preço do barril caro. Para elas, seria interessante atrasar a extração do pré-sal brasileiro, mantendo-o como reserva para elas explorarem mais à frente, quando os países produtores de petróleo invadidos como Iraque, Líbia e outros já tiverem dado o que tinham que dar.

O melhor dos mundos para as petroleiras estrangeiras seria ficar sentadas em cima do pré-sal brasileiro. Ter as reservas para elas, sem a Petrobras explorar fazendo concorrência.

Se a Petrobras também produz, outras petroleiras acabam contendo sua produção no Iraque, na Líbia etc. para não abarrotar o mercado mundial e derrubar o preço do barril, fazendo diminuir seus lucros. A desastrosa proposta de governo de Marina Silva vai ao encontro do interesse dessas petroleiras e contra os interesses do povo brasileiro.

Mas o amigo pode perguntar: e a emissão de poluentes do petróleo? Vale a pena ganhar dinheiro do pré-sal e detonar o planeta? A resposta é que nem de longe é isso que está em jogo, mas é com esse discurso rastaquera que querem manipular Marina Silva para nos fazer de bobos.

Quem salva o planeta é a redução do consumo de petróleo, e a fatia do leão desse consumo está nos países ricos e na China. O Brasil está fazendo sua parte na redução de emissões de carbono. Tornou-se um dos países que mais tem reduzido, exemplo para o mundo.

As necessidades de consumo de petróleo mundial serão reduzidas ao longo das próximas décadas, mas terão que ser supridas de uma forma ou de outra, com pré-sal ou sem pré-sal, com a Petrobras ou sem ela. É um combustível ainda indispensável pelas próximas décadas.

Não faz o menor sentido a Petrobras ser a única a fechar as portas, enquanto outras empresas estrangeiras ocupariam o lugar dela e ficariam com o dinheiro que deixaria de entrar para o povo brasileiro.

Além disso, a Petrobras tem a curto prazo o pré-sal como prioridade. Mas a empresa já tem em seu plano de longo prazo não ser apenas uma petroleira. Com o tempo, será uma empresa de energia em geral, cada vez produzindo mais energia limpa e de fontes diferentes. Para isso, ela precisa investir muito em pesquisa científica e tecnológica. É o dinheiro do pré-sal no presente que garante as verbas para pesquisa e que garantirão o futuro.

FONTE: do Blog da Helena — Rede Brasil Atual. Transcrito no blog "Os amigos do Presidente Lula"  (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/).

COM MARINA, BRASIL SERÁ RESERVA DE RECURSOS PARA O MUNDO DESENVOLVIDO


 



Queda do PIB é “prévia” do que o mercado quer: Aécio. Mas como não deu, vai Marina

Por Fernando Brito 

"O presidente do BC, Alexandre Tombini, estava errado quando disse, outro dia, que faltava “espírito animal” aos empresários do (ou devo dizer no) Brasil.

Existe, sim, ao menos na maioria dos grandes.

O de animal réptil, que não consegue elevar os olhos mais que alguns centímetros do chão, jamais o de águia, que mira ao longe suas oportunidades.

Claro que não me refiro aos milhões de micro, pequenos e até a grande maioria dos médios, que vivem lutando para fechar o mês.

Falo dos grandes, que ganham mais nas finanças do que nos produtos e que, nada discretamente, “comemoram” a desaceleração da economia registrada hoje nos números do PIB porque isso não lhes fez perder dinheiro e, politicamente, abre-lhes espaços para que se instale um governo que acabe com essa “mania” de tornar o Brasil um país de 203 milhões de cidadãos – e não apenas 203 milhões de habitantes, apenas – que seja desenvolvido e autônomo.

Eles, ao contrário da dona de casa e do trabalhador modesto, sabem que há uma crise no mundo e que só escaparemos a ela, como fizemos em 2008, se apelarmos para nosso próprio mercado, para o nosso próprio povo e não para a “confiança do investidor estrangeiro”, vagamente.

Aliás, esse não foge do Brasil, porque enxerga as oportunidades, e o investimento estrangeiro direto no país não dá mostras de ter enfraquecido significativamente.

E esse sabe que a desaceleração econômica não é aqui. Apenas.

O Japão teve uma queda do PIB anualizado de 6,8%. A Europa patina. Os EUA cresceram, mas porque a comparação com o primeiro trimestre ajudou, já que houve uma queda fortíssima naquele período, superior a 2%.

Em qualquer dessas nações, a esta altura, o Governo está sendo instado a gastar mais, a estimular o crédito, a reduzir os juros para facilitar o consumo e o investimento.

Aqui, ao contrário, pedem cortes nos gastos e juros mais altos.

São loucos?

Não, são répteis, porque pretendem viver assim, do que lhes traz a atividade financeira, não a produtiva.

Será que todos esqueceram-se de que, em 2008/2009, foi preciso que Lula fosse à televisão pedir que as pessoas comprassem e questionar, nas barbas do Banco Central de Henrique Meirelles, porque os 'spreads' dos bancos brasileiros eram estratosféricos. Eram e voltaram a ser.

É para isso que querem a autonomia completa (porque ela já é imensa) do Banco Central, para que ele diga, diante da orientação macroeconômica de um presidente eleito pelo povo um solene f…-se

E, sobretudo, que o povo e o país, idem.

Por isso, estavam com um candidato que soltará todas as poucas amarras que ainda tem o capital financeiro. Por isso, agora, estão com uma candidata que, além disso, vai arruinar todo o programa de investimentos em energia, estradas de ferro, rodovias, portos, em nome de uma falsa defesa do meio-ambiente.

Porque o país com mais área verde no mundo, a maior fonte de água doce do planeta e, agora, uma das maiores reservas de petróleo no mundo tem de ser estagnado, para continuar a seu uma espécie de “reserva técnica” do mundo desenvolvido.

Administrado por uma elite que aceita, de bom grado, as migalhas gordas que lhe rendem a administração da colônia."


FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"   (http://tijolaco.com.br/blog/?p=20575).  [Título adicionado por este blog 'democracia&política'].

PRÉ-SAL: 1ª VÍTIMA DO PLANO DE GOVERNO DE MARINA