sexta-feira, 30 de setembro de 2011
GLOBO QUIS SER CASSADA?
MARCO MAIA ENQUADRA REDE GLOBO: A EMISSORA SERIA CASSADA SE ANULASSE SESSÕES DA CCJ
“O presidente da Câmara dos deputados, Marco Maia (PT/RS) fez a TV Globo engolir um sapo, e ler uma espécie de direito de resposta no “Jornal Nacional” de terça-feira (27).
E emissora havia "denunciado" algo normal e insignificante como se fosse um escândalo, desde a semana passada, em todos os seus telejornais. O tom agressivo do jornalismo da emissora ganhou aparência de intimidação sobre deputados através de noticiário negativo.
A Globo disse que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) havia aprovado "118 projetos com apenas 2 deputados presentes". A Globo não disse, mas os 118 projetos dispensam [por Regimento] debate sobre constitucionalidade, por isso 35 deputados assinaram presença e não ficaram para votar pessoalmente, como se deixassem uma procuração para votar pela aprovação. A maioria dos "118 projetos" não passava de concessão de rádios com parecer pela aprovação.
Maia explicou porque essa sessão não será anulada, como cobrava a Globo:
“Não houve, em nenhum momento, qualquer tipo de infração em relação ao Regimento Interno da Câmara, que permite a realização de sessões mesmo sem o quórum presencial. Basta que haja quórum de deputados presentes na Casa....
... se essa sessão da CCJ fosse anulada, teriam que ser anuladas as votações das sessões que aconteceram nos últimos dez anos, com votação em bloco, o que acarretaria a suspensão da concessão das rádios e televisões praticamente de todo o Brasil, inclusive da Globo".
As renovações das concessões de vários veículos da Rede Globo foram feitas no dia 5 de maio de 2009, numa sessão também com votação simbólica em bloco.
Na terça-feira, o apresentador Heraldo Pereira, do Jornal Nacional, leu a notícia com semblante de quem estava literalmente engolindo o sapo, e teve que pagar o mico de dizer: "Maia disse que decisões têm sido tomadas da mesma forma nos últimos dez anos, e citou a concessão de rádios e televisões de todo o Brasil, inclusive da Globo".
FONTE: blog “Os amigos do Presidente Lula” (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2011/09/marco-maia-enquadra-rede-globo-emissora.html).
LULA RECEBE NA POLÔNIA "PRÊMIO LECH WALESA" E OFERECE O VALOR EM DINHEIRO À ÁFRICA
Após receber o prêmio de 100 mil dólares, Lula propôs, em seu discurso de agradecimento, que o valor seja doado a um país africano.
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na quinta-feira (29) em Gdansk, na Polônia, o “prêmio Lech Walesa”, criado em 2008 pela fundação do ex-presidente polonês para reconhecer personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade, democracia e cooperação internacional.
Após receber o prêmio de 100 mil dólares, Lula propôs a Walesa, em seu discurso de agradecimento, que o valor seja doado a um país africano, que será escolhido pelos diretores do “Instituto Lula” junto aos membros da fundação polonesa.
Lech Walesa, que é sindicalista e Prêmio Nobel da Paz, disse que, quando conheceu Lula, em 1980, em Roma, falou que estavam em caminhos diferentes. “Nós deixamos o comunismo e o senhor queria introduzir o socialismo. Parecia que estávamos em caminhos opostos, pois parecia não haver terceira via”, afirmou. “O senhor não tinha razão há 30 anos, mas hoje mostrou que tinha razão”.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, compareceu ao evento e disse que Lula ajudou a tornar possível um sonho impossível. Ele afirmou que o ex-presidente brasileiro e Walesa fizeram mudanças radicais em seus países, mas que não resultaram em caos como costuma acontecer com os sonhos radicais, mas sim em crescimento econômico e bem estar para as populações. O presidente do Senado polonês também foi à cerimônia.
Segundo nota divulgada pela Fundação Lech Walesa, Lula foi escolhido “em reconhecimento por seus esforços para conseguir uma cooperação pacífica e a compreensão entre as nações, especialmente para reforçar o papel dos países em desenvolvimento no mundo dos negócios, e por sua contribuição para reduzir a desigualdade social”.
Para Piotr Gulczyński, presidente do instituto Lech Walesa, o prêmio concedido “é expressão de solidariedade com aqueles que lutam por um melhor amanhã. Lula implementou reformas pacíficas em seu país, reduziu as desigualdades sociais, e também tem desempenhado papel de destaque como porta-voz para os países em desenvolvimento no exterior, bem como contribuiu para resolver os conflitos entre as nações”.
FONTE: Assessoria de Imprensa do Instituto Lula. Publicado no portal do PT (http://www.pt.org.br/index.php?/noticias/view/lula_recebe_premio_lech_walesa_e_oferece_o_valor_em_dinheiro_a_africa) [imagem do google acrescentada por este blog ‘democracia&política’]
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“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na quinta-feira (29) em Gdansk, na Polônia, o “prêmio Lech Walesa”, criado em 2008 pela fundação do ex-presidente polonês para reconhecer personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade, democracia e cooperação internacional.
Após receber o prêmio de 100 mil dólares, Lula propôs a Walesa, em seu discurso de agradecimento, que o valor seja doado a um país africano, que será escolhido pelos diretores do “Instituto Lula” junto aos membros da fundação polonesa.
Lech Walesa, que é sindicalista e Prêmio Nobel da Paz, disse que, quando conheceu Lula, em 1980, em Roma, falou que estavam em caminhos diferentes. “Nós deixamos o comunismo e o senhor queria introduzir o socialismo. Parecia que estávamos em caminhos opostos, pois parecia não haver terceira via”, afirmou. “O senhor não tinha razão há 30 anos, mas hoje mostrou que tinha razão”.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, compareceu ao evento e disse que Lula ajudou a tornar possível um sonho impossível. Ele afirmou que o ex-presidente brasileiro e Walesa fizeram mudanças radicais em seus países, mas que não resultaram em caos como costuma acontecer com os sonhos radicais, mas sim em crescimento econômico e bem estar para as populações. O presidente do Senado polonês também foi à cerimônia.
Segundo nota divulgada pela Fundação Lech Walesa, Lula foi escolhido “em reconhecimento por seus esforços para conseguir uma cooperação pacífica e a compreensão entre as nações, especialmente para reforçar o papel dos países em desenvolvimento no mundo dos negócios, e por sua contribuição para reduzir a desigualdade social”.
Para Piotr Gulczyński, presidente do instituto Lech Walesa, o prêmio concedido “é expressão de solidariedade com aqueles que lutam por um melhor amanhã. Lula implementou reformas pacíficas em seu país, reduziu as desigualdades sociais, e também tem desempenhado papel de destaque como porta-voz para os países em desenvolvimento no exterior, bem como contribuiu para resolver os conflitos entre as nações”.
FONTE: Assessoria de Imprensa do Instituto Lula. Publicado no portal do PT (http://www.pt.org.br/index.php?/noticias/view/lula_recebe_premio_lech_walesa_e_oferece_o_valor_em_dinheiro_a_africa) [imagem do google acrescentada por este blog ‘democracia&política’]
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LULA IRONIZA BIRD, FMI E COMISSÃO EUROPEIA
Lula foi recebido por Sarkozy na segunda-feira (26) em Paris
LULA IRONIZA FMI E FALA EM 'SAÍDA POLÍTICA' PARA CRISE NA EUROPA
“O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva fez ironias na terça-feira, em Paris, com os países ricos e instituições internacionais, e afirmou que a saída para a crise na Europa "está em uma decisão política".
Lula fez referência aos "conselhos econômicos" dados ao Brasil no passado e afirmou que os países desenvolvidos agora são incapazes de resolver seus próprios problemas.
"Eu vi tanta gente sabida na Europa e nos Estados Unidos quando o Brasil, a Bolívia e o México estavam em crise", disse Lula em discurso no Instituto de Ciências Políticas de Paris, onde recebeu o título de doutor honoris causa.
"Era tanta conselho econômico que, quando começou a crise em 2008, eu falei que os especialistas resolveriam isso em três dias", afirmou.
"Eles (os especialistas econômicos) se esconderam. O Banco Mundial, o FMI, a Comissão Europeia, ninguém sabia mais nada. Mas essa gente toda sabia quando era o meu calo que estava doendo", disse Lula, causando risos na plateia.
"Quando a dor de dente é no vizinho, temos todos os remédios. Mas quando é na boca da gente, não temos os remédios", afirmou o ex-presidente.
Lula foi a primeira personalidade latino-americana a receber o título de doutor honoris causa do renomado Instituto de Estudos Políticos de Paris, mais comumente chamado de Sciences-Po, fundado em 1871 e onde já estudaram personalidades como os ex-presidentes franceses Jacques Chirac e François Mitterrand.
EUROPA
Em seu discurso, que durou cerca de 40 minutos, Lula também comentou a crise na Europa e criticou a falta de ação política dos líderes do bloco para resolver a situação.
"O problema que está acontecendo na Europa é que ela está precisando de decisões políticas, e não econômicas", afirmou o ex-presidente.
"A hora não é de negar a política, e sim fortalecê-la. A hora é de exigir que os dirigentes eleitos democraticamente digam qual é sua decisão política", disse Lula.
Há divergências entre líderes europeus sobre as medidas a ser adotadas para os países em crise na zona euro.
Para Lula, quanto mais o tempo passa, mais a crise se agrava. "A dívida da Grécia era de US$ 49 bilhões em março do ano passado. Hoje já está em mais de US$ 200 bilhões", afirmou.
POPULARIDADE
Lula chegou ao anfiteatro da universidade sob som de batucada, e causou alvoroço entre os estudantes, alguns deles brasileiros.
Após o fim da cerimônia, muitos tentavam burlar o esquema de segurança para tirar fotos e falar com Lula.
Na plateia, além de bandeiras do Brasil e até do Corinthians, time de Lula, havia personalidades como o ex-primeiro-ministro português José Sócrates e o sociólogo francês Alain Touraine, amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Esse é o sétimo título de doutor honoris causa recebido por Lula e o segundo fora do Brasil (o primeiro foi em Portugal).
Na quarta-feira, Lula foi a Gdansk, na Polônia, berço do movimento sindical Solidariedade, que combateu o regime comunista nos anos 1970 e 80, e jantou com o ex-presidente Lech Walesa. Na quinta-feira, ele recebeu o prêmio Lech Walesa no país.
Ainda na quinta-feira, o ex-presidente viajou para Londres, onde fará uma palestra para investidores estrangeiros. Nesta sexta (30), ele participa de seminário promovido pela revista ‘The Economist’.”
FONTE: de Daniela Fernandes, de Paris. Divulgado pela agência britânica de notícias BBC e transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/lula-ironiza-bird-fmi-e-comissao-europeia#more).
A ELITE MISERÁVEL DO BRASIL
Por Urariano Mota
“No dia em que Lula recebeu o título de doutor honoris causa na França, o diretor do “Instituto de Estudos Políticos de Paris”, Ruchard Descoings, chamou a imprensa para uma coletiva. É claro que jornalistas do Brasil não poderiam faltar, porque se tratava de um ilustre brasileiro a receber a honra, pois não? Pois sim, deem uma olhada no que escreveu Martín Granovsky, um argentino que honra a profissão, no jornal “Página 12” [artigo aqui postado ontem (29) por este blog ‘democracia&política’]. Para dizer o mínimo, a participação de “nossos” patrícios foi de encher de vergonha. Seleciono alguns momentos do brilhante artigo de Martín,
ESCRAVISTAS CONTRA LULA:
“Para escutar Descoings foram chamados vários colegas [jornalistas] brasileiros... Um deles perguntou se era o caso de premiar quem se orgulhava de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e deu um olhar de assombrado. Talvez Descoings soubesse que essa declaração de Lula não consta em atas, embora seja certo que Lula não tenha um título universitário. Também é certo que quando assumiu a presidência, em primeiro de janeiro de 2003, levantou o diploma que é dado aos presidentes do Brasil e disse: ‘Uma pena que minha mãe morreu. Ela sempre quis que eu tivesse um diploma e nunca imaginou que o primeiro seria de presidente da República’. E chorou.
‘Por que premiam um presidente que tolerou a corrupção?’, foi a pergunta seguinte. Outro colega brasileiro [jornalista] perguntou se era bom premiar alguém que uma vez chamou de ‘irmão’ a Muamar Khadafi. Outro, ainda, perguntou com ironia se o Honoris Causa de Lula era parte da política de ação afirmativa do Sciences Po.
Descoings o observou com atenção antes de responder. ‘As elites não são apenas escolares ou sociais’, disse. ‘Os que avaliam quem são os melhores, também. Caso contrário, estaríamos diante de um caso de elitismo social. Lula é um torneiro mecânico que chegou à presidência, mas pelo que entendi foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas’ ”.
Houve todas essas intervenções estúpidas e deprimentes. Agora, penso que cabem duas ou três coisas para reflexão. A primeira delas é a educação de Lula. Esse homem, chamado mais de uma vez pela imprensa brasileira de apedeuta, quando o queriam chamar, de modo mais simples, de analfabeto, burro, jumento nordestino, possui uma educação que raros ou nenhum doutor possui. Se os nossos chefes de redação lessem alguma coisa além das orelhas dos livros da moda, saberiam de um pedagogo de nome Paulo Freire, que iluminou o mundo ao observar que o homem do povo é culto, até mesmo quando não sabe ler. Um escândalo, já veem. Mas esse ainda não é o ponto. Nem vem ao caso citar Máximo Górki em “Minhas Universidades”, quando narrou o conhecimento que recebeu da vida mais rude.
Fiquemos na educação de Lula, este é o ponto. Será que a miserável elite do Brasil não percebe que o ex-presidente se formou nas lutas e relações sindicais? Será que não notam a fecundação que ele recebeu de intelectuais de esquerda em seu espírito de homem combativo? Não, não sabem e nem veem que a presidência de imenso sindicato de metalúrgicos é uma universidade política, digna dos mais estudiosos doutores. Preferem insistir que a maior liderança da democracia das Américas nunca passou num vestibular, nem, o que é pior, defendeu tese recheada de citações dos teóricos em vigor. Preferem testar essa criação brasileira como se falassem a um estudante em provas. Como nesta passagem, lembrada por Lula em discurso:
"Me lembro, como se fosse hoje, quando eu estava almoçando na ‘Folha de São Paulo’. O diretor da ‘Folha de São Paulo’ perguntou para mim: ‘O senhor fala inglês? Como é que o senhor vai governar o Brasil se o senhor não fala inglês?’... E eu falei pra ele: alguém já perguntou se Bill Clinton fala português? Eles achavam que o Bill Clinton não tinha obrigação de falar português!... Era eu, o subalterno, o colonizado, que tinha que falar inglês, e não Bill Clinton o português!’
O jornalista argentino Martín Granovsky observa ao fim que um trabalhador não poderia ser presidente. Que no Brasil a Casa Grande sempre esteve reservada para os proprietários de terra e de escravos. Que dirá a ocupação do Palácio do Planalto. Lembro que diziam, na primeira campanha de Lula para a presidência, que dona Marisa estava apreensiva, porque não sabia como varrer um palácio tão grande.... Imaginem agora o ex-servo, depois de sentar a bunda por duas vezes no Planalto, virar Doutor na França. O mundo vai acabar.
O povo espera que não demore vir abaixo.”
FONTE: escrito por Urariano Mota, pernambucano, jornalista e autor de "Soledad no Recife", recriação dos últimos dias de Soledad Barret, mulher do cabo Anselmo, executada pela equipe do Delegado Fleury com o auxílio de Anselmo. Artigo publicado no site “Direto da Redação” (http://www.diretodaredacao.com/noticia/a-elite-miseravel-do-brasil) [trechos entre colchetes acrescentados por este blog ‘democracia&política’]
HÁ SAÍDA PARA A PALESTINA?
Por Baby Siqueira Abrão
"Com o "Quarteto" [grupo composto por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU] e os Estados Unidos exigindo, em uníssono, negociações diretas com Israel, a impressão é que não há solução viável para o caso palestino. As superpotências, sua insistência em acordos impossíveis e sua mobilização frenética não levam em consideração, evidentemente, os milhões de cidadãos da Palestina e de praticamente todos os países do mundo que saíram às ruas para apoiar o pleito à ONU.
Os termos da proposta do "Quarteto", porém, nada estabelecem sobre as questões centrais: colônias israelenses em terras palestinas, fronteiras, Jerusalém oriental e retorno dos refugiados. Tampouco tratam do reconhecimento do “Estado judeu”, exigido por Israel [1]. O documento limita-se a estabelecer datas: chamada para conversas iniciais em um mês, sugestões de ambos os lados sobre fronteiras e segurança em três meses e assinatura do acordo de paz no final de 2012.
A proposta foi enviada aos dirigentes dos dois países. Divulgou-se que Netanyhau, primeiro ministro de Israel, a apoiaria, mas uma reunião que se estendeu da noite de terça-feira à madrugada de quarta-feira, com oito membros de seu gabinete, mudou tudo. Não houve consenso. Quanto à ANP, reuniu-se dia 28 para estudar o documento, mas ainda não tomou nenhuma decisão.
Como sempre acontece em épocas que envolvem negociação, Israel aproveita para expandir seu projeto colonizador. Na terça-feira, 27, anunciou a construção de mais 1.100 casas na colônia de Gilo, em Jerusalém oriental [Palestina], início de um projeto destinado a separar o sul da Cisjordânia das vilas palestinas vizinhas a Jerusalém. A denúncia é de Khalil Toufajki, especialista palestino que estuda as colônias israelenses. Ele informou à rádio “Voz da Palestina” que, além dessas 1.100 casas, uma nova área residencial, Givat Yael, será construída nas terras da vila palestina de Al-Walajah e vai se estender até a porção oeste de Gilo, abrigando milhares de israelenses. No total, o projeto prevê a construção de 58 mil unidades até 2020, o que significa que Israel não tem a menor intenção de incluir o fim da construção de colônias [na Palestina] em nenhum acordo, ou que não pretende assinar acordo algum.
Na quarta-feira, 28, o exército israelense entregou ordens de confisco de terras na vila de Battir, em Belém [Palestina]. Os 148 dununs (cada dunum corresponde a mil metros quadrados) pertencem a 40 famílias e contêm casas, plantações de frutas, vegetais e oliveiras, além de poços de água. A região, segundo a notificação entregue aos moradores, será evacuada por “razões militares e de segurança”, ou seja, para servir à expansão da colônia de Gilo [na Palestina], que fica perto dali.
Também no dia 28, a municipalidade de Beit Ummar [Palestina], no norte de Hebron, foi notificada de que perderá 800 dununs de terra para a construção de uma estrada exclusiva para a colônia de Etzion [na Palestina], com oito quilômetros de extensão e 160 metros de largura. Israel não perde tempo.
REALIDADE E MIRAGEM
Como se vê, há motivos de sobra para a indignação e a impaciência dos milhões de palestinos que apoiaram a ida da OLP à ONU, e dos 40 mil vindos de todos os pontos da Palestina para a recepção a Mahmoud Abbas no domingo, 25. Seriam bem mais, caso os soldados israelenses não tivessem detido vários ônibus lotados nos checkpoints. A Autoridade Palestina está sem dinheiro, e o país registra déficit em conta corrente de U$ 610,7 milhões, segundo dados divulgados em 27 de setembro, mas nada disso impediu novos gastos para o encontro entre a população e Abbas, que chegou de Nova York via Amã.
Recebido como herói nacional depois do discurso feito na ONU no dia 23, Abbas foi sucinto. Em cerca de cinco minutos disse que dera o recado dos palestinos ao mundo, que a “Primavera Palestina” começara, que a luta seria longa e difícil, que a firmeza do povo levaria à vitória e terminou conclamando todos a levantar a cabeça pelo simples fato de serem palestinos. Ovacionado, com o retrato colado em centenas de cartazes carregados pela multidão e em enormes banners nos prédios vizinhos à Muqata, sede da ANP, Abbas teve seu dia de glória.
De personagem político desacreditado –em especial depois que os “Palestine Papers”, liberados pelo “Wikileaks” à rede de TV Al-Jazeera, revelaram pesadas concessões a Israel, como partes de Jerusalém oriental e a negação dos direitos dos refugiados, além de apoio ao ataque militar sionista a Gaza, em 2008-2009–, acusado de corrupto pela população, ele foi guindado, graças a sua performance na ONU, para o patamar dos super-homens. Comentava-se o conteúdo do discurso, a coragem de Abbas por ter mantido a promessa de ir à ONU apesar da pressão dos enviados dos Estados Unidos e União Europeia, o fato de ele ter denunciado ao mundo, item por item, a tragédia palestina.
Naquela tarde cinzenta e chuvosa de domingo, o Conselho de Segurança deixou de ser o assunto da semana. Deu lugar à personagem da semana, do dia, do mês: Abu Mazen, codinome de luta pelo qual os palestinos chamam o velho líder. Pelo levantamento informal feito pela reportagem de “Carta Maior”, ele venceria qualquer candidato se a eleição fosse naquela tarde. E, caso não concorresse às eleições, o nome que apoiasse seria o ganhador.
Encerrar o ciclo estéril de negociações que serviram de cobertura a confiscos de terra e água, à expansão de colônias israelenses em território palestino e à manutenção da Palestina como vitrine da tecnologia bélica sionista foi um alívio para a maioria da população. Jogar o conflito no colo do mundo, dentro da organização que o formalizou, em 1947, foi objeto de críticas até o começo da semana do discurso, mas depois recebeu aprovação quase geral dentro da Cisjordânia e em Gaza. A verdade é que o desespero dos palestinos é tamanho que qualquer miragem de alívio é bem-vinda. Os governos israelenses, de 1948 até hoje, parecem testar na Palestina os limites da paciência humana. Por enquanto, estão perdendo. Mesmo exaustos, os palestinos continuam a resistir à ocupação.
E agora, com a OLP carregando o problema para o campo diplomático internacional, na tentativa de acabar com o monopólio dos Estados Unidos como mediador das negociações com Israel, a miragem se torna quase palpável. Mas ainda é miragem.
PLANO B: “UNIDADE PARA A PAZ”
Como ficariam os palestinos, por exemplo, se soubessem que o Conselho de Segurança, em sua primeira reunião, dia 26 de setembro, praticamente concluiu que guindar a Palestina à posição de membro pleno foge ao escopo da Resolução 377? A informação, dada por um dirigente da OLP à “Carta Maior” em 27 de setembro, sob a condição de anonimato, acabaria com o que ainda resta da miragem.
A Resolução 377, também conhecida como “Unidade para a paz”, estabelece que, quando o Conselho de Segurança falha em seu papel de resguardar a paz e a segurança, por falta de unanimidade entre seus membros, a questão pode ser levada à Assembleia Geral, em que a Palestina tem ampla maioria. Lá, esperava a direção da OLP, o status de membro pleno seria alcançado. Francis Boyle, consultor da OLP, professor de direito internacional que dedicou a vida à defesa da causa palestina em seu campo de estudo, defendeu essa possibilidade, assim como Gabriela Shalev, ex-embaixadora de Israel na ONU.
Richard Schifter, ex-secretário assistente de Estado dos EUA, citou o caso da Namíbia, que em 1981 teve a ajuda da Resolução 377 para obter sua independência. A Assembleia Geral da ONU, à época, solicitou a todos os países-membros “aumentar e manter apoio material, financeiro, militar e outros tipos de ajuda para a Organização dos Povos do Sudoeste da África, a fim de permitir-lhe intensificar sua luta pela libertação da Namíbia”.
Também exortou-os a encerrar “todos os negócios com a África do Sul, para isolá-la por completo nos campos político, econômico, militar e cultural”.
Mas o Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira (26), tendia a considerar que a Resolução 377 é aplicável a todos os casos, menos à aceitação de um Estado como membro pleno. “Eles ainda estão negociando”, disse o dirigente da OLP, “mas é quase certo que não permitam a utilização da 377”.
Não é preciso pensar muito para entender que Estados Unidos e Israel estão por trás dessa tendência. Até, já conseguiram os seis votos necessários para vetar a solicitação palestina sem que o ônus da decisão pese apenas nos ombros dos EUA. Quanto à Palestina, até agora pode contar, com certeza, com os votos de China, Rússia, Brasil, Líbano, Índia e África do Sul. Embora nove países do CS tenham reconhecido seu Estado, apenas seis já deram a certeza de estar a seu lado. Conquistar o voto dos outros dois, com tanta pressão contrária, não é tarefa fácil. Um deles, provavelmente, é a Colômbia: Maria Angela Holguin, ministra das Relações Exteriores, recebeu na segunda-feira a visita de Hillary Clinton. O páreo está disputadíssimo.
PLANO C: ESTADO-MEMBRO OBSERVADOR
A guerra de influências pende contra os palestinos, mas Ryad Mansour, embaixador da Palestina na ONU, diz confiar “em nossos amigos”. Caso algum desses amigos o traia, há outra saída. A Assembleia Geral pode reconhecer a Palestina como “Estado não-membro” ou como “Estado-membro observador”. Hoje ela é “entidade observadora”. Com esse reconhecimento, a Palestina pode solicitar participação em outros órgãos, nos quais o veto dos EUA não tem valor, e em tratados internacionais.
O ideal seria ter acesso ao Tribunal Penal Internacional (TPI), para abrir processos individuais contra os responsáveis por atos criminosos contra os palestinos. Essas pessoas, caso condenadas, não poderão viajar para os 117 países signatários do Estatuto de Roma (que estabeleceu o TPI), ou serão presas. Também é possível levar Israel ao TPI por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Estados não membros também podem recorrer ao TPI, solicitando-lhe que assuma jurisdição sobre seus territórios. A Palestina fez isso em 2009, denunciando os oficiais do exército israelense que participaram do ataque militar a Gaza em 2008-2009 e por “atos anteriores cometidos na Palestina”. O problema é que o TPI até hoje não decidiu se a “entidade” Palestina tem direito a fazer essa queixa. O reconhecimento do Estado pela Assembleia Geral daria esse direito ao país.
Nesse caso, os palestinos também poderiam denunciar os colonos da Cisjordânia, com base na proibição, estabelecida nas Convenções de Genebra, de deslocamento forçado de populações. E isso preocupa muito o governo israelense.
O problema é que o TPI, assim como a ONU, é um órgão político, o que significa que suas decisões não são baseadas exclusivamente na lei. E esse problema, de decisões políticas, vem impedindo os palestinos de fazer valer seus direitos desde a partilha de 1947. Elas são tomadas com base no poder dos lobbies, não nos direitos humanos.
PLANO D: “TOMA QUE O FILHO É TEU”
É o plano mais radical de todos. Mas defendido por muita gente, em especial os críticos da solução de dois Estados. Trata-se de dissolver a ANP, a OLP e deixar que os sionistas se responsabilizem pela Palestina. Na prática, significa abdicar do Estado próprio e fundir a Cisjordânia com Israel.
Embora essa seja uma proposta tentadora para a direita israelense, defensora do estabelecimento do Grande Israel em toda a Palestina histórica, apresenta problemas sérios para Israel. Ideia nesse sentido foi aventada em 2010 pelos sionistas linha-dura, mas logo abandonada, ou postergada, talvez pelas dificuldades que levanta. Uma delas é o que fazer com os quase 4 milhões de palestinos da Cisjordânia num Estado que em outubro de 2010 aprovou a “Lei de juramento de fidelidade”. Essa lei exige que todo cidadão de Israel jure fidelidade ao “Estado judeu democrático”, o que, definitivamente, nenhum palestino muçulmano ou cristão fará. Sem contar os aspectos econômicos, políticos, eleitorais, culturais e da tradição.
Outro problema é a chamada “bomba demográfica”. As muçulmanas palestinas têm, no mínimo, 3 ou 4 filhos, enquanto a maioria das israelenses prefere 1 ou 2. Segundo estudo da CIA divulgado em 2010, em 20 anos Israel entrará em colapso. Por isso, o professor Francis Boyle aconselha que os palestinos não assinem nenhum acordo com Israel. “É tempo de adotar uma nova estratégia”, escreveu ele em “The Impending Collapse of Israel in Palestine”, publicado no portal My Catbird Seat em 2 de outubro de 2010. “Com muito respeito, recomendo a eles que considerem esta: não assinem nada e deixem Israel desintegrar-se!”
[1] Essa exigência é incompreensível, uma vez que Israel foi fundado como “Estado judeu” e como tal foi reconhecido por Yasser Arafat, em carta ao então primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin, datada de 9 de setembro de 1993 (veja em http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Peace/recogn.html), e no “Roadmap” de 2003. Em entrevista ao jornal israelense “Haaretz” antes de morrer, em 2004, Arafat confirmou que reconhecera Israel como Estado judeu. É impossível que políticos e diplomatas não saibam disso. Mas é possível que entrem no jogo de Netanyhau a fim de criar mais obstáculos para a Palestina.”
FONTE: escrito por Baby Siqueira Abrão, jornalista, autora de diversos livros e pós-graduanda em Filosofia. Mora em Ramallah, Palestina, onde é correspondente do jornal “Brasil de Fato”. Publicado no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5228) [imagem do google e trechos entre colchetes acrescentados por este blog ‘democracia&política’]
"Com o "Quarteto" [grupo composto por Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU] e os Estados Unidos exigindo, em uníssono, negociações diretas com Israel, a impressão é que não há solução viável para o caso palestino. As superpotências, sua insistência em acordos impossíveis e sua mobilização frenética não levam em consideração, evidentemente, os milhões de cidadãos da Palestina e de praticamente todos os países do mundo que saíram às ruas para apoiar o pleito à ONU.
Os termos da proposta do "Quarteto", porém, nada estabelecem sobre as questões centrais: colônias israelenses em terras palestinas, fronteiras, Jerusalém oriental e retorno dos refugiados. Tampouco tratam do reconhecimento do “Estado judeu”, exigido por Israel [1]. O documento limita-se a estabelecer datas: chamada para conversas iniciais em um mês, sugestões de ambos os lados sobre fronteiras e segurança em três meses e assinatura do acordo de paz no final de 2012.
A proposta foi enviada aos dirigentes dos dois países. Divulgou-se que Netanyhau, primeiro ministro de Israel, a apoiaria, mas uma reunião que se estendeu da noite de terça-feira à madrugada de quarta-feira, com oito membros de seu gabinete, mudou tudo. Não houve consenso. Quanto à ANP, reuniu-se dia 28 para estudar o documento, mas ainda não tomou nenhuma decisão.
Como sempre acontece em épocas que envolvem negociação, Israel aproveita para expandir seu projeto colonizador. Na terça-feira, 27, anunciou a construção de mais 1.100 casas na colônia de Gilo, em Jerusalém oriental [Palestina], início de um projeto destinado a separar o sul da Cisjordânia das vilas palestinas vizinhas a Jerusalém. A denúncia é de Khalil Toufajki, especialista palestino que estuda as colônias israelenses. Ele informou à rádio “Voz da Palestina” que, além dessas 1.100 casas, uma nova área residencial, Givat Yael, será construída nas terras da vila palestina de Al-Walajah e vai se estender até a porção oeste de Gilo, abrigando milhares de israelenses. No total, o projeto prevê a construção de 58 mil unidades até 2020, o que significa que Israel não tem a menor intenção de incluir o fim da construção de colônias [na Palestina] em nenhum acordo, ou que não pretende assinar acordo algum.
Na quarta-feira, 28, o exército israelense entregou ordens de confisco de terras na vila de Battir, em Belém [Palestina]. Os 148 dununs (cada dunum corresponde a mil metros quadrados) pertencem a 40 famílias e contêm casas, plantações de frutas, vegetais e oliveiras, além de poços de água. A região, segundo a notificação entregue aos moradores, será evacuada por “razões militares e de segurança”, ou seja, para servir à expansão da colônia de Gilo [na Palestina], que fica perto dali.
Também no dia 28, a municipalidade de Beit Ummar [Palestina], no norte de Hebron, foi notificada de que perderá 800 dununs de terra para a construção de uma estrada exclusiva para a colônia de Etzion [na Palestina], com oito quilômetros de extensão e 160 metros de largura. Israel não perde tempo.
REALIDADE E MIRAGEM
Como se vê, há motivos de sobra para a indignação e a impaciência dos milhões de palestinos que apoiaram a ida da OLP à ONU, e dos 40 mil vindos de todos os pontos da Palestina para a recepção a Mahmoud Abbas no domingo, 25. Seriam bem mais, caso os soldados israelenses não tivessem detido vários ônibus lotados nos checkpoints. A Autoridade Palestina está sem dinheiro, e o país registra déficit em conta corrente de U$ 610,7 milhões, segundo dados divulgados em 27 de setembro, mas nada disso impediu novos gastos para o encontro entre a população e Abbas, que chegou de Nova York via Amã.
Recebido como herói nacional depois do discurso feito na ONU no dia 23, Abbas foi sucinto. Em cerca de cinco minutos disse que dera o recado dos palestinos ao mundo, que a “Primavera Palestina” começara, que a luta seria longa e difícil, que a firmeza do povo levaria à vitória e terminou conclamando todos a levantar a cabeça pelo simples fato de serem palestinos. Ovacionado, com o retrato colado em centenas de cartazes carregados pela multidão e em enormes banners nos prédios vizinhos à Muqata, sede da ANP, Abbas teve seu dia de glória.
De personagem político desacreditado –em especial depois que os “Palestine Papers”, liberados pelo “Wikileaks” à rede de TV Al-Jazeera, revelaram pesadas concessões a Israel, como partes de Jerusalém oriental e a negação dos direitos dos refugiados, além de apoio ao ataque militar sionista a Gaza, em 2008-2009–, acusado de corrupto pela população, ele foi guindado, graças a sua performance na ONU, para o patamar dos super-homens. Comentava-se o conteúdo do discurso, a coragem de Abbas por ter mantido a promessa de ir à ONU apesar da pressão dos enviados dos Estados Unidos e União Europeia, o fato de ele ter denunciado ao mundo, item por item, a tragédia palestina.
Naquela tarde cinzenta e chuvosa de domingo, o Conselho de Segurança deixou de ser o assunto da semana. Deu lugar à personagem da semana, do dia, do mês: Abu Mazen, codinome de luta pelo qual os palestinos chamam o velho líder. Pelo levantamento informal feito pela reportagem de “Carta Maior”, ele venceria qualquer candidato se a eleição fosse naquela tarde. E, caso não concorresse às eleições, o nome que apoiasse seria o ganhador.
Encerrar o ciclo estéril de negociações que serviram de cobertura a confiscos de terra e água, à expansão de colônias israelenses em território palestino e à manutenção da Palestina como vitrine da tecnologia bélica sionista foi um alívio para a maioria da população. Jogar o conflito no colo do mundo, dentro da organização que o formalizou, em 1947, foi objeto de críticas até o começo da semana do discurso, mas depois recebeu aprovação quase geral dentro da Cisjordânia e em Gaza. A verdade é que o desespero dos palestinos é tamanho que qualquer miragem de alívio é bem-vinda. Os governos israelenses, de 1948 até hoje, parecem testar na Palestina os limites da paciência humana. Por enquanto, estão perdendo. Mesmo exaustos, os palestinos continuam a resistir à ocupação.
E agora, com a OLP carregando o problema para o campo diplomático internacional, na tentativa de acabar com o monopólio dos Estados Unidos como mediador das negociações com Israel, a miragem se torna quase palpável. Mas ainda é miragem.
PLANO B: “UNIDADE PARA A PAZ”
Como ficariam os palestinos, por exemplo, se soubessem que o Conselho de Segurança, em sua primeira reunião, dia 26 de setembro, praticamente concluiu que guindar a Palestina à posição de membro pleno foge ao escopo da Resolução 377? A informação, dada por um dirigente da OLP à “Carta Maior” em 27 de setembro, sob a condição de anonimato, acabaria com o que ainda resta da miragem.
A Resolução 377, também conhecida como “Unidade para a paz”, estabelece que, quando o Conselho de Segurança falha em seu papel de resguardar a paz e a segurança, por falta de unanimidade entre seus membros, a questão pode ser levada à Assembleia Geral, em que a Palestina tem ampla maioria. Lá, esperava a direção da OLP, o status de membro pleno seria alcançado. Francis Boyle, consultor da OLP, professor de direito internacional que dedicou a vida à defesa da causa palestina em seu campo de estudo, defendeu essa possibilidade, assim como Gabriela Shalev, ex-embaixadora de Israel na ONU.
Richard Schifter, ex-secretário assistente de Estado dos EUA, citou o caso da Namíbia, que em 1981 teve a ajuda da Resolução 377 para obter sua independência. A Assembleia Geral da ONU, à época, solicitou a todos os países-membros “aumentar e manter apoio material, financeiro, militar e outros tipos de ajuda para a Organização dos Povos do Sudoeste da África, a fim de permitir-lhe intensificar sua luta pela libertação da Namíbia”.
Também exortou-os a encerrar “todos os negócios com a África do Sul, para isolá-la por completo nos campos político, econômico, militar e cultural”.
Mas o Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira (26), tendia a considerar que a Resolução 377 é aplicável a todos os casos, menos à aceitação de um Estado como membro pleno. “Eles ainda estão negociando”, disse o dirigente da OLP, “mas é quase certo que não permitam a utilização da 377”.
Não é preciso pensar muito para entender que Estados Unidos e Israel estão por trás dessa tendência. Até, já conseguiram os seis votos necessários para vetar a solicitação palestina sem que o ônus da decisão pese apenas nos ombros dos EUA. Quanto à Palestina, até agora pode contar, com certeza, com os votos de China, Rússia, Brasil, Líbano, Índia e África do Sul. Embora nove países do CS tenham reconhecido seu Estado, apenas seis já deram a certeza de estar a seu lado. Conquistar o voto dos outros dois, com tanta pressão contrária, não é tarefa fácil. Um deles, provavelmente, é a Colômbia: Maria Angela Holguin, ministra das Relações Exteriores, recebeu na segunda-feira a visita de Hillary Clinton. O páreo está disputadíssimo.
PLANO C: ESTADO-MEMBRO OBSERVADOR
A guerra de influências pende contra os palestinos, mas Ryad Mansour, embaixador da Palestina na ONU, diz confiar “em nossos amigos”. Caso algum desses amigos o traia, há outra saída. A Assembleia Geral pode reconhecer a Palestina como “Estado não-membro” ou como “Estado-membro observador”. Hoje ela é “entidade observadora”. Com esse reconhecimento, a Palestina pode solicitar participação em outros órgãos, nos quais o veto dos EUA não tem valor, e em tratados internacionais.
O ideal seria ter acesso ao Tribunal Penal Internacional (TPI), para abrir processos individuais contra os responsáveis por atos criminosos contra os palestinos. Essas pessoas, caso condenadas, não poderão viajar para os 117 países signatários do Estatuto de Roma (que estabeleceu o TPI), ou serão presas. Também é possível levar Israel ao TPI por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Estados não membros também podem recorrer ao TPI, solicitando-lhe que assuma jurisdição sobre seus territórios. A Palestina fez isso em 2009, denunciando os oficiais do exército israelense que participaram do ataque militar a Gaza em 2008-2009 e por “atos anteriores cometidos na Palestina”. O problema é que o TPI até hoje não decidiu se a “entidade” Palestina tem direito a fazer essa queixa. O reconhecimento do Estado pela Assembleia Geral daria esse direito ao país.
Nesse caso, os palestinos também poderiam denunciar os colonos da Cisjordânia, com base na proibição, estabelecida nas Convenções de Genebra, de deslocamento forçado de populações. E isso preocupa muito o governo israelense.
O problema é que o TPI, assim como a ONU, é um órgão político, o que significa que suas decisões não são baseadas exclusivamente na lei. E esse problema, de decisões políticas, vem impedindo os palestinos de fazer valer seus direitos desde a partilha de 1947. Elas são tomadas com base no poder dos lobbies, não nos direitos humanos.
PLANO D: “TOMA QUE O FILHO É TEU”
É o plano mais radical de todos. Mas defendido por muita gente, em especial os críticos da solução de dois Estados. Trata-se de dissolver a ANP, a OLP e deixar que os sionistas se responsabilizem pela Palestina. Na prática, significa abdicar do Estado próprio e fundir a Cisjordânia com Israel.
Embora essa seja uma proposta tentadora para a direita israelense, defensora do estabelecimento do Grande Israel em toda a Palestina histórica, apresenta problemas sérios para Israel. Ideia nesse sentido foi aventada em 2010 pelos sionistas linha-dura, mas logo abandonada, ou postergada, talvez pelas dificuldades que levanta. Uma delas é o que fazer com os quase 4 milhões de palestinos da Cisjordânia num Estado que em outubro de 2010 aprovou a “Lei de juramento de fidelidade”. Essa lei exige que todo cidadão de Israel jure fidelidade ao “Estado judeu democrático”, o que, definitivamente, nenhum palestino muçulmano ou cristão fará. Sem contar os aspectos econômicos, políticos, eleitorais, culturais e da tradição.
Outro problema é a chamada “bomba demográfica”. As muçulmanas palestinas têm, no mínimo, 3 ou 4 filhos, enquanto a maioria das israelenses prefere 1 ou 2. Segundo estudo da CIA divulgado em 2010, em 20 anos Israel entrará em colapso. Por isso, o professor Francis Boyle aconselha que os palestinos não assinem nenhum acordo com Israel. “É tempo de adotar uma nova estratégia”, escreveu ele em “The Impending Collapse of Israel in Palestine”, publicado no portal My Catbird Seat em 2 de outubro de 2010. “Com muito respeito, recomendo a eles que considerem esta: não assinem nada e deixem Israel desintegrar-se!”
[1] Essa exigência é incompreensível, uma vez que Israel foi fundado como “Estado judeu” e como tal foi reconhecido por Yasser Arafat, em carta ao então primeiro ministro israelense Yitzhak Rabin, datada de 9 de setembro de 1993 (veja em http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Peace/recogn.html), e no “Roadmap” de 2003. Em entrevista ao jornal israelense “Haaretz” antes de morrer, em 2004, Arafat confirmou que reconhecera Israel como Estado judeu. É impossível que políticos e diplomatas não saibam disso. Mas é possível que entrem no jogo de Netanyhau a fim de criar mais obstáculos para a Palestina.”
FONTE: escrito por Baby Siqueira Abrão, jornalista, autora de diversos livros e pós-graduanda em Filosofia. Mora em Ramallah, Palestina, onde é correspondente do jornal “Brasil de Fato”. Publicado no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5228) [imagem do google e trechos entre colchetes acrescentados por este blog ‘democracia&política’]
“ESTADÃO” FRAUDA PARA CONSTRANGER LULA, E VOLTA AO LOCAL DO CRIME
Fernando Maltez e Tâmara Terso desmontam a farsa piguenta
“O ‘Conversa Afiada’ reproduz o que leu no ‘Viomundo’, do Azenha:
O OUTRO LADO DA FOTO DO ESTUDANTE QUE “ATACOU” LULA NA BAHIA
Por Conceição Lemes
“Terça-feira, 27 de setembro, do meio da tarde ao início da noite. Durante todo esse período o “Estadão on-line” não destacou na capa nenhuma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebendo o título de doutor honoris causa do respeitadíssimo Instituto de Estudos Políticos de Paris –o Sciences Po. É a primeira vez que a instituição pela qual passou parte da elite francesa concede o título a um latino-americano. É sua sétima condecoração.
Diferentemente de terça-feira 20 de setembro, quando Lula recebeu o honoris causa da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o “Estadão on-line” manteve na capa, do início da tarde ao final da noite, esta foto:
Afinal de contas, o que aconteceu? Estudantes ligados ao Diretório Central dos Estudos (DCE) da UFBA resolveram “brigar” com Lula? Ele até fechou os olhos com “medo de apanhar” de um mais “exaltado?
Nada disso. Mais uma demonstração de que a mídia corporativa está mais ligada em fazer política do que em noticiar e a escolha das fotos e manchetes “faz parte”.
O competente jornalista Fernando Brito, conhecedor profundo dos desejos mais sombrios da imprensa brasileira (foi por 20 anos assessor de Leonel Brizola e hoje está com Brizola Neto), denunciou a foto no excelente “Tijolaço”:
“A capa do Estadão on-line é uma incrível expressão de um desejo mal contido de nossa grande imprensa. Olhem aí acima, como Lula sofre o “ataque” de um manifestante que participava do “protesto” que “tumultuou” a cerimônia de entrega do título de “Doutor Honoris Causa” ao ex-presidente na Universidade Federal da Bahia".
O jornal transforma reivindicação –10% do PIB para a Educação, algo mais do que justo que se peça numa Universidade– em protesto e o sucesso do ato em tumulto. É só ler como são descritos o “protesto” e o “tumulto” pelo próprio jornal, lá na matéria.
Como não havia espaço no salão onde ocorria o evento, os estudantes tiveram de ficar do lado de fora. Depois, conseguiram entrar no salão, onde acompanharam o fim das homenagens a Lula e voltaram a gritar palavras de ordem –enquanto pegavam autógrafos do ex-presidente nos próprios cartazes nos quais estavam escritas as reivindicações.
Afinal, quem era o “agressor”? Depois de uma porção de ligações para Salvador acabei chegando a Tâmara Terso, estudante de Comunicação e coordenadora-geral do DCE da UFBA.
– Tâmara, você sabe quem é o aluno que queria “bater” no Lula?
– kkkkkkkkk É o Maltez, o Fernando Maltez, do setor de comunicação do DCE.
– Vocês foram à reitoria protestar contra o Lula?
– Nãããããããããããããããããããããããããããããããão! O que aconteceu foi o seguinte. Nós estávamos fazendo uma manifestação na UFBA, pedindo mais dinheiro para a saúde, para a educação… Aí ficamos sabendo que Lula estava na reitoria, recebendo o honoris causa. Fomos pra lá. Além de conhecer o Lula pessoalmente, queríamos que ele posasse com o nosso cartaz, pedindo 10% do PIB para Educação.
– E a foto com Fernando “partindo pra cima” do Lula?
– Na hora, o Maltez correu, agarrou a mão de Lula. Todos nós caímos na risada.
Fernando Maltez tem 24 anos, é torcedor do Bahia (como Tâmara) e está no último semestre do curso de Direito.
– Fernando, conta a verdade, você queria “descer o braço” no Lula?
– De jeito nenhum. Sou o maior fã. Admiro a história de vida de Lula, tenho consciência do bem que ele fez para o Brasil. É um exemplo para nós brasileiros, é um exemplo para o mundo.
– E o que aconteceu?
– Na hora, todo mundo queria autógrafo de Lula. Teve aluno que pediu pra Lula autografar até no cartaz que carregava.
– Ele autografou?
– Claro. Só que eu não tinha caneta, papel, nada na mão. Aí, disse: “Lula, não tenho, papel, caneta, então me dá um abraço?!”
– Ele deu?
– Claro! Foi o dia mais emocionante da minha vida.
– E a foto do Estadão?
– Já ri muito. Estou famoso (rsr). Agora, pense bem, companheira: “Eu sou da Juventude do PT, você acha que eu iria bater em Lula? Nunca! Pode perguntar pro próprio Lula, se não foi isso o que aconteceu.
Em tempo: Finalmente, há pouco, o “Estadão on-line” colocou na capa a foto de Lula com o honoris causa do Sciences-po. Só diferentemente da semana passada (20), quando a foto do “ataque” na Bahia foi inserida no texto, ficando numa posição fixa, a da terça (27) estava no “slide show” com mais cinco imagens, que se alternavam na tela.”
FONTE: portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/pig/2011/09/29/estadao-frauda-para-constranger-lula-e-volta-ao-local-do-crime/).
TENHA CORAGEM DE DEFENDER GASOLINA MAIS CARA, D. MIRIAM
“A Miriam Leitão [Globo] não tem qualquer pudor quando se trata de atacar a Petrobras. Para isso, como disse dela José Serra, fala qualquer bobagem.
Agora, está dizendo que o Governo reduziu a CIDE para “favorecer” a Petrobras.
Favorecer? Pode uma empresa que está segurando no peito o preço da gasolina para não onerar o consumidor e não piorar a inflação ser acusada de favorecimento por se reduzir o imposto pago pelo produto que vende?
Veja o que ela própria, Miriam Leitão, escreveu há dois meses:
“A Petrobras paga, em média, R$ 1,35 pela gasolina importada (litro), mas a vende para as distribuidoras (preço na refinaria) mais barato, por R$ 1,05. Ou seja, perde R$ 0,30 a cada litro de gasolina que importa. Como foram comprados até junho deste ano quase 2,6 milhões de barris –mais de 413 milhões de litros, a empresa já perdeu R$ 125,59 milhões com importação de gasolina.”
Como a redução da CIDE representa quatro centavos, a perda da Petrobras ficaria “só” em 26 centavos por litro de gasolina importada.
Que “favor”, hein?
E a gasolina nacional?
Como a importada é vendida nas refinarias da Petrobras, desde 2009, por R$ 1,05. Ou, como petróleo é uma commodity internacional, o equivalente em dólares de janeiro a US$ 0,633. Em dólares desta semana (26), a US$ 0,577.
Portanto, uma perda de 5,6 centavos de dólar por litro só na variação cambial. Ou 10 centavos de real.
Se a redução da CIDE representa quatro centavos, a petroleira passa a perder “só” seis centavos por litro com este “favorecimento”.
Como é possível chamar de favorecimento algo que, no máximo, está amenizando –e um pouquinho só– os prejuízos?
E ainda por cima é não entender que isso não foi para diminuir o prejuízo da Petrobras, porque seria irrisório, mas para fazer com que ela possa encarar o aumento da importação do combustível nos novos valores do dólar.
Miriam diz que é “uma insensatez do ponto de vista econômico: O governo está abrindo mão de um imposto que poderia ser investido em estradas, no transporte coletivo, para favorecer a Petrobras”. E o dinheiro que entra na Petrobras não é investido, D. Miriam? De onde a senhora acha que a empresa tira para fazer refinarias, perfurar o pré-sal, investir em transporte?
Quem favorece é a Petrobras, que está mantendo o preço e o favorecido é o Brasil. Se a Petrobras fosse uma empresa privada, não teria porque segurar preços. E menos ainda de importar gasolina para suprir o vazio deixado pelos usineiros no etanol. O país e o consumidor que se lixassem.
Como a Shell, a BP, a Exxon [a Chevron, para a qual Serra prometera favorecer, se eleito, em detrimento da Petrobras, segundo o Wikileaks] e petroleira alguma faria isso para ajudar seu país, como os usineiros também não fizeram com o etanol. Mandaram foi aumento, sem dó nem piedade.
Mas não é, graças a Deus. E investir em novas fontes é muito bom e correto –e a Petrobras é a empresa que mais investe nisso– mas demora e não resolve o problema de hoje.
O que Dona Míriam quer dizer e não diz, porque não tem coragem, é que o preço da gasolina devia subir mais. Porque isso ajudaria a inflação a subir e o Brasil a fracassar.
Não é à toa que a chamam de ‘urubóloga’.”
FONTE: postado por Fernando Brito no blog “Projeto Nacional” (http://blogprojetonacional.com.br/tenha-coragem-de-defender-gasolina-mais-cara-d-miriam/) [trechos entre colchetes acrescentados por este blog].
SAÚDE, MISÉRIA, ÁGUA: CONVERSA COM A PRESIDENTA
Coluna da Presidenta Dilma Rousseff publicada esta semana pelo Blog do Planalto:
-Roberto Francisco de Assis, 21 anos, pedreiro em Petrópolis (RJ) – Podemos esperar a construção de mais “Unidades Básicas de Saúde”?
Presidenta Dilma – Sim, Roberto, já estamos liberando recursos para construir 2.122 novas “Unidades Básicas de Saúde” (UBS) nas regiões prioritárias do “Brasil Sem Miséria”. Os recursos são do PAC 2, e chegam a R$ 565 milhões. Do total de novas unidades, 160 serão construídas no Estado do Rio de Janeiro. Só na região serrana do Estado, onde está situada a sua cidade, Petrópolis, serão 16 novas UBS. Isso porque uma das prioridades do meu governo é, justamente, ampliar e aprimorar a atenção básica, capaz de resolver 80% dos problemas de saúde, o que contribui para desafogar os hospitais. Atualmente, existem 38 mil UBS em funcionamento no país. Nelas, os usuários do SUS realizam consultas médicas, curativos, vacinas, exames laboratoriais, tratamento odontológico, são encaminhados para especialidades e recebem medicação básica. Além de construir novas UBS, nós decidimos investir R$ 1,13 bilhão até 2014, para a reforma e ampliação de unidades em todos os Estados da Federação e no Distrito Federal. Municípios localizados em regiões de extrema pobreza, ou com baixo nível de renda por pessoa, terão prioridade. As prefeituras que pretendem reformar unidades devem acessar a página do Ministério da Saúde: www.dab.saude.gov.br.
-Mônica Batista Ferreira, 44 anos, pedagoga em São Paulo (SP) – Quais são os planos e projetos sociais para tirar as pessoas que moram nas ruas?
Presidenta Dilma – Mônica, lançamos o “Plano Brasil sem Miséria” para atender aos 16 milhões de brasileiros que ainda vivem hoje na extrema pobreza no país. As pessoas que vivem nas ruas estão incluídas nesse número. Para chegar até elas, vamos desenvolver a “Busca Ativa”: equipes de profissionais vão localizar e incluir essas pessoas no “Cadastro Único”, para que possamos apoiá-las por meio do “Bolsa Família”, do “Benefício de Prestação Continuada” e inseri-las no mercado de trabalho. Além disso, desde 2007, em parceria com os municípios, nós implantamos 73 centros de referência e outros 28 estão em fase de implantação. A meta é chegar a 250 centros. Esses espaços funcionam ligados aos serviços de acolhimento. Com isso, o caminho está traçado, para garantir a essas pessoas dignidade e cidadania. Em 2009, nós lançamos a “Política Nacional para População em Situação de Rua”. O objetivo é assegurar amplo acesso a serviços de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esportes, lazer, trabalho e renda, entre outros. No ano que vem, o governo federal fará uma pesquisa para reunir mais informações sobre essas pessoas.
-Gustavo Silveira Ferreira, 62 anos, professor em Barra (BA) – Presidenta, peço pelo amor de Deus que olhe por nós. Moramos nas margens do São Francisco e o povo da zona rural não tem água para beber.
Presidenta Dilma – Nós sabemos como é dramática a situação da sua família e de todas que não contam com água potável. Por isso, Gustavo, nós lançamos há dois meses o programa “Água para Todos”. O objetivo é garantir que o direito sagrado de acesso a água seja estendido às famílias que vivem no semiárido nordestino e que têm problemas crônicos de abastecimento. Em relação às comunidades ribeirinhas do São Francisco, planejamos atuar em 106 municípios e atender 500 mil pessoas do meio rural. No seu município, Barra, o programa prevê o atendimento de 40 comunidades. Só neste ano, vamos construir 367 mil cisternas voltadas para o consumo humano e, até 2014, serão 750 mil cisternas e 6 mil sistemas simplificados de abastecimento. Mas é preciso pensar também na água para a produção agrícola e pecuária –para isso, vamos implantar 3 mil barragens de água pluvial, 20 mil pequenos sistemas de irrigação e 150 mil cisternas de produção. Temos várias outras ações, como a Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional –também chamada de “transposição do São Francisco”– a construção de açudes, adutoras, canais de irrigação e sistemas de abastecimento de água nas cidades. Com todas essas iniciativas, vamos minorar os efeitos da seca, garantindo água para beber e todas as condições para o desenvolvimento da produção rural.”
FONTE: Blog do Planalto (http://www2.planalto.gov.br/imprensa/conversa-com-a-presidenta/conversa-com-a-presidenta-8/view).
-Roberto Francisco de Assis, 21 anos, pedreiro em Petrópolis (RJ) – Podemos esperar a construção de mais “Unidades Básicas de Saúde”?
Presidenta Dilma – Sim, Roberto, já estamos liberando recursos para construir 2.122 novas “Unidades Básicas de Saúde” (UBS) nas regiões prioritárias do “Brasil Sem Miséria”. Os recursos são do PAC 2, e chegam a R$ 565 milhões. Do total de novas unidades, 160 serão construídas no Estado do Rio de Janeiro. Só na região serrana do Estado, onde está situada a sua cidade, Petrópolis, serão 16 novas UBS. Isso porque uma das prioridades do meu governo é, justamente, ampliar e aprimorar a atenção básica, capaz de resolver 80% dos problemas de saúde, o que contribui para desafogar os hospitais. Atualmente, existem 38 mil UBS em funcionamento no país. Nelas, os usuários do SUS realizam consultas médicas, curativos, vacinas, exames laboratoriais, tratamento odontológico, são encaminhados para especialidades e recebem medicação básica. Além de construir novas UBS, nós decidimos investir R$ 1,13 bilhão até 2014, para a reforma e ampliação de unidades em todos os Estados da Federação e no Distrito Federal. Municípios localizados em regiões de extrema pobreza, ou com baixo nível de renda por pessoa, terão prioridade. As prefeituras que pretendem reformar unidades devem acessar a página do Ministério da Saúde: www.dab.saude.gov.br.
-Mônica Batista Ferreira, 44 anos, pedagoga em São Paulo (SP) – Quais são os planos e projetos sociais para tirar as pessoas que moram nas ruas?
Presidenta Dilma – Mônica, lançamos o “Plano Brasil sem Miséria” para atender aos 16 milhões de brasileiros que ainda vivem hoje na extrema pobreza no país. As pessoas que vivem nas ruas estão incluídas nesse número. Para chegar até elas, vamos desenvolver a “Busca Ativa”: equipes de profissionais vão localizar e incluir essas pessoas no “Cadastro Único”, para que possamos apoiá-las por meio do “Bolsa Família”, do “Benefício de Prestação Continuada” e inseri-las no mercado de trabalho. Além disso, desde 2007, em parceria com os municípios, nós implantamos 73 centros de referência e outros 28 estão em fase de implantação. A meta é chegar a 250 centros. Esses espaços funcionam ligados aos serviços de acolhimento. Com isso, o caminho está traçado, para garantir a essas pessoas dignidade e cidadania. Em 2009, nós lançamos a “Política Nacional para População em Situação de Rua”. O objetivo é assegurar amplo acesso a serviços de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esportes, lazer, trabalho e renda, entre outros. No ano que vem, o governo federal fará uma pesquisa para reunir mais informações sobre essas pessoas.
-Gustavo Silveira Ferreira, 62 anos, professor em Barra (BA) – Presidenta, peço pelo amor de Deus que olhe por nós. Moramos nas margens do São Francisco e o povo da zona rural não tem água para beber.
Presidenta Dilma – Nós sabemos como é dramática a situação da sua família e de todas que não contam com água potável. Por isso, Gustavo, nós lançamos há dois meses o programa “Água para Todos”. O objetivo é garantir que o direito sagrado de acesso a água seja estendido às famílias que vivem no semiárido nordestino e que têm problemas crônicos de abastecimento. Em relação às comunidades ribeirinhas do São Francisco, planejamos atuar em 106 municípios e atender 500 mil pessoas do meio rural. No seu município, Barra, o programa prevê o atendimento de 40 comunidades. Só neste ano, vamos construir 367 mil cisternas voltadas para o consumo humano e, até 2014, serão 750 mil cisternas e 6 mil sistemas simplificados de abastecimento. Mas é preciso pensar também na água para a produção agrícola e pecuária –para isso, vamos implantar 3 mil barragens de água pluvial, 20 mil pequenos sistemas de irrigação e 150 mil cisternas de produção. Temos várias outras ações, como a Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional –também chamada de “transposição do São Francisco”– a construção de açudes, adutoras, canais de irrigação e sistemas de abastecimento de água nas cidades. Com todas essas iniciativas, vamos minorar os efeitos da seca, garantindo água para beber e todas as condições para o desenvolvimento da produção rural.”
FONTE: Blog do Planalto (http://www2.planalto.gov.br/imprensa/conversa-com-a-presidenta/conversa-com-a-presidenta-8/view).
MAIS CORRUPÇÃO TUCANA EM SP: JUSTIÇA OBRIGA ALESP A PUBLICAR LISTÃO SECRETO DE APANIGUADOS
Deputado Barros Munhos (PSDB/SP), presidente da ALESP e governador Alckmin (PSDB/SP). Ocultação de gastos públicos com emendas parlamentares e com folha de pagamento exalam forte cheiro de corrupção
“Quem se lembra dos atos secretos do Senado, que tanto escândalo [a mídia e a oposição (PSDB/DEM/PPS)] provocaram? Pois é, na Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP) acontece algo bem pior.
A ALESP guarda a sete chaves, longe dos olhos da população, sem qualquer transparência, a lista de cerca de 4 mil funcionários que constam em sua folha de pagamento.
O assunto é tratado como tabu. Ninguém sabe direito quem é quem, quantos são, onde estão lotados e o que fazem cada um dos supostos 4 mil funcionários com seus polpudos contracheques, para atender 94 deputados.
A direção demotucana, que controla a casa há tempos, trava surreal luta de 11 anos na justiça para NÃO informar ao distinto público como é gasto o dinheiro do cidadão contribuinte.
No ano de 2000, diante de suspeitas de funcionários fantasmas na casa, um grupo de estudantes de direito entrou na justiça com uma ação para obrigar a divulgação dos nomes e a lotação dos quadros funcionais. Em todas as instâncias, o judiciário condenou a Assembléia a cumprir o princípio da moralidade e publicidade, um dever constitucional na administração pública.
A mesa que dirige a casa, presidida por Barros Munhoz (PSDB/SP), chegou a apelar até ao STF, alegando que as decisões judiciais seriam interferência do poder judiciário no legislativo.
Perdeu! Desde 25 de junho deste ano, a ALESP foi sentenciada pelo STF a publicar no diário oficial a lista completa de seus servidores e os cargos por eles ocupados. Não tem mais como apelar.
Mesmo assim, não publicou o listão secreto até hoje, desafiando uma decisão judicial, e afrontando os próprios cidadãos paulistas.
O que será que há de tão errado assim no listão secreto de apaniguados da ALESP, para esse mistério todo?
Em tempo: cadê a OAB para se pronunciar sobre a corrupção em São Paulo?"
FONTE: publicado no blog “Os amigos do Presidente Lula”, com informações do Estado de SP (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2011/09/mais-corrupcao-tucana-em-sp-justica.html) [trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
“Quem se lembra dos atos secretos do Senado, que tanto escândalo [a mídia e a oposição (PSDB/DEM/PPS)] provocaram? Pois é, na Assembléia Legislativa de São Paulo (ALESP) acontece algo bem pior.
A ALESP guarda a sete chaves, longe dos olhos da população, sem qualquer transparência, a lista de cerca de 4 mil funcionários que constam em sua folha de pagamento.
O assunto é tratado como tabu. Ninguém sabe direito quem é quem, quantos são, onde estão lotados e o que fazem cada um dos supostos 4 mil funcionários com seus polpudos contracheques, para atender 94 deputados.
A direção demotucana, que controla a casa há tempos, trava surreal luta de 11 anos na justiça para NÃO informar ao distinto público como é gasto o dinheiro do cidadão contribuinte.
No ano de 2000, diante de suspeitas de funcionários fantasmas na casa, um grupo de estudantes de direito entrou na justiça com uma ação para obrigar a divulgação dos nomes e a lotação dos quadros funcionais. Em todas as instâncias, o judiciário condenou a Assembléia a cumprir o princípio da moralidade e publicidade, um dever constitucional na administração pública.
A mesa que dirige a casa, presidida por Barros Munhoz (PSDB/SP), chegou a apelar até ao STF, alegando que as decisões judiciais seriam interferência do poder judiciário no legislativo.
Perdeu! Desde 25 de junho deste ano, a ALESP foi sentenciada pelo STF a publicar no diário oficial a lista completa de seus servidores e os cargos por eles ocupados. Não tem mais como apelar.
Mesmo assim, não publicou o listão secreto até hoje, desafiando uma decisão judicial, e afrontando os próprios cidadãos paulistas.
O que será que há de tão errado assim no listão secreto de apaniguados da ALESP, para esse mistério todo?
Em tempo: cadê a OAB para se pronunciar sobre a corrupção em São Paulo?"
FONTE: publicado no blog “Os amigos do Presidente Lula”, com informações do Estado de SP (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2011/09/mais-corrupcao-tucana-em-sp-justica.html) [trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
CORRUPÇÃO TUCANA: POVO DE CURITIBA VAI ÀS RUAS POR FAXINA
População de Curitiba, principalmente estudantes e trabalhadores, vão às ruas contra a corrupção tucana na Câmara Municipal
“O amor é lindo... o tucano presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba deu de presente para sua amada esposa R$ 5,1 milhões sob a forma de contrato de publicidade, tudo pago pelos cofres públicos.
Deixando a ironia de lado, o presidente da Câmara Municipal, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), é acusado de contratar a empresa de publicidade da própria mulher, a jornalista Claudia Queiroz, e de contratar funcionários irregularmente.
Já é questionável a Câmara de Vereadores contratar a Agência de Publicidade e gastar [com propaganda] R$ 31 milhões que poderiam ser gastos na saúde e educação.
A situação fica insustentável quando se sabe que boa parte desse dinheiro foi para o bolso da mulher do presidente da casa. Ficou tão insustentável que os vereadores (mesmo sendo a maioria demotucana) abriram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para salvar a pele nas eleições do ano que vem .
Quarta-feira (28), a população foi às ruas exigir o afastamento do tucano, e acompanhar a reunião da CPI, para não deixar virar pizza, já que, enquanto o Derosso [PSDB] estiver na presidência, a apuração dos fatos fica comprometida.
Os contratos foram assinados em 2006, e vêm sendo prorrogados com aditamento, sem licitação.
As empresas felizardas são a “Visão Publicidade” e a “Oficina de Notícias”. Essa última pertence à Cláudia, esposa do tucano, e recebeu R$ 5,1 milhões no período.
Estranho a falta de destaque dado pela imprensa demotucana e a discrição da OAB, que até poucos dias conclamava o povo a sair às ruas contra a corrupção.”
FONTE: blog “Os amigos do Presidente Lula” (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/)
“O amor é lindo... o tucano presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba deu de presente para sua amada esposa R$ 5,1 milhões sob a forma de contrato de publicidade, tudo pago pelos cofres públicos.
Deixando a ironia de lado, o presidente da Câmara Municipal, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), é acusado de contratar a empresa de publicidade da própria mulher, a jornalista Claudia Queiroz, e de contratar funcionários irregularmente.
Já é questionável a Câmara de Vereadores contratar a Agência de Publicidade e gastar [com propaganda] R$ 31 milhões que poderiam ser gastos na saúde e educação.
A situação fica insustentável quando se sabe que boa parte desse dinheiro foi para o bolso da mulher do presidente da casa. Ficou tão insustentável que os vereadores (mesmo sendo a maioria demotucana) abriram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para salvar a pele nas eleições do ano que vem .
Quarta-feira (28), a população foi às ruas exigir o afastamento do tucano, e acompanhar a reunião da CPI, para não deixar virar pizza, já que, enquanto o Derosso [PSDB] estiver na presidência, a apuração dos fatos fica comprometida.
Os contratos foram assinados em 2006, e vêm sendo prorrogados com aditamento, sem licitação.
As empresas felizardas são a “Visão Publicidade” e a “Oficina de Notícias”. Essa última pertence à Cláudia, esposa do tucano, e recebeu R$ 5,1 milhões no período.
Estranho a falta de destaque dado pela imprensa demotucana e a discrição da OAB, que até poucos dias conclamava o povo a sair às ruas contra a corrupção.”
FONTE: blog “Os amigos do Presidente Lula” (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/)
HOJE (30): FAB INCORPORA "NOVA" AERONAVE DE PATRULHA MARÍTIMA
Raio de ação do P3AM
“Hoje, 30 de setembro, a Força Aérea Brasileira (FAB) incorpora a aeronave de patrulha marítima P-3AM à sua frota. O P-3 é a versão militar do famoso avião comercial Lockheed Electra II, que ficou conhecido no Brasil como o avião utilizado na ponte aérea Rio de Janeiro/São Paulo, de 1975 até 1991. A versão militar foi inicialmente concebida para a Marinha dos Estados Unidos, como aeronave especializada em patrulhamento marítimo e guerra antissubmarina.
O P-3AM da FAB foi [adquirido usado, estocado em deserto dos EUA. Uma dúzia de aviões da US Navy desativados foram comprados pela FAB ao preço de 1/10 de uma aeronave nova]. [Após isso, oito delas] foram totalmente modernizadas e equipadas [na Espanha/EADS] com modernos sensores eletrônicos e armamentos. A aeronave irá empregar essa grande capacidade na vigilância e proteção das riquezas do Brasil, como o pré-sal, o mar territorial brasileiro e a zona econômica exclusiva.
A cerimônia militar de incorporação da aeronave começa às 10h da manhã desta sexta-feira, 30 de setembro, na Base Aérea de Salvador, localizada ao lado do Aeroporto Internacional Luiz Eduardo Magalhães.”
FONTE: site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/2918/FAB-incorpora-nova-aeronave-de-patrulha-maritima) [trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].
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COMPLEMENTAÇÃO (do portal G1)
FAB COMEÇA A OPERAR COM NOVO AVIÃO PARA PATRULHA E DEFESA MARÍTIMA
“O P-3 será usado para vigiar e [em caso de conflito] abater submarinos e embarcações invasores. Avião, com alcance de 9 mil km, opera após este dia 30 na proteção do pré-sal.
Novo avião P-3 será usado para patrulha e defesa do litoral do país (Foto: Airbus Military/FAB/Divulgação)
A Força Aérea Brasileira (FAB) começa a operar nesta sexta-feira (30) com uma nova aeronave para patrulha e defesa marítima. O avião P-3AM é a versão militar do comercial Lockheed Electra II, que ficou conhecido no Brasil como o avião utilizado na ponte aérea Rio de Janeiro-São Paulo de 1975 até 1991.
Comprada da Marinha dos Estados Unidos [já usada, desativada e estocada em deserto, nos EUA], a aeronave [passou por processo de modernização na EADS, Espanha, e agora] é especializada em patrulhamento marítimo e guerra antissubmarina, capaz de [localizar e] abater qualquer submarino ou embarcação que invadir as águas territoriais brasileiras.
O P-3, como é conhecido, tem capacidade de voo de até 16 horas e alcance de até 9 mil quilômetros de distância, partindo de Recife e podendo chegar à África, diz a FAB. A aeronave carrega cerca de 9 toneladas de armamento, entre bombas, torpedos, foguetes e minas antinavio, operando em todo o litoral brasileiro com o objetivo de vigiar a fronteira e proteger as riquezas brasileiras, como o pré-sal.
Outra função do avião será atuar em missões de busca e salvamento de aeronaves que caírem em alto mar, como foi o caso do AF 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico em 2009, além de identificar embarcações pesqueiras irregulares, submarinos invasores e também navios petroleiros que estejam despejando petróleo no mar brasileiro.
P-3 tem alcance de 9 mil quilômetros e irá atuar na proteção do pré-sal (Foto: Airbus Military/FAB/Divulgação)
Desde a década de 80 que o Brasil não possuía uma aeronave com tal poder de patrulha no litoral. Até então, era usado para isso um modelo militar do Bandeirante, com menor capacidade de voo e alcance de detecção. O P-3 poderá lançar sensores sobre a água e detectar até mesmo submarinos que estejam em alta profundidade.
O P-99 Bandeirante Patrulha, que será substituído
A aeronave passa a operar a partir desta sexta-feira, quando será apresentada oficialmente em um evento na base aérea de Salvador com a presença do ministro da Defesa, Celso Amorim.
Entre os países que já empregam o P-3 na área militar estão Estados Unidos, Chile, Canadá, Japão, China, Austrália e Espanha, dentre outros.”
FONTE: portal G1. Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=29/09/2011&page=mostra_notimpol) [trechos entre colchetes e alfumas imagens adicionados por este blog ‘democracia&política’].
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
“MERCADO” QUER QUE O MUNDO SE DANE. “PRIMEIRO, MINHA GRANA”
Extraído do blog “Tijolaço”:
A SINCERIDADE DO “MERCADO”
“A entrevista de um operador de mercados, Alessio Rastani, na BBC, está causando furor no mundo. O cidadão teve uma crise de sinceridade e disse que sonha com uma recessão para ganhar mais dinheiro.
“Não ligamos muito para como vão consertar a economia. Nosso trabalho é ganhar dinheiro com isso”.
“Os governos não controlam o mundo. O (banco) Goldman Sachs controla o mundo. O Goldman Sachs não liga para esse resgate, nem os grandes fundos.”
“Estou confiante que esse plano (de recuperação da Grécia) não vai funcionar, independentemente de quanto dinheiro (os governos) puserem. O euro vai desabar”
“Em menos de 12 meses, ativos ( dinheiro, economias) de milhões de pessoas vão desaparecer”.
A entrevistadora da BBC agradeceu a sinceridade …
Rastani disse o que todo mundo sabe e ninguém tem coragem de dizer”.
No imperdível documentário “Enron”, sobre como o “mercado” (a Enron) operava o Governo Bush, há uma cena em que operadores da mesa da Enron gritam “burn, baby, burn”, na torcida para que usinas continuassem a pegar fogo e o preço da energia subisse (“derivativos” de energia eram o negócio da Enron).
É o que faz o “mercado” hoje: queima, minha filha, queima.
No Brasil, o “mercado ” também quer que pegue fogo qualquer Governo de inclinação trabalhista.
Como se sabe, no Brasil, o “mercado” fala pelo PiG (*).
Ou será o inverso ?
Queima, minha filha, queima."
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
FONTE: portal “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/09/28/mercado-quer-que-o-mundo-se-dane-primeiro-minha-grana/).
SANTAYANA TEM MAIS SOBRE O “MERCADO”
Enquanto isso, o trator passa por cima da Urubóloga
MINHA GRANA, PRIMEIRO !
“O [portal] “Conversa Afiada” reproduz artigo de Mauro Santayana do “JB online” sobre o mesmo tema do “mercado” que quer que o mundo se dane:
OS QUE MANDAM NO MUNDO
Por Mauro Santayana
“As grandes crises econômicas mundiais trazem o desemprego e a miséria, e atingem também os investidores. Houve milionários que, vítimas de sua própria ambição e dos especuladores, chegaram ao suicídio, como na queda vertiginosa da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Mas as grandes crises são “o sonho feito realidade para aqueles que querem fazer dinheiro”, como revelou um corretor de valores de Londres, Alessio Rastani, em entrevista à BBC, que, reproduzida pela internet, está surpreendendo o mundo. Ele afirmou, também, que havia sonhado três anos com uma recessão como a atual. Rastani é autoidentificado pelo seu site na rede mundial como hábil operador, consultor no mercado de capitais, e conferencista que percorre o mundo, a fim de orientar os investidores. Ele declarou à emissora britânica que quem manda no mundo, porque manda nos governos, é o grande banco de investimentos Goldman Sachs.
Alessio Rastani
Rastani não citou diretamente o jornalista francês Marc Roche que, no ano passado, publicou um livro forte, e sobre o qual os grandes meios internacionais de comunicação quase nada dizem, com o título de “La Banque: Comment Goldman Sachs dirige le monde” (Albin Michel, Paris, 2010). Roche é, há mais de vinte anos, correspondente de “Le Monde”, na City de Londres, o que lhe possibilita acompanhar os grandes movimentos das finanças internacionais. O livro demonstra que o banco americano conseguiu atuar junto ao governo de grandes países, mediante a infiltração de seus ex-dirigentes, ao mesmo tempo em que cooptou ex-governantes para participar de suas grandes decisões, em operação que, de acordo com o livro de Marc Roche –em entrevista à televisão, o escritor os chamou de imorais- sugere corrupção e suborno em escala global.
Entre outros, Marc Roche cita o atual presidente do Banco Central da Itália, Mario Draghi. Draghi, como representante da Itália, participa do ‘board’ do Banco Central Europeu, e é cotado para suceder a Trichet na presidência da instituição. Foi vice-presidente e diretor executivo do ‘Goldman Sachs’ para a Europa (e também diretor do Banco Mundial). Outro italiano, Mario Monti, é conselheiro atual do ‘Goldman’, para assuntos internacionais, e foi comissário da União Européia para o mercado interno e para os assuntos de concorrência. Nesses cargos, Monti defendeu ardorosamente a divisão de todos os serviços públicos em empresas médias e sua privatização.
Em sua tática de recrutamento, ‘Goldman Sachs’ cooptou também Otmar Issing, ex-diretor do Bundesbank –o Banco Central da Alemanha– e ex-economista chefe do Banco Central Europeu, para o seu conselho diretor. Dirigentes do ‘Goldman’ ocuparam posições destacadas no governo norte-americano, e ainda ocupam. Robert Rubin, de sua diretoria executiva, foi Secretário do Tesouro de Bill Clinton, de 1995 a 1999; Henry Paulsen, ex-presidente do Goldman, foi nomeado Secretário de Tesouro de George Bush, em 2006. Ainda nos Estados Unidos: o atual Secretário do Tesouro, Tim Geithner, escolheu, como seu chefe de gabinete, Mark Patterson que, durante dez anos, foi o chefe dos lobistas do ‘Goldman Sachs’ junto ao Congresso dos Estados Unidos.
Até mesmo na África, o ‘Goldman’ tem os seus tentáculos. Olusengun Aganga, que dirigia o serviço dos ‘hedge funds’, foi nomeado ministro de Economia do atual governo da Nigéria. Tito Mboweni, presidente do Banco Central da África do Sul, de 1999 a 2009, foi contratado pelo ‘Goldman’ como seu conselheiro internacional, em maio do ano passado. Como registra o autor do livro, o ‘Goldman’ conseguiu manipular os governos, de Mandela a Bush. Um só ato mostra a capacidade de cooptação do ‘Goldman Sachs’. Quando Secretário do Tesouro de Bush, seu ex-presidente, Henry Paulsen, decidiu que o Tesouro socorresse com 60 bilhões de dólares a seguradora AIG, falida pelas operações da bolha imobiliária. A primeira dívida da AIG a ser saldada, de 29 bilhões de dólares, foi exatamente com o ‘Goldman Sachs’.
Todas essas revelações, não contestadas pelo ‘Goldman Sachs’, mostram como atuam as grandes instituições financeiras. Elas só podem assim agir, porque os estados nacionais –hoje chefiados, salvo poucas exceções, por servidores do neoliberalismo- renunciaram à sua responsabilidade essencial, de promover a justiça e impedir o saqueio dos bens comuns pelos criminosos, muitos deles de enganosa respeitabilidade acadêmica, como são os principais dirigentes do ‘Goldman Sachs’.
Como estamos no assunto, Wall Street continua cercada pelos “indignados” manifestantes de Nova Iorque, que contam com o apoio de personalidades conhecidas, como Michael Moore, o incômodo cineasta de Farenheit 9/11 e o linguista Noam Chomsky. É um princípio ainda tênue, mas os movimentos sociais são como os rios: nascem em pequenas fontes e vão crescendo rumo ao mar. No Brasil, é ainda tímida a atuação dos intelectuais –e de todos os cidadãos– junto ao Congresso para uma necessária e rigorosa legislação reguladora do sistema financeiro, o principal beneficiário da política privatizadora do governo Fernando Henrique Cardoso.
E para continuar no assunto: a escultura, intitulada “O dedo de Deus”, de Maurizio Cattelan, irreverente artista italiano –um punho fechado, mostrando o dedo médio levantado, gesto obsceno em quase todos os países do mundo– havia sido retirada da frente da Bolsa de Valores de Milão pela prefeita Letizia Moratti. O novo prefeito da cidade, Giuliano Pisapia, de centro-esquerda, com o apoio dos “indignati” italianos, recolocou-a em seu lugar.”
FONTE: portal “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/09/28/santayana-tem-mais-sobre-o-mercado-minha-grana-primeiro/).
Jornal argentino: "OS ESCRAVISTAS CONTRA LULA"
“Em meio ao debate sobre a crise econômica internacional, Lula chegou à França. Seria bom que soubesse que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da "Sciences Po", deveria pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria guardar recato. No Brasil, a casa grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terras e escravos. Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa grande estão bravos.
O artigo é de Martín Granovsky, no jornal argentino “Página/12”
Podem pronunciar “sians po”. É, mais ou menos, a fonética de “sciences politiques”. E dizer “Sciences Po” basta para referir o encaixe perfeito de duas estruturas: a “Fundação nacional de Ciências Políticas da França” e o “Instituto de Estudos Políticos de Paris”. Não é difícil pronunciar “sians po”. O difícil é entender, a esta altura do século XXI, como as ideias escravocratas seguem permeando os integrantes das elites sul-americanas.
Na tarde de terça [27], Richar Descoings, diretor da Sciences Po, [entregou] pela primeira vez o doutorado Honoris Causa a um latino-americano: o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Descoings [falou] e, é claro, Lula também.
Para explicar bem sua iniciativa, o diretor convocou uma reunião em seu escritório na rua Saint Guillaume, muito perto da igreja de Saint-Germain-des-Prés. Meter-se na cozinha sempre é interessante. Se alguém passa por Paris para participar como expositor de duas atividades acadêmicas, uma sobre a situação política argentina e outra sobre as relações entre Argentina e Brasil, não está mal que se meta na cozinha de “Sciences Po”.
Pareceu o mesmo à historiadora Diana Quattrocchi Woisson, que dirige em Paris o “Observatório sobre a Argentina Contemporânea”, é diretora do “Instituto das Américas” e foi quem teve a ideia de organizar as duas atividades acadêmicas sobre a Argentina e o Brasil, das quais também participou o economista e historiador Mario Rapoport, um dos fundadores do “Plano Fênix” há dez anos.
Naturalmente, para escutar Descoings foram citados vários colegas [jornalistas] brasileiros. O professor Descoings quis ser amável e didático. “Sciences Po” tem uma cátedra de Mercosul, os estudantes brasileiros vão cada vez mais para a França, Lula não saiu da elite tradicional do Brasil, mas chegou ao máximo nível de responsabilidade e aplicou planos de alta eficiência social.
Um dos colegas [jornalista brasileiro] perguntou se era correto premiar alguém que se jacta de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e o olhou assombrado. Talvez saiba que essa jactância de Lula não consta em atas, ainda que seja certo que não tem título universitário. Certo também é que, quando assumiu a presidência, em 1° de janeiro de 2003, levantou o diploma que os presidentes recebem no Brasil e disse: “É uma pena que minha mãe morreu. Ela sempre quis que eu tivesse um diploma e nunca imaginou que o primeiro seria o de presidente da República”. E chorou.
“Por que premiam a um presidente que tolerou a corrupção?” – foi a pergunta seguinte.
O professor sorriu e disse: “Veja, Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o balanço histórico esse assunto e outros muitos importantes, como a instalação de eletricidade em favelas em todo o Brasil e as políticas sociais”. E acrescentou, pegando o “Le Monde”: “Que país pode medir moralmente hoje outro país? Se não queremos falar destes dias, recordemos como um alto funcionário de outro país teve que renunciar por ter plagiado uma tese de doutorado de um estudante”. Falava de Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro de Defesa da Alemanha até que se soube do plágio.
Mais ainda: “Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente não damos lições de moral a outros países”.
Outro colega [jornalista brasileiro] perguntou se estava bem premiar alguém que, certa vez, chamou Muamar Kadafi de “irmão”.
Com as devidas desculpas, que foram expressadas ao professor e aos colegas, a impaciência argentina levou-me a perguntar onde Kadafi havia comprado suas armas e que país refinava seu petróleo, além de comprá-lo. O professor deve ter agradecido que a pergunta não tenha mencionado com nome e sobrenome França e Itália.
Descoings aproveitou para destacar Lula como “o homem de ação que modificou o curso das coisas”, e disse que a concepção de Sciences Po não é o ser humano como “uns ou outros”, mas sim como “uns e outros”. Marcou muito o “e”, “y” em francês.
Diana Quattrocchi, como latino-americana que estudou e se doutorou em Paris após sair de uma prisão da ditadura argentina graças à pressão da Anistia Internacional, disse que estava orgulhosa que Sciences Pos desse o Honoris Causa a um presidente da região e perguntou pelos motivos geopolíticos.
“Todo o mundo se pergunta”, disse Descoings. “E temos que escutar a todos. O mundo não sabe sequer se a Europa existirá no ano que vem”.
Na Sciences Po, Descoings introduziu estímulos para o ingresso de estudantes que, supostamente, estão em desvantagem para serem aprovados no exame. O que se chama discriminação positiva ou ação afirmativa e se parece, por exemplo, com a obrigação argentina de que um terço das candidaturas legislativas devam ser ocupadas por mulheres.
Outro colega [jornalista] brasileiro perguntou, com ironia, "se o Honoris Causa a Lula fazia parte da política de ação afirmativa da Sciences Po". Descoings observou-o com atenção antes de responder. “As elites não são só escolares ou sociais”, disse. “Os que avaliam quem são os melhores são os outros, não os que são iguais a alguém. Se não, estaríamos frente a um caso de elitismo social. Lula é um torneiro mecânico que chegou à presidência, mas segundo entendi não ganhou uma vaga, mas foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas”.
Como Cristina Fernández de Kirchner e Dilma Rousseff na Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula vem insistindo que a reforma do FMI e do Banco Mundial está atrasada. Diz que esses organismos, tal como funcionam hoje, “não servem para nada”. O grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ofereceu ajuda para a Europa. A China sozinha tem o nível de reservas mais alto do mundo. Em um artigo publicado no “El País”, de Madri, os ex-primeiros ministros Felipe González e Gordon Brown pediram maior autonomia para o FMI. Querem que seja o auditor independente dos países do G-20, integrado pelos mais ricos e também, pela América do Sul, pela Argentina e pelo Brasil. Ou seja, querem o contrário do que pensam os BRICS.
Em meio a essa discussão, Lula chega à França. Seria bom que soubesse que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria guardar recato. No Brasil, a casa grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terras e escravos. Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa grande estão bravos.”
FONTE: artigo de Martín Granovsky, publicado no jornal argentino “Página/12”. Transcrito no site “Carta Maior” com tradução: Katarina Peixoto (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18574) [trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].
POR QUE NÃO CRIAM O “SONEGÔMETRO” AO LADO DO “IMPOSTÔMETRO”?
Na foto, alguns dos tucanos que, no governo FHC/PSDB, fortemente elevaram a carga tributária, em 33%! Todos riem da façanha, fingindo que o culpado foi Lula...
O “CANSEI” NÃO SABE O QUE DIZ. OU SABE E NÃO DIZ
Por Brizola Neto
“José Antonio Meira da Rocha, leitor deste blog e autor do blog “O Homem que Calculava” nos traz uma belíssima contribuição sobre a discussão sobre carga tributária brasileira, que nossa imprensa quase sempre trata como um escândalo, mas jamais no que ela mais tem de escandaloso, que é estar concentrada na parcela mais pobre da população.
Bem, o José Antonio compilou os dados da “Heritage”, uma fundação americana, sobre impostos e PIB e fez uma tabela que eu transformei em gráfico, aí acima, com países selecionados, para você comparar. No blog “O Homem que Calculava” –como o Malba Tahan faz falta aos nossos jornalistas!– você verá ainda que o Brasil, que é o 31º na relação tributos/PIB, é o 51º se essa proporção é entre PIB per capita e arracadação tributária.
O pessoal do “Cansei”, recomenda o José Antonio, que fala tanto em corrupção, deveria se tocar da sonegação que, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) relativas a 2008, desvia do Tesouro, anualmente, cerca de 200 bilhões de reais. Tá na "Veja", mas, é claro, nunca dá capa.
Taí uma idéia: por que, ao lado do impostômetro, os “cansados” não criam o “sonegômetro”?.
FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/o-cansei-nao-sabe-o-que-diz-ou-sabe-e-nao-diz/) [título e imagem do Google acrescentados por este blog ‘democracia&política”].
QUEM AMA PROTEGE
Por Carlos Lessa, no jornal “Valor”
“Quero felicitar a senhora presidente da República por ter lançado em discussão a reinstalação da “Contribuição Provisória sobre as Movimentações Financeiras” (CPMF). A Constituição de 1988, ao criar o conceito de orçamento de seguridade social, manteve a base salários e a ampliou, potencialmente, com contribuições a serem instituídas sobre lucros e faturamento das empresas. O orçamento de seguridade englobaria os gastos previdenciários, de saúde e de assistência social, mas, de forma cruel, foi descaracterizada essa proposta dos constituintes.
As contribuições sociais, criadas como formas de tributação do governo federal, foram desviadas para a caixa única e o superávit primário a serviço dos pagamentos de juros. A área de saúde -pressionada pelo crescimento demográfico, pela elevação da idade média de vida e pela ansiedade popular por melhoria da qualidade dos serviços preventivos de saúde- foi beneficiada pela CPMF.
Entretanto, o buraco negro dos juros atraiu para o caixa único e superávit primário os novos recursos tributários criados pela CPMF [já no seu início, pelo governo FHC/PSDB/DEM]. O desvio da finalidade social foi a justificativa formal para a extinção da contribuição.
Quero confirmar as palavras da presidente. A CPMF tributa, com custo administrativo baixo, todas as transações financeiras e, ao fazê-lo, explicita todos os que realizam essas transações. Assim sendo, põe a nu laranjas, laranjinhas e laranjais, ou seja, identifica especuladores com transações financeiras [Essa foi a grande razão de a oposição, a grande mídia e os especuladores derrubarem a CPMF, com a desculpa cínica de que "o povo não aguenta mais impostos"...] .
Houve um erro social em tributar a movimentação do salário; deveriam ser isentas as primeiras transações financeiras com os salários. Nesse caso, uma "CMF" seria extremamente justa, pois quem faz transações financeiras frequentes e crescentes são os grupos de média e alta renda; quem vive disso são os especuladores nacionais e estrangeiros viciados em juros e ganhos na arbitragem de papéis financeiros. Lamentavelmente, a presidente teve que recuar. O povão não apoiou a CPMF porque está escaldado pelo desvio sistemático dos recursos, que deveriam alimentar as políticas sociais, para o pagamento de juros e vazamentos de corrupção.
No momento, a presidência da República está submetida ao bombardeio de forças conservadoras -ideologicamente contrárias à industrialização e sustentadoras dos interesses de importadores de veículos- que a acusam de reinstalar o protecionismo industrial. A mídia denuncia o protecionismo brasileiro como um "pecado"(?!), mas esquece que todas as atuais potências do mundo praticaram protecionismo.
Os EUA, maior potência mundial, foram intensamente protecionistas de sua industrialização, e ainda hoje praticam, de forma mais evidente, a proteção de sua produção agrícola e "subsidiam" o avanço científico e tecnológico derivado do maior orçamento militar do planeta, indo da ruptura diplomática à guerra aberta para proteger seus interesses. A China, como potência emergente, pratica, de forma disfarçada, um protecionismo ultraeficiente. As grandes nações europeias e o Japão também praticaram protecionismo durante décadas de suas histórias industriais e protegem de forma explícita suas atividades agrícolas. O discurso contra o protecionismo é o discurso das nações industrializadas e dominantes.
O Brasil cresceu sua economia sem parar, entre 1930 e 1980. Éramos basicamente um cafezal e construímos um sistema industrial bastante sofisticado. Após, com a década perdida, seguida dos anos FHC e Lula, tivemos um crescimento industrial medíocre -e setores e cadeias produtivas foram destruídos. Entre 2002 e 2010, foi medíocre o crescimento da indústria de transformação, comparado à evolução da agropecuária e da mineração. O professor Reinaldo Gonçalves chama a atenção para o processo de "desindustrialização", mediante a substituição negativa de produção interna por importações. É dramática a opção brasileira de ser um "celeiro do mundo" sendo um país onde ampla fração da população passa fome. É dramática a migração de força de trabalho brasileira para o exterior, agora estancada pela crise mundial.
É uma salada o conceito de BRIC. Pode servir apenas para massagear o nosso "ego" com uma retórica inconsistente de sucesso. Além da extensão territorial e da população, temos características radicalmente distintas da Rússia, da Índia e da China. Nosso minério de ferro serve para os chineses deslocarem, com seu aço, o produto brasileiro do Mercosul. É terrível, em longo prazo, a situação social da Índia. A Rússia sobrevive com petróleo e gás, e tenta integrar-se à Europa faminta de energia. Nós temos o melhor balanço energético do mundo e um enorme potencial hidrelétrico e petrolífero, porém não sabemos utilizá-lo estrategicamente; não temos um modelo de desenvolvimento.
O pátio das montadoras acumula quase 400 mil veículos. É o maior número, desde 2008. As vendas de importados cresceram 28,6% em agosto, em relação ao ano passado, contra a queda de 0,7% de veículos novos produzidos no Brasil. A maioria provém da Argentina e do México (o Brasil isenta esses veículos da tarifa de 35%; o Fiat 500 oriundo do México custa bem menos que o importado da Polônia). O complexo metal-mecânico é, hoje, uma caricatura do sonho industrializante de Juscelino Kubitschek, que queria a indústria de autopeças e componentes. A medida da Presidência determina um mínimo de 65% de componentes produzidos no Brasil, ainda que abrindo mão da exigência de empresas sob controle de capital nacional. Sugeriria um compromisso progressivo até 90%, pois, sendo uma pretensão da Presidência o desenvolvimento científico e tecnológico, convém alertar que o motor e os componentes mais sofisticados (com informática agregada) serão importados.
O modesto e tímido passo para reservar o mercado brasileiro para a mão de obra nacional está sendo demonizado. Espero que a presidência não recue: mantenha (e amplie) o protecionismo para o conjunto de outras atividades industriais brasileiras ameaçadas.”
FONTE: escrito por Carlos Lessa, professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Artigo publicado no jornal “Valor Econômico” e transcrito nos blog “Isto é Piaui” e “Tijolaço” (http://istoepiaui.blogspot.com/2011/09/quem-ama-protege.html) e (http://www.tijolaco.com/protecionismo-e-pecado-so-para-nos/) [trecho entre colchetes acrescentado por este blog 'democracia&política'].
“Quero felicitar a senhora presidente da República por ter lançado em discussão a reinstalação da “Contribuição Provisória sobre as Movimentações Financeiras” (CPMF). A Constituição de 1988, ao criar o conceito de orçamento de seguridade social, manteve a base salários e a ampliou, potencialmente, com contribuições a serem instituídas sobre lucros e faturamento das empresas. O orçamento de seguridade englobaria os gastos previdenciários, de saúde e de assistência social, mas, de forma cruel, foi descaracterizada essa proposta dos constituintes.
As contribuições sociais, criadas como formas de tributação do governo federal, foram desviadas para a caixa única e o superávit primário a serviço dos pagamentos de juros. A área de saúde -pressionada pelo crescimento demográfico, pela elevação da idade média de vida e pela ansiedade popular por melhoria da qualidade dos serviços preventivos de saúde- foi beneficiada pela CPMF.
Entretanto, o buraco negro dos juros atraiu para o caixa único e superávit primário os novos recursos tributários criados pela CPMF [já no seu início, pelo governo FHC/PSDB/DEM]. O desvio da finalidade social foi a justificativa formal para a extinção da contribuição.
Quero confirmar as palavras da presidente. A CPMF tributa, com custo administrativo baixo, todas as transações financeiras e, ao fazê-lo, explicita todos os que realizam essas transações. Assim sendo, põe a nu laranjas, laranjinhas e laranjais, ou seja, identifica especuladores com transações financeiras [Essa foi a grande razão de a oposição, a grande mídia e os especuladores derrubarem a CPMF, com a desculpa cínica de que "o povo não aguenta mais impostos"...] .
Houve um erro social em tributar a movimentação do salário; deveriam ser isentas as primeiras transações financeiras com os salários. Nesse caso, uma "CMF" seria extremamente justa, pois quem faz transações financeiras frequentes e crescentes são os grupos de média e alta renda; quem vive disso são os especuladores nacionais e estrangeiros viciados em juros e ganhos na arbitragem de papéis financeiros. Lamentavelmente, a presidente teve que recuar. O povão não apoiou a CPMF porque está escaldado pelo desvio sistemático dos recursos, que deveriam alimentar as políticas sociais, para o pagamento de juros e vazamentos de corrupção.
No momento, a presidência da República está submetida ao bombardeio de forças conservadoras -ideologicamente contrárias à industrialização e sustentadoras dos interesses de importadores de veículos- que a acusam de reinstalar o protecionismo industrial. A mídia denuncia o protecionismo brasileiro como um "pecado"(?!), mas esquece que todas as atuais potências do mundo praticaram protecionismo.
Os EUA, maior potência mundial, foram intensamente protecionistas de sua industrialização, e ainda hoje praticam, de forma mais evidente, a proteção de sua produção agrícola e "subsidiam" o avanço científico e tecnológico derivado do maior orçamento militar do planeta, indo da ruptura diplomática à guerra aberta para proteger seus interesses. A China, como potência emergente, pratica, de forma disfarçada, um protecionismo ultraeficiente. As grandes nações europeias e o Japão também praticaram protecionismo durante décadas de suas histórias industriais e protegem de forma explícita suas atividades agrícolas. O discurso contra o protecionismo é o discurso das nações industrializadas e dominantes.
O Brasil cresceu sua economia sem parar, entre 1930 e 1980. Éramos basicamente um cafezal e construímos um sistema industrial bastante sofisticado. Após, com a década perdida, seguida dos anos FHC e Lula, tivemos um crescimento industrial medíocre -e setores e cadeias produtivas foram destruídos. Entre 2002 e 2010, foi medíocre o crescimento da indústria de transformação, comparado à evolução da agropecuária e da mineração. O professor Reinaldo Gonçalves chama a atenção para o processo de "desindustrialização", mediante a substituição negativa de produção interna por importações. É dramática a opção brasileira de ser um "celeiro do mundo" sendo um país onde ampla fração da população passa fome. É dramática a migração de força de trabalho brasileira para o exterior, agora estancada pela crise mundial.
É uma salada o conceito de BRIC. Pode servir apenas para massagear o nosso "ego" com uma retórica inconsistente de sucesso. Além da extensão territorial e da população, temos características radicalmente distintas da Rússia, da Índia e da China. Nosso minério de ferro serve para os chineses deslocarem, com seu aço, o produto brasileiro do Mercosul. É terrível, em longo prazo, a situação social da Índia. A Rússia sobrevive com petróleo e gás, e tenta integrar-se à Europa faminta de energia. Nós temos o melhor balanço energético do mundo e um enorme potencial hidrelétrico e petrolífero, porém não sabemos utilizá-lo estrategicamente; não temos um modelo de desenvolvimento.
O pátio das montadoras acumula quase 400 mil veículos. É o maior número, desde 2008. As vendas de importados cresceram 28,6% em agosto, em relação ao ano passado, contra a queda de 0,7% de veículos novos produzidos no Brasil. A maioria provém da Argentina e do México (o Brasil isenta esses veículos da tarifa de 35%; o Fiat 500 oriundo do México custa bem menos que o importado da Polônia). O complexo metal-mecânico é, hoje, uma caricatura do sonho industrializante de Juscelino Kubitschek, que queria a indústria de autopeças e componentes. A medida da Presidência determina um mínimo de 65% de componentes produzidos no Brasil, ainda que abrindo mão da exigência de empresas sob controle de capital nacional. Sugeriria um compromisso progressivo até 90%, pois, sendo uma pretensão da Presidência o desenvolvimento científico e tecnológico, convém alertar que o motor e os componentes mais sofisticados (com informática agregada) serão importados.
O modesto e tímido passo para reservar o mercado brasileiro para a mão de obra nacional está sendo demonizado. Espero que a presidência não recue: mantenha (e amplie) o protecionismo para o conjunto de outras atividades industriais brasileiras ameaçadas.”
FONTE: escrito por Carlos Lessa, professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Artigo publicado no jornal “Valor Econômico” e transcrito nos blog “Isto é Piaui” e “Tijolaço” (http://istoepiaui.blogspot.com/2011/09/quem-ama-protege.html) e (http://www.tijolaco.com/protecionismo-e-pecado-so-para-nos/) [trecho entre colchetes acrescentado por este blog 'democracia&política'].
"A COMUNIDADE INTERNACIONAL TEM UMA DÍVIDA COM OS PALESTINOS"
Fayez A. Saqqa
“Em entrevista à ‘Carta Maior’, Fayez A. Saqqa, deputado do Parlamento palestino, fala sobre algumas das questões centrais associadas ao pedido de reconhecimento na ONU: que forma terá esse Estado, o que ocorrerá com os mais de cinco milhões de refugiados palestinos, como fará a direção palestina para tornar tangível a reconciliação entre o grupo fundamentalista Hamas, que controla Gaza, e a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, qual será o futuro da iniciativa uma vez que os EUA a vete na ONU?
Por Eduardo Febbro, direto da Cisjordânia
No dia seguinte ao pedido de reconhecimento do Estado Palestino na ONU, os palestinos da Cisjordânia seguiam festejando. Desde Jerusalém Oriental, passando por pequenas localidades dos territórios, quase não havia automóvel ou janela que não sacudisse a bandeira palestina. Muitas questões centrais, porém, estão em suspenso: que forma terá esse Estado, o que ocorrerá com os mais de cinco milhões de refugiados palestinos [expulsos de suas propriedades], como fará a direção palestina para tornar tangível a reconciliação entre o grupo fundamentalista Hamas, que controla Gaza, e a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, qual será o futuro da iniciativa uma vez que os EUA a vete na ONU?
Fayez A. Saqqa não perde nem as esperanças, nem a vontade, nem o humor, nem a lucidez. Esse deputado do Parlamento palestino já viu muitas derrotas, muitos exílios e muitas vitórias para não reconhecer a dificuldade do futuro ou a forma pela qual “o mundo está mudando”. A janela de seu escritório em Belém dá para uma magnífica paisagem da Judeia. Uma rua acima está a Basílica da Natividade e para baixo está o campo de refugiados palestinos de Aida, onde residem parte dos palestinos que perderam suas casas em 1948. Fayez Saqqa conta que se emocionou até às lágrimas quando escutou os dirigentes latino-americanos na ONU e celebra o apoio que os palestinos recebem nas Nações Unidas, que associa a “um novo despertar”.
- “A criação do Estado soberano e independente deve compreender Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. É preciso lembrar que esta Palestina não é mais do que 22% de nossa palestina histórica. Já fizemos um grande sacrifício para conseguir a paz. Na época da União Soviética, havia países sobre os quais não se ouvia falar: Lituânia e Estônia, por exemplo. Muitos anos depois, essas nações se tornaram países soberanos nas Nações Unidas e exercem seu direito à livre autodeterminação. Há poucos meses, o Sudão do Sul ingressou na ONU como novo Estado e tem sua bandeira tremulando nas Nações Unidas. Nós não entendemos por que a força tem que estar acima do direito e da legalidade. Não se pode seguir fazendo com que as vítimas paguem o preço de uma agressão brutal. Os fatos consumados pela força militar nunca devem ser admitidos pelo direito internacional. Mas a criação deste Estado em 22% de nossa terra não resolve todo o problema.
O passo seguinte diz respeito aos refugiados palestinos. Esse tema deverá ser colocado no processo da criação do Estado Palestino para buscar soluções tangíveis, para que milhões de palestinos vejam que recuperaram seus direitos. O presidente Mahmud Abbas usou as palavras exatas na ONU sobre o momento que o vive o povo palestino e a causa palestina. Para nós, foi um discurso político e moral muito importante. Seguimos carregando na mão o ramo de oliveira da paz. Falamos de negociações, mas não como as que ocorreram nestes vinte anos ao longo dos quais o juiz foi parte. Os Estados Unidos e o quarteto para o Oriente Médio apoiaram a política israelense de extensão das colônias e confisco de terras e, de vez em quando, nos anestesiavam com uma bela declaração, mas nada mudava de concreto. Agora, a causa palestina excedeu os limites do povo palestino. É uma causa de justiça e paz em todo o mundo.
Pergunte a qualquer pessoa, de Marrocos a Bagdá, qual é o principal problema da nação árabe e ela dirá: a causa palestina. Oxalá o presidente Obama se dê conta que esse duplo discurso que utiliza para a Primavera Árabe e o outro, a 180 graus, sobre o povo palestino, impedindo que falemos de nossos direitos legítimos, não vai lhe trazer nada de bom no mundo árabe. Ninguém acreditará em suas palavras. O discurso de Obama foi o pior que um presidente dos EUA pronunciou ao longo de muitas décadas”.
-Qual pode ser o ponto de articulação entre o pedido de reconhecimento de um Estado Palestino e a realidade? Não ficará tudo no ar com o já antecipado veto norte-americano?
- “Nós não temos a sexta frota no mar para nos ajudar, nem temos o exército vermelho, nem amarelo, nem verde. Temos a vontade de nosso povo de recuperar seus direitos. Temos a legalidade internacional. Temos sofrido durante 63 anos. Sabemos todos que amanhã não haverá um Estado Palestino soberano, e sabemos que os Estados Unidos seguem apoiando a ocupação israelense, que é um sócio dessa ocupação. Sabemos também que, na Europa, é preciso acertar muitos assuntos para seguir falando de irmandade, fraternidade e justiça. São palavras ocas, essa gente mantém a mentalidade neocolonial no Oriente Médio. Foram correndo à Líbia para repartir o petróleo entre eles e não pelos direitos do povo líbio. Na Palestina, estão fazendo o mesmo, mas na direção contrária, seguem justificando a ocupação.
Nós seguiremos lutando. Até agora, ninguém nos ofereceu nada substancial para recuperar nossos direitos. Nós falamos de fronteiras, Israel não fala de fronteiras, nós falamos do fim da colonização, Israel não quer saber disso. Os colonos que ocuparam nossas terras cometeram um crime de guerra. O primeiro ministro Benjamin Netanyahu disse: “vamos negociar essa noite”. Estamos negociando há vinte anos e nunca nos disseram que estão dispostos a aceitar a legalidade internacional como base das negociações. A comunidade internacional não pode obrigar um povo ocupado a negociar a liberdade com o ocupante. Quando ocorre uma agressão na rua se vai a um juiz para que ele decida quem é o culpado.
Não se pode dizer a quem é agredido que se acerte com o agressor. Como é que vou negociar com ele se ele tem a força e eu não? Israel é a quarta ou quinta potência militar do mundo apoiada pela primeira potência mundial, que são os Estados Unidos. E, a partir dessa posição, dizem aos palestinos: negociem. É preciso tirar o carrasco que está sobre a vítima. Aí sim vamos negociar, mas ali onde é possível negociar, no Tribunal Internacional e na ONU. Esta é a realidade. Não podem seguir nos dizendo: negociem com Netanyahu. Neste caso, dissolvam as Nações Unidas, rompam as convenções de Genebra e que cada um faça o que bem entender.”
-Fica, porém, um problema interno maior: a reconciliação palestina, ou seja, um acordo com o Hamas.
“Creio que, apesar do que diz, o Hamas entendeu a importância do passo dado por Mahmud Abbas. Retomaremos as negociações com o Hamas, formaremos um governo de unidade e convocaremos as eleições para o ano que vem tal como pactuamos com o Hamas no último acordo que firmamos no Cairo. Nos reconciliaremos com o Hamas porque, assim, não andaremos para trás. Nossa unidade é capital. No entanto, o Hamas não pode tomar a população de Gaza como refém. Devem abrir Gaza às eleições e à vontade popular. Mas o que ocorreu na ONU, o apoio que nosso presidente recebeu do povo palestino, foi um sufrágio a favor da linha política da OLP. Tenho certeza que o Hamas recebeu essa mensagem.”
-Como você dizia agora a pouco, o retorno às suas terras dos palestinos expulsos em 1948 e 1967 é um dos grandes obstáculos. Inclusive, se dá como certo que os de 1948 não gozariam das mesmas condições dos de 1967.
- “Até o momento, as resoluções sobre o retorno dos refugiados não foram cumpridas pela irresponsabilidade de Israel em admitir sua responsabilidade no drama dos refugiados palestinos e pela incapacidade da comunidade internacional de fazer cumprir essas resoluções. Na Bósnia, essas resoluções foram cumpridas, em qualquer parte do mundo a comunidade internacional tem se mobilizado e ajudado o retorno de refugiados. Quando se trata de Israel, as resoluções da ONU não são cumpridas. Parece que estamos lidando com um Estado acima da lei. É um Estado mimado pela grande potência norte-americana e, lamentavelmente, por sistemas na Europa que tornaram impossível o cumprimento, tanto da resolução relativa aos refugiados palestinos, como outras semelhantes a de 1967 que obrigava Israel a retirar-se da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.
Mais de quarenta anos depois estas resoluções não foram cumpridas pela irresponsabilidade das grandes potências encabeçadas pelos EUA. Eles precisam nos explicar por que a lei é divisível, por que ela é cumprida em uma parte do mundo e descumprida em outra. O que ocorre na Palestina é a existência de uma máfia política que impede o cumprimento da legalidade internacional. Não podem pedir a nós que resolvamos essa situação como se fôssemos os culpados. As pessoas que estão nos acampamentos de refugiados vivem uma situação de tremenda humilhação. Em 1948, tinham casas, suas terras, mas por força do terror tiveram que se deslocar e ir viver em um acampamento. Além de viver em condições promíscuas, estão moralmente feridos. A comunidade internacional tem uma dívida com eles. E, apesar de tudo, são essas pessoas que têm carregado em seus ombros a revolução palestina”.
-Não o surpreendeu a forma pela qual Argentina, Brasil, Chile, em suma, boa parte dos países da América Latina respaldaram a Palestina em um claro desafio ao império.
“Não segurei as lágrimas quando escutei a presidenta argentina Cristina Kirchner falar. E por isso somos otimistas, porque o mundo está mudando. Emocionam-me as mudanças que ocorreram na América Latina nos últimos anos. Quando um país como Argentina, Brasil, Chile ou Equador avança é um avanço para nós também. Basta de hegemonia sobre os povos do mundo! Nos mantinham divididos como uma torta para que pudessem nos comer melhor. Esse despertar é chave para todas as causas justas, entre elas a da Palestina. Temos grandes palavras de agradecimento com os povos da Argentina, do Chile, do Brasil, com os mais de 130 Estados do mundo que nos últimos meses reconheceram o povo palestino. Os que são livres querem que os demais também o sejam, os que querem a paz para si, a desejam para os demais.”
FONTE: reportagem de Eduardo Febbro, direto da Cisjordânia. Publicada no site “Carta Maior” com tradução de Katarina Peixoto (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18557).
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